(UNESP - 1ª FASE)
Como jurisconsulto, não pretendo tratar da natureza da servidão, nem da qualidade do domínio que o homem adquire sobre seu semelhante. Pretendo defender os nossos colonos da reprovação, que muitas pessoas, mais piedosas que sábias, lhes fazem, afirmando que eles tratam cristãos como escravos, comprando-os, vendendo-os e deles dispondo em territórios regidos pelas leis da França, um país que abomina a servidão acima de todas as nações do mundo. Todos os escravos que desembarcam na França recuperam felizmente a liberdade perdida.
(Jean-Baptiste Du Tertre. Apud: Rafael de Bivar Marquese. Feitores do corpo, missionários da mente: Senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860, 2004. Adaptado.)
O excerto, publicado na década de 1660 por um padre dominicano após ter vivido quase duas décadas em colônias francesas na América,
propõe conjugar a fé com a razão e aplica os princípios da escolástica à análise da condição dos escravos.
confirma a predominância dos valores morais cristãos como baliza para a definição da política colonial.
reproduz princípios do pensamento de Voltaire e sustenta o valor universal da liberdade de natureza.
estabelece uma diferenciação entre o respeito à liberdade no território francês e nas possessões coloniais.
endossa a crítica de Rousseau às desigualdades de origem e defende a abolição da escravidão em todo o império francês.