(UNESP - 2017/2 - 2ª fase - Questão 32)
Leia o poema “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que integra o livro Claro enigma, publicado em 1951.
Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.
Nem 1Fausto nem 2Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso 3oaristo,
eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.
Claro enigma, 2012.
1Fausto: personagem alemão que fez um pacto com o diabo.
2Mefisto: personagem alemão considerado a personificação do diabo.
3oaristo: conversa carinhosa e familiar.
Carlos Drummond de Andrade intitulou seu poema de “Sonetilho do falso Fernando Pessoa”. Por que razão o poeta refere-se a seu poema como “sonetilho”?
Transcreva um verso em que a referência aos heterônimos do escritor português Fernando Pessoa se mostra evidente. Justifique sua resposta.