(UFU - 2015 - 1ª FASE)
A Possêidon Dádivas colhi do mar e a Possêidon, meu canto.
Se a terra adormece e estéril é seu repouso, Avanças, poderoso! O fundamento das coisas estremece, Rochedos fendem-se, crispa-se o arvoredo. Mais que os ventos, Impões o fluxo e a mudança. Lampejos da aurora se acendem No poente. Move meu canto, move a Terra num bramido, Touro do Mar, e um novo reino instaura, dissolvendo Nas águas a impureza dos feitos. Acenda-se o olhar humano Em chama renovada e às almas de luz os corpos se reúnam!
SILVA, Dora Ferreira. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004.p.48.
De acordo com a leitura do poema acima, assinale a alternativa correta.
Possêidon, rei dos mares, cuja principal característica é a estagnação, com seu rugido estridente, instaura um novo reino na terra, lavando com suas águas impuras tanto as árvores como os rochedos.
A expressão “Touro do mar” é metáfora da exuberância e da fertilidade deste deus das águas, que com seu caráter imutável, fecundava tanto a terra infrutífera como os oceanos estéreis.
Ao retratar de forma irônica e paródica as habilidades desproporcionais de Possêidon, a poeta mantém o discurso jocoso que perpassa todos os outros poemas da obra Hídrias.
O poema dialoga com o título da obra, Hídrias, ao enfocar Possêidon, violento rei das águas e dos oceanos, também conhecido como Netuno, o qual tinha o poder de provocar a instabilidade nos mares.