(Ufrgs 2016) O cortiço (1890) e Dom Casmurro (1899) foram publicados na mesma década, porém apresentam registros de linguagem diferentes, como se pode ver nos trechos abaixo. No bloco superior, estão listados nomes de personagens de O cortiço e de Dom Casmurro; no inferior, os trechos dos romances em que essas personagens são descritas. Associe adequadamente o bloco inferior ao bloco superior. 1. Firmo (O cortiço) 2. Escobar (Dom Casmurro) 3. Jerônimo (O cortiço) 4. José Dias (Dom Casmurro) ( ) [...] viera da terra, com a mulher e uma filhinha ainda pequena, tentar a vida no Brasil, na qualidade de colono de um fazendeiro, em cuja fazenda mourejou durante dois anos, sem nunca levantar a cabeça, e de onde afinal se retirou de mãos vazias e uma grande birra pela lavoura brasileira. Para continuar a servir na roça tinha que sujeitar-se a emparelhar com os negros escravos e viver com eles no mesmo meio degradante, encurralado como uma besta, sem aspirações, nem futuro, trabalhando eternamente para outro. ( ) [...] era um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito; capadócio de marca, pernóstico, só de maçadas, e todo ele se quebrando nos seus movimentos de capoeira. Teria seus trinta e tantos anos, mas não parecia ter mais de vinte e poucos. Pernas e braços finos, pescoço estreito, porém forte; não tinha músculos, tinha nervos. ( ) Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, como os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fitava de rosto, não falava claro nem seguido; as mãos não apertavam as outras, nem se deixavam apertar delas, porque os dedos, sendo delgados e curtos, quando a gente cuidava tê-los entre os seus, já não tinha nada. ( ) [...] apareceu ali vendendo-se por médico homeopata; levava um Manual e uma botica. Havia então um andaço de febres; [...] curou o feitor e uma escrava, e não quis receber nenhuma remuneração. Então meu pai propôs-lhe ficar ali vivendo, com pequeno ordenado. [...] recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(Ufrgs 2016) Leia o seguinte trecho de O cortiço. A criadagem da família do Miranda compunha-se de Isaura, mulata ainda moça, moleirona e tola, que gastava todo o vintenzinho que pilhava em comprar capilé na venda de João Romão; uma negrinha virgem, chamada Leonor, muito ligeira e viva, lisa e seca como um moleque, conhecendo de orelha, sem lhe faltar um termo, a vasta tecnologia da obscenidade, e dizendo, sempre que os caixeiros ou os fregueses da taverna, só para mexer com ela, lhe davam atracações: Óia, que eu me queixo ao juiz de orfe!; e finalmente o tal Valentim, filho de uma escrava que foi de Dona Estela e a quem esta havia alforriado. Sobre o texto acima, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações. ( ) O fragmento reflete o tom geral do romance, no qual o narrador em terceira pessoa distancia-se das personagens populares especialmente as negras , pois está atrelado às reduções do cientificismo naturalista que antepõe raça superior a raça inferior. ( ) A linguagem do narrador é diferente da linguagem da personagem: a fala de Leonor não segue o registro linguístico adotado pelo narrador. ( ) As personagens femininas descritas no trecho e no romance de maneira geral são estereotipadas, respondem ao imaginário da mulata sensual e ociosa, especialmente Bertoleza e Rita Baiana. ( ) O narrador em terceira pessoa simpatiza com as personagens populares; tal simpatia está presente em todo o romance, nas inúmeras vezes em que a narração em terceira pessoa cede espaço para o diálogo entre escravos. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(Ufrgs 2016) Considerando os estudos sobre o romance Dom Casmurro, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações. ( ) No final do século XIX e início do XX, a interpretação do romance tende à aderência ao ponto de vista do narrador. Assim, em geral, os leitores aceitam os fatos narrados por Bentinho sem muita desconfiança da sua narração comprometida. ( ) Em torno de 1960, talvez por influência de leituras feministas, críticos problematizam a visão unilateral de Bentinho e passam a ponderar que o ponto de vista de Capitu não vinha sendo considerado e que a sua traição deveria ser ao menos discutida. ( ) Perto de 1980, são comuns as leituras que desviam o foco do debate sentimental para o social, e a diferença de classe entre o filho do deputado (Bentinho) e a filha do vizinho pobre (Capitu) passa a figurar como um dos tópicos do romance. ( ) Atualmente, e por obra das muitas adaptações do romance para o cinema e para a televisão, que revelaram conteúdos da narrativa antes ocultos, é consenso que a traição de Capitu é o centro do enredo e que esta pode ser comprovada pelas pistas deixadas no texto por Machado de Assis. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
(Ufrgs 2016) Assinale a alternativa correta a respeito da vida e da obra do poeta português Fernando Pessoa.
(Ufrgs 2016) Assinale a alternativa correta sobre autores do Romantismo brasileiro.
(UFRGS - 2016) Quando a1economia2poltica clssica nasceu, no Reino Unido e na Frana, ao final do sculo XVIII e incio do sculo XIX, a questo da distribuio da renda j se encontrava no centro de todas as anlises. Estava claro que3transformaes radicais entraram em curso, propelidas pelo crescimento4demogrfico sustentado indito at ento e pelo incio do xodo rural e da Revoluo Industrial. Quais seriam as consequncias sociais dessas mudanas? Para Thomas Malthus, que5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o princpio da populao, no restava dvida: a superpopulao era uma ameaa. Preocupava-se especialmente com a situao dos franceses1vsperas da Revoluo de 1789, quando havia misria generalizada no campo.6Na poca, a Frana era7de longe o pas mais populoso da Europa: por volta de 1700, j contava com mais de 20 milhes de habitantes, enquanto o Reino Unido tinha pouco mais de 8 milhes de pessoas. A8populao francesa se expandiu em ritmo crescente ao longo do sculo XVIII, aproximando-se dos 30 milhes. Tudo leva a crer que esse9dinamismo demogrfico, desconhecido nos sculos anteriores, contribuiu para a10estagnao dos salrios no campo e para o aumento dos rendimentos associados 11propriedade da terra, sendo, portanto, um dos fatores que levaram2Revoluo Francesa.12Para evitar que torvelinho13similar vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que14toda assistncia aos15pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada. J David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princpios de economia poltica e tributao, preocupava-se com a16evoluo do preo da terra. Se o crescimento da populao e,17consequentemente, da produo agrcola se prolongasse, a terra tenderia a se18tornar escassa. De acordo com a lei da oferta e da procura, o preo do bem escasso a terra deveria subir de modo contnuo. No limite,19os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o20restante da populao, uma parte cada vez mais reduzida,21destruindo o equilbrio social. De fato,22o valor da terra permaneceu alto por algumtempo, mas, ao longo de sculo XIX, caiu em relaoaoutras formas de riqueza, medida que diminua o peso da agricultura na renda das naes.23Escrevendo nos anos de 1810, Ricardo no poderia antever a importncia que o progresso tecnolgico e o crescimento industrial teriam ao longo das dcadas seguintes para a evoluo da distribuio da renda. Adaptado de: PIKETTY, T. O Capital no Sculo XXI. Trad. de M. B. de Bolle. Rio de Janeiro: Intrnseca, 2014. p.11-13. Assinale a alternativa que est de acordo com o texto.
(UFRGS - 2016) Quando a1economia2poltica clssica nasceu, no Reino Unido e na Frana, ao final do sculo XVIII e incio do sculo XIX, a questo da distribuio da renda j se encontrava no centro de todas as anlises. Estava claro que3transformaes radicais entraram em curso, propelidas pelo crescimento4demogrfico sustentado indito at ento e pelo incio do xodo rural e da Revoluo Industrial. Quais seriam as consequncias sociais dessas mudanas? Para Thomas Malthus, que5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o princpio da populao, no restava dvida: a superpopulao era uma ameaa. Preocupava-se especialmente com a situao dos franceses1vsperas da Revoluo de 1789, quando havia misria generalizada no campo.6Na poca, a Frana era7de longe o pas mais populoso da Europa: por volta de 1700, j contava com mais de 20 milhes de habitantes, enquanto o Reino Unido tinha pouco mais de 8 milhes de pessoas. A8populao francesa se expandiu em ritmo crescente ao longo do sculo XVIII, aproximando-se dos 30 milhes. Tudo leva a crer que esse9dinamismo demogrfico, desconhecido nos sculos anteriores, contribuiu para a10estagnao dos salrios no campo e para o aumento dos rendimentos associados 11propriedade da terra, sendo, portanto, um dos fatores que levaram2Revoluo Francesa.12Para evitar que torvelinho13similar vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que14toda assistncia aos15pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada. J David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princpios de economia poltica e tributao, preocupava-se com a16evoluo do preo da terra. Se o crescimento da populao e,17consequentemente, da produo agrcola se prolongasse, a terra tenderia a se18tornar escassa. De acordo com a lei da oferta e da procura, o preo do bem escasso a terra deveria subir de modo contnuo. No limite,19os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o20restante da populao, uma parte cada vez mais reduzida,21destruindo o equilbrio social. De fato,22o valor da terra permaneceu alto por algumtempo, mas, ao longo de sculo XIX, caiu em relaoaoutras formas de riqueza, medida que diminua o peso da agricultura na renda das naes.23Escrevendo nos anos de 1810, Ricardo no poderia antever a importncia que o progresso tecnolgico e o crescimento industrial teriam ao longo das dcadas seguintes para a evoluo da distribuio da renda. Adaptado de: PIKETTY, T.O Capital no Sculo XXI. Trad. de M. B. de Bolle. Rio de Janeiro: Intrnseca, 2014. p.11-13. Considere as afirmaes abaixo. I - As transformaes radicais que entraram em curso ao final do sculo XVIII e incio do sculo XIX foram propelidas pelo crescimento demogrfico sustentado, pelo incio do xodo rural e da Revoluo Industrial. II - Toda assistncia aos pobres deveria ser suspensa e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada, a fim de evitar que torvelinho similar ao da Revoluo Francesa vitimasse o Reino Unido. III- O progresso tecnolgico e o crescimento industrial tiveram importncia para a evoluo da distribuio da renda ao longo das dcadas que se seguiram a 1810. Quais dessas afirmaes devem ser atribudas ao autor do texto, T. Piketty?
(UFRGS -2015) Viagens, cofres mgicos com promessas sonhadoras, no mais 5revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas polinsias afogadas em concreto se transformam em porta-avies ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a frica, quando a aviao 9avilta a floresta americana antes mesmo de poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa 10evaso da viagem conseguir outra coisa que no 14confrontar-nos 15com as formas mais miserveis de nossa existncia histrica? 18Ainda 22assim, compreendo a paixo, a loucura, o equvoco das narrativas de viagem. Elas 16criam a iluso daquilo 1__________ no existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade aguda ao se sentir 11soobrar no tdio? assim que me identifico, viajante procurando em vo reconstituir o exotismo com o auxlio de fragmentos e de destroos. 19Ento, 26insidiosamente, a iluso comea a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando um espetculo ainda no estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo de conjecturas no tem mais fim: quando se deveria visitar a ndia, em que poca o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a conhec-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no sculo XVIII? Cada dcada para 23trs 29permite 27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crena suplementar. 21Mas conheo bem demais os textos do passado para no saber que, me privando de um sculo, renuncio a perguntas dignas de enriquecer minha reflexo. E eis, diante de mim, o crculo intransponvel: quanto menos as culturas tinham condies de se comunicar entre si, menos tambm os emissrios 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetculo do qual quase tudo lhe escapava 24 ainda pior, inspirava troa ou desprezo 25, 31ora viajante moderno, correndo atrs dos vestgios de uma realidade desaparecida. Nessas duas situaes, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja impermevel ao verdadeiro espetculo que est tomando forma neste instante, mas 4__________ observao, meu grau de humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessria. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante prantear o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. Adaptado de: LVI-STRAUSS, C. Tristes trpicos. So Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44. Considere as seguintes afirmaes sobre regncia e emprego de crase. I. Caso a forma verbal confrontar-nos (ref. 14) fosse substituda por colocar-nos diante, seria necessrio substituir a preposio com (ref. 15) pelo emprego de crase nesse contexto. II. A substituio da forma verbal criam (ref. 16) por do origem tornaria obrigatrio o emprego de crase nesse contexto. III. A substituio da forma verbal partilhar (ref. 17) pelo segmento ter acesso tornaria necessrio o emprego de crase nesse contexto. Quais esto corretas?
(Ufrgs 2015) 01. Viagens, cofres mágicos com promessas 02. sonhadoras, não mais revelareis vossos 03. tesouros intactos! Hoje, quando ilhas 04. polinésias afogadas em concreto se 05. transformam em porta-aviões ancorados nos 06. mares do Sul, quando as favelas corroem a 07. Africa, quando a aviação avilta a floresta 08. americana antes mesmo de poder destruir-lhe 09. a virgindade, de que modo poderia a pretensa 10. evasão da viagem conseguir outra coisa que 11. não confrontar-nos com as formas mais 12. miseráveis de nossa existência histórica? 13. Ainda assim, compreendo a paixão, a 14. loucura, o equívoco das narrativas de viagem. 15. Elas criam a ilusão daquilo ... ... .. não existe 16. mais, mas ........ ainda deveria existir. Trariam 17. nossos modernos Marcos Paios, das mesmas 18. terras distantes, desta vez em forma de 19. fotografias e relatos, as especiarias morais 20. ........ nossa sociedade experimenta uma 21. necessidade aguda ao se sentir soçobrar no 22. tédio? 23. É assim que me identifico, viajante 24. procurando em vão reconstituir o exotismo 25. com o auxílio de fragmentos e de destroços. 26. Então, insidiosamente, a ilusão começa a 27. tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido 28. no tempo das verdadeiras viagens, quando 29. um espetáculo ainda não estragado, 30. contaminado e maldito se oferecia em todo o 31. seu esplendor. Uma vez encetado, o jogo de 32. conjecturas não tem mais fim: quando se 33. deveria visitar a Índia, em que época o estudo 34. dos selvagens brasileiros poderia levar a 35. conhecê-los na forma menos alterada? Teria 36. sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? 37. cada década para trás permite salvar um 38. costume, ganhar uma festa, partilhar uma 39. crença suplementar. 40. Mas conheço bem demais os textos do 41. passado para não saber que, me privando de 42. um século, renuncio a perguntas dignas de 43. enriquecer minha reflexão. E eis, diante de 44. mim, o círculo intransponível: quanto menos 45. as culturas tinham condições de se comunicar 46. entre si, menos também os emissários 47. respectivos eram capazes de perceber a 48. riqueza e o significado da diversidade. No final 49. das contas, sou prisioneiro de uma 50. alternativa: ora viajante antigo, confrontado 51. com um prodigioso espetáculo do qual quase 52. tudo lhe escapava - ainda pior, inspirava 53. troça ou desprezo - , ora viajante moderno, 54. correndo atrás dos vestígios de uma realidade 55. desaparecida. Nessas duas situações, sou 56. perdedor, pois eu, que me lamento diante das 57. sombras, talvez seja impermeável ao 58. verdadeiro espetáculo que está tomando 59. forma neste instante, mas . .. . .. .. observação 60. meu grau de humanidade ainda carece da 61. sensibilidade necessária. Dentro de alguma 62. centena de anos, neste mesmo lugar, outro 63. viajante pranteará o desaparecimento do que 64. eu poderia ter visto e que me escapou. Considere as possibilidades de reescrita apresentadas abaixo para a seguinte passagem do texto. Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. (l. 61-64) I. Neste mesmo lugar, outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. II. Outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento neste mesmo lugar do que eu poderia ter visto e que me escapou. III. Neste mesmo lugar, outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento que eu poderia ter visto e o que me escapou. Quais estão corretas e preservam o sentido da frase original?
(Ufrgs/2015) Assinale a alternativa correta sobre a Semana de Arte Moderna.
(Ufrgs 2015) Considere os segmentos abaixo, retirados de Água Viva, de Clarice Lispector. Sei que depois de me leres é difícil reproduzir de ouvido a minha música, não é possível cantá-la sem, tê-la decorado. E corno decorar uma coisa que não tem história? (...) Isto tudo que estou escrevendo é tão quente como um ovo quente que a gente passa depressa de uma mão para a outra e de novo da outra para a primeira a fim de não se queimar já pintei um ovo. E agora como ria pintura só digo: ovo e basta. Leia as seguintes afirmações sobre os segmentos e a autora. I. Clarice Lispector é a grande representante da narrativa intimista brasileira, com sua prosa que explora a subjetividade, a partir do eu que absorve os temas do mundo. II. O enredo, na narrativa, está a serviço das reflexões e dos sentimentos, motivo pelo qual é possível chamá-la de prosa poética. III. A narradora tem consciência da limitação da palavra para representar a complexidade da vida e do mundo, por isso se contenta com a palavra mínima/a palavra básica. Quais estão corretas?
(Ufrgs 2015) Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais 5revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África, quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa 10evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar-nos 15com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica? 18Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo 1__________ não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma necessidade aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio? É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. 19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite 27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença suplementar. 21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade. No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual quase tudo lhe escapava 24 ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25, 31ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, mas 4__________ observação, meu grau de humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas indicadas pelas referências 1, 2, 3 e 4 do texto.
(UFRGS/2015) 01. À porta do Grande Hotel, pelas duas da 02. tarde, Chagas e Silva postava-se de palito à 03. boca, como se tivesse descido do restaurante 04. lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, 05. que somente ali se comesse bem em Porto 06. Alegre. Longe disso! A Rua da Praia que o 07. diga, ou melhor, que o dissesse. O faz de 08. conta do inefável personagem ligava-se mais 09. à importância, à moldura que aquele portal 10. lhe conferia. Ele, que tanto marcou a rua, 11. tinha franco acesso às poltronas do saguão 12. em que se refestelavam os importantes. 13. Andava dentro de um velho fraque, usava 14. gravata, chapéu, bengala sob o braço, barba 15. curta, polainas e uns olhinhos apertados na 16 ......... bronzeada. O charuto apagado na boca, 17. para durar bastante, era o toque final dessa 18. composição de pardavasco vindo das Alagoas. 19. Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 20. 1928. Fixou-se na Rua da Praia, que percorria 21. com passos lentos, carregando um ar de 22. indecifrável importância, tão ao jeito dos 23. grandes de então. Os estudantes tomaram 24. conta dele. Improvisaram comícios na praça, 25. carregando-o nos braços e fazendo-o 26. discursar. Dava discretas mordidas e 27. consentia em que lhe pagassem o cafezinho. 28. Mandava imprimir sonetos, que trocava por 29. dinheiro. 30. Não era de meu propósito ocupar-me do 31. doutor Chagas e, sim, de como se comia 32. bem na Rua da Praia de antigamente. Mas ele 33. como que me puxou pela manga e levou-me 34. a visitar casas por onde sua imaginação de 35. longe esvoaçava. 36. Porto Alegre, sortida por tradicionais 37. armazéns de especialidades, dispunha da 38. melhor matéria-prima para as casas de pasto. 39. Essas casas punham ao alcance dos gourmets 40. virtuosíssimos secos e molhados vindos de 41. Portugal, da Itália, da França e da Alemanha. 42. Daí um longo e ........ período de boa comida, 43. para regalo dos homens de espírito e dos que 44. eram mais estômago que outra coisa. 45. Na arte de comer bem, talvez a dificuldade 46. fosse a da escolha. Para qualquer lado que o 47. passante se virasse, encontraria salões 48. ornamentados, .... .. .. maiores ou menores, 49. tabernas ou simples tascas. Adaptado de: RUSCHEl, Nilo. Rua da Praia. Porto Alegre: Editora da Cidade, 2009. p. 110-111. Assinale a alternativa que apresenta a correta passagem de segmento do texto da voz ativa para a voz passiva.
(UFRGS - 2015) [1] Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas. Essa situao impede uma viso global, uma viso [5] fundamental e uma viso complexa. Complexidade vem da palavra latina complexus , que significa a compreenso dos elementos no seu conjunto. As disciplinas costumam excluir tudo o que [10] se encontra fora do seu campo de especializao. A literatura, no entanto, uma rea que se situa na incluso de todas as dimenses humanas. Nada do humano lhe estranho, estrangeiro. [15] A literatura e o teatro so desenvolvidos como meios de expresso, meios de conhecimento, meios de compreenso da complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de incluso da literatura: a [20] incluso da complexidade humana. E vamos ver ainda outras incluses: a incluso da personalidade humana, a incluso da subjetividade humana e, tambm, muito importante, a incluso do estrangeiro, do [25] marginalizado, do infeliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana. A incluso da complexidade humana necessria porque recebemos uma viso mutilada do humano. Essa viso, a de homo [30] sapiens , uma definio do homem pela razo; de homo faber , do homem como trabalhador; de homo economicus , movido por lucros econmicos. Em resumo, trata-se de uma viso prosaica, mutilada, que esquece [35] o principal: a relao do sapiens/demens , da razo com a demncia, com a loucura. Na literatura, encontra-se a incluso dos problemas humanos mais terrveis, coisas insuportveis que nela se tornam suportveis. [40] Harold Bloom escreve: Todas as grandes obras revelam a universalidade humana atravs de destinos singulares, de situaes singulares, de pocas singulares. essa a razo por que as obras-primas atravessam [45] sculos, sociedades e naes. Agora chegamos parte mais humana da incluso: a incluso do outro para a compreenso humana. A compreenso nos torna mais generosos com relao ao outro, e [50] o criminoso no unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla. A literatura, o teatro e o cinema so os melhores meios de compreenso e de [55] incluso do outro. Mas a compreenso se torna provisria, esquecemo-nos depois da leitura, da pea e do filme. Ento essa compreenso que deveria ser introduzida e desenvolvida em nossa vida pessoal e social, [60] porque serviria para melhorar as relaes humanas, para melhorar a vida social. Adaptado de: MORIN, Edgar. A incluso: verdade daliteratura. In: RSING, Tnia et al. Edgar Morin:religando fronteiras. Passo Fundo: UPF, 2004. p.13-18 Na coluna da esquerda, esto palavras retiradas do texto; na da direita, descries relacionadas formao de palavras. Associe corretamente a coluna da esquerda da direita. ( )complexidade(l. 06, 18, 20, 27) ( )definio(l. 30) ( )insuportveis(l. 39) ( )obras-primas(l. 44) 1- Constituda por composio atravs de justaposio. 2- Constituda por prefixo com sentido de negao e sufixo formador de adjetivos a partir de verbos. 3- Constituda por sufixo formador de substantivo a partir de adjetivo. 4- Constituda por sufixo formador de substantivo a partir de verbo. 5- Constituda por aglutinao, tendo em vista a mudana silbica de um dos elementos do vocbulo. A sequncia correta de preenchimento dos parnteses, de cima para baixo,
(Ufrgs 2015) Leia abaixo o soneto de Gregório de Matos Guerra, e Poesia, de Carlos Drummond de Andrade. A certa personagem desvanecida Um soneto começo em vosso gabo: Contemos esta regra por primeira; Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo, Na quinta torce agora a porca o rabo; A sexta vá também d esta maneira: Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo. Agora nos tercetos que direi: Direi que vós, Senhor, a mim me honrais Gabando-vos a vós, e eu fico um rei. Nesta vida um soneto já ditei; Se desta agora escapo, nunca mais: Louvado seja Deus, que o acabei. ____________________________________________________________________________________________________________________________ Poesia Gastei uma hora pensando em um verso que a pena não quer escrever. No entanto de está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. ___________________________________________________________________________________________________________________________________________ Considere as seguintes afirmações sobre os dois textos. I. Os dois poemas, embora reflitam sobre o fazer poético, encararam-no de modo diverso. II. A criação poética, para Gregório de Matos Guerra, é árdua, mesmo com a ajuda do rei e com a inspiração divina. III. A criação poética, para Drummond, é árdua, por ser um ato interno que requer persistência, pois nem sempre a inspiração gera um poema. Quais estão corretas?