(UEFS-BA-2012)
[...] Quando o afoxé desapontou no Politeama, ouviu-se um grito uníssono de saudação, um clamor de aplauso: viva, viva, vivoô! A surpresa fazia o delírio ainda maior: o doutor Francisco Antônio de Castro Loureiro, diretor interino da Secretaria de Polícia, não proibira por motivos étnicos e sociais, em defesa das famílias, dos costumes, da moral e do bem-estar público, no combate ao crime, ao deboche e à desordem, a saída e o desfile dos afoxés, a partir de 1904, sob qualquer pretexto e onde quer que fosse na cidade? Quem ousara, então? Ousara o Afoxé dos Filhos da Bahia; nunca saíra antes e jamais se concebera e vira afoxé assim de majestade, de figuração tão grande e bela, com batuque igual, maravilha de cores, ordem admirável e Zumbi em sua grandeza.
AMADO, Jorge. Tenda dos milagres. 45. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 65.
O fragmento em foco, pertencente à obra “Tenda dos Milagres”, comprova um traço da prosa de Jorge Amado presente na alternativa
Literatura de cunho fortemente político-ideológico com a priorização da luta de classes.
Narrativa voltada para a apreensão do pitoresco e da sensualidade da Bahia
Crítica irônica ao processo de construção da identidade nacional.
Combate à ideologia da segregação étnico-social.
Defesa da miscigenação cultural.