(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
Cem anos depois
Vamos passear na floresta
Enquanto D. Pedro não vem.
D. Pedro é um rei filósofo,
Que não faz mal a ninguém.
Vamos sair a cavalo,
Pacíficos, desarmados:
A ordem acima de tudo.
Como convém a um soldado.
Vamos fazer a República,
Sem barulho, sem litígio,
Sem nenhuma guilhotina,
Sem qualquer barrete frígio.
Vamos, com farda de gala,
Proclamar os tempos novos,
Mas cautelosos, furtivos,
Para não acordar o povo.
(José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)
O tom irônico do poema em relação à história do Brasil põe em evidência
o modo como a democracia surge no Brasil por interferência do Imperador.
a maneira despótica como os republicanos trataram os símbolos nacionais.
a postura inconsequente que sempre caracterizou os governantes do Brasil.
a forma astuciosa como ocorreram os movimentos políticos no Brasil.