(Uel 2009) No Sofista, Platão faz a seguinte observação sobre a mímesis (imitação):
Assim, o homem que se julgasse capaz, por uma única arte, de tudo produzir, como sabemos, não fabricaria, afinal, senão imitações e homônimos das realidades. Hábil, na sua técnica de pintar, ele poderá, exibindo de longe os seus desenhos, aos mais ingênuos meninos, dar-lhes a ilusão de que poderá igualmente criar a verdadeira realidade, e tudo o que quiser fazer.
(PLATÃO. Sofista. Coleção “Os pensadores”. São Paulo: AbriI Cultural, 1972. p. 159-160.)
Já Aristóteles, na Retórica, salienta o seguinte aspecto da mímesis:
E, como aprender e admirar é agradável, necessário é também que o sejam as coisas que possuem estas qualidades: por exemplo, as imitações, como as da pintura, da escultura, da poesia, e em geral todas as boas imitações, mesmo que o original não seja em si mesmo agradável; pois não é o objeto retratado que causa prazer, mas o raciocínio de que ambos são idênticos, de sorte que o resultado é que aprendemos alguma coisa.
(ARISTÓTELES. Retórica. Lisboa Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2006. p. 138.)
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o tema da mímesis em Platão e em Aristóteles, assinale a alternativa correta.
A pintura, para Platão, se afasta do verdadeiro, por apresentar o mundo inteligível, mas, para Aristóteles, o problema é que ela causa prazer.
Platão considera que o pintor pode esclarecer as pessoas ingênuas, fazendo-as acreditar que sua pintura é o real, mas Aristóteles considera que o engano está no pintor e não na pintura.
Para Platão, a mímesis representa a cópia da cópia e o artista não conhece a realidade do imitado em seu grau mais elevado; já para Aristóteles, uma das causas do surgimento da mímesis é o fato de os homens se comprazerem no imitado.
Para Platão, aprendemos com as imitações, uma vez que elas nos distanciam do engano, enquanto que, para Aristóteles, por causar prazer, a imitação deve ser banida.
De acordo com Platão, ao imitar, o pintor apresenta a realidade ideal, o que causa admiração; para Aristóteles, a imitação também desvela o mundo ideal, no entanto, por ser ingênua, não permite que os homens contemplem a verdade.