(UFPR - 2016 - 2ª FASE)
Esse discernimento se deve a uma tríplice reflexão dos fiéis sobre a sua possibilidade em uma sociedade pluralista. Primeiramente, a consciência religiosa tem de assimilar o encontro cognitivo dissonante com outras confissões e religiões. Em segundo lugar, ela tem de adaptar-se à autoridade das ciências que detêm o monopólio social do saber mundano. Por fim, ela tem de adaptar-se às premissas do Estado constitucional, que se fundam em uma moral profana. Sem esse impulso reflexivo, os monoteísmos acabam por desenvolver um potencial destrutivo em sociedades impiedosamente modernizadas [...]. Tão logo uma questão existencialmente relevante vá para a agenda política, os cidadãos – tanto crentes como não crentes – entram em colisão com suas convicções impregnadas de visões de mundo e, à medida que trabalham as agudas dissonâncias desse conflito público de opiniões, têm a experiência do fato chocante do pluralismo das visões de mundo. Quando aprendem a lidar pacificamente com esse fato na consciência de sua própria facilidade – sem rasgar, portanto, o laço de uma comunidade política – eles reconhecem o que significam, em uma sociedade pós-secular as condições seculares de tomada de decisões, estabelecidas pela Constituição.
(HABERMAS, J. Fé e Saber. São Paulo: Editor Unesp, 2013, p. 6-7.)
De acordo com Habermas, quais são as principais condições para que os argumentos religiosos sejam levados em consideração na agenda política? Qual a proposta de Habermas para melhorar a comunicação entre Fé e Ciência em sociedades pós-seculares?