(UFPR - 2015- 1 FASE) Outras razes para a pauta negativa Vencio A. Lima O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notcias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edio de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Cincia da Computao (DCC) em torno da anlise de sentimento, que relaciona o sucesso das notcias com sua polaridade, negativa ou positiva. Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notcias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negcios e dinheiro, sade, cincia e tecnologia, esportes e mundo. As concluses da pesquisa so preciosas. Cerca de 70% das notcias dirias esto relacionadas a fatos que geram sentimentos negativos tais como catstrofes, acidentes, doenas, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notcia, vale dizer, o nmero de vezes em que clicada pelo eventual leitor est fortemente vinculado a esses sentimentos e que os dois extremos negativo e positivo so os mais clicados. As manchetes negativas, todavia, so aquelas que atraem maior interesse dos leitores. Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais no brasileiros , os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominncia do jornalismo do vale de lgrimas na grande mdia brasileira. Para alm da partidarizao seletiva das notcias, parece haver tambm uma importante estratgia de sobrevivncia empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televiso brasileira, por exemplo, esto se transformando em incansveis noticirios dirios de crises, crimes, catstrofes, acidentes e doenas de todos os tipos. Carrega-se, sem d nem piedade, nas notcias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os ncoras dos telejornais, alm das notcias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentrios, invariavelmente crticos e pessimistas, reforando, para alm da notcia, exatamente seus aspectos e consequncias funestos. Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notcia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorvel vale de lgrimas mediavalesco. Adaptado de http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-ebates/outras-razoes-para-a-pauta-negativa/. Acesso em 19 mai. 2015. Ao criar o termo mediavalesco que finaliza o texto, o autor associa a media/mdia ao termo medievalesco, ou seja, relativo Idade Mdia. Sua inteno, com isso, ressaltar um aspecto dos meios de comunicao que poderia ser resumido pelo termo:
(UFPR - 2015- 1 FASE) Outras razes para a pauta negativa Vencio A. Lima O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notcias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edio de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Cincia da Computao (DCC) em torno da anlise de sentimento, que relaciona o sucesso das notcias com sua polaridade, negativa ou positiva. Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notcias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negcios e dinheiro, sade, cincia e tecnologia, esportes e mundo. As concluses da pesquisa so preciosas. Cerca de 70% das notcias dirias esto relacionadas a fatos que geram sentimentos negativos tais como catstrofes, acidentes, doenas, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notcia, vale dizer, o nmero de vezes em que clicada pelo eventual leitor est fortemente vinculado a esses sentimentos e que os dois extremos negativo e positivo so os mais clicados. As manchetes negativas, todavia, so aquelas que atraem maior interesse dos leitores. Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais no brasileiros , os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominncia do jornalismo do vale de lgrimas na grande mdia brasileira. Para alm da partidarizao seletiva das notcias, parece haver tambm uma importante estratgia de sobrevivncia empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televiso brasileira, por exemplo, esto se transformando em incansveis noticirios dirios de crises, crimes, catstrofes, acidentes e doenas de todos os tipos. Carrega-se, sem d nem piedade, nas notcias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os ncoras dos telejornais, alm das notcias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentrios, invariavelmente crticos e pessimistas, reforando, para alm da notcia, exatamente seus aspectos e consequncias funestos. Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notcia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorvel vale de lgrimas mediavalesco. Adaptado de http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-ebates/outras-razoes-para-a-pauta-negativa/. Acesso em 19 mai. 2015. Considere as seguintes sentenas retiradas do texto e assinale a alternativa em que a expresso verbal grifada concorda com um sujeito posposto.
(UFPR - 2015- 1 FASE) Famlias em transformao O projeto de lei que cria o Estatuto da Famlia colocou na pauta do dia a discusso a respeito do conceito de famlia. Afinal, o que famlia hoje? Algum a tem uma definio, para a atualidade, que consiga acolher todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares? A Cmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: Famlia a unio entre homem e mulher, por meio de casamento ou de unio estvel, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos. Essa a definio aprovada pela Cmara para o projeto cuja finalidade orientar as polticas pblicas quanto aos direitos das famlias essas que se encaixam na definio proposta , principalmente nas reas de segurana, sade e educao. Vou deixar de lado a discusso a respeito das injustias, preconceitos e excluses que tal definio comporta, para conversar a respeito das famlias da atualidade. Desde o incio da segunda metade do sculo passado, o conceito de famlia entrou em crise, e uso a palavra crise no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovao e transio; mudana, enfim. At ento, tnhamos, na modernidade, uma configurao social hegemnica de famlia, que era pautada por um tipo de aliana entre um homem e uma mulher e por relaes de consanguinidade. As mudanas ocorridas no mundo determinaram inmeras alteraes nas famlias, no apenas em seu desenho, mas, principalmente, em suas dinmicas. E importante aceitar essa questo: no foram as famlias que provocaram mudanas na sociedade; esta que determinou muitas mudanas nas famlias. S assim iremos conseguir enxergar que a famlia no um agente de perturbao da sociedade. a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recm-nascido durante todo o perodo da licena-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicao famlia. assim ou no ? Se pudssemos levantar um nico quesito que seria fundamental para caracterizar a transformao de um agrupamento de pessoas em famlia, eu diria que o vnculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que tm relao de parentesco que no se constituem verdadeiramente em famlia, por absoluta falta de vnculo entre seus integrantes. Os novos valores sociais tm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos lembrar valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambio desmedida e o sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotar um estilo de vida juvenil, que d pouco espao para o compromisso que os vnculos exigem; a busca da felicidade, identificada com satisfao imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, s para citar alguns exemplos. O vnculo afetivo tem relao com a vida pessoal. O vnculo social, com a cidadania. Ambos esto bem frgeis, no ? SAYO, Rosely. www.folhaonline.com.br. Em 29 set. 2015. Com base no texto, considere as seguintes afirmativas: 1. O conceito de famlia adotado no projeto de lei que cria o Estatuto da Famlia corresponde composio familiar predominante na primeira metade do sculo XX. 2. Uma famlia se constitui pelo vnculo entre pessoas, sejam da mesma gerao, sejam de geraes diferentes. 3. A ausncia de vnculo afetivo entre pessoas que tm relao de parentesco um fator de desestabilizao da sociedade. 4. O conceito de famlia aprovado pela Cmara dos Deputados exclui do escopo das polticas pblicas parte dos agrupamentos familiares existentes. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015- 1 FASE) Famlias em transformao O projeto de lei que cria o Estatuto da Famlia colocou na pauta do dia a discusso a respeito do conceito de famlia. Afinal, o que famlia hoje? Algum a tem uma definio, para a atualidade, que consiga acolher todos os grupos existentes que vivem em contextos familiares? A Cmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa: Famlia a unio entre homem e mulher, por meio de casamento ou de unio estvel, ou a comunidade formada por qualquer um dos pais junto com os filhos. Essa a definio aprovada pela Cmara para o projeto cuja finalidade orientar as polticas pblicas quanto aos direitos das famlias essas que se encaixam na definio proposta , principalmente nas reas de segurana, sade e educao. Vou deixar de lado a discusso a respeito das injustias, preconceitos e excluses que tal definio comporta, para conversar a respeito das famlias da atualidade. Desde o incio da segunda metade do sculo passado, o conceito de famlia entrou em crise, e uso a palavra crise no sentido mais positivo do termo: o que aponta para renovao e transio; mudana, enfim. At ento, tnhamos, na modernidade, uma configurao social hegemnica de famlia, que era pautada por um tipo de aliana entre um homem e uma mulher e por relaes de consanguinidade. As mudanas ocorridas no mundo determinaram inmeras alteraes nas famlias, no apenas em seu desenho, mas, principalmente, em suas dinmicas. E importante aceitar essa questo: no foram as famlias que provocaram mudanas na sociedade; esta que determinou muitas mudanas nas famlias. S assim iremos conseguir enxergar que a famlia no um agente de perturbao da sociedade. a sociedade que tem perturbado, e muito, o funcionamento familiar. Um exemplo? Algumas mulheres renunciam ao direito de ficar com o filho recm-nascido durante todo o perodo da licena-maternidade determinado por lei, porque isso pode atrapalhar sua carreira profissional. Em outras palavras: elas entenderam que a sociedade prioriza o trabalho em detrimento da dedicao famlia. assim ou no ? Se pudssemos levantar um nico quesito que seria fundamental para caracterizar a transformao de um agrupamento de pessoas em famlia, eu diria que o vnculo, tanto horizontal quanto vertical. E, hoje, todo mundo conhece grupos de pessoas que vivem sob o mesmo teto ou que tm relao de parentesco que no se constituem verdadeiramente em famlia, por absoluta falta de vnculo entre seus integrantes. Os novos valores sociais tm norteado as pessoas para esse caminho. Vamos lembrar valores decisivos para nossa sociedade: o consumo, que valoriza o trabalho exagerado, a ambio desmedida e o sucesso a qualquer custo; a juventude, que leva adultos, independentemente da idade, a adotar um estilo de vida juvenil, que d pouco espao para o compromisso que os vnculos exigem; a busca da felicidade, identificada com satisfao imediata, que leva a trocas sucessivas nos relacionamentos amorosos, como amizades e par afetivo, s para citar alguns exemplos. O vnculo afetivo tem relao com a vida pessoal. O vnculo social, com a cidadania. Ambos esto bem frgeis, no ? SAYO, Rosely. www.folhaonline.com.br. Em 29 set. 2015. Identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas sobre o uso de expresses e/ou sinais de pontuao no texto. ( ) O dilogo com o leitor marcado no texto pelo uso da expresso algum a, na segunda linha, e pelo uso recorrente da interrogao. ( ) A expresso sublinhada em a Cmara dos Deputados tem a resposta que considera a certa antecipa para o leitor a adeso da autora definio de famlia aprovada para o projeto de lei do Estatuto da Famlia. ( ) No trecho direitos das famlias essas que se encaixam na definio proposta , a expresso entre travesses alerta o leitor para a restrio do conceito de famlia mencionado. ( ) As expresses desde o incio da segunda metade do sculo passado e at ento (3o pargrafo) introduzem informaes situadas em um mesmo perodo. Assinale a alternativa que apresenta a sequncia correta, de cima para baixo.
(UFPR - 2015- 1 FASE) O soneto No fluxo e refluxo da mar encontra o poeta incentivo pra recordar seus males, de Gregrio de Matos, apresenta caractersticas marcantes do poeta e do perodo em que ele o escreveu: Seis horas enche e outras tantas vaza A mar pelas margens do Oceano, E no larga a tarefa um ponto no ano, Depois que o mar rodeia, o sol abrasa. Desde a esfera primeira opaca, ou rasa A Lua com impulso soberano Engole o mar por um secreto cano, E quando o mar vomita, o mundo arrasa. Muda-se o tempo, e suas temperanas. At o cu se muda, a terra, os mares, E tudo est sujeito a mil mudanas. S eu, que todo o fim de meus pesares Eram de algum minguante as esperanas, Nunca o minguante vi de meus azares. De acordo com o poema, correto afirmar:
(UFPR - 2015- 1 FASE) A respeito do narrador do romance Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015- 1 FASE) Considere as seguintes afirmativas feitas em relao a alguns contos do livro Vrias Histrias, de Machado de Assis: 1. O conto Um homem clebre assinala que nem a arte, nem o artista conseguem ficar alheios aos interesses mercadolgicos e s motivaes mais torpes da poltica. 2. A Causa Secreta apresenta uma relao peculiar entre dois homens e uma mulher, na qual a efetivao da relao adltera entre dois amantes alegra um marido masoquista. 3. O Conto de escola indica que, mesmo no ambiente corretivo e punitivo de uma escola severa, possvel aprender valores morais deturpados e nocivos. 4. O conto D. Paula narrado a partir de uma perspectiva feminina, e nele a mulher pode escolher o seu destino, mesmo que a ordem patriarcal estabelecida a impea. 5. O conto O Cnego ou a metafsica do estilo apresenta vrias teorias sobre a natureza do estilo; entre elas, uma segundo a qual as palavras possuem sexo e residem em reas diferentes do crebro. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015- 1 FASE) Considere o trecho abaixo, que integra o livro Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar: [...] aprenderei ainda muitas outras tarefas, e serei sempre zeloso no cumprimento de todas elas, sou dedicado e caprichoso no que fao, e farei tudo com alegria, mas pra isso devo ter um bom motivo, quero uma recompensa para o meu trabalho, preciso estar certo de poder apaziguar a minha fome neste pasto extico, preciso do teu amor, querida irm, e sei que no exorbito, justo o que te peo, a parte que me compete, o quinho que me cabe, a rao a que tenho direito, e, fazendo uma pausa no fluxo da minha prece, aguardei perdido em confusos sonhos, meus olhos cados no dorso dela, meu pensamento cado numa paragem inquieta, mas tinha sido tudo intil, Ana no se mexia, continuava de joelhos, tinha o corpo de madeira, nem sei se respirava [...] (p. 124) Sobre esse trecho, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015- 1 FASE) Leia, atentamente, o seguinte poema: Que pode uma criatura seno, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e at de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotao universal, seno rodar tambm, e amar? amar o que o mar traz praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, sal, ou preciso de amor, ou simples nsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que entrega ou adorao expectante, e amar o inspito, o spero, um vaso sem flor, um cho de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribudo pelas coisas prfidas ou nulas, doao ilimitada a uma completa ingratido, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a gua implcita, e o beijo tcito, e a sede infinita. O poema Amar integra a segunda parte, Notcias Amorosas, do livro Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Sobre esse poema, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015- 1 FASE) O trecho a seguir integra o romance A ltima quimera, de Ana Miranda: Meus sofrimentos sempre foram menores diante dos de Augusto, sempre competimos de certa maneira sobre quem sofria mais grandiosamente, como um jogo de xadrez em que as peas no fossem cavalos, bispos, torres, reis, rainhas mas a angstia, a dor fsica, a dor mental, o vazio existencial, a depresso, as foras subterrneas, a morbidez, a neurose, o pesadelo, a convulso de esprito, a negao, o no ser, a mgoa, a misria humana, o uivo noturno, as carnaes abstmias, os lbricos arroubos, a fome incoercvel, a paixo pelas mulheres impossveis, a morte; e nesse momento ele parece zombar de mim, como se dissesse: V, como so tolos seus sofrimentos? Voc perdeu um amigo e eu perdi a vida. (p. 192) Com base nesse trecho especfico e na totalidade da obra, considere as seguintes afirmativas: 1. O romance cita documentos para confirmar os fatos histricos narrados, alm de expor informaes biogrficas precisas sobre dois poetas brasileiros, que ficaram conhecidos pelo rigor cientfico e pelo estilo descritivo. 2. O estilo potico de Augusto dos Anjos, um dos personagens centrais da obra, est exemplificado em vrios trechos do romance. So exemplos disso a enumerao de vocbulos de teor melanclico e pessimista e o uso de imagens que recriam uma atmosfera mrbida. 3. O narrador do romance adota uma perspectiva distanciada em relao histria e aos personagens reais que recria, contribuindo para reforar o seu carter documental e o efeito de veracidade que pretende. 4. A construo dos personagens Olavo Bilac e Augusto dos Anjos combina dados biogrficos dos dois poetas com cenas domsticas e particulares, que conferem a eles uma inegvel complexidade humana e psicolgica. 5. A dimenso temporal-espacial do romance recria, ficcionalmente, a cidade do Rio de Janeiro, no final do sculo XIX, descrevendo o ambiente material da cidade, os fatos de sua histria no perodo e tambm a atmosfera intelectual da Belle poque. Assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Considere o texto abaixo: Complexo de vira-lata dos brasileiros Adam Smith (estudante de Oxford) Pouco depois de chegar a So Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violo. O atendente, notando meu sotaque, perguntou de onde eu era. Quando respondi de Londres, veio um grande sorriso de aprovao. Devolvi a pergunta e ele respondeu: sou deste pas sofrido aqui. Fiquei surpreso. Eu como vrios gringos que conheo que ficaram um tempo no Brasil adoro o pas pela cultura e pelo povo, apesar dos problemas. E que pas no tem problemas? O Brasil tem uma reputao invejvel no exterior, mas os brasileiros, s vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustrao e dio da prpria cultura foram coisas que senti bastante e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que h problemas, mas ser que no h tambm exagero (no sentido apartidrio da discusso)? Tem uma expresso brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questo: complexo de vira-lata. A frase tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mos da seleo uruguaia no Maracan, na final da Copa de 1950. Foi usada por Nelson Rodrigues para descrever a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. E, por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais sofrido deste pas: a combinao do abandono de tudo brasileiro, e venerao, principalmente, de tudo americano. um processo que parece estrangular a identidade brasileira. Sei que complicado generalizar e que minha estada no Brasil no me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos shoppings, clones dos malls dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frgido e lojas com nomes em ingls e onde mesmo liquidao vira sale. Pode ser sentido na comida. Neste pas tropical to frtil e com tantos produtos maravilhosos, mais fcil achar hot dog e hambrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na msica americana que toca nos carros, lojas e bares no bero do Samba e da Bossa Nova. Pode ser visto tambm no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil a mistura das raas. Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (alis, tenho orgulho de ser mulato e afro- britnico), d pena ver o esforo das brasileiras em criar uma aparncia caucasiana. O Brasil est passando por um perodo difcil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a soluo ideal seria ir embora, abandonar este pas para viver um idealizado sonho americano. Acho esta soluo deprimente. No tenho remdio para os problemas do Brasil, obviamente, mas no consigo me desfazer da impresso de que, talvez, se os brasileiros tivessem um pouco mais orgulho da prpria identidade, este pas ficaria ainda mais incrvel. Se h insatisfao, no faz mais sentido tentar melhorar o sistema? (Disponvel em http://www.pragmatismopolitico.com.br. 14 mai. 2015. Adaptado.)
(UFPR - 2015 - 2 FASE) O infogrfico a seguir faz uma comparao entre o espao que trs meios de transporte ocupam nas ruas para transportar 30 pessoas, para convencer as pessoas a reduzir o uso do automvel. Escreva um texto informativo fazendo uma comparao entre os trs meios de transporte contemplados na imagem. Seu texto deve: - apresentar fatores positivos e negativos associados a cada um dos meios de transporte; - usar informaes do infogrfico, apresentando-as com suas prprias palavras, sem copiar trechos do texto; - ter de 10 a 12 linhas.
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Considere a seguinte charge: Segundo a mitologia grega, Narciso era um belo rapaz, filho do deus do rio Cfiso e da ninfa Lirope. Quando nasceu, o adivinho Tirsias profetizou que ele teria uma vida longa se no visse a prpria face. Depois de adulto, aps uma caada, ele se debruou numa fonte para beber gua. Nessa posio, viu seu rosto refletido na gua e se apaixonou pela prpria imagem. Ali ficou, imvel na contemplao de seu rosto refletido, e assim morreu. (Fonte: KURY, Mrio da Gama. Dicionrio de Mitologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1990.) A charge de Benett apropria-se do mito de Narciso para questionar um comportamento atual. Em um texto de 8 a 10 linhas: - explicite qual o comportamento criticado na charge e a relao que o autor estabelece entre essa tendncia atual e o mito grego; - posicione-se em relao crtica de Benett e justifique o ponto de vista defendido por voc.
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Leia abaixo um trecho da entrevista do fsico Marcelo Gleiser ao jornal Zero Hora. Zero Hora O senhor veio a Porto Alegre para falar sobre tica na cincia. Curiosamente, uma recente coluna sua sobre o tema est repleta de pontos de interrogao. O texto uma sucesso de perguntas difceis. O senhor j chegou a alguma resposta? Gleiser Nessa coluna, comecei tratando do romance Frankenstein, um dos smbolos mais poderosos sobre a questo da tica na cincia. Esse romance, de fora mtica profunda, diz que existem certas questes cientficas que esto alm do que os humanos podem controlar. Mesmo que tecnologicamente possamos fazer algo caso do doutor Victor Frankenstein, ao ressuscitar um cadver usando eletricidade no significa que moralmente estejamos prontos para faz-lo. Voc me pergunta se eu tenho respostas. O que a gente est tentando comear a fazer as perguntas certas. Porque s quando se faz as perguntas certas possvel comear a encontrar algumas respostas. ZH E estamos prontos para chegar a essas respostas? Gleiser A questo em que voc est interessado se temos maturidade moral para decidir. E a resposta simplesmente a seguinte: no. No temos maturidade moral para certas questes. Mas isso no significa que a gente no deva fazer a pesquisa. Existe a ideia da Caixa de Pandora, onde esto guardados todos os males do mundo, e se voc abre a Caixa de Pandora tudo escapa. As pessoas veem a cincia como um tipo de Caixa de Pandora: Ah, esses cientistas ficam fuxicando, descobrem problemas srios e depois a sociedade fica merc de avanos sobre os quais no temos controle. Na verdade, no nada disso. A cincia tem de ter total liberdade de pesquisa, contanto que certas questes sejam controladas ou pelo menos monitoradas por corpos especiais. Por exemplo, a questo da clonagem humana. Para mim, essa uma das reas que deveriam ser controladas com muito cuidado. ZH Quem deveria decidir as regras sobre o que se pode fazer? Gleiser Essa a grande questo. Quem decide o que pode e o que no pode? Quem tem o direito de decidir por todas as pessoas? Acho que deveria haver uma aliana entre o Judicirio e um corpo de cientistas escolhido por rgos do governo para estabelecer regras. Mas, infelizmente, qualquer tecnologia que possa ser desenvolvida mais cedo ou mais tarde vai ser desenvolvida. (Zero Hora.13 out 2013.) Exponha as principais ideias de Marcelo Gleiser num texto de 8 a 10 linhas, totalmente em discurso indireto.
(UFPR - 2015 - 2 FASE) Considere o seguinte texto: Um inadivel acerto de contas com a Me Terra A encclica do Papa Francisco sobre O cuidado da Casa Comum (Laudato Si) est sendo vista como a encclica verde, semelhantemente como quando dizemos economia verde. Eis aqui um grande equvoco. Ela no quer ser apenas verde, mas tambm propor a ecologia integral. Na verdade, o Papa deu um salto terico da maior relevncia ao ir alm do ambientalismo verde e pensar a ecologia numa perspectiva holstica, que inclui o ambiental, o social, o poltico, o educacional, o cotidiano e o espiritual. Ele se coloca no corao do novo paradigma, segundo o qual cada ser possui valor intrnseco, mas est sempre em relao com tudo, formando uma imensa rede, como alis o diz exemplarmente a Carta da Terra. Em outras palavras, trata-se de superar o paradigma da modernidade. Este coloca o ser humano fora da natureza e acima dela, como seu mestre e dono (Descartes), imaginando que ela no possui nenhum outro sentido seno quando posta a servio do ser humano, que pode explor-la a seu bel-prazer. Esse paradigma subjaz tecnocincia, que tantos benefcios nos trouxe, mas que simultaneamente gestou a atual crise ecolgica, pela sistemtica pilhagem de seus bens naturais. E o fez com tal voracidade que ultrapassou os principais limites intransponveis (a sobrecarga da Terra). Uma vez transpostos, colocam em risco as bases fsico-qumico-energticas que sustentam a vida (clima, gua, solos e biodiversidade, entre outros). hora de se fazer um ajuste de contas com a Me Terra: ou redefinimos uma nova relao mais cooperativa para com ela, e assim garantimos a nossa sobrevivncia, ou conheceremos um colapso planetrio. O Papa inteligentemente se deu conta dessa possibilidade. Da que sua encclica se dirige a toda a humanidade e no apenas aos cristos. Tem como propsito fundamental cobrar um novo estilo de vida e uma verdadeira converso ecolgica. Esta implica um novo modo de produo e de consumo, respeitando os ritmos e os limites da natureza tambm em considerao das futuras geraes s quais igualmente pertence a Terra. Isso est implcito no novo paradigma ecolgico. Como temos a ver com um problema global que afeta indistintamente a todos, todos so convocados a dar a sua contribuio: cada pas, cada instituio, cada saber, cada pessoa e, no caso, cada religio. Assevera claramente que devemos buscar no nosso rico patrimnio espiritual as motivaes que alimentam a paixo pelo cuidado da criao (Carta do Papa Francisco de 6/08/2015). Observe-se a expresso paixo pelo cuidado da criao. No se trata de uma reflexo ou algum empenho meramente racional, mas de algo mais radical, uma paixo. Invoca-se aqui a razo sensvel e emocional. ela e no simplesmente a razo que nos far tomar decises, nos impulsionar a agir com paixo e de modo inovador, consoante a urgncia da atual crise ecolgica mundial. O Papa tem conscincia de que o cristianismo (e a Igreja) no est isento de culpa por termos chegado a esta situao dramtica. Durante sculos pregou-se um Deus sem o mundo, o que propiciou o surgimento de um mundo sem Deus. No entrava em nenhuma catequese o mandato divino, claramente assinalado no segundo captulo do Genesis, de cultivar e cuidar o jardim do den. Pelo contrrio, o conhecido historiador norte-americano Lynn White Jr., ainda em 1967, acusou o judeu-cristianismo, com sua doutrina do domnio do ser humano sobre a criao, como o fator principal da crise ecolgica. Exagerou, como a crtica tem mostrado. Mas, de todo modo, suscitou a questo do estreito vnculo entre a interpretao comum sobre o senhorio do ser humano sobre todas as coisas e a devastao da Terra, o que reforou o projeto de dominao dos modernos sobre a natureza. O Papa opera em sua encclica uma vigorosa crtica ao antropocentrismo dessa interpretao. Entretanto, na carta de instaurao do dia de orao, com humildade suplica a Deus misericrdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos. Volta a referir-se a So Francisco, com seu amor csmico e respeito pela criao, o verdadeiro antecipador daquilo que devemos viver nos dias atuais. (BOFF, Leonardo. Em http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/09/06/um-inadiavel-acerto-de-contas-com-a-mae-terra/. Acesso em 14 set 2015. Adaptado.) ● Elabore um resumo desse texto, de 09 a 12 linhas, respeitando as caractersticas do gnero textual. ● Apresente a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justific-la. ● Escreva com suas prprias palavras, sem copiar trechos do texto.