(UFPR - 2017 - 2ª FASE)
Em As prisões da miséria, Loïc Wacquant afirma:
“A expansão sem precedentes das atividades carcerárias do Estado americano foi acompanhada pelo desenvolvimento frenético de uma indústria privada da carceragem. Nascida em 1983, já conseguiu englobar perto de 7% da população carcerária, fortalecida com uma taxa de crescimento anual de 45% [...]. Dezessete firmas dividem aproximadamente 140 estabelecimentos espalhados em duas dezenas de estados [...]. Algumas se contentam em gerir penitenciárias existentes, às quais fornecem pessoal de vigilância e serviços. Outras fornecem a gama completa dos bens e atividades necessários à detenção: concepção arquitetônica, financiamento, construção, manutenção, administração, seguro, empregados e até mesmo o recrutamento e o transporte dos prisioneiros oriundos de outras jurisdições [...]. Ao mesmo tempo, a implantação das penitenciárias se afirmou como um poderoso instrumento de desenvolvimento econômico e de fomento do território. As populações das zonas rurais decadentes, em particular, não poupam esforços para atraí-las. ‘Já vai longe a época em que a perspectiva de acolher uma prisão lhes inspirava esse grito de protesto: Not in my backyard. As prisões não utilizam produtos químicos, não fazem barulho, não expelem poluentes na atmosfera e não despedem funcionários durante as recessões’. Muito pelo contrário, trazem consigo empregos estáveis, comércios permanentes e entradas regulares e impostos. A indústria da carceragem é um empreendimento próspero e de futuro radioso, e com ela todos aqueles que partilham do grande encarceramento dos pobres nos Estados Unidos”.
(WACQUANT, Loic. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 58-59.)
Segundo o autor, o sistema prisional nos Estados Unidos e sua expansão devem ser compreendidos levando em consideração um conjunto de fatores. Um dos mais importantes fatores é o econômico. Assim, como podemos explicar a ampliação das unidades prisionais norte-americanas e sua relação com criminalização da pobreza e da miséria nas sociedades atuais?