(UFPR - 2018 - 1ª FASE)
Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. Segundo seus autores, “a burguesia desempenhou na História um papel iminentemente revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações feudais, patriarcais e idílicas. Rasgou todos os complexos e variados laços que prendiam ao homem feudal e seus superiores naturais, para só deixar subsistir, de homem para homem, o laço do frio interesse. [...] Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas duramente, por uma única liberdade sem escrúpulos: a do comércio. Em uma palavra, em lugar da exploração dissimulada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia colocou uma exploração aberta, direta, despudorada e brutal. [...] Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social e as suas relações com outros homens”.
(MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 2001, p. 42-43.)
Com base nessa passagem de O Manifesto Comunista, assinale a alternativa correta.
Marx e Engels demonstram uma grande empatia pela classe burguesa, na medida em que ambos possuíam origem social nessa classe. Entendem também que o proletariado cumpriu um papel importante na construção das sociedades capitalistas, mas que não o fariam de modo pleno sem a existência da burguesia e seus intelectuais, que forneciam as diretrizes necessárias para o desenvolvimento do capitalismo.
Para os autores, não haveria outra possibilidade de a burguesia revolucionar os meios de produção, por conseguinte, as relações de produção, que não fosse pelo modelo instituído pela Revolução Francesa, ocorrida em 1848. Daí a importância do Manifesto Comunista, escrito no mesmo ano, o que demonstra que Marx e Engels concordavam com os ideais comunistas da Revolução Francesa.
Quando Marx e Engels escrevem que “tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social”, atestam quanto a revolução burguesa, com auxílio dos comunistas soviéticos, estava travando uma luta contra a igreja cristã ocidental.
Há muito, frações da burguesia e partidos de orientação comunista no continente europeu estavam associados numa campanha contra os valores modernos, cristãos e ocidentais. A revolução da burguesia descrita por Marx e Engels em O Manifesto Comunista já defendia o Estado totalitário e o fim das liberdades individuais, que, mais tarde, iriam resultar na formação de partidos políticos de extrema-esquerda, como o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, também conhecido como Partido Nazista.
De acordo com Marx e Engels, a burguesia, enquanto nova classe social que emerge no mundo moderno, trouxe consigo uma série de elementos que não apenas denunciaram os aspectos arcaicos das sociedade antigas, suas formas arquetípicas de dominação, seu primitivismo religioso e sua ineficácia política, como também apresentaram a modernidade como novo projeto de sociedade, retirando os indivíduos de sua passividade social e lançando-os no processo histórico de desenvolvimento de suas relações de produção.