(UFPR - 2017- 1 FASE) Considere os versos da cano abaixo: Nosso amor mais gostoso Nossa saudade dura mais Nosso abrao mais apertado Ns no usa as bleque tais! O samba Nis no usa as bleque tais, composto por Adoniran Barbosa e Gianfrancesco Guarnieri, serviu de trilha sonora para a pea Eles no usam black-tie (1958). A respeito do assunto, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2017- 1 FASE) Bom-dia: eu dizia moa que de longe me sorria. Bom-dia: mas da distncia ela nem me respondia. Em vo a fala dos olhos e dos braos repetia bom-dia moa que estava de noite como de dia bem longe de meu poder e de meu pobre bom-dia. Bom-dia sempre: se acaso a resposta vier fria ou tarde vier, contudo esperarei o bom-dia. E sobre casas compactas sobre o vale e a serrania irei repetindo manso a qualquer hora: bom-dia. Nem a moa pe reparo no sente, no desconfia o que h de carinho preso no cerne deste bom-dia. Bom dia: repito tarde meia-noite: bom dia. E de madrugada vou pintando a cor de meu dia que a moa possa encontr-lo azul e rosa: bom-dia. Bom-dia: apenas um eco na mata (mas quem diria) decifra minha mensagem, deseja bom o meu dia. A moa, sorrindo ao longe no sente, nessa alegria, o que h de rude tambm no claro deste bom-dia. De triste, trbido, inquieto, noite que se denuncia e vai errante, sem fogos, na mais louca nostalgia. Ah, se um dia respondesses Ao meu bom-dia: bom-dia! Como a noite se mudara no mais cristalino dia! Considerando o poema acima e o livro de que ele parte integrante Claro Enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade , assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2017- 1 FASE) O romance histrico A ltima quimera (1995), de Ana Miranda:
(UFPR - 2017- 1 FASE) Sobre o Sermo de Santo Antnio aos peixes (sculo XVII), do Padre Antnio Vieira, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) A pica narrativa de nosso caminho at aqui Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experincia de aprender mais sobre o nosso pas. Ao nos depararmos com uma realidade diferente 1daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve haver uma razo, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes s podem resultar de passados diferentes. Essa constatao pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa histria. Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares aqueles que orbitam em torno de outras estrelas equivaleu a dar uma espiadinha no pas vizinho, para ver como vivem seus habitantes. Os resultados so surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas esto to perto de suas estrelas que completam uma rbita em poucos dias. Muitos so gigantes feitos de gs, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Jpiter, o grandalho do nosso sistema. J os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra, Mercrio, Vnus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginvamos a princpio. A constatao de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estgio de conhecimento de sistemas planetrios) provocou os astrnomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual configurao. 2Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que esto nas rbitas em que esto hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc. Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos ltimos 15 a 20 anos. Embora no sejam consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice tm desfrutado de grande prestgio na comunidade astronmica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em ltima instncia, da vida por aqui. [...] (Paulo Nogueira, editorial de Scientific American Brasil n 168, junho 2016.) O autor inicia o texto falando de nosso estranhamento quando conhecemos outros pases, com seus usos e costumes. Ao fazer isso, sua inteno :
(UFPR - 2016 - 1 FASE) A pica narrativa de nosso caminho at aqui Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experincia de aprender mais sobre o nosso pas. Ao nos depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve haver uma razo, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes s podem resultar de passados diferentes. Essa constatao pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa histria. Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares aqueles que orbitam em torno de outras estrelas equivaleu a dar uma espiadinha no pas vizinho, para ver como vivem seus habitantes. Os resultados so surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas esto to perto de suas estrelas que completam uma rbita em poucos dias. Muitos so gigantes feitos de gs, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Jpiter, o grandalho do nosso sistema. J os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra, Mercrio, Vnus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginvamos a princpio. A constatao de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estgio de conhecimento de sistemas planetrios) provocou os astrnomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual configurao. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que esto nas rbitas em que esto hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc. Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos ltimos 15 a 20 anos. Embora no sejam consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice tm desfrutado de grande prestgio na comunidade astronmica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em ltima instncia, da vida por aqui. [...] (Paulo Nogueira, editorial de Scientific American Brasil no 168, junho 2016.) Na 3a linha do terceiro pargrafo, Isso se refere:
(UFPR - 2016 - 1 FASE) A pica narrativa de nosso caminho at aqui Quando viajamos para o exterior, muitas vezes passamos pela experincia de aprender mais sobre o nosso pas. Ao nos depararmos com uma realidade diferente daquela em que estamos imersos cotidianamente, o estranhamento serve de alerta: deve haver uma razo, um motivo, para que as coisas funcionem em cada lugar de um jeito. Presentes diferentes s podem resultar de passados diferentes. Essa constatao pode ser um poderoso impulso para conhecer melhor a nossa histria. Algo assim vem ocorrendo no campo de estudos sobre o Sistema Solar. O florescimento da busca de planetas extrassolares aqueles que orbitam em torno de outras estrelas equivaleu a dar uma espiadinha no pas vizinho, para ver como vivem seus habitantes. Os resultados so surpreendentes. Em certos sistemas, os planetas esto to perto de suas estrelas que completam uma rbita em poucos dias. Muitos so gigantes feitos de gs, e alguns chegam a possuir mais de seis vezes a massa e quase sete vezes o raio de Jpiter, o grandalho do nosso sistema. J os nossos planetas rochosos, classe em que se enquadram Terra, Mercrio, Vnus e Marte, parecem ser mais bem raros do que imaginvamos a princpio. A constatao de que somos quase um ponto fora da curva (pelo menos no que tange ao nosso atual estgio de conhecimento de sistemas planetrios) provocou os astrnomos a formular novas teorias para explicar como o Sistema Solar adquiriu sua atual configurao. Isso implica responder perguntas tais como quando se formaram os planetas gasosos, por que esto nas rbitas em que esto hoje, de que forma os planetas rochosos surgiram etc. Nosso artigo de capa traz algumas das respostas que foram formuladas nos ltimos 15 a 20 anos. Embora no sejam consensuais, teorias como o Grand Tack, o Grande Ataque e o Modelo de Nice tm desfrutado de grande prestgio na comunidade astronmica e oferecem uma fascinante narrativa da cadeia de eventos que pode ter permitido o surgimento da Terra e, em ltima instncia, da vida por aqui. [...] (Paulo Nogueira, editorial de Scientific American Brasil no 168, junho 2016.) Ser quase um ponto fora da curva significa:
(UFPR - 2016 - 1 FASE) As duas estrofes a seguir iniciam o poema Y-Juca-Pyrama de Gonalves Dias, publicado em 1851. No meio das tabas de amenos verdores Cercadas de troncos cobertos de flores, Alteio-se os tectos daltiva nao; So muitos seus filhos, nos animos fortes, Temiveis na guerra, que em densas cohortes Assombro das matas a imensa extenso So rudes, severos, sedentos de gloria, J prelios incito, j canto victoria, J meigos attendem a voz do cantor: So todos tymbiras, guerreiros valentes! Seu nome la va na bocca das gentes, Condo de prodigios, de gloria e terror! ltimos Cantos, Gonalves Dias Nesse trecho, o poeta apresenta a tribo dos timbiras. Constatamos, sem dificuldades, que a ortografia da poca era, em muitos aspectos, diferente da que usamos atualmente. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas: 1. As palavras paroxtonas terminadas em ditongo no eram acentuadas naquela poca, diferentemente de hoje. 2. As formas verbais se alternam entre presente e futuro do presente do indicativo, com a mesma terminao. 3. A 3 pessoa do plural dos verbos do presente do indicativo se diferencia graficamente da forma atual. 4. Os monosslabos tnicos perderam o acento na ortografia contempornea. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Vs, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que faam na terra o que faz o sal. O efeito do sal impedir a corrupo; mas quando a terra se v to corrupta como est a nossa, havendo tantos nela que tm ofcio de sal, qual ser, ou qual pode ser a causa desta corrupo? Ou porque o sal no salga, ou porque a terra se no deixa salgar. Ou porque o sal no salga, e os pregadores no pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se no deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes do, a no querem receber. Ou porque o sal no salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se no deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou porque o sal no salga, e os pregadores se pregam a si e no a Cristo; ou porque a terra se no deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. No tudo isto verdade? Ainda mal! (Antnio Vieira, Sermo de Santo Antnio, em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf.) O texto trabalha fundamentalmente com duas metforas: o sal e a terra, que representam, respectivamente, os pregadores (aqueles que deveriam propagar a palavra de Cristo) e os ouvintes (aqueles que deveriam ser convertidos). O tema central do texto a reflexo sobre as possveis causas da ineficincia dos pregadores.Para tanto, o autor levanta algumas hipteses. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas: 1. Os pregadores no pregam o que deveriam pregar. 2. Os ouvintes se recusam a aceitar o que os pregadores pregam. 3. Os pregadores no agem de acordo com os valores que pregam. 4. Os ouvintes agem como os pregadores em vez de agir de acordo com o que eles pregam. 5. Os pregadores promovem a si mesmos na pregao ao invs de promover as palavras de Cristo. Constituem hipteses levantadas pelo autor do texto:
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Vs, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que faam na terra o que faz o sal. O efeito do sal impedir a corrupo; mas quando a terra se v to corrupta como est a nossa, havendo tantos nela que tm ofcio de sal, qual ser, ou qual pode ser a causa desta corrupo? Ou porque o sal no salga, ou porque a terra se no deixa salgar. Ou porque o sal no salga, e os pregadores no pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se no deixa salgar e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes do, a no querem receber. Ou porque o sal no salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se no deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou porque o sal no salga, e os pregadores se pregam a si e no a Cristo; ou porque a terra se no deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. No tudo isto verdade? Ainda mal! (Antnio Vieira, Sermo de Santo Antnio, em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf.) Vieira um homem do sculo XVII. possvel detectar, no texto de Vieira, caractersticas da lngua portuguesa que divergem de seu uso contemporneo. Pensando nessa diferena entre o portugus atual e o portugus usado por Vieira, considere as seguintes afirmativas: 1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblquo tono antecedia a negao. 2. O porque empregado no texto como conjuno explicativa e sua grafia a mesma usada atualmente. 3. A conjuno ou tem no texto um uso que no o de alternncia. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpadas? Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimnia de encerramento dos Jogos Olmpicos do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhes, era mostrar o sentimento de brasilidade, conforme ela explicou ao jornal O Globo dias antes da cerimnia. Carnavalesca da escola de samba carioca So Clemente, Rosa usou elementos alegricos para mostrar a arte feita pelo povo do pas para ela, marca da nossa identidade cultural. Teve meno a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras da Bahia, bonecos de cermica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval. Entre as ausncias, as expresses culturais do Sul do Brasil o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era representar o pas todo, por que ficamos de fora? Para a antroploga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as expresses culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas no esto presentes nem em nossas prprias festas? Essa questo da representao de identidades regionais se d a partir da construo da identidade dentro de seus prprios redutos. Cabe perguntar at que ponto nossas representaes da cultura popular tm expressividade entre ns mesmos para que alcancem uma representatividade nacional, questiona. Patrcia Martins, antroploga e docente do Instituto Federal do Paran (IFPR) em Paranagu, lembra que o Sul tende inclusive a negar o tipo de brasilidade representada na cerimnia de encerramento, mais ligada cultura indgena e afro-brasileira. Aqui h uma autorrepresentao que passa por uma cultura europeia, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimnia de abertura dos Jogos Olmpicos tem ligaes com uma identidade brasileira que vem sendo construda desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou o samba carioca. Existe um patrimnio rico no Sul h os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiara. Teria muita coisa a mostrar, mas nem ns sabemos que existe isso em nossa regio. Na opinio de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Ps-Graduao em Histria da Universidade de Passo Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representaes regionais uma briga simblica j bem conhecida principalmente dos gachos. uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nao, diz. Como um pas com regies que se formaram antes da nao, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no pas. Se fosse insignificante, no brigariam. Mas, como para se mostrar para o exterior, a briga compreensvel historicamente. Para ele, o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representao, dada a relao difcil da regio com a brasilidade, um fator surpreendente. uma novidade, que merece estudos daqui para a frente, diz. (Rafael Rodrigues Costa, Gazeta do Povo, Curitiba, 22/08/2016.) O texto tematiza a ausncia de manifestaes culturais da regio Sul na festa de encerramento dos Jogos Olmpicos do Rio de Janeiro. As duas antroplogas entrevistadas compartilham uma mesma opinio sobre a questo levantada. Assinale a alternativa que apresenta essa opinio.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpadas? Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimnia de encerramento dos Jogos Olmpicos do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhes, era mostrar o sentimento de brasilidade, conforme ela explicou ao jornal O Globo dias antes da cerimnia. Carnavalesca da escola de samba carioca So Clemente, Rosa usou elementos alegricos para mostrar a arte feita pelo povo do pas para ela, marca da nossa identidade cultural. Teve meno a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras da Bahia, bonecos de cermica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval. Entre as ausncias, as expresses culturais do Sul do Brasil o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era representar o pas todo, por que ficamos de fora? Para a antroploga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as expresses culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas no esto presentes nem em nossas prprias festas? Essa questo da representao de identidades regionais se d a partir da construo da identidade dentro de seus prprios redutos. Cabe perguntar at que ponto nossas representaes da cultura popular tm expressividade entre ns mesmos para que alcancem uma representatividade nacional, questiona. Patrcia Martins, antroploga e docente do Instituto Federal do Paran (IFPR) em Paranagu, lembra que o Sul tende inclusive a negar o tipo de brasilidade representada na cerimnia de encerramento, mais ligada cultura indgena e afro-brasileira. Aqui h uma autorrepresentao que passa por uma cultura europeia, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimnia de abertura dos Jogos Olmpicos tem ligaes com uma identidade brasileira que vem sendo construda desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou o samba carioca. Existe um patrimnio rico no Sul h os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiara. Teria muita coisa a mostrar, mas nem ns sabemos que existe isso em nossa regio. Na opinio de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Ps-Graduao em Histria da Universidade de Passo Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representaes regionais uma briga simblica j bem conhecida principalmente dos gachos. uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nao, diz. Como um pas com regies que se formaram antes da nao, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no pas. Se fosse insignificante, no brigariam. Mas, como para se mostrar para o exterior, a briga compreensvel historicamente. Para ele, o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representao, dada a relao difcil da regio com a brasilidade, um fator surpreendente. uma novidade, que merece estudos daqui para a frente, diz. (Rafael Rodrigues Costa, Gazeta do Povo, Curitiba, 22/08/2016.) O ltimo entrevistado, Tau Golin, faz aluso a uma briga simblica, que poderia ser resumida da seguinte maneira:
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Por que a cultura do sul ficou de fora do retrato do Brasil nas olimpadas? Depois de uma abertura que falou das etnias que formaram o povo brasileiro, a cerimnia de encerramento dos Jogos Olmpicos do Rio de Janeiro, realizada neste domingo (21), teve mais cara de carnaval. A ideia da diretora criativa da festa, Rosa Magalhes, era mostrar o sentimento de brasilidade, conforme ela explicou ao jornal O Globo dias antes da cerimnia. Carnavalesca da escola de samba carioca So Clemente, Rosa usou elementos alegricos para mostrar a arte feita pelo povo do pas para ela, marca da nossa identidade cultural. Teve meno a choro, samba carioca, Carmem Miranda, mulheres rendeiras da Bahia, bonecos de cermica do pernambucano Vitalino, Heitor Villa-Lobos, carnaval. Entre as ausncias, as expresses culturais do Sul do Brasil o que alimentou algum debate em redes sociais: se a ideia era representar o pas todo, por que ficamos de fora? Para a antroploga Selma Baptista, professora-doutora aposentada da UFPR, a pergunta deveria ser outra: por que as expresses culturais do Sul participariam do recorte da carnavalesca carioca se elas no esto presentes nem em nossas prprias festas? Essa questo da representao de identidades regionais se d a partir da construo da identidade dentro de seus prprios redutos. Cabe perguntar at que ponto nossas representaes da cultura popular tm expressividade entre ns mesmos para que alcancem uma representatividade nacional, questiona. Patrcia Martins, antroploga e docente do Instituto Federal do Paran (IFPR) em Paranagu, lembra que o Sul tende inclusive a negar o tipo de brasilidade representada na cerimnia de encerramento, mais ligada cultura indgena e afro-brasileira. Aqui h uma autorrepresentao que passa por uma cultura europeia, diz. Para ela, o recorte mostrado na cerimnia de abertura dos Jogos Olmpicos tem ligaes com uma identidade brasileira que vem sendo construda desde o Estado Novo (1937-1945), que incorporou o samba carioca. Existe um patrimnio rico no Sul h os batuques do Rio Grande do Sul, o fandango caiara. Teria muita coisa a mostrar, mas nem ns sabemos que existe isso em nossa regio. Na opinio de Tau Golin, jornalista, historiador e professor do curso de Ps-Graduao em Histria da Universidade de Passo Fundo (UPF), esse tipo de questionamento sobre representaes regionais uma briga simblica j bem conhecida principalmente dos gachos. uma briga de poder pela representatividade, por quem representa mais a nao, diz. Como um pas com regies que se formaram antes da nao, as regionalidades querem estar presentes em tudo o que acontece no pas. Se fosse insignificante, no brigariam. Mas, como para se mostrar para o exterior, a briga compreensvel historicamente. Para ele, o desejo do Sul de estar presente nesse tipo de representao, dada a relao difcil da regio com a brasilidade, um fator surpreendente. uma novidade, que merece estudos daqui para a frente, diz. (Rafael Rodrigues Costa, Gazeta do Povo, Curitiba, 22/08/2016.) Em relao organizao do texto de Rafael Rodrigues Costa, considere as seguintes afirmativas: 1. O texto parte de uma tese que endossada pelos entrevistados. 2. A opinio do autor prevalece na concluso do texto. 3. O autor usa tanto discurso direto como indireto para relatar a opinio dos entrevistados. 4. O autor redimensiona a abordagem da questo expressa no ttulo a partir da opinio dos entrevistados. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Livro e futebol O leitor a quem se dirige esse livro no evidente: em geral, quem vive o futebol no est interessado em ler sobre ele mais do que a notcia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulaes poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva desdenhada pelos socilogos e menosprezada pelos envolvidos com o esporte. A observao pode valer tambm para ensaios como este aqui, embora ele no seja do gnero sociolgico. No limite, a onipresena do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discusso cultural. Assim, mais do que um desconhecimento recproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resistncia. Viver o futebol dispensa pens-lo, e, em grande parte, essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, esquerda ou direita, na meia ou no centro, tm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endoss- los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si s, j daria um belo assunto: o futebol como o n cego em que a cultura e a sociedade se expem no seu ponto ao mesmo tempo mais visvel e invisvel. E esse no deixa de ser o tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a l-lo independentemente de conhecer o futebol ou de ser ou no intelectual. No incomum, tambm, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pens-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no comeo podem se encontrar numa pessoa s. [...] (Jos Miguel Wisnik. Veneno Remdio: o Futebol e o Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, 2008.) O autor inicia o texto dizendo que o leitor de seu livro no evidente, porque o tema por ele tratado, o futebol, abordado de maneira incomum. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas: 1. Os apaixonados pelo futebol anseiam h muito por uma abordagem sociolgica do esporte. 2. Pensar o futebol do ponto de vista intelectual algo muito comum num pas em que esse esporte o mais apreciado, e esse tratamento que predomina hoje em jornais e revistas. 3. O livro aborda o futebol do ponto de vista cultural, intelectual, distanciando-se do tratamento do senso comum que impera em jornais e revistas. 4. Viver e pensar o futebol so coisas diferentes e independentes, mas possvel uma abordagem intelectual que agrade os dois tipos de espectador. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2016 - 1 FASE) Livro e futebol O leitor a quem se dirige esse livro no evidente: em geral, quem vive o futebol no est interessado em ler sobre ele mais do que a notcia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulaes poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva desdenhada pelos socilogos e menosprezada pelos envolvidos com o esporte. A observao pode valer tambm para ensaios como este aqui, embora ele no seja do gnero sociolgico. No limite, a onipresena do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discusso cultural. Assim, mais do que um desconhecimento recproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resistncia. Viver o futebol dispensa pens-lo, e, em grande parte, essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, esquerda ou direita, na meia ou no centro, tm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endoss- los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si s, j daria um belo assunto: o futebol como o n cego em que a cultura e a sociedade se expem no seu ponto ao mesmo tempo mais visvel e invisvel. E esse no deixa de ser o tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a l-lo independentemente de conhecer o futebol ou de ser ou no intelectual. No incomum, tambm, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pens-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no comeo podem se encontrar numa pessoa s. [...] (Jos Miguel Wisnik. Veneno Remdio: o Futebol e o Brasil. So Paulo: Companhia das Letras, 2008.) Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no comeo podem se encontrar numa pessoa s. Com isso, o autor reconhece que: 1. desejvel pensar o esporte por outro vis que no seja aquele permeado por admirao e paixo. 2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus pontos positivos e negativos. 3. h intelectuais que, mesmo no admitindo que possam haver abordagens intelectualizadas do futebol, so torcedores fervorosos. 4. o torcedor apaixonado aquele que prefere pensar o futebol na sua expresso cultural e, portanto, o que congrega as caractersticas de leitor preferencial do livro. Assinale a alternativa correta.