(UFPR - 2018 - 2 FASE) Mas o trabalho do proletrio, o trabalho assalariado cria propriedade para o proletrio? De modo algum. Cria o capital, isto , a propriedade que explora o trabalho assalariado e que s pode aumentar sob a condio de gerar novo trabalho assalariado, para voltar a explor-lo. Em sua forma atual, a propriedade se move entre dois termos antagnicos: capital e trabalho. [...] Ser capitalista significa ocupar no somente uma posio pessoal, mas tambm uma posio social na produo. O capital um produto coletivo e s pode ser posto em movimento pelos esforos combinados de muitos membros da sociedade, em ltima instncia pelos esforos combinados de todos os membros da sociedade. O capital no , portanto, um poder pessoal: um poder social. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. So Paulo: Boitempo, 2001, p. 52-53.) Conforme o argumento de Marx e Engels apresentado no Manifesto Comunista, por que o capital constitui um poder social e no pessoal?
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 78. Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis prprias e em liberdade, h trs modos de manter a sua posse: primeiro, arruin-los; segundo, ir habit-los; terceiro, deix-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e no a destri ser destrudo por ela. Tais cidades tm sempre por bandeira, nas rebelies, a liberdade e suas antigas leis, que no esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influncia dos benefcios recebidos. Por muito que se faa, quaisquer que sejam as precaues tomadas, se no se promovem o dissdio e a desagregao dos habitantes, no deixam eles de se lembrar daqueles princpios e, em toda oportunidade, em qualquer situao, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma repblica conquistada, o caminho mais seguro destru-la ou habit-la pessoalmente. (MAQUIAVEL, N. O prncipe. So Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.) Com base nessa passagem, extrada da obra O Prncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 79. Sobre a questo do etnocentrismo, Roque de Barros Laraia escreve que o fato de o indivduo ver o mundo atravs de sua cultura tem como consequncia a propenso em considerar o seu modo de vida mais correto e o mais natural. Tal tendncia, denominada etnocentrismo, responsvel em seus casos extremos pela ocorrncia de numerosos conflitos sociais. O etnocentrismo, de fato, um fenmeno universal. comum a crena de que a prpria sociedade o centro da humanidade, ou mesmo sua nica expresso. [...] A dicotomia ns e os outros expressa em nveis diferentes essa tendncia. Dentro de uma mesma sociedade, a diviso ocorre sob a mesma forma de parentes e no parentes. Os primeiros so melhores por definio e recebem um tratamento diferenciado. [...] Comportamentos etnocntricos resultam tambm em apreciaes negativas dos padres culturais de povos diferentes. Prticas de outros sistemas culturais so catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais. (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropolgico. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 73-74.) Em resumo, Laraia tenta nos mostrar que:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O texto a seguir referncia para a questo 80. No livro Mulheres, raa e classe, Angela Davis perfaz um caminho histrico e social da luta das mulheres nos Estados Unidos e como diferentes movimentos e campanhas possibilitaram a construo dos direitos e das pautas polticas de gnero naquele pas. Numa das passagens da obra, em que aborda as campanhas pelo direito ao aborto, Davis afirma que o controle de natalidade escolha individual, mtodos contraceptivos seguros, bem como abortos, quando necessrio um pr-requisito fundamental para a emancipao das mulheres. [...] E se a campanha pelo direito ao aborto do incio dos anos 1970 precisava ser lembrada de que mulheres de minorias tnicas queriam desesperadamente escapar dos charlates de fundo de quintal, tambm deveria ter percebido que essas mesmas mulheres no estavam dispostas a expressar sentimentos pr-aborto. Elas eram a favor do direito ao aborto, o que no significava que fossem defensoras do aborto. Quando nmeros to grandes de mulheres negras e latinas recorrem a abortos, as histrias que relatam no so tanto sobre o desejo de ficar livres da gravidez, mas sobre as condies sociais miserveis que as levam a desistir de trazer novas vidas ao mundo. (DAVIS, Angela. Mulheres, raa e classe. So Paulo: Boitempo, 2016, p. 219-220.) Com base no texto, correto concluir que:
(UFPR - 2018 - 1 FASE) Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista. Segundo seus autores, a burguesia desempenhou na Histria um papel iminentemente revolucionrio. Onde quer que tenha conquistado o poder, a burguesia destruiu as relaes feudais, patriarcais e idlicas. Rasgou todos os complexos e variados laos que prendiam ao homem feudal e seus superiores naturais, para s deixar subsistir, de homem para homem, o lao do frio interesse. [...] Fez da dignidade pessoal um simples valor de troca; substituiu as numerosas liberdades, conquistadas duramente, por uma nica liberdade sem escrpulos: a do comrcio. Em uma palavra, em lugar da explorao dissimulada por iluses religiosas e polticas, a burguesia colocou uma explorao aberta, direta, despudorada e brutal. [...] Tudo o que era slido e estvel se desmancha no ar, tudo o que era sagrado profanado e os homens so obrigados finalmente a encarar sem iluses a sua posio social e as suas relaes com outros homens. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto comunista. So Paulo: Boitempo, 2001, p. 42-43.) Com base nessa passagem de O Manifesto Comunista, assinale a alternativa correta.
(UFPR - 2018 - 1 FASE) O excerto a seguir referncia para a questo 82. Escreve Gerard Lebrun: Com efeito, o que poltica? A atividade social que se prope a garantir pela fora, fundada geralmente no direito, a segurana externa e a concrdia interna de uma unidade poltica particular (conforme descreve Julien Freund em Questce que la Politique). No dogmaticamente que eu proponho esta definio (outras so possveis), mas simplesmente para ressaltar que, sem o uso da noo de fora, a definio seria visivelmente defeituosa. Se, numa democracia, um partido tem peso poltico, porque tem fora para mobilizar um certo nmero de eleitores. Se um sindicato tem um peso poltico porque tem fora para deflagrar uma greve. Assim, fora no significa necessariamente a posse de meios violentos de coero, mas de meios que permitam influir no comportamento de outra pessoa. A fora no sempre (ou melhor, rarssimamente) um revlver apontado para algum. (LEBRUN, Gerard. O que poder. So Paulo: Brasiliense, 1981, p. 04.) Qual a relao entre fora e poltica expressa pelo autor nesse excerto?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) O filsofo alemo Walter Benjamin produziu uma vasta obra que contempla temas que vo da filosofia, passando pela literatura, crtica cultural, teoria da histria, religio e arte. Em seu ensaio sobre o cinema, intitulado A obra de arte na era de sua reprodutibilidade tcnica (1936), Benjamin demonstra que dadas as transformaes estruturais pelas quais passaram as sociedades ocidentais e o modo como foram remodeladas pelas dinmicas do capitalismo, a arte no fazia mais sentido se concebida apenas como objeto de culto, portadora de identidade esttica nica. Nas palavras de Benjamin, com a reprodutibilidade tcnica, a obra de arte se emancipa, pela primeira vez na histria, de sua existncia parasitria, destacandose do ritual. A obra de arte reproduzida cada vez mais a reproduo de uma obra de arte criada para ser reproduzida. A chapa fotogrfica, por exemplo, permite uma grande variedade de cpias; a questo da autenticidade das cpias no tem nenhum sentido. Mas, no momento em que critrio de autenticidade deixa de aplicar-se produo artstica, toda a funo social da arte se transforma. Em vez de fundar-se no ritual, ela passa a fundar-se em outra prxis: a poltica. (BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade tcnica. In: Magia e tcnica, arte e poltica. So Paulo: Brasiliense, 1987, p. 171-172.) Considerando esse fragmento do ensaio de Benjamin, responda: Como as transformaes histricas podem impactar a produo artstica e de que maneira a noo de ritual substituda pela prtica da poltica na arte produzida pelas sociedades capitalistas?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Em As consequncias da modernidade, Anthony Giddens afirma: A modernidade inerentemente globalizante isso evidente em algumas das mais bsicas caractersticas das instituies modernas [...]. Mas o que exatamente a globalizao e como pode ser melhor conceituado o fenmeno? [...] A globalizao pode ser assim definida como a intensificao das relaes sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais so modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distncia e vice-versa. Este um processo dialtico porque tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direo anversa s relaes muito distanciadas que os modelam. A transformao local tanto uma parte da globalizao quanto a extenso lateral das conexes sociais atravs do tempo e do espao. Assim, quem quer que estude as cidades hoje em dia, em qualquer parte do mundo, est ciente de que o que ocorre numa vizinhana local tende a ser influenciado por fatores tais como dinheiro mundial e mercado de bens operando a uma distncia indefinida da vizinhana em questo. O resultado no , necessariamente, ou mesmo usualmente, um conjunto generalizado de mudanas atuando numa direo uniforme, mas consiste em tendncias mutuamente opostas. A prosperidade crescente de uma rea urbana em Singapura pode ter causas relacionadas, via uma complicada rede de laos econmicos globais, ao empobrecimento de uma vizinhana em Pittsburgh, cujos produtos locais no so competitivos nos mercados mundiais. (GIDDENS, Anthony. As consequncias da modernidade. So Paulo: Edunesp, 191, p. 60-61.) A partir das concluses de Giddens, compare os aspectos locais aos globais presentes na formao da modernidade e da globalizao.
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Os processos histricos cumprem um papel de fundamental importncia na teoria social marxista. A histria e suas diferentes formas de representao auxiliaram Karl Marx e Friedrich Engels na composio de suas anlises sobre as sociedades capitalistas, bem como na elaborao de conceitos como de alienao, dialtica, materialismo, prxis ou mesmo capital. Noutras palavras: qualquer teoria, por mais abstrata que possa nos parecer, somente far sentido se compreendida a partir dos processos histricos que a engendram e a tornam necessria no momento em que formulada. Assim, segundo argumento de Tnia Quintaneiro, os economistas do tempo de Marx no reconhecem a historicidade dos fenmenos que se manifestam na sociedade capitalista, por isso suas teorias so comparveis s dos telogos, para os quais toda religio estranha pura inveno humana, enquanto a deles prprios uma emanao de Deus. Ele questiona a perspectiva para a qual as relaes burguesas de produo so naturais, esto de acordo com as leis da natureza, como se fossem independentes da influncia do tempo, sendo por isso consideradas como leis eternas que devem reger sempre a sociedade. De modo que at agora houve na histria, mas agora j no h. Assim, as instituies feudais teriam sido histricas, ironiza, mas as burguesas seriam naturais e, portanto, imutveis. Para Marx, tanto os processos ligados produo so transitrios, como as ideias, gostos, crenas, categorias dos conhecimentos e ideologias, os quais, gerados socialmente, dependem do modo como os indivduos se organizam para produzir. Portanto, o pensamento e a conscincia so, em ltima instncia, decorrncia da relao homem/natureza, isto , das relaes materiais (QUINTANEIRO, Tnia et. al. Um toque de clssicos: Marx, Durkheim, Weber. Belo Horizonte, 2003, p. 31). A partir da passagem acima, explique como esse entendimento de Marx sobre a histria e seus processos materiais de produo oferece-nos uma explicao sobre a formao do capitalismo moderno, bem como das teorias que o consideram natural no processo de evoluo das sociedades humanas.
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Em As prises da misria, Loc Wacquant afirma: A expanso sem precedentes das atividades carcerrias do Estado americano foi acompanhada pelo desenvolvimento frentico de uma indstria privada da carceragem. Nascida em 1983, j conseguiu englobar perto de 7% da populao carcerria, fortalecida com uma taxa de crescimento anual de 45% [...]. Dezessete firmas dividem aproximadamente 140 estabelecimentos espalhados em duas dezenas de estados [...]. Algumas se contentam em gerir penitencirias existentes, s quais fornecem pessoal de vigilncia e servios. Outras fornecem a gama completa dos bens e atividades necessrios deteno: concepo arquitetnica, financiamento, construo, manuteno, administrao, seguro, empregados e at mesmo o recrutamento e o transporte dos prisioneiros oriundos de outras jurisdies [...]. Ao mesmo tempo, a implantao das penitencirias se afirmou como um poderoso instrumento de desenvolvimento econmico e de fomento do territrio. As populaes das zonas rurais decadentes, em particular, no poupam esforos para atra-las. J vai longe a poca em que a perspectiva de acolher uma priso lhes inspirava esse grito de protesto: Not in my backyard. As prises no utilizam produtos qumicos, no fazem barulho, no expelem poluentes na atmosfera e no despedem funcionrios durante as recesses. Muito pelo contrrio, trazem consigo empregos estveis, comrcios permanentes e entradas regulares e impostos. A indstria da carceragem um empreendimento prspero e de futuro radioso, e com ela todos aqueles que partilham do grande encarceramento dos pobres nos Estados Unidos. (WACQUANT, Loic. As prises da misria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 58-59.) Segundo o autor, o sistema prisional nos Estados Unidos e sua expanso devem ser compreendidos levando em considerao um conjunto de fatores. Um dos mais importantes fatores o econmico. Assim, como podemos explicar a ampliao das unidades prisionais norte-americanas e sua relao com criminalizao da pobreza e da misria nas sociedades atuais?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Considere a citao abaixo, do livro organizado por Ricardo Antunes e Ruy Braga: A utilizao intensiva das novas tecnologias da informao e da comunicao (TICs) nas grandes empresas decorre da suma relevncia que a inovao passou a ter no quadro de intensa competitividade engendrado pela quebra dos monoplios estatais e com o advento das polticas neoliberais que assolaram todo o mundo capitalista nos anos 1990. Com efeito, a convergncia tecnolgica entre a informtica e as redes de telecomunicaes, a telemtica, foi altamente otimizada com a privatizao deste setor, que passou assim a ser concebido e efetivado como um bem de capital dos mais cruciais do capitalismo contemporneo. Em uma economia mundializada, pelas redes telemticas que toda sorte de informaes estratgicas, isto , aquelas relativas s ltimas tendncias de consumo e tecnologia de produo, podem chegar mais rapidamente de todos os cantos do mundo a grandes empresas-rede, cuja caracterstica mais fundamental ter suas cadeias de produo espalhadas nos mais diferentes pontos do planeta. Com isso, para alm de uma coisa tangvel, a concepo de mercadoria se alarga e consubstancia-se em ideias e imagens que podem se materializar tanto em novas mercadorias como em estratgias de marketing. Essa a grande novidade trazida pela tecnologia digital: a possibilidade de se manipular e transformar as informaes tal como se fazia com as matrias-primas da dimenso material, o que permite ao capitalismo de hoje transformar e explorar mercadorias no s no plano material, mas tambm no plano imaterial. (WOLFF, Simone. O trabalho informacional e a reificao da informao sob os novos paradigmas organizacionais. In: ANTUNES, Ricardo; BRAGA, Ruy. Infoproletrios: degradao real do trabalho virtual. So Paulo: Boitempo, 2009, p. 90.) A partir do excerto, como podemos diferenciar o capitalismo material do capitalismo imaterial com a abrangncia crescente das tecnologias de informao?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Considere o fragmento abaixo: Como tem sido bem documentado, desde o final do iluminismo estudos sobre a variao humana distinguiram diferenas raciais como aspectos cruciais da realidade, e um extenso discurso sobre a desigualdade racial comeou a ser elaborado. Com a ateno voltada cada vez mais para as diferenas de gnero e sexo no sculo XIX, o gnero era notavelmente considerado anlogo raa, de modo que o cientista podia usar a diferena racial para explicar a diferena entre gnero e vice-versa. Assim, afirma-se que o leve peso do crebro feminino e as estruturas cerebrais deficientes eram anlogos aos das raas inferiores, e isto explicava as baixas capacidades intelectuais destas raas. Observou-se que a mulher se igualava aos negros pelo crnio estreito, infantil e delicado, to diferente das mais robustas e arredondadas cabeas que caracterizavam os machos de raas superiores. De modo semelhante, as mulheres de raas superiores tinham a tendncia s mandbulas ligeiramente salientes, anlogas, ou to exageradas quanto as mandbulas protuberantes de raas inferiores como os macacos. As mulheres e as raas inferiores eram consideradas impulsivas por natureza, emocionais, mais imitadoras que originais e incapazes do raciocnio abstrato e profundo igual ao do homem branco. A biologia evolucionista estipulou, ainda, mais analogias. A mulher era, em termos evolutivos, o elemento conservador para o homem progressivo, preservando os traos mais primitivos encontrados em raas inferiores, enquanto os homens de raas superiores indicavam o caminho para novas direes culturais e biolgicas. (STEPAN, Nancy Leys, Raa e gnero: o papel da analogia na cincia. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendncias e impasses: o feminismo como crtica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 74.) Partindo da analogia entre raa e gnero e metforas cientficas no sculo XIX, conforme demonstra Nancy Leys Stepan, de que maneira podemos problematizar o discurso cientfico produzido a partir de concepes hierarquizadas da realidade social e por que elas no fazem mais sentido nos dias de hoje?
(UFPR - 2017 - 2 FASE) Sobre os processos de colonizao levados a cabo por pases ocidentais e a construo de uma identidade cultural imperialista, Edward Said aponta: As formas culturais ocidentais podem ser retiradas dos compartimentos autnomos em que se mantm protegidas e colocadas no meio dinmico global criado pelo imperialismo, ele mesmo revisto como uma disputa viva entre Norte e Sul, metrpole e periferia, brancos e nativos. Assim, podemos considerar o imperialismo como um processo que ocorre como parte da cultura metropolitana, a qual s vezes reconhece, s vezes obscurece a atividade sustentada do prprio imprio. A questo fundamental bastante gramsciana a maneira pela qual as culturas nacionais inglesa, francesa e americana mantiveram a hegemonia nas periferias. Como se obteve dentro delas e como se consolidou sem cessar a anuncia para se exercer o domnio distante de povos e territrios e povos nativos? [...] Mesmo que concedssemos, como muitos o fazem, que a poltica externa norte-americana sobretudo altrusta e devotada a objetivos irreprochveis, como a liberdade e a democracia, h espao para o ceticismo. [...] No estamos repetindo, como nao, o que a Frana e a Inglaterra, Espanha e Portugal, Holanda e Alemanha, fizeram antes de ns? E, no entanto, no tendemos a nos considerar de alguma forma alheios s aventuras imperiais mais srdidas que precederam as nossas? Ademais, no h um pressuposto inquestionado de nossa parte de que nosso destino governar e liderar o mundo, destino este que atribumos a ns mesmos como parte de nossa errncia por regies bravias?. (SAID, Edward. Imperialismo e cultura. So Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 87-92.)
(UFPR - 2016 - 2 FASE) A sociedade do sculo XIX era marcada por novas formas de produo material e pela intensa diviso do trabalho social entre os homens. sobre esse assunto, por exemplo, que Auguste Comte (1798-1857) se debruou [...]. Segundo ele, a humanidade passaria por trs estgios de conhecimento: o teolgico, em que os homens atribuiriam aos deuses as causas dos fenmenos objetivos; o metafsico, no qual os homens recorreriam a conceitos abstratos para entender o mundo; e o estgio positivo, caracterizado pela organizao racional do trabalho, em que os homens aplicariam mtodos cientficos para compreender as causas dos fenmenos. [...]. Comte acreditava que a sociologia ou fsica social estaria relacionada a uma hierarquia de cincias, partilhando com outros ramos do conhecimento humano o mesmo esprito positivo que marcaria modernidade industrial, mas diferenciando-se pela singularidade de seu objeto de estudo, que no poderia ser explicado por aspectos biolgicos, psicolgicos etc. Assim, ao olharmos para a sociedade, deveramos buscar as leis sociais que determinariam o curso de evoluo da humanidade [...]. Comte legou imaginao sociolgica uma viso grandiosa dos poderes da disciplina, destacando a possibilidade de se usar o conhecimento das leis da sociedade para organiz-la de forma tcnica, na direo do progresso pacfico. (MAIA, J. M. E.; PEREIRA, L. F. A. Pensando com a sociologia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p. 10-11). Com base nesse fragmento e nos conhecimentos sociolgicos, caracterize a Sociologia na perspectiva comtiana, discorrendo sobre os aspectos relevantes dessa perspectiva apontados no texto-base e sua relao com o sculo XIX.
(UFPR - 2016 - 2 FASE) Considere os seguintes dados da Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, referente ao perodo de 2003 a 2013: A taxa de desocupao de 2013 (mdia de janeiro a dezembro) foi estimada em 5,4%. Esta taxa era de 12,4% em 2003. [...] A pesquisa apontou disparidade entre os rendimentos de homens e mulheres e, tambm, entre brancos e pretos ou pardos. Em 2013, em mdia, as mulheres ganhavam em torno de 73,6% do rendimento recebido pelos homens. A menor proporo foi a registrada em 2003, 70,8%. O rendimento dos trabalhadores de cor preta ou parda, entre 2003 e 2013, teve um acrscimo de 51,4%, enquanto o rendimento dos trabalhadores de cor branca cresceu 27,8%. A pesquisa registrou, tambm, que os trabalhadores de cor preta ou parda ganhavam, em mdia, em 2013, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. [...] Destaca-se que, em 2003, no chegava metade (48,4%). (BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Retrospectiva da Pesquisa Mensal de Emprego 2003 a 2013. Disponvel em: . Acesso em: 20 ago. 2016. Texto adaptado). Escreva um texto apontando as concluses a que se pode chegar com a interpretao dos dados apresentados