(UNESP - 2015/2 - 2 fase - Questo 30) As questes de 29 a 32 focalizam um trecho de uma crnica do escritor Ea de Queirs (1845-1900) e uma tira da cartunista Cia (Ceclia Whitaker Alves Pinto). XXIV O Parlamento vive na idade de ouro. Vive nas idades inocentes em que se colocam as lendas do Paraso quando o mal ainda no existia, quando Caim era um bom rapaz, quando os tigres passeavam docemente par a par com os cordeiros, quando ningum tinha tido o cavalheirismo de inventar a palavra calnia! e a palavra mente! no atraa a bofetada! Seno vejam! Todos os dias aqueles ilustres deputados se dizem uns aos outros: falso! mentira! E no se esbofeteiam, no se enviam duas balas! Piedosa inocncia! Cordura1 evanglica! um Parlamento educado por S. Francisco de Sales! O ilustre deputado mente! Ah, minto? Pois bem, apelo... Cuidam que apela para o espalmado da sua mo direita ou para a elasticidade da sua bengala? No, meus caros senhores, apela para o Pas! Quanta elevao crist num diploma de deputado! Quando um homem leva em pleno peito, diante de duzentas pessoas que ouvem e de mil que leem, este rude encontro: falso! e diz com uma terna brandura: Pois bem, apelo para o Pas! este homem um santo! No entrar decerto nunca no Jockey-Club, donde a mansido excluda, mas entrar no reino do Cu, onde a humildade glorificada. uma escola de humildade este Parlamento! Nunca em parte nenhuma, como ali, o insulto foi recebido com to curvada pacincia, o desmentido acolhido com to sentida resignao! Sublime curso de caridade crist. E veremos os tempos em que um senhor deputado, esbofeteado em pleno e claro Chiado2 , dir modestamente ao agressor, mostrando o seu diploma: Sou deputado da Nao Portuguesa! Apelo para o Pas! Pode continuar a bater! (Uma campanha alegre. Agosto, 1871.) 1 cordura: sensatez, prudncia. 2 Chiado: um bairro tradicional de Lisboa e importante rea cultural em meados do sculo XIX. A sentena crist Oferece a outra face pode ser entendida em um aspecto fsico e em um aspecto moral. Transcreva a frase do ltimo pargrafo da crnica em que um poltico alude a essa sentena, aponte qual aspecto quer realmente ressaltar e com que inteno o faz.
(UNESP - 2015/2 - 2 fase - Questo 31) As questes de 29 a 32 focalizam um trecho de uma crnica do escritor Ea de Queirs (1845-1900) e uma tira da cartunista Cia (Ceclia Whitaker Alves Pinto). XXIV O Parlamento vive na idade de ouro. Vive nas idades inocentes em que se colocam as lendas do Paraso quando o mal ainda no existia, quando Caim era um bom rapaz, quando os tigres passeavam docemente par a par com os cordeiros, quando ningum tinha tido o cavalheirismo de inventar a palavra calnia! e a palavra mente! no atraa a bofetada! Seno vejam! Todos os dias aqueles ilustres deputados se dizem uns aos outros: falso! mentira! E no se esbofeteiam, no se enviam duas balas! Piedosa inocncia! Cordura1 evanglica! um Parlamento educado por S. Francisco de Sales! O ilustre deputado mente! Ah, minto? Pois bem, apelo... Cuidam que apela para o espalmado da sua mo direita ou para a elasticidade da sua bengala? No, meus caros senhores, apela para o Pas! Quanta elevao crist num diploma de deputado! Quando um homem leva em pleno peito, diante de duzentas pessoas que ouvem e de mil que leem, este rude encontro: falso! e diz com uma terna brandura: Pois bem, apelo para o Pas! este homem um santo! No entrar decerto nunca no Jockey-Club, donde a mansido excluda, mas entrar no reino do Cu, onde a humildade glorificada. uma escola de humildade este Parlamento! Nunca em parte nenhuma, como ali, o insulto foi recebido com to curvada pacincia, o desmentido acolhido com to sentida resignao! Sublime curso de caridade crist. E veremos os tempos em que um senhor deputado, esbofeteado em pleno e claro Chiado2 , dir modestamente ao agressor, mostrando o seu diploma: Sou deputado da Nao Portuguesa! Apelo para o Pas! Pode continuar a bater! (Uma campanha alegre. Agosto, 1871.) 1 cordura: sensatez, prudncia. 2 Chiado: um bairro tradicional de Lisboa e importante rea cultural em meados do sculo XIX. Comprovando com informaes extradas da tira, determine o que representa a personagem que faz as solicitaes, o que deseja e em que medida o balo maior do ltimo quadrinho revela uma frustrao desse desejo.
(UNESP - 2015/2 - 2 fase - Questo 32) As questes de 29 a 32 focalizam um trecho de uma crnica do escritor Ea de Queirs (1845-1900) e uma tira da cartunista Cia (Ceclia Whitaker Alves Pinto). XXIV O Parlamento vive na idade de ouro. Vive nas idades inocentes em que se colocam as lendas do Paraso quando o mal ainda no existia, quando Caim era um bom rapaz, quando os tigres passeavam docemente par a par com os cordeiros, quando ningum tinha tido o cavalheirismo de inventar a palavra calnia! e a palavra mente! no atraa a bofetada! Seno vejam! Todos os dias aqueles ilustres deputados se dizem uns aos outros: falso! mentira! E no se esbofeteiam, no se enviam duas balas! Piedosa inocncia! Cordura1 evanglica! um Parlamento educado por S. Francisco de Sales! O ilustre deputado mente! Ah, minto? Pois bem, apelo... Cuidam que apela para o espalmado da sua mo direita ou para a elasticidade da sua bengala? No, meus caros senhores, apela para o Pas! Quanta elevao crist num diploma de deputado! Quando um homem leva em pleno peito, diante de duzentas pessoas que ouvem e de mil que leem, este rude encontro: falso! e diz com uma terna brandura: Pois bem, apelo para o Pas! este homem um santo! No entrar decerto nunca no Jockey-Club, donde a mansido excluda, mas entrar no reino do Cu, onde a humildade glorificada. uma escola de humildade este Parlamento! Nunca em parte nenhuma, como ali, o insulto foi recebido com to curvada pacincia, o desmentido acolhido com to sentida resignao! Sublime curso de caridade crist. E veremos os tempos em que um senhor deputado, esbofeteado em pleno e claro Chiado2 , dir modestamente ao agressor, mostrando o seu diploma: Sou deputado da Nao Portuguesa! Apelo para o Pas! Pode continuar a bater! (Uma campanha alegre. Agosto, 1871.) 1 cordura: sensatez, prudncia. 2 Chiado: um bairro tradicional de Lisboa e importante rea cultural em meados do sculo XIX. Indique a semelhana e a diferena entre a tira de Cia e a crnica de Ea de Queirs, no que diz respeito aos alvos da crtica que fazem, e identifique a inteno dessa crtica nos dois textos.
(UNESP - 2015 - 1 FASE) Escrever mal difcil, declarou um dos maiores escritores contemporneos. Durante debate para divulgar seu romance O homem que amava os cachorros, o cubano Leonardo Padura caoou de autores de best-sellers. Escrever livros como os de Paulo Coelho e Dan Brown no fcil, no h muitos Dan Browns que possam escrever um romance to horrvel como O Cdigo Da Vinci, que venda milhes de exemplares. H que se saber fazer m literatura para poder escrever um livro desses. (Fbio Victor. Fazer m literatura difcil, diz escritor Leonardo Padura. Folha de S.Paulo, 17.04.2014. Adaptado.) O comentrio irnico do escritor acerca da qualidade literria justifica-se pela
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Nota preliminar 1 Em todo o momento de atividade mental acontece em ns um duplo fenmeno de percepo: ao mesmo tempo que temos conscincia dum estado de alma, temos diante de ns, impressionando-nos os sentidos que esto virados para o exterior, uma paisagem qualquer, entendendo por paisagem, para convenincia de frases, tudo o que forma o mundo exterior num determinado momento da nossa percepo. 2 Todo o estado de alma uma paisagem. Isto , todo o estado de alma no s representvel por umapaisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. H em ns um espao interior onde a matria da nossa vida fsica se agita. Assim uma tristeza um lago morto dentro de ns, uma alegria um dia de sol no nosso esprito. E mesmo que se no queira admitir que todo o estado de alma uma paisagem pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser H sol nos meus pensamentos,ningum compreender que os meus pensamentos esto tristes. 3 Assim tendo ns, ao mesmo tempo, conscincia do exterior e do nosso esprito, e sendo o nosso esprito uma paisagem, temos ao mesmo tempo conscincia de duas paisagens. Ora essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo num dia de sol uma alma triste no pode estar to triste como num dia de chuva e, tambm, a paisagem exterior sofre do nosso estado de alma de todos os tempos dizer-se, sobretudo em verso, coisas como que na ausncia da amada o sol no brilha, e outras coisas assim. (Obra potica, 1965.) Paisagem holandesa No me sais da memria. s tu, querida amiga, Uma imagem que eu vi numa aguarela1 antiga. Era na Holanda. Um fim de tarde. Um cu lavado. Frondes abrindo no ar um plio recortado... 5 Um moinho beira dgua e imensa e desconforme A pincelada verde-azul de um barco enorme. A casaria alm... Perto o cais refletindo Uma barra de sombra entre as guas bulindo... E, debruada ao cais, olhando a tarde imensa, 10 Uma rapariguinha olha as guas e pensa... loira e triste. Nos seus olhos claros anda A mesma paz que envolve a paisagem da Holanda. Paira o silncio... Uma ave passa, arminho2 e gaza3, flor dgua, acenando adeus com o leno da asa... 15 a saudade de Algum que anda extasiado, a esmo, Com a paisagem da Holanda escondida em si mesmo, Com aquela rapariga a sofrer e a cismar Num pr de sol que d vontade de chorar... Ai no ser eu um moinho isolado e tristonho 20 Para viver como na paz de um grande sonho, A refletir a minha vida singular Na gua dormente, na gua azul do teu olhar... (Toda uma vida de poesia, 1957.) 1 aguarela: aquarela. 2 arminho: pele ou pelo do arminho; muito alvo, muito branco, alvura (sentido figurado). 3 gaza: tecido fino, transparente, feito de seda ou algodo. Considerando o que teoriza Fernando Pessoa em sua Nota preliminar sobre paisagem interna e paisagem externa, a que concluso se chega sobre o modo como o eu lrico se expressa no poema Paisagem holandesa?
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Nota preliminar 1 Em todo o momento de atividade mental acontece em ns um duplo fenmeno de percepo: ao mesmo tempo que temos conscincia dum estado de alma, temos diante de ns, impressionando-nos os sentidos que esto virados para o exterior, uma paisagem qualquer, entendendo por paisagem, para convenincia de frases, tudo o que forma o mundo exterior num determinado momento da nossa percepo. 2 Todo o estado de alma uma paisagem. Isto , todo o estado de alma no s representvel por umapaisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. H em ns um espao interior onde a matria da nossa vida fsica se agita. Assim uma tristeza um lago morto dentro de ns, uma alegria um dia de sol no nosso esprito. E mesmo que se no queira admitir que todo o estado de alma uma paisagem pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser H sol nos meus pensamentos,ningum compreender que os meus pensamentos esto tristes. 3 Assim tendo ns, ao mesmo tempo, conscincia do exterior e do nosso esprito, e sendo o nosso esprito uma paisagem, temos ao mesmo tempo conscincia de duas paisagens. Ora essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo num dia de sol uma alma triste no pode estar to triste como num dia de chuva e, tambm, a paisagem exterior sofre do nosso estado de alma de todos os tempos dizer-se, sobretudo em verso, coisas como que na ausncia da amada o sol no brilha, e outras coisas assim. (Obra potica, 1965.) Paisagem holandesa No me sais da memria. s tu, querida amiga, Uma imagem que eu vi numa aguarela1 antiga. Era na Holanda. Um fim de tarde. Um cu lavado. Frondes abrindo no ar um plio recortado... 5 Um moinho beira dgua e imensa e desconforme A pincelada verde-azul de um barco enorme. A casaria alm... Perto o cais refletindo Uma barra de sombra entre as guas bulindo... E, debruada ao cais, olhando a tarde imensa, 10 Uma rapariguinha olha as guas e pensa... loira e triste. Nos seus olhos claros anda A mesma paz que envolve a paisagem da Holanda. Paira o silncio... Uma ave passa, arminho2 e gaza3, flor dgua, acenando adeus com o leno da asa... 15 a saudade de Algum que anda extasiado, a esmo, Com a paisagem da Holanda escondida em si mesmo, Com aquela rapariga a sofrer e a cismar Num pr de sol que d vontade de chorar... Ai no ser eu um moinho isolado e tristonho 20 Para viver como na paz de um grande sonho, A refletir a minha vida singular Na gua dormente, na gua azul do teu olhar... (Toda uma vida de poesia, 1957.) 1 aguarela: aquarela. 2 arminho: pele ou pelo do arminho; muito alvo, muito branco, alvura (sentido figurado). 3 gaza: tecido fino, transparente, feito de seda ou algodo. O terceiro verso do poema de Olegrio Mariano apresenta doze slabas mtricas e constitudo por trs segmentos distintos. Transcreva esses trs segmentos e, analisando-os um a um, como se fossem versos independentes, aponte o que h de comum e o que h de diferente entre eles, sob os pontos de vista do nmero de slabas mtricas e das posies dos acentos.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Nota preliminar 1 Em todo o momento de atividade mental acontece em ns um duplo fenmeno de percepo: ao mesmo tempo que temos conscincia dum estado de alma, temos diante de ns, impressionando-nos os sentidos que esto virados para o exterior, uma paisagem qualquer, entendendo por paisagem, para convenincia de frases, tudo o que forma o mundo exterior num determinado momento da nossa percepo. 2 Todo o estado de alma uma paisagem. Isto , todo o estado de alma no s representvel por umapaisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. H em ns um espao interior onde a matria da nossa vida fsica se agita. Assim uma tristeza um lago morto dentro de ns, uma alegria um dia de sol no nosso esprito. E mesmo que se no queira admitir que todo o estado de alma uma paisagem pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser H sol nos meus pensamentos,ningum compreender que os meus pensamentos esto tristes. 3 Assim tendo ns, ao mesmo tempo, conscincia do exterior e do nosso esprito, e sendo o nosso esprito uma paisagem, temos ao mesmo tempo conscincia de duas paisagens. Ora essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo num dia de sol uma alma triste no pode estar to triste como num dia de chuva e, tambm, a paisagem exterior sofre do nosso estado de alma de todos os tempos dizer-se, sobretudo em verso, coisas como que na ausncia da amada o sol no brilha, e outras coisas assim. (Obra potica, 1965.) Paisagem holandesa No me sais da memria. s tu, querida amiga, Uma imagem que eu vi numa aguarela1 antiga. Era na Holanda. Um fim de tarde. Um cu lavado. Frondes abrindo no ar um plio recortado... 5 Um moinho beira dgua e imensa e desconforme A pincelada verde-azul de um barco enorme. A casaria alm... Perto o cais refletindo Uma barra de sombra entre as guas bulindo... E, debruada ao cais, olhando a tarde imensa, 10 Uma rapariguinha olha as guas e pensa... loira e triste. Nos seus olhos claros anda A mesma paz que envolve a paisagem da Holanda. Paira o silncio... Uma ave passa, arminho2 e gaza3, flor dgua, acenando adeus com o leno da asa... 15 a saudade de Algum que anda extasiado, a esmo, Com a paisagem da Holanda escondida em si mesmo, Com aquela rapariga a sofrer e a cismar Num pr de sol que d vontade de chorar... Ai no ser eu um moinho isolado e tristonho 20 Para viver como na paz de um grande sonho, A refletir a minha vida singular Na gua dormente, na gua azul do teu olhar... (Toda uma vida de poesia, 1957.) 1 aguarela: aquarela. 2 arminho: pele ou pelo do arminho; muito alvo, muito branco, alvura (sentido figurado). 3 gaza: tecido fino, transparente, feito de seda ou algodo. No primeiro perodo do segundo pargrafo, Fernando Pessoa faz uma afirmao categrica, mas ainda nesse mesmo pargrafo a atenua. Transcreva o perodo em que ocorre essa atenuao e explique a razo apresentada pelo escritor para faz-la.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Nota preliminar 1 Em todo o momento de atividade mental acontece em ns um duplo fenmeno de percepo: ao mesmo tempo que temos conscincia dum estado de alma, temos diante de ns, impressionando-nos os sentidos que esto virados para o exterior, uma paisagem qualquer, entendendo por paisagem, para convenincia de frases, tudo o que forma o mundo exterior num determinado momento da nossa percepo. 2 Todo o estado de alma uma paisagem. Isto , todo o estado de alma no s representvel por umapaisagem, mas verdadeiramente uma paisagem. H em ns um espao interior onde a matria da nossa vida fsica se agita. Assim uma tristeza um lago morto dentro de ns, uma alegria um dia de sol no nosso esprito. E mesmo que se no queira admitir que todo o estado de alma uma paisagem pode ao menos admitir-se que todo o estado de alma se pode representar por uma paisagem. Se eu disser H sol nos meus pensamentos,ningum compreender que os meus pensamentos esto tristes. 3 Assim tendo ns, ao mesmo tempo, conscincia do exterior e do nosso esprito, e sendo o nosso esprito uma paisagem, temos ao mesmo tempo conscincia de duas paisagens. Ora essas paisagens fundem-se, interpenetram-se, de modo que o nosso estado de alma, seja ele qual for, sofre um pouco da paisagem que estamos vendo num dia de sol uma alma triste no pode estar to triste como num dia de chuva e, tambm, a paisagem exterior sofre do nosso estado de alma de todos os tempos dizer-se, sobretudo em verso, coisas como que na ausncia da amada o sol no brilha, e outras coisas assim. (Obra potica, 1965.) Paisagem holandesa No me sais da memria. s tu, querida amiga, Uma imagem que eu vi numa aguarela1 antiga. Era na Holanda. Um fim de tarde. Um cu lavado. Frondes abrindo no ar um plio recortado... 5 Um moinho beira dgua e imensa e desconforme A pincelada verde-azul de um barco enorme. A casaria alm... Perto o cais refletindo Uma barra de sombra entre as guas bulindo... E, debruada ao cais, olhando a tarde imensa, 10 Uma rapariguinha olha as guas e pensa... loira e triste. Nos seus olhos claros anda A mesma paz que envolve a paisagem da Holanda. Paira o silncio... Uma ave passa, arminho2 e gaza3, flor dgua, acenando adeus com o leno da asa... 15 a saudade de Algum que anda extasiado, a esmo, Com a paisagem da Holanda escondida em si mesmo, Com aquela rapariga a sofrer e a cismar Num pr de sol que d vontade de chorar... Ai no ser eu um moinho isolado e tristonho 20 Para viver como na paz de um grande sonho, A refletir a minha vida singular Na gua dormente, na gua azul do teu olhar... (Toda uma vida de poesia, 1957.) 1 aguarela: aquarela. 2 arminho: pele ou pelo do arminho; muito alvo, muito branco, alvura (sentido figurado). 3 gaza: tecido fino, transparente, feito de seda ou algodo. Em todo o momento de atividade mental acontece em ns um duplo fenmeno de percepo. Na orao transcrita, que inicia o comentrio de Fernando Pessoa, explique por que, sob o ponto de vista gramatical, a forma verbal acontece est flexionada na terceira pessoa do singular.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) No cemitrio de S. Benedito Em lgubre recinto escuro e frio, Onde reina o silncio aos mortos dado, Entre quatro paredes descoradas, Que o caprichoso luxo no adorna, 5 Jaz da terra coberto humano corpo, que escravo sucumbiu, livre nascendo! Das hrridas cadeias desprendido, Que s forjam sacrlegos tiranos, Dorme o sono feliz da eternidade. 10 No cercam a morada lutuosa Os salgueiros, os fnebres ciprestes, Nem lhe guarda os umbrais da sepultura Pesada laje de espartano mrmore, Somente levantado em quadro negro 15 Epitfio se l, que impe silncio! Descansam neste lar caliginoso1 O msero cativo, o desgraado!... Aqui no vem rasteira a vil lisonja Os feitos decantar da tirania, 20 Nem ofuscando a luz da s verdade Eleva o crime, perpetua a infmia. Aqui no se ergue altar ou trono douro Ao torpe mercador de carne humana. Aqui se curva o filho respeitoso 25 Ante a lousa materna, e o pranto em fio Cai-lhe dos olhos revelando mudo A histria do passado. Aqui nas sombras Da funda escurido do horror eterno, Dos braos de uma cruz pende o mistrio, 30 Faz-se o cetro2 bordo3, andrajo a tnica, Mendigo o rei, o potentado4 escravo! (Primeiras trovas burlescas e outros poemas, 2000.) 1 caliginoso: muito escuro, tenebroso. 2 cetro: basto de comando usado pelos reis. 3 bordo: cajado grosso usado como apoio ao caminhar. 4 potentado: pessoa muito rica e poderosa. Doze anos de escravido Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos do tmulo como um local de descanso para um corpo cansado e alquebrado tinha sido agradvel de imaginar. Mas tal contemplao desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em posse de suas foras, consegue ficar imperturbvel na presena do rei dos horrores. A vida cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutar por ela. Naquele momento, era cara para mim, escravizado e tratado tal como eu era. Sem conseguir livrar a mo dele, novamente o peguei pelo pescoo e dessa vez com uma empunhadura medonha que logo o fez afrouxar a mo. Tibeats ficou enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera branco de paixo, estava agora preto de asfixia. Aqueles olhos midos de serpente que exalavam tanto veneno estavam agora cheios de horror duas rbitas brancas precipitando-se para fora. Havia um demnio espreita em meu corao que me instava a matar o maldito co naquele instante a manter a presso em seu odioso pescoo at que o sopro de vida se fosse! No ousava assassin-lo, mas no ousava deix-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar pelo crime se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria sua sede de vingana. Uma voz l dentro me dizia para fugir. Ser um andarilho nos pntanos, um fugitivo e um vagabundo sobre a Terra, era prefervel vida que eu estava levando. (Doze anos de escravido, 2014.) O filme 12 anos de escravido, considerado uma excelente obra de arte cinematogrfica pela crtica, tem seu roteiro baseado na narrativa Doze anos de escravido. Assistindo-se ao filme e lendo a narrativa, percebe-se, por exemplo, a ausncia no filme de algumas cenas presentes na narrativa. Esse fato deve ser considerado uma falha do filme? Justifique sua resposta.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) No cemitrio de S. Benedito Em lgubre recinto escuro e frio, Onde reina o silncio aos mortos dado, Entre quatro paredes descoradas, Que o caprichoso luxo no adorna, 5 Jaz da terra coberto humano corpo, que escravo sucumbiu, livre nascendo! Das hrridas cadeias desprendido, Que s forjam sacrlegos tiranos, Dorme o sono feliz da eternidade. 10 No cercam a morada lutuosa Os salgueiros, os fnebres ciprestes, Nem lhe guarda os umbrais da sepultura Pesada laje de espartano mrmore, Somente levantado em quadro negro 15 Epitfio se l, que impe silncio! Descansam neste lar caliginoso1 O msero cativo, o desgraado!... Aqui no vem rasteira a vil lisonja Os feitos decantar da tirania, 20 Nem ofuscando a luz da s verdade Eleva o crime, perpetua a infmia. Aqui no se ergue altar ou trono douro Ao torpe mercador de carne humana. Aqui se curva o filho respeitoso 25 Ante a lousa materna, e o pranto em fio Cai-lhe dos olhos revelando mudo A histria do passado. Aqui nas sombras Da funda escurido do horror eterno, Dos braos de uma cruz pende o mistrio, 30 Faz-se o cetro2 bordo3, andrajo a tnica, Mendigo o rei, o potentado4 escravo! (Primeiras trovas burlescas e outros poemas, 2000.) 1 caliginoso: muito escuro, tenebroso. 2 cetro: basto de comando usado pelos reis. 3 bordo: cajado grosso usado como apoio ao caminhar. 4 potentado: pessoa muito rica e poderosa. Doze anos de escravido Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos do tmulo como um local de descanso para um corpo cansado e alquebrado tinha sido agradvel de imaginar. Mas tal contemplao desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em posse de suas foras, consegue ficar imperturbvel na presena do rei dos horrores. A vida cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutar por ela. Naquele momento, era cara para mim, escravizado e tratado tal como eu era. Sem conseguir livrar a mo dele, novamente o peguei pelo pescoo e dessa vez com uma empunhadura medonha que logo o fez afrouxar a mo. Tibeats ficou enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera branco de paixo, estava agora preto de asfixia. Aqueles olhos midos de serpente que exalavam tanto veneno estavam agora cheios de horror duas rbitas brancas precipitando-se para fora. Havia um demnio espreita em meu corao que me instava a matar o maldito co naquele instante a manter a presso em seu odioso pescoo at que o sopro de vida se fosse! No ousava assassin-lo, mas no ousava deix-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar pelo crime se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria sua sede de vingana. Uma voz l dentro me dizia para fugir. Ser um andarilho nos pntanos, um fugitivo e um vagabundo sobre a Terra, era prefervel vida que eu estava levando. (Doze anos de escravido, 2014.) No ltimo pargrafo do excerto, explique por que o raciocnio de Solomon durante a luta contra Tibeats, um de seus proprietrios, corresponde a um dilema.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) No cemitrio de S. Benedito Em lgubre recinto escuro e frio, Onde reina o silncio aos mortos dado, Entre quatro paredes descoradas, Que o caprichoso luxo no adorna, 5 Jaz da terra coberto humano corpo, que escravo sucumbiu, livre nascendo! Das hrridas cadeias desprendido, Que s forjam sacrlegos tiranos, Dorme o sono feliz da eternidade. 10 No cercam a morada lutuosa Os salgueiros, os fnebres ciprestes, Nem lhe guarda os umbrais da sepultura Pesada laje de espartano mrmore, Somente levantado em quadro negro 15 Epitfio se l, que impe silncio! Descansam neste lar caliginoso1 O msero cativo, o desgraado!... Aqui no vem rasteira a vil lisonja Os feitos decantar da tirania, 20 Nem ofuscando a luz da s verdade Eleva o crime, perpetua a infmia. Aqui no se ergue altar ou trono douro Ao torpe mercador de carne humana. Aqui se curva o filho respeitoso 25 Ante a lousa materna, e o pranto em fio Cai-lhe dos olhos revelando mudo A histria do passado. Aqui nas sombras Da funda escurido do horror eterno, Dos braos de uma cruz pende o mistrio, 30 Faz-se o cetro2 bordo3, andrajo a tnica, Mendigo o rei, o potentado4 escravo! (Primeiras trovas burlescas e outros poemas, 2000.) 1 caliginoso: muito escuro, tenebroso. 2 cetro: basto de comando usado pelos reis. 3 bordo: cajado grosso usado como apoio ao caminhar. 4 potentado: pessoa muito rica e poderosa. Doze anos de escravido Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos do tmulo como um local de descanso para um corpo cansado e alquebrado tinha sido agradvel de imaginar. Mas tal contemplao desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em posse de suas foras, consegue ficar imperturbvel na presena do rei dos horrores. A vida cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutar por ela. Naquele momento, era cara para mim, escravizado e tratado tal como eu era. Sem conseguir livrar a mo dele, novamente o peguei pelo pescoo e dessa vez com uma empunhadura medonha que logo o fez afrouxar a mo. Tibeats ficou enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera branco de paixo, estava agora preto de asfixia. Aqueles olhos midos de serpente que exalavam tanto veneno estavam agora cheios de horror duas rbitas brancas precipitando-se para fora. Havia um demnio espreita em meu corao que me instava a matar o maldito co naquele instante a manter a presso em seu odioso pescoo at que o sopro de vida se fosse! No ousava assassin-lo, mas no ousava deix-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar pelo crime se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria sua sede de vingana. Uma voz l dentro me dizia para fugir. Ser um andarilho nos pntanos, um fugitivo e um vagabundo sobre a Terra, era prefervel vida que eu estava levando. (Doze anos de escravido, 2014.) Tanto no poema de Luiz Gama quanto no excerto de Solomon Northup se verifica uma mesma concepo de morte para os escravos. Explique essa concepo comum aos dois textos e, a seguir, transcreva um verso da primeira estrofe do poema e a frase do primeiro pargrafo do excerto que expressam essa concepo.
(UNESP - 2015 - 2 FASE) No cemitrio de S. Benedito Em lgubre recinto escuro e frio, Onde reina o silncio aos mortos dado, Entre quatro paredes descoradas, Que o caprichoso luxo no adorna, 5 Jaz da terra coberto humano corpo, que escravo sucumbiu, livre nascendo! Das hrridas cadeias desprendido, Que s forjam sacrlegos tiranos, Dorme o sono feliz da eternidade. 10 No cercam a morada lutuosa Os salgueiros, os fnebres ciprestes, Nem lhe guarda os umbrais da sepultura Pesada laje de espartano mrmore, Somente levantado em quadro negro 15 Epitfio se l, que impe silncio! Descansam neste lar caliginoso1 O msero cativo, o desgraado!... Aqui no vem rasteira a vil lisonja Os feitos decantar da tirania, 20 Nem ofuscando a luz da s verdade Eleva o crime, perpetua a infmia. Aqui no se ergue altar ou trono douro Ao torpe mercador de carne humana. Aqui se curva o filho respeitoso 25 Ante a lousa materna, e o pranto em fio Cai-lhe dos olhos revelando mudo A histria do passado. Aqui nas sombras Da funda escurido do horror eterno, Dos braos de uma cruz pende o mistrio, 30 Faz-se o cetro2 bordo3, andrajo a tnica, Mendigo o rei, o potentado4 escravo! (Primeiras trovas burlescas e outros poemas, 2000.) 1 caliginoso: muito escuro, tenebroso. 2 cetro: basto de comando usado pelos reis. 3 bordo: cajado grosso usado como apoio ao caminhar. 4 potentado: pessoa muito rica e poderosa. Doze anos de escravido Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos do tmulo como um local de descanso para um corpo cansado e alquebrado tinha sido agradvel de imaginar. Mas tal contemplao desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em posse de suas foras, consegue ficar imperturbvel na presena do rei dos horrores. A vida cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutar por ela. Naquele momento, era cara para mim, escravizado e tratado tal como eu era. Sem conseguir livrar a mo dele, novamente o peguei pelo pescoo e dessa vez com uma empunhadura medonha que logo o fez afrouxar a mo. Tibeats ficou enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera branco de paixo, estava agora preto de asfixia. Aqueles olhos midos de serpente que exalavam tanto veneno estavam agora cheios de horror duas rbitas brancas precipitando-se para fora. Havia um demnio espreita em meu corao que me instava a matar o maldito co naquele instante a manter a presso em seu odioso pescoo at que o sopro de vida se fosse! No ousava assassin-lo, mas no ousava deix-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar pelo crime se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria sua sede de vingana. Uma voz l dentro me dizia para fugir. Ser um andarilho nos pntanos, um fugitivo e um vagabundo sobre a Terra, era prefervel vida que eu estava levando. (Doze anos de escravido, 2014.) Indique os termos que exercem a funo de sujeito nas oraes que constituem os versos 24 e 29 do poema de Luiz Gama e o que h de comum nesses versos no que se refere posio que ocupam em relao aos respectivos predicados.