(UFU - 2016 - 2ª FASE)
Texto I
CASUAL ENCONTRO QUE TEVE O POETA COM BRITES NO SEU RETIRO DE UMA ROÇA
Fui ver a fonte da roça,
e quando a mais gente vai
a refrescar-se na fonte,
eu me fui nela abrasar.
Dentro da fonte achei Brites,
que ali se foi a banhar
(...)
Convidou-me, a que bebesse
a neve do manancial,
e se a neve assim me abrasa,
o incêndio que fará.
Bebi, e não matei a sede,
porque no inferno de amar
fui Tântalo, cuja pena
o beber acende mais.
Queira Amor, Brites ingrata,
que essa fonte, esse cristal
não seja o vosso perigo,
a neve do manancial,
em que Narciso morrais.
MATOS, Gregório de. Crônica do viver baiano seiscentista: vol. 2. Rio de Janeiro: Editora Record, 1999. p. 704-705
Texto II
NARCISO (II)
Folhas incandescentes fizeram da fonte
vales de fulgores. Bebia Narciso sobre a onda
quando uma face viu de tal beleza
que a luz mais viva se tornou.
E Amor – cujas setas jamais puderam alcançar
seu coração esquivo – nele reinou e jamais do jovem
se apartava, que a seu chamado às águas acorria.
Insidiosa veio a Morte para o levar consigo,
deixando numa flor a forma de Narciso.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 39.
Com base nos textos, faça o que se pede.
A) Analise os efeitos do amor retratados nos dois poemas. Justifique com elementos dos textos.
B) Aponte dois recursos expressivos da linguagem de cada poema, exemplificando-os com passagens dos próprios poemas.