(UNESP - 2016/2 - 1a fase)
Prova da barbárie e, para alguns, da natureza não humana do ameríndio, a antropofagia condenava as tribos que a praticavam a sofrer pelas armas portuguesas a “guerra justa”.
Nesse contexto, um dos autores renascentistas que escreveram sobre o Brasil, o calvinista francês Jean de Léry, morador do atual Rio de Janeiro na segunda metade da década de 1550 e quase vítima dos massacres do Dia de São Bartolomeu (24.08.1572), ponto alto das guerras de religião na França, compara a violência dos tupinambás com a dos católicos franceses que naquele dia fatídico trucidaram e, em alguns casos, devoraram seus compatriotas protestantes:
“E o que vimos na França (durante o São Bartolomeu)? Sou francês e pesa-me dizê-lo. O fígado e o coração e outras partes do corpo de alguns indivíduos não foram comidos por furiosos assassinos de que se horrorizam os infernos? Não é preciso ir à América, nem mesmo sair de nosso país, para ver coisas tão monstruosas”.
(Luís Felipe Alencastro. “Canibalismo deu pretexto para escravizar”. Folha de S.Paulo, 12.10.1991. Adaptado.)
O conceito de “guerra justa” foi empregado, durante a colonização portuguesa do Brasil, para
justificar a captura, o aprisionamento e a escravização de indígenas.
justificar a instalação de missões jesuíticas em áreas de colonização francesa.
impedir a prisão e o exílio de lideranças e comunidades nativas hostis à colonização.
impedir o acesso de protestantes e judeus às áreas de produção de açúcar.
impedir que os nativos fossem utilizados como mão de obra na lavoura.