(UNESP - 2023)
Leia o excerto, baseado num documento maia do século XVI.
Este é o princípio da concepção dos humanos, de quando se buscou o que devia compor a carne do homem. [...] De Paxil (Lugar da Fenda), Cayalá (de Água Amarga), esse é seu nome, vieram as espigas de milho amarelo e as espigas de milho branco.
E estes são os nomes dos animais, dos que trouxeram a comida: Yac (Raposa Cinzenta), Utiú (Coiote), Quel (Periquito) e Hoh (Corvo). Esses quatro animais lhes deram a notícia das espigas de milho amarelo e das espigas de milho branco. [...]
Foi assim que eles encontraram o milho — milho que compôs a carne da gente criada, da gente formada —, e a água, que se tornou o sangue, a linfa do ser humano. [...]
E então puseram em palavras a criação, a formação de nossas primeiras mães, de nossos primeiros pais. De milho amarelo e de milho branco se fez sua carne; apenas de alimento se fizeram os braços e as pernas do ser humano.
(Popol Vuh, 2019.)
O excerto expõe
uma visão estereotipada da criação humana, que contraria os preceitos básicos do pensamento científico da época.
um reconhecimento das limitações alimentares locais e a incorporação de valores e princípios do catolicismo europeu.
um lamento dos nativos diante da dominação europeia e a reafirmação dos valores originais da comunidade indígena.
uma representação mítica das origens do homem, que associa o processo da criação humana a elementos do mundo natural.
uma interpretação mitológica da criação da fauna nativa e a preocupação com a carência alimentar do período.