(UFU - 2021 - MEDICINA)
“Desde que comecei a integrar as ações do movimento negro e a estudar a fundo as relações raciais, passei a prestar atenção ao número de pessoas negras nos ambientes em que frequento, e que papel desempenham. Nos ambientes acadêmicos e próprios ao exercício da advocacia, percebi que, na grande maioria das vezes, eu era uma das poucas pessoas negras, senão a única na condição de advogado e de professor.
Entretanto, essa percepção se altera completamente quando, nesses mesmos ambientes, olho para os trabalhadores da segurança e da limpeza: a maior parte dos negros e negras como eu, todos uniformizados, provavelmente mal remunerados, quase imperceptíveis aos que não foram “despertados” para as questões raciais como eu fui.
Essa segregação não oficial entre negros e brancos, que vigora em muitos espaços sociais, é sustentada por argumentos e explicações falaciosas. Eis algumas delas:
1. Pessoas negras são menos aptas para a vida acadêmica e para a advocacia.
2. Pessoas negras, como todas as outras pessoas, são afetadas por suas escolhas individuais, e sua condição racial nada tem a ver com a situação socioeconômica.
3. Pessoas negras, por fatores históricos, têm menos acesso à educação e, por isso, estão alocadas em trabalhos menos qualificados, os quais, consequentemente, são mal remunerados.”
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Coleção Feminismos Plurais. Belo Horizonte: Letramento, 2018, p. 47-48. (Adaptado)
A) Explique as razões que fazem com que as afirmações 1 e 2 sejam racistas.
B) Com base na afirmação 3, explique o porquê das pessoas negras terem menos acesso à escolarização e por que essa desigualdade também está ligada à questão racial.