(FUVEST - 2020 - 2 fase) O vdeo Por que mentiras bvias geram tima propaganda destaca quatro aspectos principais da propaganda russa: 1) alto volume de contedo; 2) produo rpida, contnua e repetitiva; 3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem consistncia entre o que se diz entre um discurso e outro. Essencialmente, isso o firehosing (fluxo de uma mangueira de incndio). O conceito foi concebido aps cerca de seis anos de observao do governo de Vladimir Putin. No entanto, impossvel no notar as semelhanas com as tticas discursivas de polticos ocidentais. Para tentar inibir efeitos da ttica, apenas rebater as mentiras disseminadas no uma ao eficaz. J mostrar outra narrativa, tal como contar como funciona a criao de mentiras dos propagandistas, sim, seria um mtodo mais efetivo. De maneira simplificada, o que o linguista norteamericano George Lakoff chama de verdadesanduche: primeiro exponha o que verdade; depois aponte qual a mentira e diga como ela diferente do fato verdadeiro; depois repita a verdade e conte quais so as consequncias dessa contradio. A ideia tentar desmentir discursos falsos sem repetilos. Le Monde Diplomatique Brasil, Firehosing: a estratgia de disseminao de mentiras usada como propaganda poltica.Disponvel em https://diplomatique.org.br/. Adaptado. a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima-se da imagem do fluxo de uma mangueira de incndio? b) Explique com suas palavras a metfora verdadesanduche usada pelo linguista George Lakoff
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Examine a capa da revista Superinteressante, publicada em julho de 2019. a) Indique o duplo sentido presente na manchete de capa da revista, explicitando os elementos lingusticos utilizados. b) Explique como a imagem e o texto se combinam na construo do sentido
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Adaptados a esse idioma que se transforma conforme a plataforma, os memes e textes dominaram a rotina desta dcada como modos de a gente rir, repercutir notcias, dividir descontentamentos, colocar o dedo em feridas, relatar injustias e at se informar. Entraram logo no vocabulrio para alm da internet: virar meme, dar texto. Suas caractersticas tambm interferiram no jeito de compreender o mundo e expressar o que acontece nossa volta. Viktor Chagas, professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), os v como manifestaes culturais de grande relevncia para entender o perodo e, tambm, como extravasadores de afetos. [...] Por mais que o texto seja o, assim como o meme ele uma expresso sinttica tpica de hoje, explica Viktor Chagas. Mesmo o texto mais longo na verdade um textinho: faz parte da lgica do espao em que circula. TAB UOL,Vim pelo meme e era texto. Disponvel em https://tab.uol.com.br/. Adaptado. a) Retire do texto dois argumentos que justifiquem a caracterizao de memes e textes como extravasadores de afetos. b) Em que sentido pode se afirmar que no h uma contradio no trecho Mesmo o texto mais longo na verdade um textinho
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Que fars se eu continuar a andar? perguntou o Comissrio. Das duas, uma: ou te prendo ou te acompanho. Estou indeciso. A primeira repugna-me, nem justa. A segunda hiptese agradame muito mais, mas no avisei na Base nem trouxe o sacador. (...) Nunca me prenderias! Achas que no? O Comissrio deitou o cigarro fora. Que vais fazer a Dolisie, Joo? Pela primeira vez, Sem Medo chamara-o pelo nome. Pepetela, Mayombe. a) Identifique o evento diretamente relacionado mudana de tratamento entre Comissrio e Sem Medo. b) Sem Medo no um apelido aleatrio. Justifique a afirmao com base em elementos do desfecho do romance.
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Texto 1 Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse pecuniário. Só tinha uma preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para si e para a companheira os piores legumes, aqueles que, por maus, ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele não comia um ovo, do que no entanto gostava imenso; vendia os todos e contentava se com os restos da comida dos trabalhadores. Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal, sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça, apoderando se, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderar se logo com as unhas. Aluísio Azevedo, O Cortiço. Texto 2 (...) Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à Rua da Alfândega, sob a firma Palha Cia. Era o negócio que este ia propor lhe, naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. Apesar de fácil, Rubião recuou algum tempo. Pediam lhe uns bons pares de contos de réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. Demais, os gastos particulares eram já grandes; o capital precisava do regime do bom juro e alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as carnes primitivas. O regime que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia coisas extraordinárias, aconselhava o amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicá-lo. Machado de Assis, Quincas Borba. a) Como o contraste entre os trechos já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular e não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação, respectivamente sobre as personagens João Romão e Rubião, reflete distintas linhas estéticas na prosa brasileira do fim do século XIX? b) A partir das diferentes esferas sociais e práticas econômicas referidas nos fragmentos, trace um breve paralelo entre as trajetórias dos protagonistas nos dois romances.
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Observe as seguintes capas que o artista Santa Rosa desenhou para o livro Angstia, de Graciliano Ramos a) Comente o episdio figurado na capa de 1941, analisando a posio de Lus da Silva na cena. b) Comente o episdio figurado na capa de 1947, analisando a posio de Lus da Silva na cena
(FUVEST - 2020 - 2 fase) Considere os seguintes trechos: (I) Era um pedreiro de Naim (...). O aoite dos intendentes rasgaralhe a carne; depois a doena levaralhe a fora, como a geada seca a macieira. E agora, sem trabalho, com os filhos de sua filha a alimentar, procurava pedras raras nos montes e gravava nelas nomes santos, stios santos, para as vender no Templo aos fiis. Em vspera de Pscoa, porm, viera um Rabi de Galileia cheio de clera que lhe arrancara o seu po!... (II) (...) E ns tivemos de fugir, apupados pelos mercadores ricos, que, bem encruzados nos seus tapetes de Babilnia, e com o seu lajedo bem pago, batiam palmas ao Rabi... Ah! Contra esses o Rabi nada podia dizer, eram ricos, tinham pago! (...) Mas eu fui expulso pelo Rabi, somente porque sou pobre! (III)(...) Bati no peito, desesperado. E a minha angstia toda era por Jesus ignorar esta desgraa, que, na violncia do seu espiritualismo, suas mos misericordiosas tinham involuntariamente criado, como a chuva benfica por vezes, fazendo nascer a sementeira, quebra e mata uma flor isolada. 1Vaiados. Ea de Queirs, A relquia. Se quisssemos recolher tudo o que j foi encontrado [da cruz de Cristo], daria para lotar um navio. O Evangelho conta que a cruz podia ser levada por um homem. Encher a Terra com tamanha quantidade de fragmentos de madeira que nem 300 homens aguentariam levar uma desfaatez, j afirmava o telogo francs Jean Calvino, profundamente cristo, em seu Tratado das Relquias, publicado em 1543. A observao de Calvino continua viva cinco sculos depois. Os pedaos da chamada Vera Cruz, a cruz em que Jesus de Nazar foi executado segundo a tradio crist, so considerados relquias de primeira categoria pela Igreja Catlica, mas aparentemente so to numerosos que do a impresso de que Cristo foi um gigante crucificado em dois troncos de sequoias. Manuel Ansede, Fragmentos da cruz de Cristo dariam para lotar um navio inteiro. In: El pas, Caderno Cincia. Maro de 2016. Adaptado. a) Identifique as personagens que atuam como narradoras em cada um dos excertos de Ea de Queirs. b) possvel afirmar que o romance A Relquia endossa a perspectiva adotada por Manuel Ansede a respeito de elementos pertinentes tradio crist? Justifique
(FUVEST - 2020 - 1 fase) Cantiga de enganar (...) O mundo no tem sentido. O mundo e suas canes de timbre mais comovido esto calados, e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante silncio que faz eco e que volta a ser silncio no negrume circundante. Silncio: que quer dizer? Que diz a boca do mundo? Meu bem, o mundo fechado, se no for antes vazio. O mundo talvez: e s. Talvez nem seja talvez. O mundo no vale a pena, mas a pena no existe. Meu bem, faamos de conta. De sofrer e de olvidar, de lembrar e de fruir, de escolher nossas lembranas e revert‐las, acaso se lembrem demais em ns. Faamos, meu bem, de conta mas a conta no existe que tudo como se fosse, ou que, se fora, no era. (...) Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, j afastado das iluses, como se l no verso‐sntese Tu no me enganas, mundo, e no te engano a ti. (Legado). O excerto de Cantiga de enganar apresenta a relao do eu com o mundo mediada
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devem o poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza artstica da literatura, leva a considerar que a obra s assume funo transformadora se
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 Se o discurso literrio aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o, pode‐se dizer que Lus da Silva, o narrador‐protagonista de Angstia, j no se comove com a leitura de histrias fceis, sem almas complicadas porque
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 Para Graciliano Ramos, Angstia no faz concesso ao gosto do pblico na medida em que compe uma atmosfera
(FUVEST - 2020 - 1 fase) Leia o trecho extrado de uma notcia veiculada na internet: O carro furou o pneu e bateu no meio fio, ento eles foram obrigados a parar. O refm conseguiu acionar a populao, que depois pegou dois dos trs indivduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5 BPM, afirmou o major. Disponvel em: https://www.gp1.com.br/. No portugus do Brasil, a funo sinttica do sujeito no possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 37 E 38 amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se no trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memria da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se no trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) a memria da palavra amar Marco Catalo, Sob a face neutra. correto afirmar que o poema
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 37 E 38 amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se no trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memria da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se no trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) a memria da palavra amar Marco Catalo, Sob a face neutra. Tal como se l no poema,
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 39 E 40 Uma planta perturbada na sua sesta* pelo exrcito que a pisa. Mas mais frgil fica a bota. Gonalo M. Tavares, 1: poemas. *sesta: repouso aps o almoo. Considerando que se trata de um texto literrio, uma interpretao que seja capaz de captar a sua complexidade abordar o poema como