(ENEM - 2015)
Cântico VI
Tu tens medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia,
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963. (fragmento)
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,
a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.
um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.