(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o trecho da entrevista com um médico epidemiologista.
Folha – Não é contraditório um epidemiologista questionar o conceito de risco?
Luis David Castiel – Tem também um lado opressivo que me incomoda. Uma dimensão moralista, que rotula as pessoas que se expõem ao risco como displicentes e que, portanto, merecem ser punidas [pela doença], se acontecer o evento ao qual estão se expondo. Estamos à mercê dessa prescrição constante que a gente tem que seguir. Na hora em que você traz para perto a ameaça, tem que fazer uma gestão cotidiana dela. Não há como, você teria que controlar todos os riscos possíveis e os impossíveis de se imaginar. É a riscofobia.
Folha – Há um meio do caminho entre a fobia e o autocuidado?
Luis David Castiel – A pessoa tem que puxar o freio de emergência quando achar necessário, decidir até que ponto vai conseguir acompanhar todos os ditames da saúde. (…) Na saúde, a vigilância constante, o excesso de exames criou uma nova categoria: a pessoa não está doente, mas não é saudável. Está sob risco.
(Folha de S.Paulo, 11.04.2011. Adaptado.)
Assinale a alternativa que contempla adequadamente a opinião do médico, sob o ponto de vista filosófico.
Para o médico Luis Castiel, os imperativos da ciência, se adotados como norma absoluta na avaliação dos comportamentos individuais, podem causar sofrimento emocional.
Para o médico, os comportamentos individuais devem ser submetidos a padrões científicos de controle.
A riscofobia abordada na entrevista decorre da displicência dos indivíduos em atenderem aos ditames da saúde e da boa forma.
Na entrevista, o médico defende a autonomia individual como padrão absoluto para a avaliação de comportamentos de risco.
Para o médico, a gestão cotidiana dos riscos depende diretamente da vigilância constante no campo da saúde.