(UFU - 2021 - MEDICINA)O ambiente artstico da Rssia nos anos anteriores Revoluo de 1917 era de uma efervescncia impressionante. A cada dia surgia um novo movimento de vanguarda, um novo manifesto era lido nos bares de Moscou, frequentados por jovens artistas. Serge Diaghilev, numa entrevista datada de 1913, quando chegou a Paris, disse, a propsito do ambiente artstico de Moscou naquela poca: Vinte escolas nascem em um ms. O Futurismo e o Cubismo so a antiguidade, a pr-histria. Em trs dias, a gente se torna acadmico. GULLAR, Ferreira. As vanguardas russas. Arte e informao. Ano 1, n 5, dez. 2001. So Paulo: Editora Ar de Paris. (Fragmento) No fragmento acima, a fora do depoimento de Serge Diaghilev e sua consequente fora argumentativa, no trecho considerado, decorre do emprego que Diaghilev faz do recurso da
(UFU - 2021 - 1 fase) (1) Ser ou no ser, eis a questo (famosa frase dita por Hamlet, clebre personagem literrio, durante o monlogo da primeira cena do terceiro ato da pea de William Shakespeare) (2) Ter ou no ter, eis a questo (retirado do livro: TOLOTTI, Mrcia. As armadilhas do consumo: acabe com o endividamento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 5) Na pea de Shakespeare, o enunciado (1) Ser ou no ser, eis a questo expressa o conflito de Hamlet, que se encontra entre a escolha por viver ou morrer, isto , entre aceitar a existncia com sua dor inerente ou acabar com a vida (e sofrer externas punies por ser um suicida). O enunciado (2) Ter ou no ter, eis a questo uma pardia de (1). O seu uso no livro de Mrcia Tolotti objetiva
(UFU - 2021 - 1 fase) Assim comea o conto O nmero da sepultura, de Lima Barreto. Que podia ela dizer, aps trs meses de casada, sobre o casamento? Era bom? Era mau? No se animava a afirmar nem uma cousa, nem outra. Em essncia, aquilo lhe parecia resumir-se em uma simples mudana de casa. BARRETO, Lima. O homem que sabia javans e outros contos, p. 16. Sobre os elementos narrativos que compem esse conto, assinale a alternativa correta.
(UFU - 2021 - MEDICINA)Abaixo est colocado um trecho situado na Cena V do Segundo Ato da pea teatral O novio, escrita por Martins Pena, em que se veem vrios personagens centrais da trama. O NOVIO Ato Segundo - Cena V (excerto) [...] AMBRSIO Decerto! ( parte:) Quer fazer-me alguma. FLORNCIA Ai, vida da minha alma! AMBRSIO, parte O patife muito capaz... CARLOS Mas ns, os homens, somos to falsos assim dizem as mulheres , que no admira que o tio... AMBRSIO, interrompendo-o Carlos, tratemos da promessa que te fiz. CARLOS verdade; tratemos da promessa. ( parte:) Tem medo, que se pela! AMBRSIO Irei hoje mesmo ao convento falar ao D. Abade, e dir-lhe-ei que temos mudado de resoluo a teu respeito. E de hoje em quinze dias, senhora, espero ver esta sala brilhantemente iluminada e cheia de alegres convidados para celebrarem o casamento de nosso sobrinho Carlos com minha cara enteada. (Aqui entra pelo fundo o mestre dos novios, seguidos dos meirinhos e permanentes, encaminhando-se para a frente do teatro.) CARLOS Enquanto assim praticardes, tereis em mim um amigo. EMLIA Senhor, ainda que no possa explicar a razo de to sbita mudana, aceito a felicidade que me propondes, sem raciocinar. Darei a minha mo a Carlos, no s para obedecer a minha me, como porque muito o amo. CARLOS Cara priminha, quem ser capaz agora de arrancar-me de teus braos? MESTRE, batendo-lhe no ombro Estais preso. (Espanto dos que esto em cena) PENA, Martins. O novio. [s.l.]: Klik. p. 29-30. Disponvel em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000282.pdf. Acesso em: 15 jun. 2021. Sobre o funcionamento do texto dramtico, de que o excerto em anlise exemplar, assinale a alternativa que apresenta a afirmativa INCORRETA.
(UFU - 2021 - MEDICINA)Abaixo, encontram-se dois textos poticos inscritos no Modernismo brasileiro, o primeiro contm um trecho de Acalanto do seringueiro, de Mrio de Andrade; e o segundo traz um trecho do poema em que Carlos Drummond homenageia Mrio de Andrade, por ocasio da morte deste. ACALANTO DO SERINGUEIRO Seringueiro brasileiro, Na escureza da floresta Seringueiro, dorme. Ponteando o amor eu forcejo Pra cantar uma cantiga Que faa voc dormir. Que dificuldade enorme! Quero cantar e no posso, Quero sentir e no sinto A palavra brasileira Que faa voc dormir... S eringueiro, dorme... [....] Seringueiro, eu no sei nada! E no entanto estou rodeado Dum despotismo de livros, Estes mumbavas* que vivem. *mumbavas: parasitas Chupitando vagarentos O meu dinheiro o meu sangue E no do gosto de amor... Me sinto bem solitrio No mutiro de sabena Da minha casa, amolado Por tantos livros geniais, sagrados, como se diz... E no sinto os meus patrcios! E no sinto os meus gachos! Seringueiro dorme... E no sinto os seringueiros Que amo de amor infeliz... [...] ANDRADE, Mrio de. O cl do jabuti. So Paulo: Poeteiro Editor Digital, 2016, p. 36-8. MRIO DE ANDRADE DESCE AOS INFERNOS [...] III O meu amigo era to de tal modo extraordinrio, cabia numa s carta, esperava-me na esquina, e j um poste depois ia descendo o Amazonas, tinha coletes de msica, entre cantares de amigo pairava na renda fina dos Sete Saltos, na serrania mineira, no mangue, no seringal, nos mais diversos brasis, e para alm dos brasis, nas regies inventadas, pases a que aspiramos, fantsticos, mas certos, inelutveis, terra de Joo invencvel, a rosa do povo aberta [...] ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. So Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 154-5. Sobre a relao entre os dois textos poticos e o modo pelo qual eles exemplificam a relao que se estabeleceu entre a potica de Drummond e a potica de Mrio de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA.
(UFU - 2021 - 1 fase)Um dos personagens centrais de A cor prpura, romance de Alice Walker, Albert (o Sinh) envolve-se com vrias personagens femininas da narrativa e, com cada uma delas, desenvolve relacionamentos distintos, ainda que constantemente perpassados pelo machismo. Assinale a alternativa que apresenta de forma INCORRETA uma das relaes amorosas-sexuais que Albert assume ao longo da trama.
(UFU - 2021 - MEDICINA)No conto O homem que sabia javans, um dos mais conhecidos contos de Lima Barreto, o protagonista Castelo narra seus sucessos como um suposto conhecedor de javans, que se vale de sua esperteza para obter um posto de chefe de consulado em Havana. [...] Passei a ser uma glria nacional e, ao saltar no cais Pharoux, recebi uma ovao de todas as classes sociais e o presidente da repblica, dias depois, convidava-me para almoar em sua companhia. Dentro de seis meses fui despachado cnsul em Havana, onde estive seis anos e para onde voltarei, a fim de aperfeioar os meus estudos das lnguas da Malaia, Melansia e Polinsia. fantstico, observou Castro, agarrando o copo de cerveja. Olha: se no fosse estar contente, sabes que ia ser? Que? Bacteriologista eminente. Vamos? Vamos. BARRETO, Lima. O homem que sabia javans e outros contos. Curitiba: Polo Editorial do Paran, 1997, p. 8. Disponvel em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000153.pdf. Acesso em: 02 jun. 2021.] Sobre o lugar das malandragens de Castelo no contexto da obra de Lima Barreto, assinale a alternativa INCORRETA.
(UFU - 2021 - 1 fase)No livro A rosa do povo, Carlos Drummond de Andrade recorre manipulao de elementos autobiogrficos para atingir uma reflexo universal como o trecho do poema Amrica, colocado abaixo, exemplifica bem. AMRICA (Trecho) Ah, por que tocar em cordilheiras e oceanos! Sou to pequeno (sou apenas um homem) e verdadeiramente s conheo minha terra natal, dois ou trs bois, o caminho da roa, alguns versos que li h tempos, alguns rostos que contemplei. Nada conto do ar e da gua, do mineral e da folha, ignoro profundamente a natureza humana e acho que no devia falar nessas coisas. Uma rua comea em Itabira, que vai dar no meu corao. Nessa rua passam meus pais, meus tios, a preta que me criou. Passa tambm uma escola - o mapa -, o mundo de todas as cores. Sei que h pases roxos, ilhas brancas, promontrios azuis. A terra mais colorida do que redonda, os nomes gravam-se em amarelo, em vermelho, em preto, no fundo cinza da infncia. Amrica, muitas vezes viajei nas tuas tintas. Sempre me perdia, no era fcil voltar. O navio estava na sala. Como rodava! As cores foram murchando, ficou apenas o tom escuro, no mundo escuro. Uma rua comea em Itabira, que vai dar em qualquer ponto da terra. Nessa rua passam chineses, ndios, negros, mexicanos, turcos, uruguaios. Seus passos urgentes ressoam na pedra, ressoam em mim. Pisado por todos, como sorrir, pedir que sejam felizes? Sou apenas uma rua numa cidadezinha de Minas humilde caminho da Amrica. ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. So Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.121-3. Considerando-se o trecho acima, assinale a alternativa correta.
(UFU - 2021 - 1 fase)Martins Pena foi, sem dvida, um pioneiro na formao do teatro brasileiro, o primeiro dramaturgo com amplo sucesso de pblico a abordar dilemas peculiares nossa sociedade. Sobre a presena das questes brasileiras na produo teatral de Martins Pena, assinale a alternativa correta.
(UFU - 2021 - MEDICINA)Um dos protagonistas de O cortio, romance de Alusio de Azevedo, Joo Romo descrito, desde o incio da narrativa, como uma pessoa cuja vida focada em acumular riquezas: Proprietrio e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se labutao ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delrio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privaes. AZEVEDO, Alusio. O cortio. Rio de Janeiro: Fundao Biblioteca Nacional, s/d, p. 2. Disponvel em http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/cortico.pdf. Acesso em: 15 abr. 2021. Sobre a forma pela qual a ambio do personagem Joo Romo desenvolvida no enredo, assinale a afirmativa correta.
(UFU - 2021 - 1 fase)Personagem de O cortio, o mestre de capoeira Firmo era amante de longa data de Rita Baiana, mas essa vai se envolvendo com o portugus Jernimo, gerando uma disputa amorosa que movimenta a narrativa, como se v no trecho abaixo. Mas, l pelo meio do pagode, a baiana cara na imprudncia de derrear-se toda sobre o portugus e soprar-lhe um segredo, requebrando os olhos. Firmo, de um salto, aprumou-se ento defronte dele, medindo-o de alto a baixo com um olhar provocador e atrevido. Jernimo, tambm posto de p, respondeu altivo com um gesto igual. [...] E, no meio da grande roda, iluminados amplamente pelo capitoso luar de abril, os dois homens, perfilados defronte um do outro, olhavam-se em desafio. Jernimo era alto, espadado, construo de touro, pescoo de Hrcules, punho de quebrar um coco com um murro: era a fora tranquila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o portugus, pernas e braos secos, agilidade de maracaj: era a fora nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, slido e resistente; o outro, ligeiro e destemido, mas ambos corajosos. AZEVEDO, Alusio. O cortio. Rio de Janeiro: Fundao Biblioteca Nacional, s/d, p. 81-2. Disponvel em: dominiopublico.gov.br. Para compor Firmo, Alusio de Azevedo observou de perto os capoeiristas cariocas do final sculo XIX, que tinham presena marcante na vida da cidade desde ento. Em 1962, Vincius de Moraes e Baden Powell compuseram o afro-samba Berimbau tambm tratando do universo da capoeira. BERIMBAU Quem homem de bem No trai! O amor que lhe quer Seu bem! Quem diz muito que vai No vai! E assim como no vai No vem!... Quem de dentro de si No sai! Vai morrer sem amar Ningum! O dinheiro de quem No d! o trabalho de quem No tem! Capoeira que bom No cai! E se um dia ele cai Cai bem!... Capoeira me mandou Dizer que j chegou Chegou para lutar Berimbau me confirmou Vai ter briga de amor Tristeza camar*... MORAES, Vincius de; POWELL, Baden. In: Vincius Odette Lara (1963). Intrprete: Vincius de Moraes. Rio de Janeiro: Universal Music, 2013. Compact Disc. * Camar: corruptela de camarada, termo tpico da capoeira, indica o companheiro de roda; parceiro, amigo. Assinale a alternativa que NO estabelece uma comparao entre a representao da capoeira ao longo do enredo de O cortio e da cano Berimbau.
(UFU - 2021 - MEDICINA)O romance A cor prpura, de Alice Walker, tem forma de narrativa epistolar, em que so apresentadas principalmente cartas que as irms Celie e Nettie escreveram durante anos. Nesse formato de romance, vrias caractersticas tpicas do gnero epistolar so agregadas ao texto ficcional. Assinale a alternativa que apresenta de forma correta a presena de elementos da epistolografia em A cor prpura.
(UFU - 2021 - MEDICINA)A obra de Martins Pena foi uma das pioneiras em representar a malandragem carioca, fenmeno complexo, cuja figura central (o malandro) se coloca nas fronteiras entre o certo e o errado. Uma das teses elaboradas para explicar a malandragem associa seu surgimento existncia, sobretudo no Rio de Janeiro imperial, de muitos homens livres pobres, numa sociedade em que o trabalho braal era reservado aos escravos Pobre e indisponvel para o trabalho duro, o malandro forjava estratagemas diversos para obter recursos que lhe permitissem a sobrevivncia e mesmo, num golpe de sorte, galgar as posies dominantes da sociedade. Como ensina o ditado popular: Malandro o cavalo marinho, que finge que peixe pra no puxar carroa. A partir dessas reflexes e do ditado popular referido, assinale a alternativa que associa corretamente as personagens de O novio em sua relao com as ambivalncias da malandragem.
(UFU - 2021 - 1 fase)A pea O novio, de Martins Pena, publicada e apresentada em 1845, compe-se como uma comdia, que tem como conflito central a crtica sociedade de seu tempo. Assinale a afirmativa que apresenta corretamente a concepo a partir da qual a pea se desenvolve.
(UFU - 2021 - MEDICINA)Apesar de curto, o conto de Lima Barreto Quase ela deu o sim; mas..., aborda com nitidez as dificuldades e os dilemas da vida dos moradores dos subrbios cariocas nos princpios do sculo XX, mas diversos costumes e problemas da poca ainda podem ser percebidos nas comunidades perifricas das metrpoles brasileiras. Sobre a persistncia da realidade social, representada no conto at os tempos atuais, assinale a afirmativa INCORRETA.