(UNESP - 2016 - 2fase) No preciso uma grande arte, uma eloquncia muito rebuscada, para provar que os cristos devem tolerar- -se uns aos outros. Vou mais longe: afirmo que preciso considerar todos os homens como nossos irmos. O qu! O turco, meu irmo? O chins? O judeu? O siams? Sim, certamente; porventura no somos todos filhos do mesmo Pai e criaturas do mesmo Deus? Penso que poderia surpreender a obstinao de alguns lderes religiosos se lhes falasse: Escutem-me, pois o Deus de todos esses mundos me falou: h novecentos milhes de pequenas formigas como ns sobre a terra, mas apenas o meu formigueiro bem-visto por Deus; todos os outros lhe causam horror desde a eternidade; meu formigueiro ser o nico afortunado, e todos os outros sero desafortunados. Eles me agarrariam ento e me perguntariam quem foi o louco que disse essa besteira. Eu seria obrigado a responder-lhes: Foram vocs mesmos. Procuraria em seguida acalm-los, mas seria bem difcil. (Voltaire. Tratado sobre a tolerncia [originalmente publicado em 1763], 2015. Adaptado.) Qual foi o nome atribudo ao mais importante movimento filosfico francs do sculo XVIII? Explique a importncia do texto de Voltaire para o desenvolvimento desse movimento filosfico e para a Declarao Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia da ONU em 1948.
(UNESP - 2016 - 2 fase) Texto 1 Scrates Ao atingir os cinquenta anos, os que tiverem se distinguido em tudo e de toda maneira, no seu agir e nas cincias, devero ser levados at o limite e forados a elevar a parte luminosa da sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Ento, quando tiverem vislumbrado o bem em si mesmo, us-lo-o como um modelo para organizar a cidade, os particulares e a sua prpria pessoa, pelo resto da sua vida. Passaro a maior parte do seu tempo estudando a filosofia e, quando chegar sua vez, suportaro trabalhar nas tarefas de administrao e governo, por amor cidade, pois que vero nisso um dever indispensvel. Assim, depois de terem formado sem cessar homens que lhes sejam semelhantes, para lhes deixar a guarda da cidade, iro habitar as ilhas dos bem-aventurados. Glauco So mesmo belssimos, Scrates, os governantes que modelaste como um escultor! (Plato. A Repblica, 2000. Adaptado.) Texto 2 Origina-se a a questo a ser discutida: se prefervel ao prncipe ser amado ou temido. Responder-se- que se preferiria uma e outra coisa; porm, como difcil unir, a um s tempo, as qualidades que promovem aqueles resultados, muito mais seguro ser temido do que amado, quando se veja obrigado a falhar numa das duas. Os homens costumam ser ingratos, volveis, covardes e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas benefcios, todos esto contigo. Todavia, quando a necessidade se aproxima, voltam-se para outra parte. Os homens relutam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer, pois o amor se mantm por um vnculo de obrigao, o qual, merc da perfdia humana, rompe-se sempre que for conveniente, enquanto o medo que se incute alimentado pelo temor do castigo, sentimento que nunca se abandona. (Maquiavel. O Prncipe, 2000. Adaptado.) Considerando os conceitos filosficos de idealismo, metafsica e tica, explique as diferenas entre as concepes de poltica formuladas por Plato e por Maquiavel.
(UNESP - 2016 - 2 fase) Texto 1 Pode-se deduzir, da influncia dos rgos, uma relao entre o desenvolvimento dos rgos cerebrais e o desenvolvimento das capacidades morais e intelectuais? No confundais o efeito com a causa. O Esprito tem sempre as capacidades que lhe so prprias; ora, no so os rgos que produzem as capacidades, mas as capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos rgos. O Esprito, se encarnando, traz certas predisposies, admitindo-se, para cada uma, um rgo correspondente no crebro, o desenvolvimento desses rgos ser um efeito e no uma causa. Se as capacidades se originassem nesses rgos, o homem seria uma mquina sem livre-arbtrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gnios, sbios, poetas, artistas, no so gnios seno porque o acaso lhes deu rgos especiais. (Allan Kardec. O livro dos espritos [texto originalmente publicado em 1848], 2011. Adaptado.) Texto 2 Lobo temporal o nome da regio do crtex cerebral onde so processados os sinais sonoros. Deduzo que a habilidade de produzir msica tambm deve estar l, afirma o neurologista alemo Helmut Steinmetz, um dos pesquisadores da Universidade Henrich Heine, de Dsseldorf, Alemanha, responsveis pela descoberta de que os msicos tm o lobo temporal esquerdo maior que o dos outros indivduos. Steinmetz e seu parceiro Gottfried Schlaug compararam, em exames de ressonncia magntica, o crebro de trinta msicos com os de outros trinta indivduos. Em todos, o lobo temporal esquerdo um pouco maior que o direito, mas essa diferena chega a ser duas vezes maior entre os msicos. (Nelson Jobim. Um dom de gnio. Superinteressante, maio de 2000.) Considerando o conceito filosfico de inatismo, explique as diferenas entre os dois textos, no que se refere origem das capacidades mentais.
(UNESP - 2016 - 2 fase) O pensamento mtico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e as origens desse povo, bem como seus valores bsicos. As lendas e narrativas mticas no so produto de um autor ou autores, mas parte da tradio cultural e folclrica de um povo. Sua origem cronolgica indeterminada e sua forma de transmisso basicamente oral. O mito , portanto, essencialmente fruto de uma tradio cultural e no da elaborao de um determinado indivduo. O mito no se justifica, no se fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento, crtica ou correo. Um dos elementos centrais do pensamento mtico e de sua forma de explicar a realidade o apelo ao sobrenatural, ao mistrio, ao sagrado, magia. As causas dos fenmenos naturais so explicadas por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, superior, misteriosa, divina, a qual s os sacerdotes, os magos, os iniciados, so capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2001. Adaptado.) A partir do texto, explique como o pensamento filosfico caracterstico da Grcia clssica diferenciou-se do pensamento mtico.
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) A condio essencial da existncia e da supremacia da classe burguesa a acumulao da riqueza nas mos dos particulares, a formao e o crescimento do capital; a condio de existncia do capital o trabalho assalariado. [...] O desenvolvimento da grande indstria socava o terreno em que a burguesia assentou o seu regime de produo e de apropriao dos produtos. A burguesia produz, sobretudo, seus prprios coveiros. Sua queda e a vitria do proletariado so igualmente inevitveis. (Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto Comunista. Obras escolhidas, vol. 1, s/d.) Entre as caractersticas do pensamento marxista, correto citar
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) O plano da Mattel de lanar uma boneca Hello Barbie conectada por Wi-Fi uma grave violao da privacidade de crianas e famlias. A boneca usa um microfone embutido para captar tudo o que a criana diz a ela e tudo o que dito por qualquer um ao alcance do microfone. Essas conversas sero transmitidas para servidores em nuvem para armazenamento e anlise pela empresa. A Mattel diz que aprender tudo o que as crianas gostam e no gostam e enviar dados de volta s crianas, transmitidos via alto-falante embutido na boneca. (Susan Linn. Agente Barbie. O Estado de S.Paulo, 22.03.2015. Adaptado.) Sob aspectos filosficos e ticos, o produto descrito apresenta como implicao
(UNESP - 2016 - 1a fase) Texto 1 Cientistas americanos observaram, em um estudo recente, o motivo que pode tornar adolescentes impulsivos e infratores. Exames de neuroimagem em jovens mostraram que o crtex pr-frontal, regio do crebro ligada tomada de deciso, ou seja, que nos faz pensar antes de agir, ainda est em formao nos adolescentes. Essa rea do crebro tende a ficar madura somente aos 20 anos. Por outro lado, a regio cerebral associada s emoes e impulsividade, conhecida como sistema lmbico, tem um pico de desenvolvimento durante essa fase da vida, o que aumenta a propenso dos jovens a agirem mais com a emoo do que com a razo. O aumento da emotividade e da impulsividade seriam gatilhos naturais para atitudes extremadas, inclusive para cometer crimes. (Camila Neumam. Estudo explica por que adolescentes so impulsivos e podem cometer crimes. www.uol.com.br, 26.05.2015. Adaptado.) Texto 2 A situao de vulnerabilidade aliada s turbulentas condies socioeconmicas de muitos pases latino-americanos ocasiona uma grande tenso entre os jovens, o que agrava diretamente os processos de integrao social e, em algumas situaes, fomenta o aumento da violncia e da criminalidade. (Miriam Abramovay. Juventude, violncia e vulnerabilidade social na Amrica Latina, 2002. Adaptado.) Os textos expem abordagens sobre o comportamento agressivo na adolescncia referidos, respectivamente, a
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) A utilizao de fantasia pelo sistema de crena que reafirma o capitalismo ocorre a partir do consenso popular que realizado por meio da conquista, pelos assalariados, de bens simblicos, de expectativas e de interesses. Assim sendo, o sistema de crena no consumo no opera sobre programas concretos e imediatos, mas sim a partir de imagens criadas pela publicidade e pela propaganda, que so fomentadas exclusivamente pela base econmica da sociedade; da a permanente busca de realizao econmica como sinnimo de todas as outras realizaes ou satisfaes. Por isso que nos roteiros de cenas a comunicao sempre espelha a positividade. No h dor, nem crueldade, nem conflito, nem injustia, nem infelicidade, nem misria. A seleo e associao de signos so trabalhadas para nem de longe sugerir dvidas no sistema de crena no consumo. O jovem rebelde bonito, forte, penteado e vestido com grife divulgada; o belo casal transpira boas expectativas de vida no calor do forno de micro-ondas ou na certeza de um seguro de vida ou mediante uma assistncia mdica eficiente; uma supercriana lambe nos superdedos a margarina de uma famlia feliz. (Solange Bigal. O que criao publicitria ou (O esttico na publicidade), 1999. Adaptado.) De acordo com o texto, no universo publicitrio, a esttica exerce sobretudo o papel de
(UNESP - 2016 - 1a fase) O mundo seria ordenado demais, harmonioso demais, para que se possa explic-lo sem supor, na sua origem, uma inteligncia benevolente e organizadora. Como o acaso poderia fabricar um mundo to bonito? Se encontrassem um relgio num planeta qualquer, ningum poderia acreditar que ele se explicasse unicamente pelas leis da natureza, qualquer um veria nele o resultado de uma ao deliberada e inteligente. Ora, qualquer ser vivo infinitamente mais complexo do que o relgio mais sofisticado. No h relgio sem relojoeiro, diziam Voltaire e Rousseau. Mas que relgio ruim o que contm terremotos, furaces, secas, animais carnvoros, um sem-nmero de doenas e o homem! A histria natural no nem um pouco edificante. A histria humana tambm no. Que Deus aps Darwin? Que Deus aps Auschwitz? (Andr Comte-Sponville. Apresentao da filosofia, 2002. Adaptado.) Sobre os argumentos discorridos pelo autor, correto afirmar que a existncia de Deus
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) Os dolos e noes falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados no somente o obstruem a ponto de ser difcil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, podero ressurgir como obstculo prpria instaurao das cincias, a no ser que os homens, j precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impacincia da investigao; rejeita os princpios da natureza, em favor da superstio; rejeita a luz da experincia, em favor da arrogncia e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opinies vulgares. Enfim, inmeras so as frmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto. (Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999. Adaptado.) Na histria da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem qualquer motivo pessoal. E como poderia fazer algo que fosse sem referncia a ele prprio, ou seja, sem uma necessidade interna? Como poderia o ego agir sem ego? Se um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo para os outros e nada para si, isto pressupe que o outro seja egosta o bastante para sempre aceitar esse sacrifcio, esse viver para ele: de modo que os homens do amor e do sacrifcio tm interesse em que continuem existindo os egostas sem amor e incapazes de sacrifcio, e a suprema moralidade, para poder subsistir, teria de requerer a existncia da imoralidade, com o que, ento, suprimiria a si mesma. (Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano, 2005. Adaptado.) A reflexo do filsofo sobre a condio humana apresenta pressupostos
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) No posso dizer o que a alma com expresses materiais, e posso afirmar que no tem qualquer tipo de dimenso, no longa ou larga, ou dotada de fora fsica, e no tem coisa alguma que entre na composio dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, porque no apresenta dimenses do corpo, entender que justamente por isso ela deve ser tida em maior considerao, pois superior s coisas materiais exatamente por isso, porque no matria. certo que uma rvore menos significativa que a noo de justia. Diria que a justia no coisa real, mas um nada? Por conseguinte, se a justia no tem dimenses materiais, nem por isso dizemos que nada. E a alma ainda parece ser nada por no ter extenso material? (Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.) No texto de Santo Agostinho, a prova da existncia da alma
(UNESP - 2016/2 - 2 FASE) Texto 1 Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que impossvel ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos. E no caminho para seu fim (que princi palmente sua prpria conservao, e s vezes apenas seu deleite) esforam-se por se destruir ou subjugar um ao outro. E disto se segue que, quando um invasor nada mais tem a recear do que o poder de um nico outro homem, se algum planta, semeia, constri ou possui um lugar conveniente, provvel de esperar que outros venham preparados com foras conjugadas, para desaposs-lo e priv-lo, no apenas do fruto de seu trabalho, mas tambm de sua vida e de sua liberdade. Por sua vez, o invasor ficar no mesmo perigo em relao aos outros. (Thomas Hobbes. Leviat [publicado originalmente em 1651], 1999. Adaptado.) Texto 2 Anarquismo a doutrina segundo a qual o indivduo a nica realidade, que deve ser absolutamente livre e que qualquer restrio que lhe seja imposta ilegtima. Costuma-se atribuir a Proudhon (1809-1865) o nasci - mento do Anarquismo. Sua principal preocupao foi mostrar que a justia no pode ser imposta ao indivduo, mas uma faculdade do eu individual que, sem sair do seu foro interior, sente a dignidade da pessoa do prximo como a sua prpria e, portanto, adapta-se realidade coletiva mesmo conservando a sua individualidade. (Nicola Abbagnano. Dicionrio de Filosofia, 2000. Adaptado.) Qual foi a soluo proposta por Hobbes para a resoluo do problema exposto no texto 1? Explique a principal diferena entre Hobbes e a doutrina anarquista de Proudhon quanto organizao poltica.
(UNESP - 2016/2 - 2 FASE) Suponhamos, pois, que a mente um papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma ideia; como ela ser suprida? De onde lhe provm este vasto estoque, que a ativa e ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razo e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra: da experincia. Todo o nosso conhecimento est nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o prprio conhecimento. (John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano [publicado originalmente em 1690], 1999. Adaptado.) Qual a interpretao de Locke sobre as ideias inatas? Explique quais foram as implicaes do pensamento desse filsofo no que se refere metafsica.
(UNESP - 2016/2 - 2 FASE) Texto 1 Diversamente do idealismo, o positivismo reivindica o primado da cincia: ns conhecemos somente aquilo que as cincias nos do a conhecer, pois o nico mtodo de conhecimento o das cincias naturais. O positivismo no apenas afirma a unidade do mtodo cientfico e o primado desse mtodo como instrumento de conhecimento, mas tambm exalta a cincia como o nico meio em condies de resolver, ao longo do tempo, todos os problemas humanos e sociais que at ento haviam atormentado a humanidade. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da Filosofia, vol. 3, 1999. Adaptado.) Texto 2 Basta, portanto, que os homens sejam considerados coisas para que se tornem manipulveis, submetidos ditadura racionalizada moderna que encontra seu apogeu no campo de concentrao. Assim, a nova crise da razo interna e traz subitamente luz, no cerne da racionalizao, a presena destrutiva da desrazo. J no apenas a suficincia e a insuficincia da razo que esto em causa, a irracionalidade do racionalismo e da racionalizao. Essa irracionalidade pode devorar a razo sem que ela se d conta. (Edgar Morin. Cincia com conscincia, 1996. Adaptado.) Considerando a anlise realizada por Edgar Morin sobre as tendncias irracionais da razo, explique sua importncia para uma crtica ao otimismo positivista diante da cincia