(AFA - 2023)
TEXTO I
Carta
Nela [terra], até agora, não pudemos saber que haja | |
ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem | |
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim | |
frios e temperados, como os de Entre Douro e Minho, | |
5 | porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. |
As águas são muitas; infindas. E em tal maneira é | |
graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, | |
por bem das águas que tem. | |
Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me | |
10 | parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a |
principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. | |
E que aí não houvesse mais que ter aqui esta | |
pousada para esta navegação de Calecute, bastaria. | |
Quando mais disposição para se nela cumprir e fazer o que | |
15 | Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa santa fé. |
(CAMINHA, Pero Vaz de. “Carta”. In: PEREIRA, Paulo Roberto Dias. (Org.) Os três únicos testemunhos do descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: Lacerda Ed., 1999, p. 58.)
Assinale a alternativa INCORRETA sobre o trecho da “Carta” de Pero Vaz de Caminha:
O uso dos verbos “saber” (linha. 1) e “ver” (linha. 3) e da conjunção “nem” repetida (linha. 2) mostra a importância que o ouro, a prata e outros metais tinham para o destinatário da carta.
O emprego da conjunção adversativa “porém”, no primeiro parágrafo, introduz uma ideia contrária à expectativa do destinatário.
A presença do conectivo “porém”, no terceiro parágrafo, introduz uma ideia contrária à contida na expressão “...dar-se-á nela tudo...”, no segundo parágrafo.
Os substantivos “fruto” e “semente”, no terceiro parágrafo, apresentam sentido denotativo, acompanhando o sentido do verbo “dar” na expressão: “...dar-se-á nela tudo...”