(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 9) Ningum pode deixar de reconhecer a influncia da teoria do bom selvagem na conscincia contempornea. Ela vista no presente respeito por tudo o que natural (alimentos naturais, remdios naturais, parto natural) e na desconfiana diante do que feito pelo homem, no desuso dos estilos autoritrios de criao de filhos e na concepo dos problemas sociais como defeitos reparveis em nossas instituies, e no como tragdias inerentes condio humana. (Steven Pinker. Tbula rasa a negao contempornea da natureza humana, 2004. Adaptado.) Explique a origem e o contedo da teoria do bom selvagem na histria da Filosofia e comente sua implicao na anlise dos problemas sociais.
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 10) Preguia e covardia so as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito aps a natureza t-los declarado livres da orientao alheia, ainda permanecem, com gosto, e por toda a vida, na condio de menoridade. to confortvel ser menor! Tenho disposio um livro que entende por mim, um pastor que tem conscincia por mim, um mdico que prescreve uma dieta etc.: ento no preciso me esforar. A maioria da humanidade v como muito perigoso, alm de bastante difcil, o passo a ser dado rumo maioridade, uma vez que tutores j tomaram para si de bom grado a sua superviso. Aps terem previamente embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que estas pacatas criaturas no ousem dar qualquer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaa caso queiram andar por conta prpria. Tal perigo, porm, no assim to grande, pois, aps algumas quedas, aprenderiam finalmente a andar; basta, entretanto, o perigo de um tombo para intimid-las e aterroriz-las por completo para que no faam novas tentativas. (Immanuel Kant, apud Danilo Marcondes. Textos bsicos de tica de Plato a Foucault, 2009. Adaptado.) O texto refere-se resposta dada pelo filsofo Kant pergunta sobre O que o Iluminismo?. Explique o significado da oposio por ele estabelecida entre menoridade e autonomia intelectual.
(UNESP - 2013 - 2a fase - Questo 11) Texto 1 Para santo Toms de Aquino, o poder poltico, por ser uma instituio divina, alm dos fins temporais que justificam a ao poltica, visa outros fins superiores, de natureza espiritual. O Estado deve dar condies para a realizao eterna e sobrenatural do homem. Ao discutir a relao Estado-Igreja, admite a supremacia desta sobre aquele. Considera a Monarquia a melhor forma de governo, por ser o governo de um s, escolhido pela sua virtude, desde que seja bloqueado o caminho da tirania. Texto 2 Maquiavel rejeita a poltica normativa dos gregos, a qual, ao explicar como o homem deve agir, cria sistemas utpicos. A nova poltica, ao contrrio, deve procurar a verdade efetiva, ou seja, como o homem age de fato. O mtodo de Maquiavel estipula a observao dos fatos, o que denota uma tendncia comum aos pensadores do Renascimento, preocupados em superar, atravs da experincia, os esquemas meramente dedutivos da Idade Mdia. Seus estudos levam constatao de que os homens sempre agiram pelas formas da corrupo e da violncia. (Maria Lcia Aranha e Maria Helena Martins. Filosofando, 1986. Adaptado.) Explique as diferentes concepes de poltica expressadas nos dois textos
(UNESP - 2013 - 2a fase) Do lado oposto da caverna, Plato situa uma fogueira fonte da luz de onde se projetam as sombras e alguns homens que carregam objetos por cima de um muro, como num teatro de fantoches, e so desses objetos as sombras que se projetam no fundo da caverna e as vozes desses homens que os prisioneiros atribuem s sombras. Temos um efeito como num cinema em que olhamos para a tela e no prestamos ateno ao projetor nem s caixas de som, mas percebemos o som como proveniente das figuras na tela. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2001.) Explique o significado filosfico da Alegoria da Caverna de Plato, comentando sua importncia para a distino entre aparncia e essncia.
(UNESP - 2013 - 1a fase) A modernidade no pertence a cultura nenhuma, mas surge sempre CONTRA uma cultura particular, como uma fenda, uma fissura no tecido desta. Assim, na Europa, a modernidade no surge como um desenvolvimento da cultura crist, mas como uma crtica a esta , feita por indivduos como Coprnico, Montaigne, Bruno, Descartes, indivduos que, na medida em que a criticavam, j dela se separavam, j dela se desenraizavam. A crtica faz parte da razo que, no pertencendo a cultura particular nenhuma, est em princpio disponvel a todos os seres humanos e culturas. Entendida desse modo, a modernidade no consiste numa etapa da histria da Europa ou do mundo, mas numa postura crtica ante a cultura, postura que capaz de surgir em diferentes momentos e regies do mundo, como na Atenas de Pricles, na ndia do imperador Ashoka ou no Brasil de hoje. (Antonio Ccero. Resenha sobre o livro O Roubo da Histria. Folha de S.Paulo, 01.11.2008. Adaptado.) Com a leitura do texto, a modernidade pode ser entendida como
(UNESP - 2013 - 1a fase) Desde o incio da semana, alunos da rede municipal de Vitria da Conquista, na Bahia, no vo mais poder cabular aulas. Um uniforme inteligente vai contar aos pais se os alunos chegaram escola ou dedurar se eles no passaram do porto. O sistema, baseado em rdio-frequncia, funciona por meio de um minichip instalado na camiseta do novo uniforme, que comeou a ser distribudo para 20 mil estudantes na segunda-feira. Funciona assim: no momento em que os alunos entram na escola, um sensor instalado na portaria detecta o chip e envia um SMS aos pais avisando sobre a entrada na instituio. (Natlia Cancian. Uniforme inteligente entrega aluno que cabula aula na Bahia. Folha de S.Paulo, 22.03.2012.) A leitura do fato relatado na reportagem permite repercusses filosficas relacionadas esfera da tica, pois o uniforme inteligente
(UNESP - 2013/2 - 1a fases) A produo de mercadorias e o consumismo alteram as percepes no apenas do eu como do mundo exterior ao eu; criam um mundo de espelhos, de imagens insubstanciais, de iluses cada vez mais indistinguveis da realidade. O efeito refletido faz do sujeito um objeto; ao mesmo tempo, transforma o mundo dos objetos numa extenso ou projeo do eu. enganoso caracterizar a cultura do consumo como uma cultura dominada por coisas. O consumidor vive rodeado no apenas por coisas como por fantasias. Vive num mundo que no dispe de existncia objetiva ou independente e que parece existir somente para gratificar ou contrariar seus desejos. (Christopher Lasch. O mnimo eu, 1987. Adaptado.) Sob o ponto de vista tico e filosfico, na sociedade de consumo, o indivduo
(UNESP - 2013 - 1a fase) Leia. Encontrar explicaes convincentes para a origem e a evoluo da vida sempre foi uma obsesso para os cientistas. A competio constante, embora muitas vezes silenciosa, entre os indivduos, teria preservado as melhores linhagens, afirmava Charles Darwin. Assim, um ser vivo com uma mutao favorvel para a sobrevivncia da espcie teria mais chances de sobreviver e espalhar essa caracterstica para as futuras geraes. Ao fim, sobreviveriam os mais fortes, como interpretou o filsofo Herbert Spencer. Um sculo e meio depois, um bilogo americano agita a comunidade cientfica internacional ao ousar complementar a teoria da seleo darwinista. Segundo Edward Wilson, da Universidade de Harvard, o processo evolutivo mais bem-sucedido em sociedades nas quais os indivduos colaboram uns com os outros para um objetivo comum. Assim, grupos de pessoas, empresas e at pases que agem pensando em benefcio dos outros e de forma coletiva alcanam mais sucesso, segundo o americano. (Rachel Costa. O poder da generosidade. Isto, 11.05.2012. Adaptado.) Embora divergentes no que se refere aos fatores que explicam a evoluo da espcie humana, ambas as teorias, de Darwin e de Wilson, apresentam como ponto comum a concepo de que
(UNESP - 2013 - 1a fase) Leia. O marketing religioso objetiva identificar as necessidades de esprito e de conhecimento dos adeptos de uma determinada religio, oferecendo uma linha de produtos e servios especficos para determinado segmento religioso e linguagem inerente ao tipo de pregao veiculada. A pessoa que se sente vazia num mundo capitalista e individualista busca refgio atravs de uma religio. Identificar o pblico que mais frequenta o templo e o bairro onde o mesmo est situado, o nvel de escolaridade, renda, hbitos, demais dados dos perfis demogrficos e psicogrficos so considerados num planejamento de marketing de uma linha de produtos religiosos. (Fernando Rebouas. Marketing religioso. www.infoescola.com, 04.01.2010. Adaptado.) O fenmeno descrito pode ser explicado por tendncias de
(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Texto 1 O ser humano a flor do cu que desabrochou na Terra. Sua semente foi plantada por Deus, sua bela imagem foi projetada por Deus e seu perfume agradvel foi tambm presenteado por Deus. No devemos perder essa bela imagem nem o agradvel perfume. Nosso belo desabrochar a manifestao da glria de Deus. (Seicho-no-ie do Brasil. Palavras de luz, 2013.) Texto 2 Em algum remoto rinco do universo cintilante que se derrama em um sem-nmero de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da histria universal: mas tambm foi somente um minuto. Passados poucos flegos da natureza, congelou-se o astro e os animais inteligentes tiveram de morrer. Assim poderia algum inventar uma fbula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quo lamentvel, quo fantasmagrico e fugaz, quo sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele no estava; quando de novo ele tiver passado, nada ter acontecido. (Friedrich Nietzsche. Sobre verdade e mentira no sentido extramoral. Adaptado.) Os textos citados apresentam concepes filosficas distintas sobre o lugar do ser humano no universo. Discorra brevemente sobre essas diferenas, considerando o teor antropocntrico dos textos.
(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Texto 1 O biopoder, sem a menor dvida, foi elemento indispensvel ao desenvolvimento do capitalismo, que s pode ser garantido custa da insero controlada dos corpos no aparelho de produo e por meio de um ajustamento dos fenmenos de populao aos processos econmicos. Para o biopoder, que tem a tarefa de se encarregar da vida, sua necessidade de mecanismos contnuos, reguladores e corretivos exige distribuir os vivos em um domnio de valor e utilidade. Um poder dessa natureza tem de qualificar, medir, avaliar, hierarquizar. Uma sociedade normalizadora o efeito histrico de uma tecnologia de poder centrada na vida. (Michel Foucault. Histria da sexualidade, vol. 1, 1988. Adaptado.) Texto 2 Uma pesquisa anunciada recentemente na Sua revelou que, com um simples exame de sangue, ser possvel detectar a Sndrome de Down (ou trissomia do 21) no feto. O aval ao novo teste pr-natal foi dado recentemente pela Agncia Nacional de Produtos Teraputicos da Sua, em meio controvrsia de que o exame poderia levar a um aumento no nmero de abortos. Os testes estaro disponveis no mercado ainda neste ms. Apesar de a legislao de pases europeus como Espanha, Itlia e Alemanha garantir autonomia mulher na escolha sobre o aborto, o tema no passou isento de discusso. A Federao Internacional das Organizaes de Sndrome de Down, que rene 30 associaes de 16 pases, entrou com uma representao na Corte Europeia de Direitos Humanos pedindo a proibio do teste. (http://zerohora.clicrbs.com.br, 22.08.2012. Adaptado.) Com base no texto de Foucault, comente o papel da cincia como possvel instrumento de eugenia e normalizao, relacionando-o com as implicaes biopolticas do lanamento do teste pr-natal.
(UNESP - 2013/2 - 2 FASE) Texto 1 Se o homem no estado de natureza to livre, conforme dissemos, se senhor absoluto da sua prpria pessoa e posses, [] por que abrir ele mo dessa liberdade, por que [] sujeitar-se- ao domnio e controle de qualquer outro poder? Ao que bvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a fruio [] da propriedade que possui nesse estado muito insegura, muito arriscada. [] no sem razo que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros [], para a mtua conservao da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade. (John Locke. O segundo tratado sobre o governo.) Texto 2 Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas, em nossa sociedade, a propriedade privada j foi abolida para nove dcimos da populao; se ela existe para alguns poucos precisamente porque no existe para esses nove dcimos.Acusai-nos, portanto, de querer abolir uma forma de propriedade cuja condio de existncia a abolio de qualquer propriedade para a imensa maioria da sociedade. Em suma, acusai-nos de abolir a vossa propriedade. Pois bem, exatamente isso o que temos em mente. (Karl Marx e Friedrich Engels. O manifesto comunista.) Os textos citados indicam vises opostas e conflitantes sobre a organizao da vida poltica e social. Responda quais foram os sistemas polticos originados pelos dois textos e discorra brevemente sobre suas divergncias.