(UFU - 2020 - 1ª FASE) O romance O cortiço, de Aluísio de Azevedo, publicado originalmente em 1890, consta como uma obra máxima do movimento Naturalista no Brasil, sendo um marco da literatura de denúncia no nosso país.
Sobre a presença da estética naturalista e da crítica social em O cortiço, assinale a alternativa INCORRETA.
Azevedo analisa o fenômeno dos cortiços que ocupavam o centro carioca a partir da noção de “romance experimental” (proposta por Émile Zola). Sendo assim, sua narrativa assume um tom imparcial para tratar dos moradores do cortiço, insurgindo-se contra a visão negativa com que eles eram mostrados pela imprensa do tempo.
Seguindo preceitos inspirados pelo pensamento científico do século XIX – tais como a observação objetiva do meio e a escrita de caráter documental –, O cortiço compõe uma síntese detalhada da situação precária com que os habitantes mais pobres do Rio de Janeiro se integravam ao universo urbano desde então.
Ao basear o desenvolvimento dos personagens do romance em hipóteses sociológicas e biológicas em voga na época, Azevedo procurou expor como uma estrutura social injusta acaba gerando um ciclo de degradação humana que, no decorrer do enredo, determina o destino de cada indivíduo e da coletividade.
Em busca de um retrato fiel do cotidiano, a estética naturalista rompeu com os parâmetros anteriores de “bom gosto” literário, abordando temas escabrosos e polêmicos. Assim, O cortiço traça um painel antiidealizado do Brasil, inspirando novos escritores brasileiros a incorporar uma visão mais questionadora sobre o país e seus problemas.