(UFU - 2021 - 1ª fase) “A construção da nação brasileira está estruturada, dentre outras coisas, a partir do mito da democracia racial. Uma parcela expressiva da sociedade brasileira compartilha a crença de ter construído uma nação diferentemente dos Estados Unidos e da África do Sul, por exemplo, não caracterizada por conflitos raciais abertos. [...] Para os que imaginam e advogam a singularidade paradisíaca brasileira, isto significa dizer que o critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa no Brasil. Em outras palavras, ainda é fortemente difundida no Brasil a crença de que a cultura brasileira antecipa a possibilidade de um mundo sem raças.”
BERNARDINO, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estud. afro-asiát. 24 (2), 2002, pp. 247-273.
O texto acima, ao realizar uma crítica à “democracia racial”, aponta para uma mudança na concepção de nação brasileira, consagrada na Constituição de 1988, que envolve a
apologia à miscigenação como forma de combater o racismo e garantir a unidade nacional.
admissão da categoria “raça” pelo Estado com o objetivo de estabelecer o fim das leis raciais.
definição do Estado brasileiro como pluriétnico, que aceita e resguarda a existência das diferenças culturais.
negação dos conflitos raciais como forma de garantir a justiça social e o acesso à cidadania.