(ENEM - 2012)
Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
Já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha da alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify,2002.
O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
“morcegos”, “cabras”, e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.
o “porco” , animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.
“centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.