(UNESP - 2018/2 - 2 fase - Questão 10)
Texto 1
As mercadorias da indústria cultural se orientam segundo o princípio de sua comercialização e não segundo seu próprio conteúdo. Toda a prática da indústria cultural transfere, sem mais, a motivação do lucro às criações espirituais. A partir do momento em que essas mercadorias asseguram a vida de seus produtores no mercado, elas já estão contaminadas por essa motivação. A indústria cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente. Mas estes constituem, contudo, a condição prévia de uma sociedade democrática, que não se poderia salvaguardar e desabrochar senão através de homens não tutelados.
(Theodor W. Adorno. A indústria cultural, 1986. Adaptado.)
Texto 2
A fabricação de livros tornou-se um fato industrial, submetido a todas as regras da produção e do consumo; daí, uma série de fenômenos negativos, como o consumo provocado artificialmente. Mas a indústria editorial distingue-se das demais porque nela se acham inseridos homens de cultura, para os quais a finalidade primeira não é a produção de um livro para vender, mas sim a produção de valores culturais. Isso significa que, ao lado de “produtores de objetos de consumo cultural”, agem “produtores de cultura”, que aceitam a indústria cultural para fins que a ultrapassam.
(Umberto Eco. Apocalípticos e integrados, 1990. Adaptado.)
a) Em qual dos dois textos é apontado o caráter antidemocrático da indústria cultural? Explique o significado da expressão “homens não tutelados”.
b) Por que a expansão artificial do consumo pode ser considerada “fenômeno negativo”? Explique a relação entre indústria cultural e sociedade segundo o texto 2.