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Questões de Sociologia - UFPR | Gabarito e resoluções

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Questão 3
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia com ateno o fragmento abaixo. Segundo a citao de Maia e Pereira (2009, p. 7-8), retirada do livro Pensando com a Sociologia, em seu famoso livro sobre as formas de fazer sociologia, Wright Mills utilizou a expresso imaginao sociolgica. [...] essa imaginao poderia ser aprendida e exercida por qualquer pessoa educada que se mostrasse curiosa a respeito das relaes entre biografia e histria. Ou seja, a sociologia no seria simplesmente uma disciplina acadmica ou uma cincia ultrassofisticada, mas uma forma de argumento pblico capaz de revelar as conexes entre as transformaes na vida cotidiana e os processos mais amplos de mudana histrica. Nas palavras de Wright Mills: A imaginao sociolgica um ato que permite ir alm das experincias e das observaes pessoais para compreender temas pblicos de maior amplitude. O divrcio, por exemplo, um fato pessoal inquestionavelmente difcil para o marido e para a esposa que se separam, bem como para os filhos. Entretanto, o uso da imaginao sociolgica permite compreender o divrcio no apenas como problema pessoal individual, mas tambm como uma preocupao social. O aumento da taxa de divrcio redefine uma instituio fundamental a famlia. Cabe salientar que a imaginao sociolgica no consistiria simplesmente em aumentar o grau de informao das pessoas, mas numa [...] qualidade de esprito que lhes ajude a usar a informao e a desenvolver a razo, a fim de perceber, com lucidez, o que est ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro deles mesmos (MILLS, 1969, p. 11). A imaginao sociolgica uma forma crtica de pensar em sociologia, que nos permite conectar a nossa experincia vivida (e a experincia vivida dos outros) no contexto mais amplo das instituies sociolgicas em que ocorre. A utilizao da imaginao sociolgica se fundamenta na necessidade de conhecer o sentido social e histrico do indivduo na sociedade e no perodo no qual sua situao e seu ser se manifestam. Mills tambm sugere que por meio da imaginao sociolgica os homens podem perceber o que est acontecendo no mundo e compreender o que acontece com eles, como minsculos pontos de cruzamento da biografia e da histria, na sociedade (MILLS, 1969, p. 14). (MAIA, Joo Marcelo Ehlert; PEREIRA, Lus Fernando Almeida. Pensando com a sociologia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.) No fragmento de texto acima, o autor usa o divrcio para exemplificar de que forma as experincias individuais se conectam com as transformaes sociais mais amplas. Com base nos conhecimentos sociolgicos, caracterize a imaginao sociolgica, discorrendo sobre os aspectos relevantes dessa perspectiva apontados no texto-base, e mencione e explique outro fato social para exemplificar o raciocnio da imaginao sociolgica.

Questão 4
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) O fragmento abaixo foi retirado do livro O que Sociologia? e refere-se ao pensamento do socilogo Max Weber. A Sociologia por ele [Max Weber] desenvolvida considerava o indivduo e a sua ao como ponto chave da investigao. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia era a compreenso da ao dos indivduos e no a anlise das instituies sociais ou do grupo social, to enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa posio, no tinha a inteno de negar a existncia ou a importncia dos fenmenos sociais, como o Estado, a empresa capitalista, a sociedade annima, mas to somente a de ressaltar a necessidade de compreender as intenes e motivaes dos indivduos que vivenciam estas situaes sociais. A sua insistncia em compreender as motivaes das aes humanas levou-o a rejeitar a proposta do positivismo de transferir para a Sociologia a metodologia de investigao utilizada pelas cincias naturais. No havia, para ele, fundamento para essa proposta, uma vez que o socilogo no trabalha sobre uma matria inerte, como acontece com os cientistas naturais [...]. Vivendo em uma nao retardatria quanto ao desenvolvimento capitalista, Weber procurou conhecer a fundo a essncia do capitalismo moderno. Ao contrrio de Marx, no considerava o capitalismo um sistema injusto, irracional e anrquico. Para ele, as instituies produzidas pelo capitalismo, como a grande empresa, constituam clara demonstrao de uma organizao racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padro de preciso e eficincia. (MARTINS, Carlos Benedito. O que Sociologia? So Paulo: Brasiliense, 2011. p. 69 e p. 72. Coleo Primeiros Passos.) Com base nos conhecimentos sociolgicos, caracterize a Sociologia na perspectiva weberiana, discorrendo sobre os aspectos relevantes dessa perspectiva apontados no texto-base.

Questão 5
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia o fragmento abaixo, escrito por Giddens e Sutton: A capacidade limitada dos sistemas taylorista e fordista de customizar seus produtos refletida na famosa frase de Henry Ford sobre o primeiro carro produzido em massa: As pessoas podem ter o modelo T em qualquer cor desde que seja preto. [...] Stanley Davis fala da emergncia da customizao em massa: as novas tecnologias permitem a produo em grande escala de objetos criados para clientes especficos. [...] Um dos fabricantes que levaram a customizao em massa mais adiante a fbrica de computadores Dell. Os clientes que desejarem comprar um computador do fabricante devem entrar na internet a empresa no mantm lojas e navegar pelo website da Dell, onde podem selecionar a mistura de caractersticas que quiserem. Depois de feito o pedido, um computador construdo segundo as especificaes e enviado geralmente dentro de alguns dias. De fato, a Dell virou de cabea para baixo a maneira tradicional de construir um produto: as empresas antes construam o produto primeiro, e depois se preocupavam em vend-lo; hoje, os customizadores em massa como a Dell vendem antes e constroem depois. Essa mudana tem consequncias importantes para a indstria. A necessidade de manter estoques de peas um custo importante para os fabricantes foi dramaticamente reduzida. Alm disso, uma proporo cada vez maior da produo terceirizada. Assim, a transferncia rpida de informaes entre fabricantes e fornecedores tambm facilitada pela tecnologia da internet essencial para a implementao da customizao em massa. (GIDDENS, Antony; SUTTON, Phillipe W. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2012, p. 336). O fragmento destaca um aspecto das relaes do mundo do trabalho que passou por significativa transformao. Escreva um texto caracterizando esse aspecto. Seu texto deve mencionar qual foi a principal mudana apontada no fragmento acima, destacando o fenmeno que possibilitou a transformao e como essa transformao afetou as relaes recentes do trabalho de forma mais ampla.

Questão 6
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia o fragmento abaixo, que fala sobre movimentos sociais na contemporaneidade. Na realidade histrica, os movimentos sempre existiram, e cremos que sempre existiro. Isso porque representam foras sociais organizadas, aglutinam as pessoas no como fora-tarefa de ordem numrica, mas como campo de atividades e experimentao social, e essas atividades so fontes geradoras de criatividade e inovaes socioculturais. A experincia da qual so portadores no advm de foras congeladas do passado embora este tenha importncia crucial ao criar uma memria que, quando resgatada, d sentido s lutas do presente. A experincia recria-se cotidianamente, na adversidade das situaes que enfrentam. Concordamos com antigas anlises de Touraine, em que afirmava que os movimentos so o corao, o pulsar da sociedade. Eles expressam energias de resistncia ao velho que oprime ou de construo do novo que liberta. Energias sociais antes dispersas so canalizadas e potencializadas por meio de suas prticas em fazeres propositivos. Os movimentos realizam diagnsticos sobre a realidade social, constroem propostas. Atuando em redes, constroem aes coletivas que agem como resistncia excluso e lutam pela incluso social. Constituem e desenvolvem o chamado empowerment de atores da sociedade civil organizada medida que criam sujeitos sociais para essa atuao em rede. Tanto os movimentos sociais dos anos 1980 como os atuais tm construdo representaes simblicas afirmativas por meio de discursos e prticas. Criam identidades para grupos antes dispersos e desorganizados, como bem acentuou Melucci (1996). Ao realizar essas aes, projetam em seus participantes sentimentos de pertencimento social. Aqueles que eram excludos passam a se sentir includos em algum tipo de ao de um grupo ativo. (GOHN, Maria da Glria. Movimentos sociais na contemporaneidade. Revista Brasileira de Educao, Rio de Janeiro, vol.16, n. 47, p. 336, maio/ago. 2011). Desenvolva uma sntese das ideias apresentadas nesse fragmento, destacando os principais aspectos da relao dos movimentos sociais com a dinmica social como um todo.

Questão 7
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia o texto a seguir, retirado do pensamento de Judith Butler: A heteronormatividade a regulao da prtica heterossexual, imposta como norma no apenas cultural, mas tambm biolgica, se constituindo como uma ordem compulsria do sexo/gnero/desejo. A homossexualidade vista, desta maneira, como fuga norma e, consequentemente, como um desvio que precisa ser novamente reintegrado norma. A homofobia no se justifica porque, afinal, se o gnero so os significados culturais assumidos pelo corpo sexuado, no se pode dizer que ele decorra de um sexo, desta ou daquela maneira. Levada a seu limite lgico, a distino sexo/gnero sugere uma descontinuidade radical entre corpos sexuados e gneros culturalmente construdos. Supondo por um momento a estabilidade do sexo binrio, no decorre da que a construo de homens aplique-se exclusivamente a corpos masculinos, ou que o termo mulheres interprete somente corpos femininos. Alm disso, mesmo que os sexos paream no problematicamente binrios em sua morfologia e constituio (ao que ser questionado), no h razo para supor que os gneros tambm devam permanecer em nmero dois. (BUTLER, J. Problemas de gnero: feminismo e subverso da identidade. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003.) Escreva um texto caracterizando heteronormatividade e suas consequncias e explique por que, para Butler, a homofobia no se justifica.

Questão 8
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia o trecho abaixo, a respeito dos processos migratrios mais recentes. As cenas de frgeis barcos rebocados em alto mar ou de centenas de pessoas amontoadas em improvisados campos de refugiados causam indignao, insuflam a solidariedade e obrigam as autoridades a tomar atitudes para a resoluo do problema. Por outro lado, a chegada de milhares de imigrantes muulmanos, negros e ciganos vem aumentando o sentimento xenfobo de parte da populao europeia [...]. Diante da crise econmica, que parece global, os fascistas e neonazistas vm ampliando o espao poltico na Europa, notadamente na Alemanha, ustria, Frana, Sucia, Grcia, Itlia e Irlanda. curioso, porque justamente a Alemanha, o Imprio Austro-Hngaro, a Itlia, a Irlanda e a Sucia despejaram, no sculo XIX, milhes de camponeses esfomeados para fora de suas fronteiras, o que provocou um reequilbrio demogrfico, possibilitando o reerguimento econmico no sculo seguinte. Estes, que deveriam ser os primeiros a abrir as portas para os estrangeiros, veem em uma dimenso cada vez larga crescer o preconceito tnico e religioso. Alis, de forma pattica, algo semelhante comea a ocorrer no Brasil. Pas de diversidade tnica, acompanhamos horrorizados as manifestaes explcitas de xenofobia e racismo contra os mdicos cubanos e mais recentemente contra senegaleses e haitianos. Onde vive o ser humano, mora a estupidez. RUFFATO, Luiz. Imigrao e xenofobia. El Pas. Set. 2015. Seo Opinio. Disponvel em: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/09/opinion/ 1441811691_233922.html. Acesso em: 21 ago. 2016. O texto aborda o processo migratrio na perspectiva da reao negativa por parte de alguns pases que tm recebido refugiados. Discorra sobre esse processo a partir de perspectiva diferente da reao negativa que est presente no texto, enfocando aspectos socioeconmicos e culturais desse contato.

Questão 9
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia os fragmentos abaixo, reproduzidos de Theodor W. Adorno, do livro intitulado A indstria cultural: Tudo indica que o termo indstria cultural foi empregado pela primeira vez no livro Dialtica do esclarecimento, que Horkheimer e eu publicamos em 1947, em Amsterd. Em nossos esboos, tratava-se do problema da cultura de massa. Abandonamos essa ltima expresso para substitu-la por indstria cultural, a fim de excluir de antemo a interpretao que agrada aos advogados da coisa; estes pretendem, com efeito, que se trata de algo como uma cultura surgindo espontaneamente das prprias massas, em suma, da forma contempornea da arte popular. Ora, desta arte a indstria cultural se distingue radicalmente. (ADORNO, 1986, p. 92). [...] As mercadorias culturais da indstria se orientam, como disseram Brecht e Suhrkamp h j trinta anos, segundo o princpio de sua comercializao e no segundo seu prprio contedo e sua figurao adequada. Toda a prtica da indstria cultural transfere, sem mais, a motivao do lucro s criaes espirituais. A partir do momento em que essas mercadorias asseguram a vida de seus produtores no mercado, elas j esto contaminadas por essa motivao. (ADORNO, 1986, p. 92) [...] O que na indstria cultural se apresenta como um progresso, o insistentemente novo que ela oferece permanece, em todos os seus ramos, a mudana da indumentria de um sempre semelhante; em toda parte a mudana encobre um esqueleto no qual houve to poucas mudanas como na prpria motivao do lucro desde que ela ganhou ascendncia sobre a cultura. (ADORNO, 1986, p. 94) [] A satisfao compensatria que a indstria cultural oferece s pessoas ao despertar nelas a sensao confortvel de que o mundo est em ordem frustra-as na prpria felicidade que ela ilusoriamente lhes propicia. O efeito do conjunto da indstria cultural o de uma antidesmistificao, a de um anti-iluminismo; [] Ela impede a formao de indivduos autnomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Mas estes constituem, contudo, a condio prvia de uma sociedade democrtica, que no poderia salvaguardar e desabrochar seno atravs de homens no tutelados. (ADORNO, 1986, p. 99) (ADORNO, Theodor W. A indstria cultural. In: COHN, Gabriel (org.). Adorno, Theodor W. So Paulo: tica, 1986.) Com base nesses fragmentos e nos conhecimentos sociolgicos, discorra sobre a indstria cultural, abordando em seu texto os seguintes aspectos: a razo pela qual Adorno substituiu a expresso cultura de massa por indstria cultural; de que forma a prtica da indstria cultural transfere a motivao do lucro para as criaes espirituais. o que Adorno quer dizer com a metfora sobre o progresso da indstria cultural como uma indumentria que recobre um esqueleto. a relao entre indstria cultural e democracia na perspectiva de Adorno.

Questão 10
2016Sociologia

(UFPR - 2016 - 2 FASE) Leia o texto a seguir, sobre a taxa de fecundidade no Brasil. A taxa de fecundidade total no Brasil, que at 1960 era de mais de 6,0 filhos por mulher, tem apresentado desde ento sucessivas e significativas quedas, chegando a 1,90 filho em 2010, situando-se abaixo do nvel de reposio, de 2,1 filhos, valor que garante a substituio das geraes. A reduo dos nveis de fecundidade nos ltimos 50 anos foi a principal razo para a queda do ritmo de crescimento da populao brasileira, que chegou a crescer cerca de 3,0% ao ano, sendo de 1,17% na ltima dcada. Alm disso, a fecundidade teve influncia determinante tambm na mudana da estrutura etria populacional do Pas, que se apresenta bem mais envelhecida, em funo do aumento proporcional de idosos e da diminuio de crianas. Apesar da queda da fecundidade ter se dado em todas as Grandes Regies e grupos populacionais, o momento e a velocidade em que ela ocorreu foram diferenciados em relao a essas populaes. A oportunidade de efetivao do tamanho desejado da famlia em funo da maior disseminao de prticas contraceptivas a partir da dcada de 1980, em especial a esterilizao feminina, possibilitou uma reduo mais significativa da fecundidade nas Regies Norte e no Nordeste do Pas, contribuindo para a diminuio dos diferenciais regionais da fecundidade. Essa tendncia prosseguiu nas ltimas duas dcadas, j que as duas regies com os maiores nveis de fecundidade foram as que apresentaram as maiores redues em suas taxas nos perodos 1991/2000 e 2000/2010. A Regio Norte, contudo, a nica que ainda apresentava, em 2010, uma fecundidade acima do nvel de reposio, situando-se em um patamar um pouco acima das demais regies. O declnio dos nveis de fecundidade no Brasil foi resultante da queda nas taxas especficas por idade em todas as faixas etrias no perodo de 2000 a 2010. Contudo, essa queda foi maior nos grupos mais jovens, o que fez com que o padro de fecundidade brasileiro, que indicado pela intensidade com que as mulheres tm filhos ao longo das idades, tambm sofresse alteraes nesse perodo. (Disponvel em:https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/98/cd_2010_nupcialidade_fecundidade_migracao_amostra.pdf .) Escreva um texto destacando do fragmento acima dados relevantes para a compreenso das mudanas ocorridas na taxa de fecundidade da populao brasileira nas ltimas dcadas, discorrendo sobre o que esse quadro nos permite projetar em relao ao futuro cenrio das polticas pblicas no Brasil.

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Cada sistema cultural est sempre em mudana. Entender essa dinmica importante para atenuar o choque entre as geraes e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que fundamental para a humanidade a compreenso das diferenas entre povos de culturas diferentes, necessrio saber entender as diferenas que ocorrem dentro do mesmo sistema. Esse o nico procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirvel mundo novo do porvir. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 52.) Explique com exemplos do prprio livro indicado na bibliografia, a formulao do autor sobre os tipos de mudanas culturais internas e externas em um sistema cultural.

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Emile Durkheim, um dos clssicos da sociologia, afirma: preciso, ento, que o socilogo, no momento em que determina o objeto de suas pesquisas ou no decorrer de suas demonstraes, proba resolutamente a si prprio o emprego de conceitos formados exteriormente cincia e para fins que nada tm de cientfico. preciso que se liberte destas falsas evidncias que dominam o esprito vulgo, que sacuda de uma vez por todas o jugo de categorias empricas que hbitos muito arraigados acabam por tornar tirnicas, muitas vezes. Ou pelo menos, se por acaso a necessidade o obrigar a recorrer a elas, que o faa tendo conscincia de seu pouco valor, a fim de no lhes outorgar, na doutrina, o desempenho de um papel de que no so dignas. (DURKHEIM, 1978, p. 28) DURKHEIM, Emile. As regras do mtodo sociolgico, 1978; RODRIGUES, Jos Albertino; FERNANDES, Florestan. Durkheim. So Paulo: tica, 1988. Considerando as afirmaes do texto acima, comente pelo menos 3 posies que o socilogo deve considerar ao determinar o objeto de suas pesquisas.

Questão
2015Sociologia

(UFPR- 2015- 2 FASE) Para o socilogo Erving Goffman (1975, p.14), podem-se mencionar trs tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, h as abominaes do corpo as vrias deformidades fsicas. Em segundo, as culpas de carter individual, percebidas como vontade fraca, paixes tirnicas ou no naturais, crenas falsas e rgidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distrbio mental, priso, vcio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicdio e comportamento poltico radical. Finalmente, h os estigmas tribais de raa, nao e religio, que podem ser transmitidos atravs de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma famlia. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas caractersticas sociolgicas: um indivduo que poderia ter sido facilmente recebido na relao social quotidiana possui um trao que pode-se impor ateno e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de ateno para outros atributos seus. [...] Assim deixamos de consider-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuda. Tal caracterstica estigma, especialmente quando o seu efeito de descrdito muito grande [...]. Construmos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenas, tais como as de classe social. Utilizamos termos especficos de estigma, como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso dirio como fonte de metfora e representao, de maneira caracterstica, sem pensar no seu significado original. Tendemos a inferir uma srie de imperfeies a partir da imperfeio original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejveis mas no desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como sexto sentido ou percepo: Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficincia de viso sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta ergu-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que esto diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenas ligadas ao esteretipo. Por exemplo, podem pensar que esto sujeitos a um tipo nico de avaliao, supondo que o indivduo cego recorre a canais especficos de informao no disponveis para os outros. Alm disso, podemos perceber a sua resposta defensiva a tal situao como uma expresso direta de seu defeito e, ento, considerar os dois, defeito e resposta, apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos. (GOFFMAN, 1975, p. 16). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulao da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 12-16. Com base na classificao de Erving Goffman, mencione e analise duas situaes cotidianas presentes nas relaes sociais que caracterizam processos de estigmatizao.

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Para o socilogo Erving Goffman (1975, p.14), podem-se mencionar trs tipos de estigma nitidamente diferentes. Em primeiro lugar, h as abominaes do corpo as vrias deformidades fsicas. Em segundo, as culpas de carter individual, percebidas como vontade fraca, paixes tirnicas ou no naturais, crenas falsas e rgidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir de relatos conhecidos de, por exemplo, distrbio mental, priso, vcio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicdio e comportamento poltico radical. Finalmente, h os estigmas tribais de raa, nao e religio, que podem ser transmitidos atravs de linhagem e contaminar por igual todos os membros de uma famlia. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas caractersticas sociolgicas: um indivduo que poderia ter sido facilmente recebido na relao social quotidiana possui um trao que pode-se impor ateno e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de ateno para outros atributos seus. [...] Assim deixamos de consider-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuda. Tal caracterstica estigma, especialmente quando o seu efeito de descrdito muito grande [...]. Construmos uma teoria do estigma; uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenas, tais como as de classe social. Utilizamos termos especficos de estigma, como aleijado, bastardo, retardado, em nosso discurso dirio como fonte de metfora e representao, de maneira caracterstica, sem pensar no seu significado original. Tendemos a inferir uma srie de imperfeies a partir da imperfeio original e, ao mesmo tempo, a imputar ao interessado alguns atributos desejveis mas no desejados, frequentemente de aspecto sobrenatural, tais como sexto sentido ou percepo: Alguns podem hesitar em tocar ou guiar o cego, enquanto que outros generalizam a deficincia de viso sob a forma de uma gestalt de incapacidade, de tal modo que o indivduo grita com o cego como se ele fosse surdo ou tenta ergu-lo como se ele fosse aleijado. Aqueles que esto diante de um cego podem ter uma gama enorme de crenas ligadas ao esteretipo. Por exemplo, podem pensar que esto sujeitos a um tipo nico de avaliao, supondo que o indivduo cego recorre a canais especficos de informao no disponveis para os outros. Alm disso, podemos perceber a sua resposta defensiva a tal situao como uma expresso direta de seu defeito e, ento, considerar os dois, defeito e resposta, apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos apenas como retribuio de algo que ele, seus pais ou sua tribo fizeram, e, consequentemente, uma justificativa da maneira como o tratamos. (GOFFMAN, 1975, p. 16). GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulao da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1988. p. 12-16. Com base nas afirmaes de Goffman, como a sociedade constri o processo de estigmatizao e a que tal processo pode levar?

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Segundo Yogyakarta, referncia internacional de direitos humanos: A orientao sexual e a identidade de gnero so essenciais para a dignidade e humanidade de cada pessoa e no devem ser motivo de discriminao ou abuso. 1) Compreendemos orientao sexual como uma referncia capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atrao emocional, afetiva ou sexual por indivduos de gnero diferente, do mesmo gnero ou de mais de um gnero, assim como ter relaes ntimas e sexuais com essas pessoas. 2) Compreendemos identidade de gnero a profundamente sentida experincia interna e individual do gnero de cada pessoa, que pode ou no corresponder ao sexo atribudo no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo (que pode envolver, por livre escolha, modificao da aparncia ou funo corporal por meios mdicos, cirrgicos ou outros) e outras expresses de gnero, inclusive vestimenta, modo de falar e maneirismos. Com base nessa declarao, discorra sobre os pressupostos de Yogyakarta para garantir o combate violncia, o assdio e a discriminao contra pessoas por causa de sua orientao sexual ou identidade de gnero.

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Considere os seguintes dados da anlise dos resultados do Censo Demogrfico de 2010: Em linhas gerais, observa-se aumento da participao das mulheres no mercado de trabalho brasileiro entre 2000 e 2010, ainda que se mantenham diferenas significativas em relao aos homens, mas tambm entre alguns segmentos especficos das mulheres, como, por exemplo, entre as brancas e as de cor ou raa preta ou parda. O incremento da taxa de atividade das mulheres reflete o processo de ampliao de sua participao no mercado de trabalho, ainda que o percentual atingido (54,6%) em 2010 seja baixo quando comparado com o obtido pelos homens (75,7%). Por outro lado, a reduo de 4 pontos percentuais na taxa de atividade destes ltimos est ligada ao crescimento inferior da populao economicamente ativa em comparao com a populao em idade ativa, tendo como resultado um aumento da inatividade. A queda da taxa de atividade dos homens jovens (16 a 29 anos de idade) um importante fator explicativo para esta dinmica, j que este segmento foi responsvel pelo maior recuo 6,4 pontos percentuais observado entre 2000 e 2010. Esta tendncia tambm foi observada para o grupo de 30 a 49 anos de idade, embora em menor escala, mas no para os grupos de 50 a 59 anos e de 60 anos ou mais de idade, em que o incremento da respectiva taxa revela um ritmo maior de crescimento da participao destes grupos no mercado de trabalho masculino. (BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Sistema Nacional de Informaes de Gnero: Estatsticas de Gnero. Uma anlise dos resultados do Censo Demogrfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, Estudos e Pesquisas, n. 33, 2014.) Com base nos dados acima, elabore uma sntese da dinmica de participao de homens e mulheres no mercado de trabalho no perodo entre 2000 e 2010.

Questão
2015Sociologia

(UFPR - 2015- 2 FASE) Segundo Raymond Aron, o fato novo que chama a ateno de todos os observadores da sociedade no princpio do sculo XIX a indstria. Todos consideram que algo de original est acontecendo em relao ao passado. Principais traos desse momento: a indstria se baseia na organizao cientfica do trabalho. Em vez de se organizar segundo o costume, a produo ordenada com vistas ao rendimento mximo. Graas aplicao da cincia organizao do trabalho, a humanidade desenvolve seus recursos. A produo industrial leva concentrao dos trabalhadores nas fbricas e nas periferias das cidades; surge um novo fenmeno social: as massas operrias. Essas concentraes de trabalhadores nos locais de trabalho determinam uma oposio, latente ou aberta, entre empregados e empregadores, entre proletrios de um lado e empresrios ou capitalistas do outro. Enquanto a riqueza, graas ao carter cientfico do trabalho, no para de aumentar, multiplicam-se crises de superproduo, que tm por consequncia criar a pobreza no meio da abundncia. Enquanto milhes de indivduos sofrem as carncias da pobreza, mercadorias deixam de ser vendidas, para escndalo do esprito. O sistema econmico, associado organizao industrial e cientfica do trabalho, se caracteriza pela liberdade de trocas e pela busca do lucro por parte dos empresrios e comerciantes. Alguns tericos concluem da que a condio essencial do desenvolvimento da riqueza , precisamente, a busca do lucro e a concorrncia, e que quanto menos o Estado intervier na economia, mais rapidamente aumentar a produo e a riqueza. (ARON, Raymond. As Etapas do Pensamento Sociolgico. So Paulo: Martins Fontes, 1999.) Caracterize o novo fenmeno social descrito por Aron em relao industrializao e a organizao cientfica do trabalho no sculo XIX.

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