(UFPR - 2018 - 2 FASE) Karl Marx e Friedrich Engels afirmam, no Manifesto Comunista, que de tempos em tempos os operrios triunfam, mas um triunfo efmero. O verdadeiro resultado de suas lutas no o xito imediato, mas a unio cada vez mais ampla de trabalhadores. Essa unio facilitada pelo crescimento dos meios de comunicao criados pela grande indstria e que permitem o contato entre operrios de diferentes localidades. Basta, porm, este contato para concentrar as numerosas lutas locais, que tm o mesmo carter em toda parte, em uma luta nacional, uma luta de classes. Toda luta de classes uma luta poltica. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. So Paulo: Boitempo, 2001, p. 48.). Para os autores, por que toda luta de classes uma luta poltica?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Na obra intitulada Antropologia estrutural II, Claude Lvi-Strauss afirma: Os adeptos da anlise estrutural em lingustica e em antropologia so frequentemente acusados de formalismo. Isso esquecer que o formalismo existe como uma doutrina independente, da qual, sem negar o que lhe deve, o estruturalismo se separa em virtude das atitudes muito diferentes que as duas escolas adotam em relao ao concreto. Ao inverso do formalismo, o estruturalismo recusa opor o concreto ao abstrato, e no reconhece no segundo um valor privilegiado. A forma se define por oposio a uma matria que lhe estranha; mas a estrutura no tem contedo distinto: ela o prprio contedo apreendido numa organizao lgica concebida como propriedade do real. (LVI-STRAUSS, Claude. Antropologia estrutural II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993, p. 121.) Seguindo a argumentao construda por Lvi-Strauss, como podemos assegurar que a estrutura no se ope realidade na forma de uma abstrao lingustica?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Em Mulheres, raa e classe, Angela Davis afirma que os papis das mulheres na procriao, criao da prole e manuteno da casa possibilitam que os membros de sua famlia trabalhem trocando sua fora de trabalho por salrios e isso dificilmente pode ser negado. Mas disso decorre automaticamente que mulheres em geral, independentemente de sua classe e raa, sejam definidas de modo fundamental por suas funes domsticas? Disso decorre automaticamente o fato de que a dona de casa realmente a trabalhadora secreta no interior do processo de produo capitalista? Se a Revoluo Industrial resultou na separao estrutural entre a economia domstica e a economia pblica, ento as tarefas domsticas no podem ser definidas como um componente integrante da produo capitalista. Elas esto, mais exatamente, relacionadas com a produo no sentido de uma pr-condio. O empregador no est minimamente preocupado com o modo como a fora de trabalho produzida e mantida, ele s se preocupa com sua disponibilidade e capacidade de gerar lucro. Em outras palavras, o processo de produo capitalista pressupe a existncia de um conjunto de trabalhadores e trabalhadoras explorveis (DAVIS, Angela. Mulheres, raa e classe. So Paulo: Boitempo, 2016, p. 242.) Considerando a passagem acima, o que se pode entender por trabalhadora secreta no interior do processo de produo capitalista?
(UFPR - 2018 - 2 FASE)Quando um cidado, no por suas crueldades ou outra qualquer intolervel violncia, e sim pelo favor dos concidados, se torna prncipe de sua ptria o que se pode chamar de principado civil (e para chegar a isso no necessrio grandes mritos nem muita sorte, mas antes astcia feliz), digo que se chega a esse principado ou pelo favor do povo ou pelo favor dos poderosos. que em todas as cidades se encontram essas duas tendncias diversas e isso nasce do fato de que o povo no deseja ser governado nem oprimido pelos grandes, e estes desejam governar e oprimir o povo. [...] O principado estabelecido pelo povo ou pelos grandes, segundo a oportunidade que tiver uma dessas partes: percebendo os grandes que no podem resistir ao povo, comeam a dar reputao a um dos seus elementos e o fazem prncipe, para poder, sob sua sombra, satisfazer seus apetites. O povo tambm, vendo que no pode resistir aos grandes, d reputao a um cidado e o elege prncipe para estar defendido com sua autoridade. O que ascende ao principado com a ajuda dos poderosos se mantm com mais dificuldade do que aquele que eleito pelo prprio povo; encontra-se aquele com muita gente ao redor, que lhe parece sua igual, e por isso no a pode comandar nem manejar como entender. Mas o que alcana o principado pelo favor popular encontra-se sozinho e, ao redor, ou no tem ningum ou muito poucos que no estejam preparados para obedec-lo. [...] Quem se torna prncipe mediante o favor do povo deve manter-se seu amigo, o que muito fcil, uma vez que este deseja apenas no ser oprimido. Mas quem se tornar prncipe contra a opinio popular, por favor dos grandes, deve, antes de mais nada, procurar conquistar o povo. (MAQUIAVEL, Nicolau. O prncipe. So Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 39-40.) De acordo com o excerto extrado do livro O Prncipe, de Nicolau Maquiavel, quais virtudes se encerram no principado a favor do povo e no principado a favor dos poderosos?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) O tempo constituiu um elemento importante na anlise de uma cultura. Nesse mesmo quarto de sculo, mudaram-se os padres de beleza. Regras morais que eram vigentes passaram a ser consideradas nulas: hoje uma jovem pode fumar em pblico sem que a sua reputao seja ferida. Ao contrrio de sua me, pode ceder um beijo ao namorado em plena luz do dia. Tais fatos atestam que as mudanas de costumes so bastante comuns. Entretanto, elas no ocorrem com a tranquilidade que descrevemos. Cada mudana, por menor que seja, representa o desenlace de numerosos conflitos. Isso porque em cada momento as sociedades humanas so palco do embate entre tendncias conservadoras e inovadoras. As primeiras pretendem manter os hbitos inalterados, muitas vezes atribuindo ao mesmo uma legitimidade de ordem sobrenatural. As segundas contestam a sua permanncia e pretendem substitu-los por novos procedimentos. [...] Cada sistema cultural est sempre em mudana. Entender sua dinmica importante para atenuar o choque entre as geraes e evitar comportamentos preconceituosos. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 99-101.) Segundo Roque Laraia, quais so os principais impactos da mudana social nos sistemas culturais?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Politizar o homem no consiste mais em educ-lo moralmente, mas em introduzi-lo num maquinrio que o vergar a fins (a paz e a segurana) que, apenas por suas disposies naturais, ele no poderia alcanar. O modelo poltico , assim, mecnico e nada mais significativo, a esse respeito, do que a imagem do autmato que Hobbes emprega no incio do Leviat, ou a linguagem do equilbrio das foras, que retorna constantemente no Contrato Social, de Rousseau, ou, ainda, a metfora newtoniana: como no universo, tambm na cidade a ordem vir da compensao entre atraes e repulsas. (LEBRUN, Gerard. O que poder. So Paulo: Brasiliense, 1981, p. 20.) Se, para Gerard Lebrun, a politizao no consiste mais numa educao moral, que tipo de indivduo a poltica capaz de engendrar na modernidade?
(UFPR - 2018 - 2 FASE) Mas o trabalho do proletrio, o trabalho assalariado cria propriedade para o proletrio? De modo algum. Cria o capital, isto , a propriedade que explora o trabalho assalariado e que s pode aumentar sob a condio de gerar novo trabalho assalariado, para voltar a explor-lo. Em sua forma atual, a propriedade se move entre dois termos antagnicos: capital e trabalho. [...] Ser capitalista significa ocupar no somente uma posio pessoal, mas tambm uma posio social na produo. O capital um produto coletivo e s pode ser posto em movimento pelos esforos combinados de muitos membros da sociedade, em ltima instncia pelos esforos combinados de todos os membros da sociedade. O capital no , portanto, um poder pessoal: um poder social. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. So Paulo: Boitempo, 2001, p. 52-53.) Conforme o argumento de Marx e Engels apresentado no Manifesto Comunista, por que o capital constitui um poder social e no pessoal?
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 78. Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis prprias e em liberdade, h trs modos de manter a sua posse: primeiro, arruin-los; segundo, ir habit-los; terceiro, deix-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e no a destri ser destrudo por ela. Tais cidades tm sempre por bandeira, nas rebelies, a liberdade e suas antigas leis, que no esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influncia dos benefcios recebidos. Por muito que se faa, quaisquer que sejam as precaues tomadas, se no se promovem o dissdio e a desagregao dos habitantes, no deixam eles de se lembrar daqueles princpios e, em toda oportunidade, em qualquer situao, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma repblica conquistada, o caminho mais seguro destru-la ou habit-la pessoalmente. (MAQUIAVEL, N. O prncipe. So Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.) Com base nessa passagem, extrada da obra O Prncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 79. Sobre a questo do etnocentrismo, Roque de Barros Laraia escreve que o fato de o indivduo ver o mundo atravs de sua cultura tem como consequncia a propenso em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Tal tendncia, denominada etnocentrismo, responsvel em seus casos extremos pela ocorrncia de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, um fenmeno universal. comum a crena de que a prpria sociedade o centro da humanidade, ou mesmo sua nica expresso. [...] A dicotomia ns e os outros expressa em nveis diferentes essa tendncia. Dentro de uma mesma sociedade, a diviso ocorre sob a mesma forma de parentes e no parentes. Os primeiros so melhores por definio e recebem um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos etnocntricos resultam tambm em apreciaes negativas dos padres culturais de povos diferentes. Prticas de outros sistemas culturais so catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.) Em resumo, Laraia tenta nos mostrar que:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 80. No livro Mulheres, raa e classe, Angela Davis perfaz um caminho histrico e social da luta das mulheres nos Estados Unidos e como diferentes movimentos e campanhas possibilitaram a construo dos direitos e das pautas polticas de gnero naquele pas. Numa das passagens da obra, em que aborda as campanhas pelo direito ao aborto, Davis afirma que o controle de natalidade escolha individual, mtodos contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessrio um pr-requisito fundamental para a emancipao das mulheres. [...] E se a campanha pelo direito ao aborto do incio dos anos 1970 precisava ser lembrada de que mulheres de minorias tnicas queriam desesperadamente escapar dos charlates de fundo de quintal, tambm deveria ter percebido que essas mesmas mulheres no estavam dispostas a expressar sentimentos pr-aborto. Elas eram a favor do direito ao aborto, o que no significava que fossem defensoras do aborto. Quando nmeros to grandes de mulheres negras e latinas recorrem a abortos, as histrias que relatam no so tanto sobre o desejo de ficar livres da gravidez, mas sobre as condies sociais miserveis que as levam a desistir de trazer novas vidas ao mundo. (DAVIS, Angela. Mulheres, raa e classe. So Paulo: Boitempo, 2016, p. 219-220.) Com base no texto, correto concluir que:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. Segundo seus autores, a burguesia desempenhou na Histria um papel iminentemente revolucionrio. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relaes feudais, patriarcais e idlicas. Rasgou todos os complexos e variados laos que prendiam ao homem feudal e seus superiores naturais, para s deixar subsistir, de homem para homem, o lao do frio interesse. [...] Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas duramente, por uma nica liberdade sem escrpulos: a do comrcio. Em uma palavra, em lugar da explorao dissimulada por iluses religiosas e polticas, a burguesia colocou uma explorao aberta, direta, despudorada e brutal. [...] Tudo o que era slido e estvel se desmancha no ar, tudo o que era sagrado profanado e os homens so obrigados finalmente a encarar sem iluses a sua posio social e as suas relaes com outros homens. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. So Paulo: Boitempo, 2001, p. 42-43.) Com base nessa passagem de O Manifesto Comunista, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O excerto a seguir referncia para a questo 82. Escreve Gerard Lebrun: Com efeito, o que poltica? A atividade social que se prope a garantir pela fora, fundada geralmente no direito, a segurana externa e a concrdia interna de uma unidade poltica particular (conforme descreve Julien Freund em Questce que la Politique). No dogmaticamente que eu proponho esta definio (outras so possveis), mas simplesmente para ressaltar que, sem o uso da noo de fora, a definio seria visivelmente defeituosa. Se, numa democracia, um partido tem peso poltico, porque tem fora para mobilizar um certo nmero de eleitores. Se um sindicato tem um peso poltico porque tem fora para deflagrar uma greve. Assim, fora no significa necessariamente a posse de meios violentos de coero, mas de meios que permitam influir no comportamento de outra pessoa. A fora no sempre (ou melhor, rarssimamente) um revlver apontado para algum. (LEBRUN, Gerard. O que poder. So Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04.) Qual a relao entre fora e poltica expressa pelo autor nesse excerto?