(UNB/PAS - 2019 - 2 ETAPA) Texto I Nesta sexta-feira (15/3/2019), a adolescente Greta Thunberg vai repetir a mesma atividade que tem feito todas as sextas desde agosto do ano passado: faltar propositalmente s aulas em sua escola, em Estocolmo, e sentar em uma praa em frente ao Parlamento da Sucia para protestar por medidas concretas dos polticos contra as mudanas climticas. Dessa vez, porm, a garota de 16 anos estar acompanhada de outros estudantes do mundo inteiro: sua greve escolar semanal deve ser repetida em mais de 2 mil eventos de 123 pases no Brasil, 20 cidades tm protestos agendados. [...] Apesar de ser criticada por faltar s aulas uma vez por semana para protestar, Greta defende que seu movimento tambm faz parte de sua formao. Meus professores na escola me contaram que existiam as mudanas climticas e o aquecimento global, e que ele causado pelos humanos e o nosso comportamento. Achei que era muito estranho, porque se fosse algo to grande que ameaasse nossa existncia, ento seria nossa primeira prioridade, no estaramos falando sobre qualquer outra coisa. Poucos adultos esto escutando, diz adolescente indicada ao Nobel que criou uma greve global pelo clima. Internet: www.g1.globo.com (com adaptaes). Texto II Entrevistador: Malala, falando sobre inspirar pessoas: voc vai viajar o mundo como Mensageira da Paz da ONU. Como voc pretende inspirar jovens, especialmente aqueles que, pela regio onde vivem, sentem que no h esperana, que no existe razo para ir escola? Malala: Como tenho feito no ltimo ano, visitei vrios pases como Lbano e Jordnia. Conheci meninas srias refugiadas; conversei com garotas na Nigria. E vou continuar fazendo isso nesse cargo de Mensageira da Paz; estarei em pases diferentes conhecendo meninas maravilhosas e inspiradoras. Vou fazer questo de dizer que a voz delas importante; que isso pode mudar o mundo. Eu comecei falando no Vale do Swat e agora vocs podem ver que a voz de uma criana mais poderosa do que as armas dos terroristas. isso que elas precisam entender, todas as crianas, que sua opinio importante para o mundo. E voc no precisa esperar crescer, voc pode contribuir agora com a mudana. Entrevista de Malala Yousafzai ONU News. Internet: www.news.un.org (com adaptaes). Texto III Sempre se questionou se o ativismo digital, chamado pejorativamente de ativismo de sof, pode ou no ser considerado ativismo. Como explica Radmann, do ponto de vista de como a democracia foi pensada: todo o tipo de participao vlida; qualquer atitude ajuda a transformar a realidade social. E mesmo aqueles que preferem o engajamento presencial tambm se utilizam das redes sociais para a organizao de aes polticas. Internet: www.reporterunesp.jor.br (com adaptaes). Texto IV A Internet no apenas um meio de divulgao e informao. , sobretudo, um veculo para a articulao entre pessoas e instituies. Para a maioria dos ciberativistas, as mobilizaes on-linee off-line precisam de retroalimentao. Iniciativas de investigao, denncia e confronto, que podem ser desenvolvidas no mundo virtual, precisam ser levadas ao plano dos acontecimentos fsicos para mudar realidades. Internet: www.estadao.com.br (com adaptaes). Texto V Considerando que os textos precedentes tm carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo-argumentativo, discutindo a contribuio da juventude em aes de ativismo no meio virtual e nas ruas.
(UNB/PAS- 2019 - 3 ETAPA) Texto I Estamos imersos em uma sociedade humorstica. Uma sociedade que se quer cool e fun, amavelmente malandra, em que os meios de comunicao difundem modelos descontrados, heris cheios de humor e em que se levar a srio falta de correo. O riso onipresente na publicidade, nos jornais, nas transmisses televisivas e, contudo, raramente encontrado na rua. Elogiamos seus mritos, suas virtudes teraputicas, sua fora corrosiva diante dos integrismos e dos fanatismos e, entretanto, mal conseguimos delimit-lo. Estudado com lupa h sculos, por todas as disciplinas, o riso esconde seu mistrio. Alternadamente agressivo, sarcstico, escarnecedor, amigvel, sardnico, anglico, tomando as formas da ironia, do humor, do burlesco, do grotesco, ele multiforme, ambivalente, ambguo. Pode expressar tanto a alegria pura quanto o triunfo maldoso, o orgulho ou a simpatia. isso que faz sua riqueza e fascinao ou, s vezes, seu carter inquietante, porque, segundo escreve Howard Bloch, como Merlim, o riso um fenmeno liminar, um produto das soleiras, ... o riso est a cavalo sobre uma dupla verdade. Serve ao mesmo tempo para afirmar e para subverter. Na encruzilhada do fsico e do psquico, do individual e do social, do divino e do diablico, ele flutua no equvoco, na indeterminao. [...] O riso no tem implicaes psicolgicas, filosficas nem religiosas; sua funo poltica e social quando se pensa na stira e na caricatura igualmente importante. O riso um fenmeno global, cuja histria pode contribuir para esclarecer a evoluo humana. Georges Minois. Histria do riso e do escrnio. Trad. Maria Elena O. Ortiz Assumpo. So Paulo: Editora UNESP, 2003. p. 10 e 13. Texto II melhor ser alegre que ser triste Alegria a melhor coisa que existe assim como a luz no corao Mas pra fazer um samba com beleza preciso um bocado de tristeza preciso um bocado de tristeza Seno, no se faz um samba no Vinicius de Moraes. Samba da beno. Texto III Vale mais estar doido de alegria do que de tristeza; vale mais danar pesadamente do que andar claudicando. Aprendei, pois, comigo a sabedoria: at a pior das coisas tem dois reversos, at a pior das coisas tem pernas para bailar; aprendei, pois, vs, homens superiores, a firmar-vos sobre boas pernas. Friedrich Nietzsche. Assim falou Zaratustra. Texto IV Texto V Desconfio dos meus amigos. Mas com tanta alegria que no podem me fazer mal algum. O que quer que faam, vou achar muita graa () Ser amigo ver a pessoa e pensar: O que vai nos fazer rir hoje? O que nos faz rir no meio de todas essas catstrofes?. Gilles Deleuze. O abecedrio de Gilles Deleuze (F de fidelidade). Entrevista concedida a Claire Parnet, 1988-1989. Tendo os textos precedentes como referncia e considerando a fora social, poltica e cultural do riso, redija um texto dissertativo-argumentativo que contemple a resposta s seguintes perguntas, constantes do trecho de O abecedrio de Gilles Deleuze, apresentado anteriormente. O QUE VAI NOS FAZER RIR HOJE? O QUE NOS FAZ RIR NO MEIO DE TODAS ESSAS CATSTROFES?
(UNB/PAS - 2019 - 1 ETAPA) Texto I Eu adoraria ver jacars, ursos brancos ou cobras de dez metros. Uma vizinha da nossa rua tem uma vaidosa galinha dAngola. Eu gosto de animais e mais ainda dos esquisitos e invulgares, at dos que parecem feios por serem indispostos. Os bichos s so feios se no entendermos seus padres de beleza. Um pouco como as pessoas. Ser feio complexo e pode ser apenas um problema de quem observa. Eu uso culos desde os cinco anos de idade. Estou sempre por detrs de uma janela de vidro. No faz mal, porque eu inteira sou a minha casa. Sou como o caracol, mas muito mais alta e veloz. A minha me tambm acha assim, que o corpo casa. Habitamos com maior ou menor juzo. O jacar um bicho indisposto, eu sei. Gosto muito dele, mas no devo chegar perto. Nunca vi, j disse. Tenho pena. Talvez seja pior para o jacar, por no o amar. Eu gosto dele mas no sei se constri. Estou a ser sincera. Ainda tenho que ler sobre isso. Talvez os bichos ferozes construam coisas s quais no sabemos dar valor. importante pensarmos no valor que cada coisa ou lugar tem para cada bicho. S assim vamos compreender a razo de cada coisa ser como . Depois de entendermos melhor, a beleza comparece. Valter Hugo Me. O paraso so os outros. Biblioteca Azul, 2018. Texto II Em seu ensaio chamado O Estranho (Umheimliche, em alemo), Sigmund Freud escreveu sobre o impacto produzido pela estranheza em nossas mentes. O estranho nos traz algo de familiar, porm um tanto deslocado. E, com isso, provoca uma sensao que tanto incmoda quanto prazerosa. Nos tira da nossa zona de conforto e, ao mesmo tempo, abre possibilidades de enxergar as coisas e as pessoas por ngulos diferentes. Tim Burton, em seus filmes, mesmo nos mais comerciais, provoca esse sentimento inquietante. O de que os estranhos... bem, no so to distantes assim de ns. Porque a estranheza, no fundo, est em ns, embora passemos a vida a negar-lhe a existncia. Internet: www.cultura.estadao.com.br. Texto III Baby voc no precisa De um salo de beleza H menos beleza Num salo de beleza A sua beleza bem maior Do que qualquer beleza De qualquer salo... Mundo velho E decadente mundo Ainda no aprendeu A admirar a beleza A verdadeira beleza A beleza que pe mesa E que deita na cama A beleza de quem come A beleza de quem ama A beleza do erro Puro do engano Da imperfeio... Zeca baleiro. Salo de beleza. Texto IV No h beleza perfeita que no contenha algo de estranho nas suas propores. Francis Bacon Na cultura japonesa, wabi-sabi um ideal esttico que pode ser definido como a beleza das coisas imperfeitas, impermanentes e incompletas, uma beleza das coisas modestas e simples, uma beleza das coisas no convencionais. Considerando essa informao e os textos apresentados, redija um texto dissertativo-argumentativo acerca do seguinte tema. APRENDER A VER A BELEZA NO DIFERENTE
(UNB - 2019) Texto I O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiana em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demnios. Os anjos, quando chegaram, j era para me guardarem. Os anjos atuavam como uma espcie de agentes de segurana privada das almas. Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferena entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violncia contra as crianas sempre foi praticada, no por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infncia reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambiente que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por no me aventurar para alm da fronteira da minha lngua, da minha cultura e do meu territrio. O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisvel mo roubava-me a coragem de viver e a audcia de ser eu mesmo. No horizonte, vislumbravam-se mais muros do que estradas. Nessa altura algo me sugeria o seguinte: que h, neste mundo, mais medo de coisas ms do que coisas ms propriamente ditas. Mia Couto. Murar o medo. Internet: www.miacouto.org. Texto II (...) Faremos casas de medo, Duros tijolos de medo, Medrosos caules, repuxos, Ruas s de medo, e calma. E com asas de prudncia Com resplendores covardes, Atingiremos o cimo De nossa cauta subida. O medo com sua fsica, Tanto produz: carcereiros, Edifcios, escritores, Este poema, Outras vidas. (...) O medo. Carlos Drummond de Andrade. Texto III Texto IV Texto V Considerando que os textos, as manchetes de jornais e as imagens apresentados tm carter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padro da lngua escrita, um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte tema. MUROS: UM SMBOLO DO MEDO
(UNB/PAS - 2018 - 2 ETAPA) Texto I Propaganda um modo especfico sistemtico de persuadir visando influenciar as emoes, atitudes, opinies ou aes do pblico-alvo. Seu uso primrio advm de contexto poltico, referindo-se geralmente aos esforos de persuaso de governos e partidos polticos. Ao contrrio da busca de imparcialidade na comunicao, a propaganda apresenta informaes com o objetivo principal de influenciar uma audincia. Para tal, frequentemente apresenta os fatos seletivamente (possibilitando a mentira por omisso) para encorajar determinadas concluses, ou usa mensagens exageradas para produzir uma resposta emocional e no racional informao apresentada. O resultado desejado uma mudana de atitude em relao ao assunto no pblico-alvo para promover uma agenda poltica. A propaganda pode ser usada como uma forma de luta poltica. Apesar de o termo propaganda ter adquirido uma conotao negativa, por associao com os exemplos da sua utilizao manipuladora, em seu sentido original ela neutra, e pode se referir a usos considerados benignos ou incuos, como recomendaes de sade pblica e campanhas para encorajar os cidados a participar de um censo ou eleio. Internet: https://pt.wikipedia.org (com adaptaes). Texto II A publicidade uma atividade profissional dedicada difuso pblica de empresas, produtos ou servios. a divulgao de produtos, servios e ideias junto ao pblico, a fim de induzi-lo a uma atitude dinmica favorvel. Tem carter comercial e parte de um todo que se chama mercadologia, que abarca o conjunto de meios adotados para levar o produto ou servio ao consumidor. qualquer forma paga de apresentao no pessoal e promoo de ideias, bens e servios por um patrocinador identificado a uma audincia alvo atravs dos meios de comunicao de massa. A publicidade ajuda a identificar o significado e o papel dos produtos, fornecendo informao sobre marcas, companhias e organizaes. Internet: https://pt.wikipedia.org (com adaptaes). Texto III A publicidade feita com a inteno de provocar em ns um grande interesse pelo produto ou servio que ela anuncia e depois nos induzir a compr-lo, mesmo que at ento tal produto no significasse nada para ns. A linguagem da publicidade persuasiva e sabe como nos influenciar at de forma inconsciente. Ela associa o produto que quer nos vender a imagens prazerosas, fazendo-nos acreditar que, ao compr-lo, alcanaremos alegria e felicidade. Internet: www.ebc.com.br (com adaptaes). Considerando o contexto suscitado pelos textos e pelas imagens precedentes, redija um texto dissertativo discutindo a noo de autonomia apresentada a seguir, que uma das acepes do verbete autonomia no Dicionrio eletrnico Houaiss da lngua portuguesa. autonomia: s.f. 2. Segundo Kant (1724-1804), capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislao moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho ou exgeno com uma influncia subjugante, tal como uma paixo ou uma inclinao afetiva incoercvel.
(UNB/PAS - 2018 - 1 ETAPA) Texto I Diante de uma crise de moradia que j levou milhares de pessoas a viverem em carros, abrigou ou nas ruas e vrios governos locais e estaduais a declararem estado de emergncia, algumas cidades norte-americanas esto testando uma abordagem inusitada para enfrentar o problema: oferecer incentivos para que proprietrio abriguem sem-teto no quintal de casa. Pelo menos quatro projetos pilotos, em Portland (no estado de Oregon), Seattle (no estado de Washington), no condado e na cidade de Los Angeles, esto recrutando pessoas interessadas em instalar uma microcasa nos fundos de sua propriedade, onde indivduos ou famlias sem-teto possam morar. Internet: www.bbc.com/portuguese (com adaptaes). Texto II Texto III hora de mostrar solidariedade com os refugiados e as comunidades que os acolhem, disse, no Dia Mundial do Refugiado, o alto-comissrio da ONU para o tema, Filippo Grandi, em comunicado. Segundo Grandi, agora, mais do que nunca, cuidar da populao refugiada deve ser uma responsabilidade global e compartilhada. hora de fazer as coisas de maneira diferente, declarou. O alto-comissrio da ONU disse que um novo modelo est em teste, com resultados positivos baseado em igualdade, justia e nos valores e padres humanitrios. De acordo com Grandi, ajudar os refugiados a reconstruir suas vidas uma responsabilidade de todos. Devemos trabalhar juntos para que eles possam alcanar o que a maioria de ns considera normal: educao, um lugar para morar, um emprego, fazer parte de uma comunidade. Com o tempo, o impacto enorme para as famlias de refugiados e para aqueles que as acolhem. Internet: nacoesunidas.org (com adaptaes). Texto IV Solidariedade Murilo Mendes Sou ligado pela herana do esprito e do sangue Ao mrtir, ao assassino, ao anarquista. Sou ligado Aos casais na terra e no ar, Ao vendeiro da esquina, Ao padre, ao mendigo, mulher da vida, Ao mecnico, ao poeta, ao soldado, Ao santo e ao demnio, Construdos minha imagem e semelhana Internet: www.pensador.com. Texto V Todos Juntos Chico Buarque Os Saltimbancos Trapalhes Uma gata, o que que tem? As unhas E a galinha, o que que tem? O bico Dito assim, parece at ridculo Um bichinho se assanhar E o jumento, o que que tem? As patas E o cachorro, o que que tem? Os dentes Ponha tudo junto e de repente Vamos ver no que que d Junte um bico com dez unhas Quatro patas, trinta dentes E o valente dos valentes Ainda vai te respeitar Todos juntos somos fortes Somos flecha e somos arco Todos ns no mesmo barco No h nada pra temer ao meu lado h um amigo Que preciso proteger Todos juntos somos fortes No h nada pra temer Uma gata, o que que ? Esperta E o jumento, o que que ? Paciente No grande coisa realmente Prum bichinho se assanhar E o cachorro, o que que ? Leal E a galinha, o que que ? Teimosa No parece mesmo grande coisa Vamos ver no que que d Esperteza, Pacincia Lealdade, Teimosia E mais dia menos dia A lei da selva vai mudar Todos juntos somos fortes Somos flecha e somos arco Todos ns no mesmo barco No h nada pra temer Ao meu lado h um amigo Que preciso proteger Todos juntos somos fortes No h nada pra temer Internet: www.vagalume.com.br. Texto VI Constituio da Repblica Federativa do Brasil (...) Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria; (...) Considerando que os textos e as imagens precedentes tm carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo propondo uma ao social solidria que concretize a ideia expressa no ditado A unio faz a fora e que fomente, na comunidade onde voc vive, o sentimento de empatia e de pertencimento. Apresente argumentos a favor da sua proposta.
(UNB/PAS - 2018 - 3 ETAPA) Texto I As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas na noite de 2 de setembro de 2018, so mais do que restos de fsseis, cermicas e espcimes raros. O museu abrigada entre suas mais de 20 milhes de peas os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda no haviam sido respondidas - ou sequer feitas - por pesquisadores brasileiros. E pode ter calado para sempre palavras e cantos indgenas ancestrais, de lnguas que no existem mais no mundo. Nos corredores e armrios do Museu Nacional estavam guardaddos fsseis que trazem a hiptese dos amerndios serem descendentes diretos de povos polinsios. So cerca de 40 esqueletos de ndios botocudos, grupo j extinto, dadatos do perodo de contato com os portugueses. Trata-se de um material que no existe em nenhum outro museu do mundo. O acervo do local tambm continha gravaes de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indgenas, muitas feitas durante a dcada de 1960 em antigos gravadores de rolo e que ainda no haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam lnguas j extintas, sem falantes originais ainda vivos. Internet: www.brasil.elpais.com (com adaptaes). Texto II Um conjunto milenar de gravuras rupestres sagradas para povos do Alto Xingu, localizado em uma gruta a sudoeste do territrio do Parque Indgena do Xingu, foi depredado e danificado em algum momento nos ltimos meses. O local est na rea de interesse para a construo da rodovia BR-242, em fase de produo de estudo de impacto ambiental, e da Ferrovia de Integrao do Centro-Oeste. Localizado fora da terra indgena, vem sofrendo com o desmatamento e com o assoreamento do rio. Conhecido como Gruta de Kamukuwak, o stio arqueolgico, s margens do rio Tamitatoala, no Mato Grosso, tombado pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional como patrimnio cultural desde 2010 e considerado sagrado por 11 etnias indgenas do Alto Xingu. Parece que bateram com um martelo. Destruram a histria de todo o Alto Xingu. E origem a nossa identidade, disse Pirat Waur, do projeto de valorizao patrimonial da gruta. Internet: www.jb.com.br (com adaptaes). Texto III Voc sabe o que um museu? O museu uma casa de criao onde se preserva a memria de uma cidade, de um pas, de uma pessoa, enfim o lugar de histrias interessantes que nos faz viajar no tempo. Mas, apesar de contar histrias que j aconteceram, o Museu o lugar para pensarmos o presente e refletirmos sobre o nosso tempo. Internet: www.casaruibarbosa.gov.br. Texto IV JU O que so espaos da recordao? Qual a importncia deles para uma nao? Aleida Assmann Inclui muitas coisas. As localidades espaciais, como lugares onde aconteceram as coisas, que se tornam lugares de memria, de recordao, lugares de peregrinao ou de turismo; h lugares que so transformados em memoriais, em locais de memria. Num sentido mais amplo, espaos de recordaes significam que a memria no s uma maleta, na qual se colocam as coisas, mas uma espcie de esfera dentro da qual as pessoas se comunicam e onde vivemos. O conceito um pouco mais amplo de espao de recordao. Podemos conectar isso com o conceito de nao. A nao cria para si um espao de imaginao no qual ela se localiza e no qual ela se orienta, dirige suas aes. A lembrana est muito ligada imaginao. JU De forma mais resumida, como podemos definir o que memria cultural? Aleida Assmann A memria cultural um tipo de memria que sobrevive ao tempo, que transcende o tempo de vida do indivduo. Existiu antes de mim e existir depois de mim. Participo dessa memria cultural enquanto estiver vivo. Como essa memria existe por um longo tempo, os mortos podem se comunicar com os vivos e os vivos podem se comunicar com as prximas geraes. Se no tivssemos esse conceito, cada um s teria disposio sua prpria memria e no haveria essa memria cultural. Trecho de entrevista concedida por Aleida Assmann, pesquisadora alem, ao Jornal da Unicamp (JU). Internet: (com adaptaes). Considerando que os textos apresentados tm carter unicamente motivador, redija um texto dissertativo-argumentativo comentando a seguinte inscrio, que se encontra na entrada do prdio da antiga IG Farben, companhia qumica alem que funcionou durante a Segunda Guerra Mundial, onde hoje se localiza o prdio principal do campus Westend da Universidade de Frankfurt, na Alemanha. NENHUM DE NS PODE ESCAPAR HISTRIA DO NOSSO POVO. NS NO DEVERAMOS E NO DEVEMOS DEIXAR O PASSADO DESCANSAR, OU ELE PODE RESSURGIR E SE TORNAR O NOVO PRESENTE.
(UNB - 2018) Texto I No h nada que diferencie tanto a sociedade ocidental de nossos dias das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente do que o conceito de tempo. Tanto para os antigos gregos e chineses quanto para os nmades rabes ou para o peo mexicano de hoje, o tempo representado pelos processos cclicos da natureza, pela sucesso dos dias e das noites, pela passagem das estaes. Os nmades e os fazendeiros costumavam medir e ainda hoje o fazem seu dia do amanhecer at o crepsculo e os anos em termos de tempo de plantar e de colher, das folhas que caem e do gelo derretendo nos lagos e rios. O homem do campo trabalhava em harmonia com os elementos, como um arteso, durante tanto tempo quanto julgasse necessrio. O homem ocidental civilizado, entretanto, vive num mundo que gira de acordo com os smbolos mecnicos e matemticos das horas marcadas pelo relgio. ele que vai determinar seus movimentos e dificultar suas aes. O relgio transformou o tempo, transformando o de um processo natural em uma mercadoria que pode ser comprada, vendida e medida como um sabonete ou um punhado de passas de uvas. Se no houvesse um meio para marcar as horas com exatido, o capitalismo industrial nunca poderia ter se desenvolvido, nem teria continuado a explorar os trabalhadores. O relgio representa um elemento de ditadura mecnica na vida do homem moderno, mais poderoso do que qualquer outro explorador isolado ou do que qualquer outra mquina. O homem que no conseguir ajustar se deve enfrentar a desaprovao da sociedade e a runa econmica a menos que abandone tudo, passando a ser um dissidente para o qual o tempo deixa de ser importante. O operrio transforma se em um especialista em olhar o relgio, preocupado apenas em saber quando poder escapar para gozar as escassas e montonas formas de lazer que a sociedade industrial lhe proporciona; para matar o tempo, programar tantas atividades mecnicas com tempo marcado como ir ao cinema, ouvir rdio e ler jornais quanto permitir o seu salrio e o seu cansao. Agora so os movimentos do relgio que vo determinar o ritmo da vida do ser humano. George Woodcock. A ditadura do relgio. In: Os grandes escritos anarquistas. Porto Alegre: LPM Editores (com adaptaes). Texto II Vive, dizes, no presente, Vive s no presente. Mas eu no quero o presente, quero a realidade; Quero as cousas que existem, no o tempo que as mede. O que o presente? uma cousa relativa ao passado e ao futuro. uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero s a realidade, as cousas sem presente. No quero incluir o tempo no meu esquema. No quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas. No quero separ las de si prprias, tratando as por presentes. (...) Alberto Caeiro. In: Poemas Inconjuntos. Internet: www.dominiopublico.gov.br. Texto III Norbert Elias afirma que so necessrios vrios anos para aprender o que o tempo realmente . Crianas levam nove anos para aprender a compreender os complicados mecanismos de representao do tempo, os relgios. Para o autor, interessante, ainda, como, uma vez que o processo termina, as pessoas tendem a esquecer se de como foi complexo entender o mecanismo do tempo. In: Kant e Prints. Campinas, Srie 2, v. 4, n. 1, p. 109 119, jan. jun./2009 (traduzido e adaptado). Considerando que os textos e as imagens apresentados tm carter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padro da lngua escrita, um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte tema. A PRESSA NOSSA DE CADA DIA: O TEMPO NA CONTEMPORANEIDADE
(UNB/PAS - 2017 - 2 ETAPA) Texto I Indicadores de humanidade Autoconscincia Autodomnio Capacidade de equilibrasr razo e emoes Capacidade de se relacionar com os outros Considerao com os outros Curiosidade Inteligncia Mutabilidade Percepo da passagem do tempo Joseph Flecher.Indicators of Humanhood.The Hastings Center Report, vol. 2, n 5, 1972, p. 1-4 (traduo livre, com adaptaes). Texto II S o ser humano conhece o bem e o mal, o justo e o injusto. a comunidade desses sentimentos que produz a famlia e a cidade. Aristteles.Poltica.Traduo de Antnio Campelo Amaral. Lisboa: Vega, p. 55. Texto III O ser humano primeiro existe, se encontra, surge no mundo, e se defne depois. (...) Assim, no h natureza humana. O ser humano nada mais do que aquilo que ele faz de si mesmo. Isso o que se chama de subjetividade. Jean-Paul Sartre.O existencialismo um humanismo.In:Antologia de textos filosficos. Curitiba: Secretaria de Estado da Educao do Paran, 2009, p. 617-18 (com adaptaes). Texto IV O crebro humano no pura lgica. H em seu cerne um conjunto de estruturas que premia algumas de nossas aes com uma sensao de satisfao, prazer e felicidade. a alegria do presente e a expectativa decorrente de um pouquinho mais de prazer que nos mantm em movimento e interessados em permanecer assim e, portanto, vivos. Em ltima anlise, a promessa de uma nova alegria, completamente ilgica, que d sentido nossa vida. Suzana Herculano-Houzel.O porqu disso tudo. Internet: www.folha.com.br (com adaptaes). Texto V fcil dizer que um rob no um ser vivo, mas o que identifica a vida em uma relao afetiva? Ces so vivos, mas no raciocinam. Robs no so vivos, mas esto cada vez mais prximos de uma simulao bastate razovel de compreenso. A mquina no precisa pensar, desde que aparente faz-lo. J faz um tempo que os gneros fantstivos lidam comessa dialtica existencial. Em Toy Story, por exemplo, o astronauta Buzz Lightyear aprende a notcia deprimente de que, em vez do indivduo livre e autntico que acredita ser, ele no passa de um boneco. Luli Radfahrer.Canis et circensis.Internet: www.folha.com.br (com adaptaes). Imagine que voc est em 2079, e androides - robs com aparncia humana - circulem pelas ruas em meio aos seres humanos. A tecnologia avanou tanto que impossvel, a olho nu, distinguir quem foi gerado biolgicamente de quem foi criado em laboratrio. Alm de terem capacidade de raciocinar, os androides comportam-se como humanos e parecem sentir as mesmas emoes. De fato, a semelhana tanta que alguns androides nem mesmo sabem que so robs! A nica diferena que so muito mais inteligentes, e isso causa medo aos humanos. Imagine, ainda, que, por esse motivo, tenha sido promulgada uma lei mundial que determina que todos os androides sejam deportados para colnias extraterrenas. O problema que voc acabou de descobrir que tambm um androide e que, para permanecer na Terra, ter de convencer os humanos de que no uma ameaa. Escreva um texto, dirigido ao lderes da Terra, argumentando, de forma convincente, que, no que se refere a comportamentos e sentimentos, no h diferena entre voc e um ser humano. Voc deve contar um pouco da sua histria, mencionando caractersticas suas que so idnticas s humanas, com o objetivo de sensibilizar seus interlocutores. No assine o texto.
(UNB/PAS - 2017 - 3 ETAPA) Texto I Cdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitria CAPTULO II - PRINCPIOS GERAIS SEO 1 - Respeitabilidade Artigo 19 Toda atividade publicitria deve caracterizar-se pelo respeito dignidade da pessoa humana, intimidade, ao interesse social, s instituies e smbolos nacionais, s autoridades constitudas e ao ncleo familiar. Artigo 20 Nenhum anncio deve favorecer ou estimular qualquer espcie de ofensa ou ilegais - ou que parea favorecer, enaltecer ou estimular tais atividades. SEO 2 - Decncia Artigo 22 Os anncios no devem conter afirmaes ou apresentaes visuais ou auditivas que ofendam os padres de decncia que prevaleam entre aqueles que a publicidade poder atingir. SEO 3 - Honestidade Artigo 23 Os anncios devem ser realizados de forma a no abusar da confiana do consumidor, no explorar sua falta de experincia ou de conhecimento e no se beneficiar de sua credulidade. SEO 4 - Medo, Superstio, Violncia Artigo 24 Os anncios no devem apoiar-se no medo sem que hja motivo socialmente relevante ou razo plausvel. Artigo 25 Os anncios no devem explorar qualquer espcie de superstio. Artigo 26 Os anncios no devem conter nada que possa conduzir violncia. Texto II Texto III Texto IV Texto V Texto VI As imagens apresentadas acima foram adaptadas de anncios publicitrios veiculados em pocas passadas. Suponha que esses anncios tivessem sido veiculados recentemente nas mdias sociais e que voc deseje pedir ao Conselho Nacional de Autorregulao Publicitria (CONAR) a suspenso da veiculao de um deles, por violao de algum dos artigos doCdigo Brasileiro de Autorregulamentao Publicitriaapresentados acima. Tendo escolhido o anncio cuja veiculao voc deseja que o CONAR suspenda, redija uma carta ao Conselho, argumentando contra sua veiculao e pedindo que ele seja retirado de circulao. Em seu texto, voc deve citar explicitamente o artigo do cdigo violado pelo anncio publicitrio escolhido. No assine seu texto.
(UNB - 2017) Texto I A utopia , no seu sentido mais imediato, a representao imagtica de um estado humano nunca at agora ocorrido. sobretudo como a representao de um estado futuro da humanidade que ela adquire relevncia no discurso poltico. Na utopia poltica, representado um estado de felicidade at ento inalcanado. E tal representao tem a misso muito especfica de dotar a ao poltica de um entusiasmo mobilizador. Alexandre Franco de S. Haver ainda lugar para a utopia poltica? 2000. Internet: (com adaptaes). Texto II Bons tempos o nome que damos ao passado qualquer passado. So os bons tempos, o nosso tempo. Passei a adolescncia e parte da juventude sob a ditadura militar, e isso no impede que me pegue com frequncia a acalentar uma estranha utopia em retrospecto, de que no meu tempo a vida tinha mais graa. De todas as formas de escapismo inventadas pelos homens para suportar o osso duro da vida real, talvez a mais inconsciente seja a idealizao do passado. Mas no de hoje que tudo fica cada vez pior aos olhos das geraes presentes. Esse mundo t perdido, sinh! era o bordo da ex-escrava tia Nastcia nos livros infantis de Monteiro Lobato. Maria Rita Kehl. O passado um lugar seguro. Teoria e Debate, n. 70, mar.-abr./2007 (com adaptaes) Texto III Texto IV Se eu pudesse, riscava a palavra utopia dos dicionrios. Como toda a gente sabe, a utopia alguma coisa que no se sabe onde est. Coloquemos aquilo que utopia, aquilo que conceito, no em lugar nenhum (...) coloquemos no amanh e no aqui, porque o amanh a nica utopia assegurada, porque ainda estaremos vivos (...) e, portanto, do trabalho de hoje nos beneficiaremos amanh. Jos Saramago, entrevista para o programa O mundo do frum, 2005. Internet: (com adaptaes). Texto V Mos dadas No serei o poeta de um mundo caduco. Tambm no cantarei o mundo futuro. Estou preso vida e olho meus companheiros. Esto taciturnos mas nutrem grandes esperanas. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente to grande, no nos afastemos. No nos afastemos muito, vamos de mos dadas. No serei o cantor de uma mulher, de uma histria, no direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, no distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, no fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo a minha matria, o tempo presente, os homens [presentes, a vida presente. Carlos Drummond de Andrade et al. O melhor da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2004. Texto VI A vida desafio Racionais Mcs (...) O pensamento a fora criadora O amanh ilusrio Porque ainda no existe O hoje real a realidade que voc pode interferir As oportunidades de mudana T no presente No espere o futuro mudar sua vida Porque o futuro ser a consequncia do presente Parasita hoje Um coitado amanh Corrida hoje Vitria amanh Nunca esquea disso, irmo. Internet: www.vagalume.com.br Considerando que os fragmentos apresentados tm carter motivador, redija um texto a ser publicado na coluna Opinio, na edio de domingo de um jornal de grande circulao. Seu texto dever comear com a seguinte frase. Entre o futuro imaginrio e o passado idealizado, o presente...
(UNB/PAS - 2017 - 1 ETAPA) No techo I a seguir, da obraAs intermitncias da morte, de Jos Saramago, a morte anuncia, em rede nacional de televiso, por meio de uma carta, que voltar atividade depois de ter deixado de matar as pessoas, por alguns meses, em determinado pas (no nomeado no livro). Na carta, a morte afirma que passar a dar uma espcie de aviso prvio aos seres humanos, avisando-os com uma semana de antecedncia da data de sua morte. No trecho II, da mesma obra, o autor sugere que se imagine o momento em que um homem com estupenda sade, que estava a caminho do trabalho, recebe o aviso de que morrer em uma semana. Trecho I (...) senhor director-geral da televiso nacional, (...)venho informar de que a partir da meia-noite de hoje se voltar a morrer tal como sucedia, sem protestos notrios, desde o princpio dos tempos e at ao dia trinta e um de dezembro do ano passado, devo explicar que a inteno que me levou a interromper a minha actividade, a parar de matar, a embainhar a emblemtica gadanha que imaginativos pintores e gravadores doutro tempo me puseram na mo, foi oferecer a esses seres humanos que tanto me detestam uma pequena amostra do que para eles seria viver sempre, (...)passado este perodo de alguns meses a que poderamos chamar de prova de resistncia ou de tempo gratuito e tendo em conta os lamentveis resultados da experinCia, tanto de um ponto de vista moral, isto , filosfico, como de um ponto de vista pragmtico, isto , social, considerei que o melhor para as famlias e para a sociedade no seu conjunto, (...)seria vir a pblico reconhecer o equivoco de que sou responsvel e anunciar o imediato regresso normalidade, o que significar que a todas aquelas pessoas que j deveriam estar mortas, mas que, com sade ou sem ela, permaneceram neste mundo, se lhes apagar a candeia da vida quando se extinguir no ar a ltima badalada da meia-noite, (...) portanto resignem-se e morram sem discutir porque de nada lhes adiantaria, porm, um ponto h em que sinto ser minha obrigao dar a mo palmatria, o qual tem que ver com o injusto e cruel procedimento que vinha seguindo, que era tirar a vida s pessoas falsa-f, sem aviso prvio, sem dizer gua-vai, tenho de reconhecer que se tratava de uma indecente brutalidade, quantas vezes no dei nem sequer tempo a que fizessem testamento, certo que na maior parte dos casos lhes mandava uma doena para abrir caminho, mas as doenas tm algo de curioso, os seres humanos sempre esperam safar-se delas, de modo que s quando j tarde de mais se vem a saber que aquela iria ser a ltima, enfim, a partir de agora toda a gente passar a ser prevenida por igual e ter um prazo de uma semana para pr em ordem o que ainda lhe resta de vida, fazer testamento e dizer adeus famlia, pedindo perdo pelo mal feito ou fazendo as pazes com o primo com quem desde h vinte anos estava de relaes cortadas, dito isto, senhor director-geral da televiso nacional, s me resta pedir-lhe que faa chegar hoje mesmo a todos os lares do pas esta minha mensagem autgrafa, que assino com o nome com que geralmente se me conhece, morte (...) Trecho II Imagine-se uma pessoa, dessas que gozam de uma esplndida sade, dessas que nunca tiveram uma dor de cabea, optimistas por princpio e por claras e objectivas razes, e que, uma manh, saindo de casa para o trabalho, encontra na rua o prestimoso carteiro da sua rea, que lhe diz, Ainda bem que o vejo, senhor fulano, trago aqui uma carta para si. (...) Caro senhor, lamento comunicar-lhe que a sua vida terminar no prazo irrevogvel e improrrogvel de uma semana, aproveite o melhor que puder o tempo que lhe resta, sua atenta servidora, morte. A assinatura vem com inicial minscula, o que, como sabemos, representa, de alguma forma, o seu certificado de origem. Duvida o homem (...)se dever voltar para casa e desabafar com a famlia a irremedivel pena, ou se, pelo contrrio, ter de engolir as lgrimas e prosseguir o seu caminho, ir aonde o trabalho o espera. Considerando o propsito da deciso da morte de avisar as pessoas com antecedncia de uma semana sobre o fato de que iro morrer, apresentado ao final do trecho I, redija um textonarrativocontando, com um toque de humor ou ironia, o restante do dia da pessoa que acabara de receber a carta no trecho II.
(UNB - 2016) Texto I Pode-se definir guerra como a conduo de atos sistemticos de violncia material ou psicolgica, executados de forma mais ou menos organizada por grupos sociais que se contrapem. Tal violncia motivada por interesses considerados essenciais, no caso de no se chegar a um acordo por meios pacficos de soluo de controvrsias. Esses interesses so de ordem poltica, territorial, econmica, legal, ideolgica, psicolgica e social. Guilherme A. Silva e Williams Gonalves. Dicionrio de relaes internacionais. 2. ed. rev. e ampl. Barueri: Manole, 2010, p. 107 (com adaptaes). Texto II A histria das guerras uma histria de alteridades. Cada guerra um fenmeno nico, singular, irredutvel. Os gregos guerreavam em nome da virtude; os brbaros germnicos e os cavaleiros das estepes asiticas, em nome do saque. Os cruzados lutaram na Terra Santa por Deus e pela Igreja. Os franceses e protestantes alemes combateram o imprio Habsburgo portando o estandarte da soberania secular. Napoleo Bonaparte marchou sob a bandeira do imprio. A glria nacional animou o exrcito prussiano de Bismarck; o Reich de mil anos, a Wehrmacht de Hitler. Os vietnamitas enfrentaram a Frana e os Estados Unidos da Amrica para conseguirem a independncia e a soberania. rabes e israelenses bateram-se por fragmentos de territrio. Demtrio Magnoli. No espelho da guerra. In: Demtrio Magnoli (org.) Histria das guerras. 3. ed. So Paulo: Contexto, 2006, p. 15 (com adaptaes). Texto III Existe algum esperando por voc Que vai comprar a sua juventude E convenc-lo a vencer Mais uma guerra sem razo J so tantas as crianas Com armas na mo Mas explicam novamente Que a guerra gera empregos Aumenta a produo... Uma guerra sempre avana A tecnologia Mesmo sendo guerra santa Quente, morna ou fria Pra que exportar comida? Se as armas do mais lucros Na exportao... (...) Que belssimas cenas De destruio No teremos mais problemas Com a superpopulao... Legio Urbana. A cano do senhor da guerra. In: Msicas para acampamentos. EMI Music. 1992. Considerando que os textos e as imagens apresentados tm carter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade padro da lngua escrita, um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte tema. Guerras: derrota para a humanidade Ao elaborar seu texto, aborde necessariamente os seguintes aspectos: motivaes para as guerras; o impacto da evoluo do conhecimento nas guerras; a guerra como derrota para vencidos e para vencedores.
(UNB - 2015) Grande parte dos textos da prova objetiva trata da aproximao entre cincia e arte ao longo da histria, como evidenciam a histria da cartografia e, em especial, as produes de Leonardo da Vinci. Seguindo essa perspectiva, redija um texto dissertativo sobre a relao entre cincia e arte. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: avano da cincia e mudana na produo de obras de arte; novas tecnologias e democratizao do acesso arte; mudanas no conceito de arte. Os fragmentos de texto e as imagens apresentados a seguir informam sobre a relao entre cincia e arte. Foram selecionados para ajudar voc a desenvolver o tema proposto. Caso queira referir-se a uma ou mais de uma dessas informaes, no se esquea de utilizar as convenes previstas na gramtica padro da lngua escrita. Texto I A histria da arte mostra que houve momentos em que a necessidade do novo o esgotamento do atual levou a um salto qualitativo que determinou a ruptura com a tendncia em voga, como, por exemplo, quando Claude Monet pintou a clebre tela Impression, Soleil Levant, que determinou o surgimento do Impressionismo. Para tal, concorreram fatores diversos, que vo desde a implantao das estradas de ferro, que facilitaram a ida das pessoas ao campo, at a nova teoria das cores, que explicava as cores como resultado da vibrao da luz solar sobre a superfcie. Claude Monet.Impression, soleil levant. Internet: www.etsy.com. Ferreira Gullar. Folha de S.Paulo, 6/1/2013. Texto II Ao longo de grandes perodos histricos, a percepo das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo que seu modo de existncia. O modo pelo qual se organiza a percepo humana no condicionado apenas naturalmente, mas tambm historicamente. Cada dia fica mais irresistvel a necessidade de possuir o objeto de arte, de to perto quanto possvel, na imagem ou na sua cpia, na sua reproduo. Walter Benjamin. Magia e tcnica, arte e poltica: ensaios sobre literatura e histria da cultura. So Paulo: Brasiliense, 2012, p. 183 (com adaptaes). Texto III Fabricantes de rplicas: chineses fazem cpias de grandes mestres da pintura De Dafen, no sul da China, saem cerca de 60% das reprodues, em leo sobre tela, de obras de arte produzidas no mundo. No topo da lista, esto obras de Monet e van Gogh. Esse ofcio chins levanta questes centrais para a teoria da arte, como a da identidade do artista e a do valor da imitao. Atualmente, alm de reprodues de obras ocidentais, so produzidas cpias da arte tradicional chinesa. Folha de S. Paulo, 11/1/2015 (com adaptaes). Texto IV Nem s de cansao e crendices vive o cordel. Histrias sobre Newton, Einstein, Coprnico, Galileu e Oswaldo Cruz tambm so contadas em versos. O assunto chega literatura de cordel para aproximar a sociedade dos estudos cientficos, desmistificar a cincia e mostrar que ela est mais presente no nosso dia a dia do que a maior parte das pessoas imagina. Revista de Histria da Biblioteca Nacional, out./2010, p. 6. Texto V Alguns artistas enxergam poesia em um computador e usam a tecnologia para criar o que chamam de arte computacional, que abarca a convergncia entre arte, cincia e tecnologia. Com essa ferramenta, os artistas podem produzir trabalhos interativos que respondem em tempo real. Muitos desses trabalhos resultam de erros de processamento de imagem, que, denominados Glitch Art, podem ser produzidos corrompendo-se os cdigos de fotos. Correio Braziliense, 7/10/2014. Texto VI A arte transgnica uma nova forma de arte, baseada no uso de tcnicas da engenharia gentica. Nessas produes artsticas, so criados seres vivos nicos. A gentica molecular permite ao artista projetar o genoma de uma planta ou de um animal e criar novas formas de vida. Organismos criados no contexto da arte transgnica podem ser levados para casa pelo pblico, para serem criados no jardim ou como companheiros. Eduardo Kac. In:www.scielo.br www.ekac.org/artetransgenica.port.html Internet: (com adaptaes). Texto VII Bactrias so teis tanto para se diagnosticar cncer quanto para criar obras de arte H mais bactrias em nossos corpos que estrelas em nossa galxia, filosofa o bioengenheiro Tal Danino, que fez desses microrganismos sua fonte de inspirao. Danino ampliou a produo cientfica para outro campo: o das artes visuais. Em boa medida, isso se deveu a seu encontro com o artista brasileiro Vik Muniz, que procurava uma maneira de fazer arte com cientistas. A parceria rendeu a srie Colonies, fotografias maximizadas de bactrias e clulas cancerosas. Em seguida, os dois criaram pratos de porcelana com imagens ampliadas de bactrias. Folha de S. Paulo, 29/3/2015. Texto VIII Uma imagem em 228 palavras O artista brasileiro Walmor Corra brinca com a linguagem da biologia para produzir obras que retratam seres fictcios, concebidos segundo os princpios da taxidermia. A obra Ondina (2005), primeira de uma srie inspirada em personagens do folclore, lembra a pgina de um atlas de anatomia. Corra registra, por escrito, na tela, detalhes do funcionamento corporal de cada criatura que imagina. A linguagem dos textos propositalmente tcnica, como evidencia a descrio do sistema nervoso de Ondina: Possui, na jugular, vlvulas que so acionadas por barorreceptores em nmero de dois, com a funo de manter o crebro cheio de sangue. Revista de Histria da Biblioteca Nacional, ed. especial, n. 1, out./2010, p. 11 (com adaptaes). COMENTRIO - PROPOSTA DE REDAO O candidato deve produzir um texto dissertativo, contendo introduo, desenvolvimento e concluso, discutindo a relao entre cincia e arte. Conforme mencionado no enunciado, os textos da prova objetiva tambm tratavam desse tema, o que possibilitaria ao candidato uma maior reflexo. A banca exigia que fossem discutidos, obrigatoriamente, trs aspectos: avano da cincia e mudana na produo de obras de arte; novas tecnologias e democratizao do acesso arte e mudanas no conceito de arte
(UNB - 2014) Texto I Vou-me embora pra Pasrgada Vou-me embora pra Pasrgada L sou amigo do rei L tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasrgada Vou-me embora pra Pasrgada Aqui eu no sou feliz L a existncia uma aventura De tal modo inconsequente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive. [...] Em Pasrgada tem tudo outra civilizao Tem um processo seguro De impedir a concepo Tem telefone automtico Tem alcaloide vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar. E quando eu estiver mais triste Mas triste de no ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar L sou amigo do rei Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasrgada. Manuel Bandeira: poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 222. Texto II Mar portugus mar salgado, quanto do teu sal So lgrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mes choraram, Quantos filhos em vo rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma no pequena. Quem quer passar alm do Bojador Tem que passar alm da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele que espelhou o cu. Fernando Pessoa: obra potica. Rio de Janeiro: Jos Aguilar, 1972, p. 82. Considerando que os fragmentos de poema acima tm carter unicamente motivador, leia o trecho jornalstico apresentado a seguir, para elaborar seu texto. Viagem a Marte sem volta Duzentas mil pessoas j se candidataram para participar do projeto Mars One, que pretende lev-las, em 2023, para colonizar o planeta vermelho. A iniciativa desperta apoio e critica dos cientistas, sobretudo porque o projeto seleciona pessoas em competies de reality show de tev. At agora, essa proposta j seduziu 202.586 pessoas de todo o mundo, que se candidataram a integrar a primeira expedio para colonizar Marte. Segundo a coordenao do projeto, representantes de mais de 140 pases inscreveram-se para a jornada sem volta. O maior grupo de interessados dos EUA (24%), seguido de pessoas da ndia (10%), da China (6%) e do Brasil (5%). A misso, obviamente, tem riscos. Os principais so a exposio radiao e microgravidade durante o voo de sete meses. Os participantes no podero voltar Terra. Tero de viver em pequenos hbitats, encontrar gua, produzir oxignio e cultivar os prprios alimentos. Marcos Pontes, o primeiro brasileiro a ir ao espao, no acredita no sucesso do projeto, porque considera invivel o cronograma divulgado. Para ele, os primeiros exploradores no vivero mais que dez anos. Os tripulantes do projeto iro sacrificar-se pelos outros, pelo futuro, avalia o astronauta. O tempo vai mostrar, nos prximos anos, qual o verdadeiro flego do sonho do idealizador do projeto Mars One. Planeta, nov./2013, p. 45-7 (com adaptaes). Com base nas informaes do texto Viagem a Marte sem volta, redija um texto dissertativo, apresentando sua opinio sobre a primeira expedio colonizadora de Marte e sobre possveis motivos que levam pessoas a querer participar dessa viagem.