(Puccamp/2016)
A década de 1950 foi marcada pelo anseio de modernização do país, cujos reflexos se fazem sentir também no plano da cultura. É de se notar o amadurecimento da poesia de João Cabral, poeta que se rebelou contra o que considerava nosso sentimentalismo, nosso “tradicional lirismo lusitano”, bem como o surgimento de novas tendências experimentalistas, observáveis na linguagem renovadora de Ferreira Gullar e na radicalização dos poetas do Concretismo. As linhas geométricas da arquitetura de Brasília e o apego ao construtivismo que marca a criação poética parecem, de fato, tendências próximas e interligadas.
(MOUTINHO, Felipe. Inédito.)
O anseio pela renovação da linguagem poética ao longo da década de 50, presente tanto na poesia de Ferreira Gullar como na dos poetas concretos, manifestou-se sobretudo como um empenho em
reforçar o aspecto discursivo do verso, por meio da valorização dos nexos sintáticos.
espacializar as palavras, reconhecendo em cada uma a autonomia de um signo.
dotar os versos da musicalidade expressiva dos modernos simbolistas europeus.
engajar as palavras num discurso de denúncia e de combate político.
experimentar novas formas fixas de poema, combatendo assim a livre discursividade.