(UFU-MG-2014-Meio do ano) Texto I Joaquim Barbosa anunciou que pretende renunciar ao Supremo Tribunal Federal e, sobre isso, distribuiu nota oficial que deve ser lida nas entrelinhas. Ele mascara a deciso anunciada. Inicialmente, com certa presuno, diz que no candidato a presidente nas eleies de 2014 e reitera, aos 59 anos, o desejo de no permanecer no Supremo at a idade de 70 anos. No define, porm, o momento da sada. Texto II Para entender aes e reaes do presidente do Supremo, preciso cautela. Note-se que ele descarta a disputa pela Presidncia nas eleies de 2014. Ou seja, ele admite que pode ser um nome para a eleio de 2018. Talvez, por isso, no tenha bloqueado a opo pela poltica no comunicado oficial. Para tanto, Joaquim Barbosa precisar construir o caminho. Certamente, a partir do Rio de Janeiro, onde mora e transita sob aplausos de eleitores da zona sul. O esfingtico presidente do STF tem at o ms de abril para decidir se aceita um dos convites que recebeu para disputar o Senado. MOSSO, Andante. Carta Capital, So Paulo, ano 20, n. 788, p. 17, fev. 2014. H algum tempo, cogita-se, no meio jornalstico, a possibilidade de o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, concorrer s prximas eleies para presidente da Repblica. Nos textos que tratam desse assunto, as aspas
(UFU - 2014 - Meio do ano) Cantiga de Amor Mulheres neste mundo de meu Deus Tenho visto muitas grandes, pequenas, Ruivas, castanhas, brancas e morenas. E amei-as, por mal dos pecados meus! Mas em parte alguma vi, ai de mim, Nenhuma que fosse bonita assim! Andei por So Paulo e pelo Cear (No falo em Pernambuco, onde nasci) Bahia, Minas, Belm do Par... De muito olhar de mulher j sofri! Mas em parte alguma vi, ai de mim, Nenhuma que fosse bonita assim! Atravessei o mar e, no estrangeiro, Em Paris, Basilia e nos Grises, Lugano, Gnova por derradeiro, Vi mulheres de todas as naes. Mas em parte alguma vi, ai de mim, Nenhuma que fosse bonita assim! Mulher bonita no falta, ai de mim! Nenhuma, porm, to bonita assim! BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1996.p.418-419. Em relao aos elementos constitutivos do poema, correto afirmar que Manuel Bandeira
(UFU-MG-2014 - Meio do ano) O grupo se reuniu na casa do Jorge pra ler junto O Abraço, e aí a gente combinou quem fazia o que e quem se vestia de quê. É um conto meio estranho esse teu, não é não? ainda mais com aquela misturada que você fez de gente falando com bicho, de bicho falando com planta, feito coisa que não tem muita diferença entre um e outro. BOJUNGA, Lygia. O abraço. 6. ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2010. p. 11. Considerando os procedimentos narrativos de O abraço, é correto afirmar que:
(UFU-MG-2014 - Meio do ano) Mas, de supetão, uma espécie de frango esquisito, meio carijó, meio marrom, pulou no chão do terreiro e correu atrás da garnisé branquinha, que, espaventada, fugiu. O galo pedrês investiu, de porrete. Empavesado e batendo o monco, o peru grugulejou. A galinha choca saltou à frente das suas treze familiazinhas. E, aí, por causa do bico adunco, da extrema elegância e do exagero das garras, notei que o tal frango era mesmo um gavião. Não fugiu: deitou-se de costas, apoiado na cauda dobrada, e estendeu as patas, em guarda, grasnando ameaças com muitos erres. Para assustá-lo, o galo separou as penas do pescoço das do corpo, fazendo uma garbosa gola; avançou e saltou, como um combatente malaio, e lascou duas cacetadas, de sanco e esporão. Aí o gavião fez mais barulho, com o que o galo retrocedeu. E o gavião aproveitou a folga para voar para a cerca, enquanto o peru grugulejava outra vez, com vários engasgos. Nunca pensei que um gavião pudesse ser tão covarde e idiota... eu disse. Maria Irma riu. Mas este não é gavião do campo! É manso. É dos meninos do Norberto... Vem aqui no galinheiro, só porque gosta de confusão e algazarra. Nem come pinto, corre de qualquer galinha... Claro! Gavião civilizado... Ulalá... Perdeu duas penas... O sorriso de Maria Irma era quase irônico. Não me zanguei, mas também não gostei. ROSA, Guimarães. Minha gente. In: Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 241-242. (fragmento) No trecho acima, a briga entre as aves remete ao seguinte tema desenvolvido no conto Minha Gente:
(UFU-MG-2014 -Meio do ano) Os personagens de Felicidade clandestina, de Clarice Lispector, desenvolvem, a partir de acontecimentos corriqueiros do cotidiano, reflexões a respeito da existência e uma densa viagem de auto-conhecimento. A partir deste pressuposto, é correto afirmar que:
(UFU-MG-2014 -Meio do ano)Ismael:Eles morreram porque eram pretos... Virgínia (com terror)Foi o destino. Ismael(contendo-se ainda) _ Porque eram pretos . (novo tom)Pensas que eu não sei? Virgínia (recuando num sopro de voz)Não, Ismael, não!... Ismael Que fizeste com meus filhos? Virgínia ( apavorada)NadaNão fiz nada.... RODRIGUES, Nelson. Anjo Negro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, p.51. Com base na leitura do trecho acima e na leitura da obra Anjo Negro, assinale a alternativa correta.
(UFU-MG-2014 -Meio do ano) A história de vida de Ivan Ilitch foi das mais simples, das mais comuns e portanto das mais terríveis. TOLSTOI, Leon. A morte de Ivan Ilitch. Porto Alegre: LPM, 1999, p.20. Em A morte de Ivan Ilitch,
(UFU-MG-2014 -Meio do ano) A muito custo, devido às insistências de Dona Margarida, consentira em ajudá-la nos bordados, trabalhados para fora, com o que ia ganhando algum dinheiro. Não que ela fosse vadia, ao contrário, mas tinha um tolo escrúpulo de ganhar dinheiro por suas próprias mãos. Parecia tolo a uma moça ou a uma mulher. BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo: Tecnoprint/Ediouro, s/d, p.72. Em relação às personagens D. Margarida e Clara, é correto afirmar que:
(UFU - 2013) Embora se integrassem nele figuras e grupos preocupados de construir, o esprito modernista que avassalou o Brasil, que deu o sentido histrico da Inteligncia nacional desse perodo, foi destruidor. Mas esta destruio, no apenas continha todos os germes da atualidade, como era uma convulso profundssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que o movimento modernista imps, , a meu ver, a fuso de trs princpios fundamentais: O direito permanente pesquisa esttica; a atualizao da inteligncia artstica brasileira; e a estabilizao de uma conscincia criadora nacional. ANDRADE, Mrio de. O movimento modernista. In: Aspectos da literatura brasileira. So Paulo: Martins, 1978. p. 242. A viso de Mrio de Andrade, sobre o primeiro momento do Modernismo Brasileiro, apresentada acima, relacionava:
(UFU - 2012) Leia o poema a seguir. Soneto ps-moderno Cinema Novo, Bossa Nova, tudo novo nesta terra! A velharia nos vem s do estrangeiro. O que seria do Chaplin sem o velho cine mudo? Temos tempos modernos! Tambm mudo meu modo de pensar a poesia. Concreto e verso livre contagia, mas algo mais frente aguarda estudo: o raio do soneto, que ora volta liberto das amarras do conceito e sem as igrejinhas de escolta. Depois do modernismo, vem refeito. At o vocabulrio j se solta: ao puro, e ao sujo est sujeito. MATTOSO, Glauco. Panaceia: sonetos colaterais. So Paulo: Nankin Editorial, 2000. p. 78. Com base na leitura do texto acima, correto afirmar que o poema
(UFU/2007) Leia os textos a seguir. TEXTO A Ela nascera com maus antecedentes e agora parecia uma filha de um não-sei-o-quê com ar de se desculpar por ocupar espaço. No espelho distraidamente examinou de perto as manchas no rosto. Em Alagoas chamavam-se panos, diziam que vinham do fígado. Disfarçava os panos com grossa camada de pó branco e se ficava meio caiada era melhor que o pardacento. Ela toda era um pouco encardida pois raramente se lavava. De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente, embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio. [...] Só eu a amo. Clarice Lispector. A hora da estrela. TEXTO B Uma nordestina Ela é uma pessoa no mundo nascida. Como toda pessoa é dona da vida. Não importa a roupa de que está vestida. Não importa a alma aberta em ferida. Ela é uma pessoa e nada a fará desistir da vida. Nem o sol de inferno a terra ressequida a falta de amor a falta de comida. É mulher é mãe: rainha da vida. De pés na poeira de trapos vestida é uma rainha e parece mendiga: a pedir esmolas a fome a obriga. Algo está errado nesta nossa vida: ela é uma rainha e não há quem diga. Ferreira Gullar. Melhores poemas. a) Cite dois elementos constitutivos do poema que contribuem para acentuar o seu caráter de apelo popular. b) Compare os textos e discorra sobre a descrição da nordestina, considerando: - as perspectivas diferentes do narrador e sujeito lírico. - os aspectos convergentes das opiniões do narrador e sujeito lírico.
(UFU/2007) Leia o poema seguinte e assinale a alternativa correta. Filhos A meu filho Marcos Daqui escutei quando eles chegaram rindo e correndo entraram na sala e logo invadiram também o escritório (onde eu trabalhava) num alvoroço e rindo e correndo se foram com sua alegria se foram Só então me perguntei por que não lhes dera maior atenção se há tantos e tantos anos não os via crianças já que agora estão os três com mais de trinta anos. Ferreira Gullar. Melhores poemas.
(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide. Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac. A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...) (...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as Pombas do Raimundo. Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma. Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
(UFU - 2006) Ni uma bela cidade que vive, hoje, sob regime democrtico. No passado remoto, quando os senhores de terra e de escravos mandavam em tudo, um punhado de homens destemidos decidiu lutar para instituir na cidade o respeito s leis, perante as quais todos seriam iguais. A luta foi dura e sangrenta, resultando em perseguies e mortes. Quase todos os integrantes desse grupo rebelde foram executados; apenas um deles sobreviveu e conseguiu deixar a cidade dentro de um saco de aniagem. Os chefes militares aproveitaram-se da rebelio para dar o golpe e tomar o poder. Assim, durante duas dcadas, reinou em Ni a paz dos cemitrios. Os donos de terra tiveram de ceder parte de suas propriedades aos novos senhores, enquanto os descontentes que decerto os havia nada diziam, pois qualquer crtica ao regime provocava brutais represlias. Por isso, segundo se conta, alguns mais revoltados, na nsia de manifestar seu descontentamento, cavavam buracos no quintal de sua casa, metiam a cabea neles at o pescoo e berravam insultos e improprios contra a ditadura militar. H quem afirme que esses gritos de raiva entranhando-se no solo fizeram nascer estranhos arbustos, de folhas afiadas feito navalhas, e que dessas navalhas se valeu a populao para numa noite de trrido e sufocante vero, quando o cu ardia feito um tacho incandescente emborcado sobre Ni invadir os quartis e cortar os colhes de todos os generais e, em seguida, decapit-los com a ajuda da tropa sublevada. Parece que, no entanto, a verdade histrica outra: a rebelio teria surgido aos poucos, quando as pessoas comearam a cochichar em cozinhas e mictrios pblicos, dando incio secreta mobilizao que, de repente, como uma onda gigante (um tsunami), invadiu os quartis e as manses dos poderosos, afogando a todos. O lder rebelde, que se havia exilado e que voltara clandestinamente, foi quem encabeou a rebelio do cochicho, pois com este nome passou ela histria. Derrotada a ditadura, o lder props que se institussem na cidade eleies livres para todos os cargos de governo, dos deputados ao governador. Criaram-se os partidos, e as eleies culminaram com a vitria do lder revolucionrio. Ele, ento, deu incio a grandes mudanas com a desapropriao de parte das terras para a reforma agrria e com mais recursos para a indstria que fizeram crescer a classe operria e, com isso, surgirem sindicatos mais fortes. Emergem, ento, lderes operrios, que passam a atuar na vida poltica de Ni. Aprovou-se uma legislao que consagrava os direitos bsicos dos trabalhadores. A cidade viveu, ento, o melhor momento de sua histria, com a multiplicao de escolas, bibliotecas pblicas, hospitais, servio de saneamento e proteo ambiental. Os anos se passaram, Ni continuou a crescer e cada vez mais rapidamente, com a migrao de pessoas que at ento viviam no campo ou nas cidades vizinhas. Esse aumento inesperado da populao alterou a estrutura urbana de Ni, uma vez que, como cogumelos, se multiplicavam os casebres de zinco e papelo que foram brotando em torno da cidade at aprision-la num cinturo de misria e violncia. Logo apareceram polticos que se voltaram para essas reas pobres e nela desenvolveramuma pregao oportunista que lhes valeu muitos votos. Prometiam quela gente necessitada casas, alimentos e transporte quase de graa. Um deles conseguiu elegerse governador, mas no teve futuro, j que o que prometera era impossvel de cumprir. Pouco depois, um lder operrio, que se destacara por seu carisma, conseguiu chegar ao poder para a euforia da maior parte da populao, convencida de que, enfim, estando frente do governo um homem nascido do povo, seus problemas seriam resolvidos. Ele disse que, em seu governo, ningum passaria fome nem moraria ao relento, repetiam os seus seguidores mais ardorosos. Mas a euforia do dia da posse no durou muito: o governador revelou-se um boquirroto, que mais discursava que trabalhava. Acostumado a criticar o governo, no se deu conta de que era, ento, governo e, para o espanto de todos, clamava pela soluo dos problemas como se no fosse ele o responsvel por enfrent-los. Em face disso, o otimismo popular transformou-se, primeiro, em desencanto e, depois, em irritao e revolta, enquanto o governo, para contentar seus aliados, aumentava os gastos oficiais e escorchava o povo com novos impostos. A revolta agravou-se com a notcia de que a corrupo grassava no governo e na Cmara de Deputados. O povo enfureceu-se ainda mais porque os deputados aprovaram novos gastos em benefcio prprio. As tentativas de deter o descalabro de nada valeram, uma vez que os corruptos contavam com a complacncia de seus colegas, e o Judicirio, fazendo vista grossa, no punia ningum. S a imprensa se negava a aceitar semelhante situao, mas as denncias caam no vazio. Parecia impossvel escapar de semelhante impasse. No obstante, nestas ltimas semanas, correm boatos de que, de novo, nas cozinhas, nos mictrios pblicos e nos mercados de peixe, o povo voltou a cochichar, deixando de orelha em p os donos do poder, ainda que at agora ningum tenha pronunciado a palavra tsunami. FERREIRA GULLAR. Folha de S. Paulo de 22 de maio de 2005. Em relao ao texto, pode-se afirmar que
(Ufu 2006) Leia o fragmento de Srgio Santanna, extrado da narrativa Uma carta. E o que realmente importaria, ento, no seria o destinatrio, nem mesmo a autora, mas a construo utpica, o gozo do corpo na razo, a carta em sua autonomia. Parta do trecho apresentado para marcar a alternativa INCORRETA.