(UFPR - 2017 - 2ª FASE)
Os processos históricos cumprem um papel de fundamental importância na teoria social marxista. A história e suas diferentes formas de representação auxiliaram Karl Marx e Friedrich Engels na composição de suas análises sobre as sociedades capitalistas, bem como na elaboração de conceitos como de “alienação”, “dialética”, “materialismo”, “práxis” ou mesmo “capital”. Noutras palavras: qualquer teoria, por mais abstrata que possa nos parecer, somente fará sentido se compreendida a partir dos processos históricos que a engendram e a tornam necessária no momento em que é formulada. Assim, segundo argumento de Tânia Quintaneiro, “os economistas do tempo de Marx não reconhecem a historicidade dos fenômenos que se manifestam na sociedade capitalista, por isso suas teorias são comparáveis às dos teólogos, para os quais ‘toda religião estranha é pura invenção humana, enquanto a deles próprios é uma emanação de Deus’. Ele questiona a perspectiva para a qual as relações burguesas de produção são naturais, estão de acordo com as leis da natureza, como se fossem ‘independentes da influência do tempo’, sendo por isso consideradas como ‘leis eternas que devem reger sempre a sociedade. De modo que até agora houve na história, mas agora já não há’. Assim, as instituições feudais teriam sido históricas, ironiza, mas as burguesas seriam naturais e, portanto, ‘imutáveis’. Para Marx, tanto os processos ligados à produção são transitórios, como as ideias, gostos, crenças, categorias dos conhecimentos e ideologias, os quais, gerados socialmente, dependem do modo como os indivíduos se organizam para produzir. Portanto, o pensamento e a consciência são, em última instância, decorrência da relação homem/natureza, isto é, das relações materiais”
(QUINTANEIRO, Tânia et. al. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim, Weber. Belo Horizonte, 2003, p. 31).
A partir da passagem acima, explique como esse entendimento de Marx sobre a história e seus processos materiais de produção oferece-nos uma explicação sobre a formação do capitalismo moderno, bem como das teorias que o consideram “natural” no processo de “evolução” das sociedades humanas.