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Questões de Filosofia - UFPR 2016 | Gabarito e resoluções

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Questão 1
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Em vista de uma globalizao imposta por meio de mercados sem limites, muitos de ns tm a esperana de um retorno ao poltico sob outra forma no a forma hobbesiana original de um Estado de segurana globalizado, ou seja, com dimenses de polcia, servio secreto e foras militares, mas de um poder mundial de configurao civilizadora. No momento no nos resta muito mais do que a plida esperana em alguma astcia da razo e um pouco de autorreflexo. Pois aquela ruptura muda cinde tambm a nossa prpria casa. Ns s conseguiremos aferir adequadamente os riscos de uma secularizao que saiu dos trilhos em outros lugares, se tivermos claro o que significa a secularizao em nossas sociedades ps-seculares. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 4.) Explique por que Habermas considera que a secularizao saiu dos trilhos em outros lugares e o que seria necessrio para se construir uma possvel alternativa.

Questão 2
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) O amor no pode existir sem o reconhecer-se em um outro, a liberdade no pode existir sem o reconhecimento recproco. Essa reciprocidade na figura humana, por seu turno, tem de ser livre para poder retribuir a doao de Deus [...]. por isso que Deus pode determinar os homens no sentido de que ao mesmo tempo os capacita e os obriga liberdade. Ora, no preciso acreditar nas premissas teolgicas para entender que, se desaparecesse a diferena assumida no conceito de criao, e no lugar de Deus entrasse um sujeito qualquer, entraria em cena uma dependncia de tipo inteiramente no causal. Seria esse o caso, por exemplo, se um homem quisesse interferir na combinao causal dos cromossomos paterno-maternos segundo suas prprias preferncias, sem ao menos supor contrafaticamente um consenso com o outro concernido. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 24-25.) Para Habermas, as intervenes pr-natais no teraputicas na composio gentica dos seres humanos tm consequncias que podem minar a autocompreenso da tica da humanidade. Qual a diferena conceitual entre uma criao atribuda a Deus e uma criao atribuda a um outro sujeito qualquer? Justifique sua resposta.

Questão 3
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Esse discernimento se deve a uma trplice reflexo dos fiis sobre a sua possibilidade em uma sociedade pluralista. Primeiramente, a conscincia religiosa tem de assimilar o encontro cognitivo dissonante com outras confisses e religies. Em segundo lugar, ela tem de adaptar-se autoridade das cincias que detm o monoplio social do saber mundano. Por fim, ela tem de adaptar-se s premissas do Estado constitucional, que se fundam em uma moral profana. Sem esse impulso reflexivo, os monotesmos acabam por desenvolver um potencial destrutivo em sociedades impiedosamente modernizadas [...]. To logo uma questo existencialmente relevante v para a agenda poltica, os cidados tanto crentes como no crentes entram em coliso com suas convices impregnadas de vises de mundo e, medida que trabalham as agudas dissonncias desse conflito pblico de opinies, tm a experincia do fato chocante do pluralismo das vises de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na conscincia de sua prpria facilidade sem rasgar, portanto, o lao de uma comunidade poltica eles reconhecem o que significam, em uma sociedade ps-secular as condies seculares de tomada de decises, estabelecidas pela Constituio. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 6-7.) De acordo com Habermas, quais so as principais condies para que os argumentos religiosos sejam levados em considerao na agenda poltica? Qual a proposta de Habermas para melhorar a comunicao entre F e Cincia em sociedades ps-seculares?

Questão 4
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Inrcia e covardia so as causas de que uma to grande maioria dos homens, mesmo depois de a natureza h muito t-los liberado de uma direo alheia (naturalmente maiores), de bom grado permanea toda a vida na menoridade, e porque seja to fcil a outros apresentarem-se como seus tutores. to cmodo ser menor. Possuo um livro que faz as vezes de meu entendimento; um guru espiritual, que faz as vezes de minha conscincia; um mdico, que decide por mim a dieta etc.; assim no preciso eu mesmo dispender nenhum esforo. No preciso necessariamente pensar, se posso apenas pagar; outros se incumbiro por mim desta aborrecida ocupao. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 406.) Na passagem citada acima, extrada do texto Resposta questo: o que esclarecimento?, Kant apresenta alguns motivos pelos quais o homem, a despeito de sua idade, prefere manter-se num estado de menoridade, abdicando ao esclarecimento. Tendo em vista essa passagem e o conjunto do texto no qual ela se encontra, responda s seguintes questes: O que o esclarecimento para Kant? O que ele entende por menoridade? Em que circunstncia, segundo o filsofo, o homem seria considerado culpado por manter-se em um estado de menoridade?

Questão 5
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) O uso pblico de sua razo deve sempre ser livre, e ele apenas pode difundir o esclarecimento entre os homens; o uso privado da mesma pode, contudo, ser estreitamente limitado, sem todavia por isso prejudicar sensivelmente o progresso do esclarecimento. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 409.) Na passagem citada acima, temos uma distino entre o uso pblico e o uso privado da razo e a observao de que o uso privado da razo no prejudica, necessariamente, o progresso do esclarecimento. Tendo em vista o texto citado e as explicaes de Kant sobre o tema, defina o que seja o uso pblico e o uso privado da razo e explique o que seria necessrio para que um profissional, um oficial ou um sacerdote, por exemplo, mesmo cumprindo suas obrigaes no mbito privado, no prejudicasse o esclarecimento

Questão 6
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(UFPR - 2016 - 2 FASE) Se, ento, for perguntado: vivemos em uma poca esclarecida? A resposta ser: no, mas em uma poca de esclarecimento. No atual estado de coisas, falta ainda muito para que os homens, tomados em seu conjunto, estejam em condies, ou possam vir a dispor de condies, de servirem-se do seu prprio entendimento sem a direo alheia de modo seguro e desejvel em matria de religio. (KANT, I. Resposta questo: o que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 413.) Kant um dos primeiros filsofos a se perguntar sobre o seu prprio tempo, no caso, se esse tempo corresponde a uma poca esclarecida. Qual o assunto que Kant coloca em relevo quando ele se pergunta se vive em uma poca esclarecida e por que, ao analisar esse assunto, ele pode dizer que vive em uma poca de esclarecimento?

Questão 7
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) A humanidade to semelhante em todas as pocas e lugares que a histria no nos revela nada de novo ou estranho nesse aspecto. Sua principal utilidade apenas revelar os princpios constantes e universais da natureza humana, mostrando os homens em todas as variedades de circunstncias e situaes e fornecendo materiais a partir dos quais podemos ordenar nossas observaes e familiarizar-nos com os motivos regulares da ao e do comportamento humano. (Hume, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 379.) De acordo com David Hume em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, possvel fazer uma cincia da ao e do comportamento humano? Por qu?

Questão 8
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) O que se entende por liberdade quando esse termo aplicado s aes voluntrias? Com certeza no estamos querendo dizer que as aes tenham to pouca conexo com motivos, inclinaes e circunstncias que no se sigam deles com certo grau de uniformidade, e que estes no apoiem nenhuma inferncia que nos permita concluir a ocorrncia daquelas, pois tais fatos so simples e bem conhecidos. Por liberdade, ento, s podemos entender um poder de agir ou no agir de acordo com as determinaes da vontade; ou seja, se escolhermos ficar parados, podemos ficar assim, e se escolhemos nos mover, tambm podemos faz-lo. (...) Qualquer que seja a definio que se d de liberdade, devemos ter o cuidado de observar duas condies necessrias: primeiro, que essa definio seja consistente com os fatos; segundo, que seja consistente consigo mesma. (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 390.) De acordo com Hume, em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, qual seria a boa definio de liberdade? Quais razes ele aponta para defender essa definio?

Questão 9
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) No possvel explicar precisamente como a Divindade poder ser a causa imediata de todas as aes dos homens sem ser autora do pecado e da maldade moral. Esses so mistrios que a simples razo natural desassistida no est minimamente preparada para examinar (...). Feliz [da filosofia] se (...) tornar-se consciente de quo temerrio espreitar mistrios to sublimes, e, abandonando um cenrio to cheio de obscuridades e complicaes, retornar com a devida modstia a sua provncia prpria e genuna, o exame da vida ordinria, em que encontrar dificuldades suficientes com que se ocupar em suas investigaes, sem mergulhar na imensido de um oceano de dvidas, incertezas e contradies! (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 397.) De acordo com Hume, em Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8, que tipo de investigao apropriado filosofia? Que tipo de investigao no ? Por qu?

Questão 10
2016Filosofia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Pois como se supe que as faculdades da mente so naturalmente iguais em todos os indivduos e se assim no fosse, nada poderia ser mais infrutfero que argumentarmos ou debatermos uns com os outros [...]. (HUME, D. Uma Investigao sobre o entendimento humano, seo 8. In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de textos filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 377.) Que um pblico se esclarea a si mesmo, porm, bem possvel; e isso at quase inevitvel, se lhe for concedida liberdade. Pois, mesmo dentre os tutores esclarecidos do vulgo, sempre se encontraro alguns livres pensadores , os quais, aps terem sacudido de si o jugo da menoridade, difundiro volta de si o esprito de uma avaliao racional do prprio valor e a vocao de cada um de pensar por si mesmo. (KANT, I. Resposta questo: O que esclarecimento? In: MARAL, J.; CABARRO, M.; FANTIN, M. E. (Orgs.). Antologia de Textos Filosficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 408.) claro que o senso comum, que produz tantas iluses sobre o mundo, tem de ser esclarecido sem reservas pelas cincias. Mas as teorias cientficas que penetram o mundo da vida deixam intacto em seu cerne o quadro do saber cotidiano, no qual se constitui a autocompreenso de pessoas capazes de falar e agir [...]. O senso comum est entrelaado, portanto, com a conscincia de pessoas que podem tomar iniciativas, cometer erros e corrigi-los. (HABERMAS, J. F e Saber. So Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 8 e p.14) A partir do conjunto dos textos de Hume, Kant e Habermas, e em especial das passagens acima, discorra sobre os elementos fundamentais na construo de sociedades contemporneas cuja opinio pblica seja esclarecida e tolerante.

Questão
2016Filosofia

(UFPR - 2016) No incio da primeira parte da Apologia de Scrates, na qual este apresenta a sua defesa diante dos cidados atenienses acerca dos seus acusadores, podemos ler: Contudo, no disseram nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro. Qual alternativa a seguir se refere a tal mentira\calnia atribuda contra Scrates? Assinale a alternativa CORRETA.

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