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Questões de Português - FUVEST | Gabarito e resoluções

Questão 2
2008Português

(FUVEST 2008) Devemos misturar e alternar a solido e a comunicao. Aquela nos incutir o desejo do convvio social, esta, o desejo de ns mesmos; e uma ser o remdio da outra: a solido curar nossa averso multido, a multido, nosso tdio solido. Sneca, Sobre a tranqilidade da alma. Trad. de J.R. Seabra Filho. a) Segundo Sneca, a solido e a comunicao devem ser vistas como complementares porque ambas satisfazem um mesmo desejo nosso. correta essa interpretao do texto acima? Justifique sua resposta. b) (...) a solido curar nossa averso multido, a multido, nosso tdio solido. Sem prejuzo para o sentido original, reescreva o trecho acima, iniciando-o com Nossa averso multido...

Questão 3
2008Português

(FUVEST 2008) Em janeiro de 1935, um grupo de turistas pernambucanos passeava de carro quando deu de cara com Lampio e seu bando. Revirando a bagagem do grupo, um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia. Apavorado, um deles levantou o dedo. Quero que o senhor tire o meu retrato, disparou o rei do cangao, pondo-se a posar. O homem, esforando-se, bateu uma chapa, mas avisou: Capito, esta posio no est boa. Dando um salto e caindo de p, Lampio perguntou: E esta? Est melhor? Outra foto foi feita. Quando libertava os turistas, aps pilh-los, o fotgrafo de ocasio indagou-lhe como podia enviar as imagens. No preciso. Mande publicar nos jornais, disse o cangaceiro. Carlos Haag, Pesquisa FAPESP. a) No texto, as aspas em rei do cangao e fotgrafo foram empregadas pelo mesmo motivo? Justifique sua resposta. b) Os trechos abaixo encontram-se em discurso indireto e discurso direto, respectivamente. Transforme em discurso direto o primeiro trecho e, em discurso indireto, o segundo. I. (...) um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou a quem ela pertencia. II. Quero que o senhor tire o meu retrato, disparou o rei do cangao (...).

Questão 3
2008Português

(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Entrevistado por Clarice Lispector, pergunta Quais as caractersticas da arquitetura brasileira?, Oscar Niemeyer respondeu: A arquitetura brasileira assumiu desde os primeiros tempos uma posio definida e prpria no movimento moderno, ingressando corajosamente nas formas livres e inovadoras que hoje a caracterizam. Ao contrrio do ngulo reto, eram a curva e suas relaes com o concreto armado e nossa tradio barroca que nos atraam. Hoje, passados muitos anos, recordamos com agrado esse perodo importante de nossa arquitetura; (...). Fomos os primeiros a recusar o funcionalismo absoluto e dizer francamente que a forma plstica em certos casos (quando o tema o permite) pode prevalecer, que a beleza uma funo e das mais importantes na arquitetura. Clarice Lispector. Entrevistas. No texto, o entrevistado estabelece oposio entre dois elementos, com base em um determinado critrio. No quadro abaixo, os elementos e o critrio esto corretamente indicados em:

Questão 4
2008Português

(FUVEST 2008) O autoclismo da retrete RIO DE JANEIRO Em 1973, fui trabalhar numa revista brasileira editada em Lisboa. Logo no primeiro dia, tive uma amostra das deliciosas diferenas que nos separavam, a ns e aos portugueses, em matria de lngua. Houve um problema no banheiro da redao e eu disse secretria: Isabel, por favor, chame o bombeiro para consertar a descarga da privada. Isabel franziu a testa e s entendeu as quatro primeiras palavras. Pelo visto, eu estava lhe pedindo que chamasse a Banda do Corpo de Bombeiros para dar um concerto particular de marchas e dobrados na redao. Por sorte, um colega brasileiro, em Lisboa havia algum tempo e j escolado nos meandros da lngua, traduziu o recado: Isabel, chame o canalizador para reparar o autoclismo da retrete. E s ento o belo rosto de Isabel se iluminou. Ruy Castro, Folha de S. Paulo. a) Em So Paulo, entende-se por encanador o que no Rio de Janeiro se entende por bombeiro e, em Lisboa, por canalizador. Isto permitiria afirmar que, em algum desses lugares, ocorre um uso equivocado da lngua portuguesa? Justifique sua resposta. b) Uma reforma que viesse a uniformizar a ortografia da lngua portuguesa em todos os pases que a utilizam evitaria o problema de comunicao ocorrido entre o jornalista e a secretria. Voc concorda com essa afirmao? Justifique.

Questão 5
2008Português

(FUVEST 2008) Para Pirandello, o cmico nasce de uma percepo do contrrio, como no famoso exemplo de uma velha j decrpita que se cobre de maquiagem, veste-se como uma moa e pinta os cabelos. Ao se perceber que aquela senhora velha o oposto do que uma respeitvel velha senhora deveria ser, produz-se o riso, que nasce da ruptura das expectativas, mas sobretudo do sentimento de superioridade. A percepo do contrrio pode, porm, transformar-se num sentimento do contrrio ʊ quando aquele que ri procura entender as razes pelas quais a velha se mascara, na iluso de reconquistar a juventude perdida. Nesse passo, a velha da anedota no mais est distante do sujeito que percebe, porque este pensa que tambm poderia estar no lugar da velha ʊ e seu riso se mistura com a compreenso piedosa e se transforma num sorriso. Para passar da atitude cmica para a atitude humorstica, preciso renunciar ao distanciamento e ao sentimento de superioridade. Adaptado de Elias Thom Saliba, Razes do riso. a) Considerando o que o texto conceitua, explique brevemente qual a diferena essencial entre a percepo do contrrio e o sentimento do contrrio. b) Ao se perceber que aquela senhora velha o oposto do que uma respeitvel velha senhora deveria ser, produz-se o riso (...). Sem prejuzo para o sentido do trecho acima, reescreva-o, substituindo se perceber e produz-se por formas verbais cujo sujeito seja ns e o oposto por no corresponde. Faa as adaptaes necessrias.

Questão 6
2008BiologiaPortuguês

(FUVEST - 2008 - 1 FASE)Considere o dilogo abaixo, extrado do texto O sonho, de autoria do poeta e dramaturgo sueco August Strindberg (1849 -1912): Ins: - s capaz de me dizer por que que as flores crescem no estrume? O Vidraceiro: - Crescem melhor assim porque tm horror ao estrume. A idia delas afastarem-se, o mais depressa possvel, e aproximarem-se da luz, a fim de desabrocharem... e morrerem. O texto acima descreve, em linguagem figurada, o crescimento das flores. Segundo o conceito de nutrio vegetal, correto afirmar que o estrume

Questão 6
2008Português

(FUVEST 2008) I. No deis aos ces o que santo, nem atireis aos porcos as vossas prolas (...). (Mateus, 7:6) II. Voc pode atirar prolas aos porcos. Mas no adianta nada atirar prolas aos gatos, aos ces ou s galinhas porque isso no tem nenhum significado estabelecido. Millr Fernandes, Millr definitivo: a bblia do caos. a) Considerando-se que o texto II tem como referncia o texto I, qual a expresso que, de acordo com Millr Fernandes, tem um significado estabelecido? b) No texto I, os significados dos segmentos no deis aos ces o que santo e nem atireis aos porcos as vossas prolas reforam-se mutuamente ou se contradizem? Justifique sucintamente sua resposta.

Questão 7
2008Português

(FUVEST 2008) Considere os dois trechos de Machado de Assis relacionados a Iracema, publicados na poca em que apareceu esse romance de Alencar, e responda ao que se pede. a) A poesia americana est completamente nobilitada; os maus poetas j no podem conseguir o descrdito desse movimento, que venceu com o autor de I - Juca Pirama, e acaba de vencer com o autor de Iracema. Adaptado de Machado de Assis, Crtica literria. Machado de Assis refere-se, nesse trecho, a um movimento literrio chamado, na poca, de poesia americana ou escola americana. Sob que outro nome veio a ser conhecido esse movimento? Quais eram seus principais objetivos? b) Tudo em Iracema nos parece primitivo; a ingenuidade dos sentimentos, o pitoresco da linguagem, tudo, at a parte narrativa do livro, que nem parece obra de um poeta moderno, mas uma histria de bardo* indgena , contada aos irmos, porta da cabana, aos ltimos raios do sol que se entristece. Adaptado de Machado de Assis, Crtica literria. *bardo: poeta herico, entre os celtas e glios; por extenso, qualquer poeta, trovador etc. No trecho, Machado de Assis afirma que a narrao de Iracema no parece ter sido feita por um poeta moderno, mas, sim, por um bardo indgena. Essa afirmao se justifica? Explique sucintamente.

Questão 8
2008Português

(FUVEST 2008) Sou o Descobridor da Natureza. Sou o Argonauta* das sensaes verdadeiras. Trago ao Universo um novo Universo Porque trago ao Universo ele-prprio. Alberto Caeiro, Poesia. *Argonauta: tripulante lendrio da nau mitolgica Argo; por extenso, navegador ousado. Nos versos acima, Alberto Caeiro define-se a si mesmo de um modo que tanto indica sua semelhana como sua diferena em relao a um tipo de personagem de grande importncia na Histria de Portugal. a) Em sua definio de si mesmo, a que tipo de personagem da Histria portuguesa assemelha-se o poeta? Explique brevemente. b) Considerados no contexto geral da poesia de Alberto Caeiro, que diferena esses versos assinalam entre o poeta e o referido tipo de personagem histrica de Portugal? Explique sucintamente.

Questão 9
2008Português

(FUVEST 2008) Voc janta comigo, Escobar? Vim para isto mesmo. Minha me agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez, ainda que um tanto atado, como se carecesse de palavra pronta. (...) Todos ficaram gostando dele. Eu estava to contente como se Escobar fosse inveno minha. Jos Dias desfechou-lhe dois superlativos, tio Cosme dois capotes, e prima Justina no achou tacha que lhe pr; depois, sim, no segundo ou terceiro domingo, veio ela confessar-nos que o meu amigo Escobar era um tanto metedio e tinha uns olhos policiais a que no escapava nada. So os olhos dele, expliquei. Nem eu digo que sejam de outro. So olhos refletidos, opinou tio Cosme. Seguramente, acudiu Jos Dias, entretanto, pode ser que a senhora D. Justina tenha alguma razo. A verdade que uma coisa no impede outra, e a reflexo casa-se muito bem curiosidade natural. Parece curioso, isso parece, mas... A mim parece-me um mocinho muito srio, disse minha me. Justamente! confirmou Jos Dias para no discordar dela. Quando eu referi a Escobar aquela opinio de minha me (sem lhe contar as outras naturalmente) vi que o prazer dele foi extraordinrio. Agradeceu, dizendo que eram bondades, e elogiou tambm minha me, senhora grave, distinta e moa, muito moa... Que idade teria? Machado de Assis, Dom Casmurro. a) Um crtico afirma que, examinada em suas relaes, a populao de Dom Casmurro compe uma parentela, uma dessas grandes molculas sociais do Brasil tradicional, no centro da qual est um proprietrio mais considervel, cercado de figuras que podem incluir, entre outros, um ou mais agregados, vizinhos com obrigaes, comensais, parentes pobres em graus diversos, conhecidos que aspiram proteo (...). (Adaptado de Roberto Schwarz, Duas meninas.) Identifique o papel que cada uma das personagens que aparecem no trecho de Dom Casmurro desempenha na composio da referida parentela. (Observao: os nomes das personagens encontram-se reproduzidos na pgina de respostas). b) Na conversao apresentada no trecho, as falas de Jos Dias refletem a posio social que ele ocupa nessa parentela? Justifique sua resposta.

Questão 10
2008Português

(FUVEST 2008) Em seu poema chamado Graciliano Ramos:, Joo Cabral de Melo Neto coloca-se no lugar desse escritor e desenvolve quatro afirmaes: I. Falo somente com o que falo: (= com os meios que uso para expressar-me, com o estilo que emprego). II. Falo somente do que falo: (= dos assuntos de que trato, dos aspectos que privilegio). III. Falo somente por quem falo: (= em nome de quem falo, a quem dou voz em minha obra). IV. Falo somente para quem falo: (= a quem me dirijo ao escrever, de que modo trato o leitor). Imitando o procedimento de Joo Cabral, coloque-se no lugar de Graciliano Ramos e desenvolva cada uma dessas quatro afirmaes, tendo como referncia o romance Vidas secas.

Questão 40
2008Português

(FUVEST - 2008 - 1 FASE) H muitas, quase infinitas maneiras de ouvir msica. Entretanto, as trs mais freqentes distinguem-se pela tendncia que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente. Ouvir com o corpo empregar no ato da escuta no apenas os ouvidos, mas a pele toda, que tambm vibra ao contato com o dado sonoro: sentir em estado bruto. bastante freqente, nesse estgio da escuta, que haja um impulso em direo ao ato de danar. Ouvir emotivamente, no fundo, no deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a msica. usar da msica a fim de que ela desperte ou reforce algo j latente em ns mesmos. Sai-se da sensao bruta e entra-se no campo dos sentimentos. Ouvir intelectualmente dar-se conta de que a msica tem, como base, estrutura e forma. Referir-se msica a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcanada nesse processo. Adaptado de J. Jota de Moraes, O que msica. De acordo com o texto, quando uma tendncia de ouvir se torna dominante, a audio musical

Questão 41
2008Português

(FUVEST - 2008 - 1 FASE) H muitas, quase infinitas maneiras de ouvir msica. Entretanto, as trs mais freqentes distinguem-se pela tendncia que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente. Ouvir com o corpo empregar no ato da escuta no apenas os ouvidos, mas a pele toda, que tambm vibra ao contato com o dado sonoro: sentir em estado bruto. bastante freqente, nesse estgio da escuta, que haja um impulso em direo ao ato de danar. Ouvir emotivamente, no fundo, no deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a msica. usar da msica a fim de que ela desperte ou reforce algo j latente em ns mesmos. Sai-se da sensao bruta e entra-se no campo dos sentimentos. Ouvir intelectualmente dar-se conta de que a msica tem, como base, estrutura e forma. Referir-se msica a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcanada nesse processo. Adaptado de J. Jota de Moraes, O que msica. Nesse texto, o primeiro pargrafo e o conjunto dos demais articulam-se de modo a constituir, respectivamente

Questão 42
2008Português

(FUVEST - 2088 - 1 FASE) H muitas, quase infinitas maneiras de ouvir msica. Entretanto, as trs mais freqentes distinguem-se pela tendncia que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente. Ouvir com o corpo empregar no ato da escuta no apenas os ouvidos, mas a pele toda, que tambm vibra ao contato com o dado sonoro: sentir em estado bruto. bastante freqente, nesse estgio da escuta, que haja um impulso em direo ao ato de danar. Ouvir emotivamente, no fundo, no deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a msica. usar da msica a fim de que ela desperte ou reforce algo j latente em ns mesmos. Sai-se da sensao bruta e entra-se no campo dos sentimentos. Ouvir intelectualmente dar-se conta de que a msica tem, como base, estrutura e forma. Referir-se msica a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcanada nesse processo. Adaptado de J. Jota de Moraes, O que msica. Considere as seguintes afirmaes: I. Ouvir msica com o corpo senti-la em estado bruto. II. Ao ouvir-se msica emotivamente, sai-se do estado bruto. Essas afirmaes articulam-se de maneira clara e coerente no perodo:

Questão 43
2008Português

(FUVEST - 2008 - 1 FASE) S. Paulo, 13-XI-42 Murilo So 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo ltimo, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que no fao nada, com o desnimo de apsgripe, uma moleza invencvel, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por a. (...) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos propositais. Sim senhor, seu poeta, voc at est ficando escritor e estilista. Voc tem toda a razo de no gostar do nariz furo, de comichona, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente a da gente no gostar sensitivamente. As palavras so postas de propsito pra no gostar, devido elevao declamatria do coral que precisa ser um bocado brbara, brutal, insatisfatria e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfao no prazer esttico, no deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que voc recusou s uma continua me desagradando lar fechadinho, em que o carinhoso do diminutivo um desfalecimento no grandioso do coral. Mrio de Andrade, Cartas a Murilo Miranda. ... estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. No trecho acima, o termo grifado indica que o autor da carta pretende