(FUVEST - 2013) V O samba direita do terreiro, adumbra-se* na escurido um macio de construes, ao qual s vezes recortam no azul do cu os trmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento. (...) a o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande ptio cercado de senzalas, s vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portes que o fecham como praa darmas. Em torno da fogueira, j esbarrondada pelo cho, que ela cobriu de brasido e cinzas, danam os pretos o samba com um frenesi que toca o delrio. No se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se. Tudo salta, at os crioulinhos que esperneiam no cangote das mes, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhao do pai, negro fornido, que no sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao cho e comeou de rabanar como um peixe em seco. (...) Jos de Alencar,Til. (*) adumbra-se = delineia-se, esboa-se. Ao comentar o romance Til e, inclusive, a cena do captulo O samba, aqui reproduzida, Araripe Jr., parente do autor e estudioso de sua obra, observou que esses so provavelmente os textos em que Alencar mais se quis aproximar dos padres de uma nova escola, deixando, neles, reconhecvel que, no momento em que os escreveu, algum livro novo o impressionara, levando-o pelo estmulo at superfetar* a sua verdadeira ndole de poeta. Alguns dos procedimentos estilsticos empregados na cena aqui reproduzida indicam que a nova escola e o livro novo a que se refere o crtico pertencem ao que historiadores da literatura chamaram de (*) superfetar = exceder, sobrecarregar, acrescentar-se (uma coisa a outra).
(FUVEST 2013) V O samba direita do terreiro, adumbra-se* na escurido um macio de construes, ao qual s vezes recortam no azul do cu os trmulos vislumbres das labaredas fustigadas pelo vento. (...) a o quartel ou quadrado da fazenda, nome que tem um grande ptio cercado de senzalas, s vezes com alpendrada corrida em volta, e um ou dois portes que o fecham como praa darmas. Em torno da fogueira, j esbarrondada pelo cho, que ela cobriu de brasido e cinzas, danam os pretos o samba com um frenesi que toca o delrio. No se descreve, nem se imagina esse desesperado saracoteio, no qual todo o corpo estremece, pula, sacode, gira, bamboleia, como se quisesse desgrudar-se. Tudo salta, at os crioulinhos que esperneiam no cangote das mes, ou se enrolam nas saias das raparigas. Os mais taludos viram cambalhotas e pincham guisa de sapos em roda do terreiro. Um desses corta jaca no espinhao do pai, negro fornido, que no sabendo mais como desconjuntar-se, atirou consigo ao cho e comeou de rabanar como um peixe em seco. (...) Jos de Alencar,Til. (*) adumbra-se = delineia-se, esboa-se. Considerada no contexto histrico a que se refere Til, a desenvoltura com que os escravos, no excerto, se entregam dana representativa do fato de que
(FUVEST 2013) Em Viagens na minha terra, assim como em
(FUVEST 2013) Ata Acredito que o mau tempo haja concorrido para que os sabadoyleanos* hoje no estivessem na casa de Jos Mindlin, em So Paulo, gozando das delcias do cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do almoo, visita aos livros dialogantes, na expresso deDrummond, no sabemos se no rigoroso sistema de vigilncia de Plnio Doyle, mas de qualquer forma com as gentilezas das reunies cariocas. Para o amigo de So Paulo as saudaes afetuosas dos ausentespresentes, que neste instante todos nos voltamos para o seu palcio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocrticos para receber camaradescamente os descamisados da Rua Baro de Jaguaribe. Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz datradio bandeirante, que hoje nos conformamos com os biscoitos la Plnio Doyle. Rio, 20-11-1976. Signatrios: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de Mendona Teles, Plnio Doyle e outros. Cartas da biblioteca Guita e Jos Mindlin. Adaptado. * sabadoyleanos: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitualmente aos sbados, na casa do biblifilo Plnio Doyle, situada no Rio de Janeiro. Da leitura do texto, depreende-se que
(FUVEST - 2013) Ata Acredito que o mau tempo haja concorrido para que os sabadoyleanos* hoje no estivessem na casa de Jos Mindlin, em So Paulo, gozando das delcias do cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do almoo, visita aos livros dialogantes, na expresso deDrummond, no sabemos se no rigoroso sistema de vigilncia de Plnio Doyle, mas de qualquer forma com as gentilezas das reunies cariocas. Para o amigo de So Paulo as saudaes afetuosas dos ausentespresentes, que neste instante todos nos voltamos para o seu palcio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocrticos para receber camaradescamente os descamisados da Rua Baro de Jaguaribe. Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz datradio bandeirante, que hoje nos conformamos com os biscoitos la Plnio Doyle. Rio, 20-11-1976. Signatrios: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de Mendona Teles, Plnio Doyle e outros. Cartas da biblioteca Guita e Jos Mindlin. Adaptado. *sabadoyleanos: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitualmente aos sbados, na casa do biblifilo Plnio Doyle, situada no Rio de Janeiro. As expresses ares aristocrticos e descamisados relacionam-se, respectivamente,
(FUVEST 2013) Leia o seguinte texto. O autor pensava estar romanceando o processo brasileiro de guerra e acomodação entre as raças, em conformidade com as teorias racistas da época, mas, na verdade, conduzido pela lógica da ficção, mostrava um processo primitivo de exploração econômica e formação de classes, que se encaminhava de um modo passavelmente bárbaro e desmentia as ilusões do romancista. Roberto Schwarz. Adaptado. Esse texto crítico refere-se ao livro
(FUVEST 2013) Em quatro das alternativas abaixo, registram-se alguns dos aspectos que, para bem caracterizar o gnero e o estilo das Memrias pstumas de Brs Cubas, o crtico J. G. Merquior ps em relevo nessa obra de Machado de Assis. A nica alternativa que, invertendo, alis, o juzo do mencionado crtico, aponta uma caracterstica que NO se aplica obra em questo
(FUVEST 2013) Os momentos histricos em que se desenvolvem os enredos de Viagens na minha terra, Memrias de um sargento de milcias e Memrias pstumas de Brs Cubas (quanto a este ltimo, em particular no que se refere primeira juventude do narrador) so, todos, determinados de modo decisivo por um antecedente histrico comum menos ou mais imediato, conforme o caso. Trata-se da
(FUVEST 2013) Morro da Babilnia noite, do morro descem vozes que criam o terror (terror urbano, cinquenta por cento de cinema, e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na lngua geral). Quando houve revoluo, os soldados se espalharam no morro, o quartel pegou fogo, eles no voltaram. Alguns, chumbados, morreram. O morro ficou mais encantado. Mas as vozes do morro no so propriamente lgubres. H mesmo um cavaquinho bem afinado que domina os rudos da pedra e da folhagem e desce at ns, modesto e recreativo, como uma gentileza do morro. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. Leia as seguintes afirmaes sobre o poema de Drummond, considerado no contexto do livro a que pertence: I. No conjunto formado pelos poemas do livro, a referncia ao Morro da Babilnia feita no ttulo do texto mais as menes ao Leblon e ao Mier, a Copacabana, a So Cristvo e ao Mangue, presentes em outros poemas , sendo todas, ao mesmo tempo, espaciais e de classe, constituem uma espcie de discreta topografia social do Rio de Janeiro. II. Nesse poema, assim como ocorre em outros textos do livro, a ateno vida presente abre-se tambm para a dimenso do passado, seja ele dado no registro da histria ou da memria. III. A meno ao cavaquinho bem afinado, ao cabo do poema, revela ter sido nesse livro que o poeta finalmente assumiu as canes da msica popular brasileira como o modelo definitivo de sua lrica, superando, assim, seu antigo vnculo com a poesia de matriz culta ou erudita. Est correto o que se afirma em
(FUVEST 2013) Morro da Babilônia À noite, do morro descem vozes que criam o terror (terror urbano, cinquenta por cento de cinema, e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua [geral). Quando houve revolução, os soldados se espalharam [no morro, o quartel pegou fogo, eles não voltaram. Alguns, chumbados, morreram. O morro ficou mais encantado. Mas as vozes do morro não são propriamente lúgubres. Há mesmo um cavaquinho bem afinado que domina os ruídos da pedra e da folhagem e desce até nós, modesto e recreativo, como uma gentileza do morro. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. Guardadas as diferenças que separam as obras a seguir comparadas, as tensões a que remete o poema de Drummond derivam de um conflito de
(FUVEST - 2013) Time was, advertising was a relatively simple undertaking: buy some print space and airtime, create the spots, and blast them at a captive audience. Todayits chaos: while passive viewers still exist, mostly we pick and choose what to consume, ignoring ads with a touch of the DVR remote. Ads are forced to become more like content, and the best aim to engage consumers so much that they pass the material on to friends by email, Twitter, Facebook who will pass it on to friends, who will you get the picture. In the industry, viral has become a usefully vague way to describe any campaign that spreads from person to person, acquiring its own momentum. Its not that online advertising has eclipsed TV, but it has become its full partner and in many ways the more substantive one, a medium in which the audience must be earned, not simply bought. Newsweek, March 26 April 2, 2012. Adaptado. De acordo com o texto, a indstria publicitria
(FUVEST 2013) Time was, advertising was a relatively simple undertaking: buy some print space and airtime, create the spots, and blast them at a captive audience. Todayits chaos: while passive viewers still exist, mostly we pick and choose what to consume, ignoring ads with a touch of the DVR remote. Ads are forced to become more like content, and the best aim to engage consumers so much that they pass the material on to friends by email, Twitter, Facebook who will pass it on to friends, who will you get the picture. In the industry, viral has become a usefully vague way to describe any campaign that spreads from person to person, acquiring its own momentum. Its not that online advertising has eclipsed TV, but it has become its full partner and in many ways the more substantive one, a medium in which the audience must be earned, not simply bought. Newsweek, March 26 April 2, 2012. Adaptado No texto, a palavra viral refere-se a
(FUVEST - 2013) Time was, advertising was a relatively simple undertaking: buy some print space and airtime, create the spots, and blast them at a captive audience. Todayits chaos: while passive viewers still exist, mostly we pick and choose what to consume, ignoring ads with a touch of the DVR remote. Ads are forced to become more like content, and the best aim to engage consumers so much that they pass the material on to friends by email, Twitter, Facebook who will pass it on to friends, who will you get the picture. In the industry, viral has become a usefully vague way to describe any campaign that spreads from person to person, acquiring its own momentum. Its not that online advertising has eclipsed TV, but it has become its full partner and in many ways the more substantive one, a medium in which the audience must be earned, not simply bought. Newsweek, March 26 April 2, 2012. Adaptado Afirma-se, no texto, que, diferentemente da TV, na publicidade online a audincia tem de ser
(FUVEST - 2013) Missing Out: In Praise of the Unlived Life is Adam Phillipss 17th book and is a characteristic blend of literary criticism and philosophical reflection packaged around a central idea. The theme here is missed opportunities, roads not taken, alternative versions of our lives and ourselves, all of which, Phillips argues, exert a powerful hold over our imaginations. Using a series of examples and close readings of authors including Philip Larkin and Shakespeare, the booksuggests that a broader understanding of lifes inevitable disappointments and thwarted desires can enable us to live fuller, richer lives. Good things come to those who wait. Does he see himself as a champion of frustration? Im not on the side of frustration exactly, so much as the idea that one has to be able to bear frustration in order for satisfaction to be realistic. Im interested in how the culture of consumer capitalism depends on the idea that we cant bear frustration, so that every time we feel a bit restless or bored or irritable, we eat, or we shop. guardian.co.uk, 1 June 2012. Adaptado. Segundo o texto, o livro Missing Out: In Praise of the Unlived Life sugere que
(FUVEST 2013) Missing Out: In Praise of the Unlived Life is Adam Phillipss 17th book and is a characteristic blend of literary criticism and philosophical reflection packaged around a central idea. The theme here is missed opportunities, roads not taken, alternative versions of our lives and ourselves, all of which, Phillips argues, exert a powerful hold over our imaginations. Using a series of examples and close readings of authors including Philip Larkin and Shakespeare, the booksuggests that a broader understanding of lifes inevitable disappointments and thwarted desires can enable us to live fuller, richer lives. Good things come to those who wait. Does he see himself as a champion of frustration? Im not on the side of frustration exactly, so much as the idea that one has to be able to bear frustration in order for satisfaction to be realistic. Im interested in how the culture of consumer capitalism depends on the idea that we cant bear frustration, so that every time we feel a bit restless or bored or irritable, we eat, or we shop. guardian.co.uk, 1 June 2012. Adaptado. No texto, em resposta à pergunta Does he see himself as a champion of frustration?, o autor do livro argumenta ser necessário que as pessoas