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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(UFPR - 2017 - 2 FASE)Considere o fragmento abaixo

(UFPR - 2017 - 2ª FASE)

Considere o fragmento abaixo:

“Como tem sido bem documentado, desde o final do iluminismo estudos sobre a variação humana distinguiram diferenças raciais como aspectos cruciais da realidade, e um extenso discurso sobre a desigualdade racial começou a ser elaborado. Com a atenção voltada cada vez mais para as diferenças de gênero e sexo no século XIX, o gênero era notavelmente considerado análogo à raça, de modo que o cientista podia usar a diferença racial para explicar a diferença entre gênero e vice-versa. Assim, afirma-se que o leve peso do cérebro feminino e as estruturas cerebrais deficientes eram análogos aos das raças ‘inferiores’, e isto explicava as baixas capacidades intelectuais destas raças. Observou-se que a mulher se igualava aos negros pelo crânio estreito, infantil e delicado, tão diferente das mais robustas e arredondadas cabeças que caracterizavam os machos de raças ‘superiores’. De modo semelhante, as mulheres de raças superiores tinham a tendência às mandíbulas ligeiramente salientes, análogas, ou tão exageradas quanto as mandíbulas protuberantes de raças inferiores como os macacos. As mulheres e as raças inferiores eram consideradas impulsivas por natureza, emocionais, mais imitadoras que originais e incapazes do raciocínio abstrato e profundo igual ao do homem branco. A biologia evolucionista estipulou, ainda, mais analogias. A mulher era, em termos evolutivos, o ‘elemento conservador’ para o homem ‘progressivo’, preservando os traços mais ‘primitivos’ encontrados em raças inferiores, enquanto os homens de raças superiores indicavam o caminho para novas direções culturais e biológicas”.
(STEPAN, Nancy Leys, “Raça e gênero: o papel da analogia na ciência”. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 74.)

Partindo da analogia entre raça e gênero e “metáforas científicas” no século XIX, conforme demonstra Nancy Leys Stepan, de que maneira podemos problematizar o discurso científico produzido a partir de concepções hierarquizadas da realidade social e por que elas não fazem mais sentido nos dias de hoje?