(ENEM - 2023)
“São tantas formas de matar um preto | |
Que para alguns sua morte é justificada | |
Devia tá fazendo coisa errada | |
Se não era bandido, um dia ia ser | |
Por ser PRETO sua morte é defendida | |
O PRETO sempre merece morrer”. |
A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, preparando jovens — em quase sua totalidade negros — para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo estrutural no país.
É a partir da arte que Baticum consegue envolver a juventude em um projeto de fortalecimento dessa população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da violência, em 2019, os negros representaram 77% das vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes, a maioria deles jovens.
O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que justifica o movimento de resistência crescente no Brasil.
MENDONÇA, F. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).
O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o objetivo de
ressaltar a importância da poesia para denunciar a morte de negros, que cresce a cada dia.
destacar o crescimento exponencial da temática do preconceito na produção literária no Brasil.
demonstrar o incremento no quantitativo de expressões artísticas na discussão de problemas sociais.
evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os negros são vítimas em potencial da violência.
salientar o aumento da participação de jovens nos movimentos de resistência na área da cultura.