(Pucrj 2018) Vai passar/ Nessa avenida um samba popular/ Cada paralelepípedo/ Da velha cidade/ Essa noite vai/ Se arrepiar/ Ao lembrar/ Que aqui passaram sambas imortais/ Que aqui sangraram pelos nossos pés/ Que aqui sambaram nossos ancestrais/ Num tempo/ Página infeliz da nossa história/ Passagem desbotada na memória/ Das nossas novas gerações/ Dormia/ A nossa pátria mãe tão distraída/ Sem perceber que era subtraída/ Em tenebrosas transações
“Vai passar”, Chico Buarque e Francis Hime
Com base nessa música gravada por Chico Buarque, em 1984, ano que marcou o auge da campanha pelas Diretas Já, é INCORRETO afirmar que a canção:
compara a ditadura à escravidão, lembrando antepassados, pés sangrados, calçamentos de paralelepípedo e até o samba como dança de escravizados.
sugere a presença do povo nas ruas, num contexto em que as grandes manifestações de massa voltaram à cena política.
trata a ditadura como uma “página infeliz” do Brasil, manifestação crítica essa favorecida pela revogação do AI-5 e pelo abrandamento da censura prévia, em 1978.
apresenta a luta pelas Diretas Já como um “samba popular”, considerando o apoio nas ruas e a vitória da Emenda Dante de Oliveira, no Congresso Nacional.
cita as “tenebrosas transações”, uma referência aos casos de corrupção revelados na fase final da ditadura, com a maior liberdade aos meios de comunicação.