(AFA - 2007)
Texto Vll
Injeva é vaidade
O que chamamos inveja, não é senão vaidade. Continuamente acusamos a injustiça da fortuna (sorte), e a consideramos ainda mais cega do que o amor, na repartição das felicidades. Desejamos o que os outros possuem, porque nos parece, que tudo o que os outros têm, nós o merecíamos melhor; por isso olhamos com desgosto para as cousas alheias, por nos parecer, que deviam ser nossas; que é isto se não vaidade? Não podemos ver luzimento em outrem, porque imaginamos, que só em nós é próprio: cuidamos, que a grandeza só em nós fica sendo natural, e nos mais violenta: o esplendor alheio passa no nosso conceito por desordem do acaso, e por miséria do tempo. Quem diria aos homens, que no mundo há outra cousa mais do que fortuna, e que, nas honras, há predestinação?
Matias Aires, in 'Reflexões Sobre a Vaidade dos Homens e Carta Sobre a Fortuna'.
Ao analisar o Texto Vll, pode-se afirmar que:
nós, só e têm recebem o sinal gráfico pelo mesmo motivo.
Zuenir Ventura, em Inveja- Mal Secreto, diz o oposto ao texto de Matias Aires.
"O invejoso tem um desgosto de si mesmo, complexo de inferioridade, carência de auto-estima. Ele vive uma insatisfação permanente, porque depende do sofrimento alheio para sentir prazer."
as expressões a seguir complementam termos nominais: desordem do acaso, injustiça da fortuna e diria aos homens.
Inveja e Vaidade possuem relação sinonímica, além de terem o mesmo número de sílabas e a mesma posição de sílaba tônica.