(ENEM - 2011) Pequeno concerto que virou cano No, no h por que mentir ou esconder A dor que foi maior do que capaz meu corao No, nem h por que seguir cantando s para explicar No vai nunca entender de amor quem nunca soube amar Ah, eu vou voltar pra mim Seguir sozinho assim At me consumir ou consumir toda essa dor At sentir de novo o corao capaz de amor VANDR, G. Disponvel em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 29 jun. 2011. Na cano de Geraldo Vandr, tem-se a manifestao da funo potica da linguagem, que percebida na elaborao artstica e criativa da mensagem, por meio de combinaes sonoras e rtmicas. Pela anlise do texto, entretanto, percebe-se, tambm, a presena marcante da funo emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor
(ENEM - 2011) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o pas era povoado de ndios. Importaram, depois, da frica, grande nmero de escravos. O Portugus, o ndio e o Negro constituem, durante o perodo colonial, as trs bases da populao brasileira. Mas no que se refere cultura, a contribuio do Portugus foi de longe a mais notada. Durante muito tempo o portugus e o tupi viveram lado a lado como lnguas de comunicao. Era o tupi que utilizavam os bandeirantes nas suas expedies. Em 1694, dizia o Padre Antnio Vieira que as famlias dos portugueses e ndios em So Paulo esto to ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se criam mstica e domesticamente, e a lngua que nas ditas famlias se fala a dos ndios, e a portuguesa a vo os meninos aprender escola. TEYSSIER, P.Histria da lngua portuguesa. Lisboa: Livraria S da Costa, 1984 (adaptado). A identidade de uma nao est diretamente ligada cultura de seu povo. O texto mostra que, no perodo colonial brasileiro, o Portugus, o ndio e o Negro formaram a base da populao e que o patrimnio lingustico brasileiro resultado da
(ENEM - 2011) Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostlgico dos desterrados, iam todos, at mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violo do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da msica crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se algum lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. J no eram dois instrumentos que soavam, eram lbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: msica feita de beijos e soluos gostosos; carcia de fera, carcia de doer, fazendo estalar de gozo. AZEVEDO, A.O Cortio. So Paulo: tica, 1983 (fragmento). No romanceO Cortio(1890), de Aluzio Azevedo, as personagens so observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalncia do elemento brasileiro, pois
(ENEM -2011) Guardar Guardar uma coisa no escond-la ou tranc-la. Em cofre no se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa vista. Guardar uma coisa olh-la, fit-la, mir-la por admir-la, isto , ilumin-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa vigi-la, isto , fazer viglia por ela, isto , velar por ela, isto , estar acordado por ela, isto , estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o voo de um pssaro Do que um pssaro sem voos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guard-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.).Os cem melhores poemas brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. A memria um importante recurso do patrimnio cultural de uma nao. Ela est presente nas lembranas do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer potico como uma das maneiras de seguardar o que se quer, o texto
(ENEM - 2011) Lpida e leve Lngua do meu Amor velosa e doce, que me convences de que sou frase, que me contornas, que me vestes quase, como se o corpo meu de ti vindo me fosse. Lngua que me cativas, que me enleias os surtos de ave estranha, em linhas longas de invisveis teias, de que s, h tanto, habilidosa aranha... [...] Amo-te as sugestes gloriosas e funestas, amo-te como todas as mulheres te amam, lngua-lama, lingua-resplendor, pela carne de som que ideia emprestas e pelas frases mudas que proferes nos silncios de Amor!... MACHADO. G. In: MORICONI, I. (org). Os cem melhores poemas brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento). A poesia de Gilka Machado identifica-se com as concepes artsticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora referncias temticas e formais modernistas, j que, nele, a poeta
(ENEM - 2011) Ns adoraramos dizer que somos perfeitos. Que somos infalveis. Que no cometemos nem mesmo o menor deslize. E s no falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Alis, em vez de usar a palavra mentira, como acabamos de fazer, poderamos optar por um eufemismo. Meia-verdade, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas ns no usamos esta palavra simplesmente porque no acreditamos que exista uma Meia-verdade. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu h 29 anos (viu S? no arredondamos para 30) com a misso de zelar pela tica na publicidade. No fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaramos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque a nica forma da propaganda ter o mximo de credibilidade. E, c entre ns, para que serviria a propaganda se o consumidor no acreditasse nela? Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma pea publicitria pode fazer uma reclamao ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denncias e, quando o caso, aplica a punio. Anncio veiculado na Revista Veja. So Paulo: Abril. Ed.2120, ano 42, n27, 8 jul. 2009 Considerando a autoria e a seleo lexical desse texto, bem como os argumentos nele mobilizados, constata-se que o objetivo do autor do texto
(ENEM - 2011) Ns adoraramos dizer que somos perfeitos. Que somos infalveis. Que no cometemos nem mesmo o menor deslize. E s no falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Alis, em vez de usar a palavra mentira, como acabamos de fazer, poderamos optar por um eufemismo. Meia-verdade, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas ns no usamos esta palavra simplesmente porque no acreditamos que exista uma Meia-verdade. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentao Publicitria, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu h 29 anos (viu S? no arredondamos para 30) com a misso de zelar pela tica na publicidade. No fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaramos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque a nica forma da propaganda ter o mximo de credibilidade. E, c entre ns, para que serviria a propaganda se o consumidor no acreditasse nela? Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma pea publicitria pode fazer uma reclamao ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denncias e, quando o caso, aplica a punio. Anncio veiculado na Revista Veja. So Paulo: Abril. Ed.2120, ano 42, n27, 8 jul. 2009 O recurso grfico utilizado no anncio publicitrio de destacar a potencial supresso de trecho no texto refora a eficcia pretendida, revelada na estrtegia de
(ENEM - 2011) Disponvel em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado) O texto uma propaganda de um adoante que tem o seguinte mote: Mude sua embalagem. A estratgia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e no verbais, com vistas a
(ENEM - 2011) TEXTO I O Brasil sempre deu respostas rpidas atravs da solidariedade do seu povo. Mas a mesma fora que nos motiva a ajudar o prximo deveria tambm nos motivar a ter atitudes cidads. No podemos mais transferir a culpa para quem vtima ou at mesmo para a prpria natureza, como se essa seguisse a lgica humana. Sobram desculpas esfarrapadas e falta competncia da classe poltica. Cartas.Isto. 28 abr. 2010. TEXTO II No podemos negar ao povo sofrido todas as hipteses de previso dos desastres. Demagogos culpam os moradores; o governo e a prefeitura apelam para as pessoas sarem das reas de risco e agora dizem que ser compulsria a realocao. Ento temos a realocar o Brasil inteiro! Criemos um servio, similar ao SUS, com alocao obrigatria de recursos oramentrios com rede de atendimento preventivo, onde participariam arquitetos, engenheiros, gelogos. Bem ou mal, esse SUS organizaria brigadas nos locais. Nos casos da dengue, por exemplo, poderia verificar as condies de acontecer epidemias. Seriam boas aes preventivas. Carta do Leitor.Carta Capital. 28 abr. 2010 (adaptado). Os textos apresentados expressam opinies de leitores acerca de relevante assunto para a sociedade brasileira. Os autores dos dois textos apontam para a
(ENEM -2011) SE NO INVERNO DIFCIL ACORDAR, IMAGINE DORMIR. Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o sono. So milhes de necessitados que lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de voc. Deposite qualquer quantia. Voc ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a conscincia tranquila. VEJA. 05 set. 1999 (adaptado). O produtor de anncios publicitrios utiliza-se de estratgias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adeso do pblico campanha, destaca-se nesse texto
(ENEM - 2011) Entre ideia e tecnologia O grande conceito por trs do Museu da Lngua apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma como falamos o portugus nas mais diversas situaes cotidianas talvez a melhor expresso da brasilidade. SCARDOVELI, E.Revista Lngua Portuguesa. So Paulo: Segmento, Ano II, n 6, 2006. O texto prope uma reflexo acerca da lngua portuguesa, ressaltando para o leitor a
(ENEM - 2011) Palavra indgena A histria da tribo Sapuca, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computao que ganharam importncia em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojh) e windows (ovent) Quando a internet chegou quela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, h quatro anos, por meio de um projeto do Comit para Democratizao da Informtica (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pelaStar One(da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicao que awebtraz. Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparao e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservao da cultura indgena. A apropriao da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis j incorporaram a novidade tecnolgica ao seu estilo de vida. A importncia da internet e da computao para eles est expressa num caso de rara incorporao: a do vocabulrio. Um dia, o cacique da aldeia Sapuca me ligou. A gente no est querendo chamar computador de computador. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaramai ir rive, caixa pra acumular a lngua. Ns, brancos, usamosmouse, windowse outros termos, que eles comearam a adaptar para o idioma deles, comoangojh(rato) eovent(janela) conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI. Disponvel em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010. O uso das novas tecnologias de informao e comunicao fez surgir uma srie de novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptao de termos da informtica lngua indgena como uma reao da tribo Sapuca, o que revela
(ENEM - 2011) H certos usos consagrados na fala, e at mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nvel de escolaridade do falante, so, sem dvida, previsveis. Ocorrem at mesmo em falantes que dominam a variedade padro, pois, na verdade, revelam tendncias existentes na lngua em seu processo de mudana que no podem ser bloqueadas em nome de um ideal lingustico que estaria representado pelas regras da gramtica normativa. Usos comoterporhaverem construes existenciais (temmuitos livros na estante), o do pronome objeto na posio de sujeito (paramimfazer o trabalho), a no-concordncia das passivas comse(aluga-secasas) so indcios da existncia, no de uma norma nica, mas de uma pluralidade de normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hbitos lingusticos, sem implicar juzo de valor. CALLOU, D. Gramtica, variao e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDO, S. (orgs).Ensino de gramtica: descrio e uso. So Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). Considerando a reflexo trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se que
(ENEM - 2011) MANDIOCA mais um presente da Amaznia Aipim,castelinha,macaxeira,maniva,maniveira. As designaes daManihot utilissimapodem variar de regio, no Brasil, mas uma delas deve ser levada em conta em todo o territrio nacional: po-de-pobre e por motivos bvios. Rica em fcula, a mandioca uma planta rstica e nativa da Amaznia disseminada no mundo inteiro, especialmente pelos colonizadores portugueses a base de sustento de muitos brasileiros e o nico alimento disponvel para mais de 600 milhes de pessoas em vrios pontos do planeta, e em particular em algumas regies da frica. O melhor do Globo Rural. Fev. 2005 (fragmento). De acordo com o texto, h no Brasil uma variedade de nomes para aManihot utilissima, nome cientfico da mandioca. Esse fenmeno revela que
(ENEM - 2011) Motivadas ou no historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepem-se ao longo do territrio, seja numa relao de oposio, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseo de usos que configuram uma norma nacional distinta da do portugus europeu.Ao focalizar essa questo, que ope no s as normas do portugus de Portugal s normas do portugus brasileiro, mas tambm as chamadas normas cultas Iocais s populares ou vernculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidam em diferentes momentos da nossa histria e que s a partir do sculo XVIII se pode comear a pensar na bifurcao das variantes continentais, ora em consequncia de mudanas ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territrios. CALLOU, D. Gramtica, variao e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDO, S. (orgs). Ensino de gramtica: descrio e uso. So Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). O portugus do Brasil no uma lngua uniforme. A variao lingustica um fenmeno natural, ao qual todas as lnguas esto sujeitas.Ao considerar as variedades lingusticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a ateno do leitor para a