(UNESP - 2016/2 - 1a fase)
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados não somente o obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, poderão ressurgir como obstáculo à própria instauração das ciências, a não ser que os homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impaciência da investigação; rejeita os princípios da natureza, em favor da superstição; rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões vulgares. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto.
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999. Adaptado.)
Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza
um pensamento científico racional afastado de paixões e preconceitos.
uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no âmbito científico.
a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos da filosofia empirista.
a valorização romântica de aspectos sentimentais e intuitivos do pensamento.
uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do trabalho científico.