(AFA - 2007)
Texto l
A INVEJA
Tomás de Aquino define a inveja como a "tristeza por não possuir o bem alheio". Invejam-se a cor dos olhos, o tom da voz, a erudição, os títulos, a função, a riqueza ou as viagens de outrem. "Onde há inveja, não há amizade", alertava Camões.
O invejoso é um derrotado. Perdeu para a sua auto-estima. Lamenta, no íntimo, ser quem é e nutre a fantasia de que poderia ter sido outra pessoa. O inimigo do invejoso é ele próprio.
(...)
A inveja é tristeza de ser o que se é. A advogada sonha que poderia ter sido atriz, o engenheiro imagina-se no lugar do empresário, o rapaz chora por não pilotar um carro de Fórmula 1. Mal sabem que o invejado também sofre de invejas, pois o desejo é insaciável. Centrado nos bens objetivos, escraviza o ser humano.
(...)
Só quem se gosta não tem inveja. É capaz, portanto, de reconhecer e aplaudir o sucesso alheio. Faz sua a alegria do outro.
Frei Betto, O Estado de S. Paulo, 1998.
Assinale a alternativa INCORRETA relativa ao Texto l.
Verifica-se a presença de voz passiva no primeiro parágrafo.
Tanto a oração "de que poderia ter sido outra pessoa" quanto a expressão "do invejoso", no segundo parágrafo, possuem a mesma função sintática.
Se as orações "Onde há inveja, não há amizade" (l. 3 e 4) tivesse a ordem invertida e não fosse usada vírgula entre elas, não sofreriam qualquer alteração semântica ou sintática.
As orações "Centrado nos bens objetivos, escraviza o ser humano." (l. 12 e 13) referem-se à palavra "desejo".