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Questões - UNESP 2014 | Gabarito e resoluções

Questão 8
2014Português

(UNESP - 2014/2 - 1a fase) TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO: A(s) questo(es) a seguir focaliza(m) uma passagem de um artigo de Jos Francisco Botelho e uma das ilustraes de Carlo Giovani a esse artigo. Compaixo Considerada a maior de todas as virtudes por religies como o budismo e o hindusmo, a compaixo a capacidade humana de compartilhar (ou experimentar de forma parcial) os sentimentos alheios principalmente o sofrimento. Mas a onipresena da misria humana faz da compaixo uma virtude potencialmente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inao. Por isso, a piedade tem uma reputao conturbada na histria do pensamento: se alguns a apontaram como o alicerce da tica e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acrscimo de tristeza a um Universo j suficientemente amargo. Porm, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas s outras: quando aliado temperana, o sentimento de comiserao pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudncia uma compaixo potencialmente infinita, possvel sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros como algum que se delicia com um gole de gua fresca, lembrando-se do deserto que arde l fora. Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato que a denncia da compaixo segue um raciocnio bastante rigoroso. O sofrimento e todos concordam algo ruim. A compaixo multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida tambm por outra. E o que pior: ao passar a infelicidade adiante, ela no corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltrao universal da tristeza poderia ser uma virtude? No sculo 1 a.C., Ccero escreveu: Por que sentir piedade, se em vez disso podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem. * Os romanos consideravam a cratera vulcnica de Averno, situada perto de Npoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Pluto. Na ilustrao apresentada logo aps o texto, os elementos visuais postos em arranjo representam

Questão 8
2014Geografia

(UNESP - 2014 - 2 FASE) Analise o mapa. Explique o volume de capital mobilizado nos fluxos comerciais realizados entre Sudeste Asitico/Oceania, Europa Ocidental e Amrica do Norte. Indique diferenas em relao forma de insero da Europa Ocidental e da Amrica do Sul/Caribe no comrcio mundial.

Questão 9
2014Português

(UNESP - 2014/2 - 1a fase) TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO: A(s) questo(es) a seguir focaliza(m) uma passagem de um artigo de Jos Francisco Botelho e uma das ilustraes de Carlo Giovani a esse artigo. Compaixo Considerada a maior de todas as virtudes por religies como o budismo e o hindusmo, a compaixo a capacidade humana de compartilhar (ou experimentar de forma parcial) os sentimentos alheios principalmente o sofrimento. Mas a onipresena da misria humana faz da compaixo uma virtude potencialmente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inao. Por isso, a piedade tem uma reputao conturbada na histria do pensamento: se alguns a apontaram como o alicerce da tica e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acrscimo de tristeza a um Universo j suficientemente amargo. Porm, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas s outras: quando aliado temperana, o sentimento de comiserao pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudncia uma compaixo potencialmente infinita, possvel sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros como algum que se delicia com um gole de gua fresca, lembrando-se do deserto que arde l fora. Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato que a denncia da compaixo segue um raciocnio bastante rigoroso. O sofrimento e todos concordam algo ruim. A compaixo multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida tambm por outra. E o que pior: ao passar a infelicidade adiante, ela no corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltrao universal da tristeza poderia ser uma virtude? No sculo 1 a.C., Ccero escreveu: Por que sentir piedade, se em vez disso podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem. * Os romanos consideravam a cratera vulcnica de Averno, situada perto de Npoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Pluto. Assinale a alternativa que contm trs vocbulos usados como sinnimos ao longo do fragmento

Questão 9
2014Português

(UNESP - 2014 - 1 FASE) A questo tomam por base uma passagem do artigoOs operrios da msica livre, de Ronaldo Evangelista. Desde o final do sculo 20, toda a engrenagem industrial do mercado musical passa por intensas transformaes, como o surgimento e disseminao de novas tecnologias, em grande parte gratuitas, como os arquivos MP3s, as redes de compartilhamento destes arquivos, mecanismos torrents, sites de armazenamento de contedo, ferramentas de publicao on-line tudo disposio de quem quisesse dividir com os outros suas canes e discos favoritos. A era ps-industrial atingiu toda a indstria do entretenimento, mas o brao da msica foi quem mais sofreu, especialmente as grandes gravadoras multinacionais, as chamadas majors, que sofreram um declnio em todas as etapas de seu antigo negcio, ao mesmo tempo em que rapidamente se aperfeioavam ferramentas baratas e caseiras de produo que diminuam a distncia entre amadores e profissionais. A era digital tambm chamada de ps-industrial porque confronta o modelo de produo que dominava at o final do sculo 20. Esse modelo industrial baseado na repetio, em formatar e embalar. Por trs disso, a ideia obter a mxima produo o que, para produtos em geral, funciona muito bem. Quando esses parmetros so aplicados arte, a venda do produto (por exemplo, o disco) depende do contedo (a cano). A cano que vai resultar nessa produo mxima buscada por meio de um equilbrio entre criatividade e uma frmula de sucesso que desperte o interesse do pblico. Como estudos ainda no conseguiram decifrar como direcionar a criatividade de uma maneira que certamente despertar esse interesse (e maximizar a produo), a opo normalmente costuma ser pela soluo mais simples. Cada um tem descoberto suas frmulas e possibilidades, pois tudo tende a ser cada vez menos homogneo, opina o baiano Lucas Santtana, que realizou seus discos recentes s prprias custas.Claro que ainda existe uma distncia em relao aos artistas chamados mainstream, continua. Mas voc muda o tamanho da escala e j est tudo igual em termos de business. A pergunta se essa gerao faz uma msica para esse grande mercado ou se ela est formando um novo pblico. Outra pergunta se o grande mercado na verdade no passa de uma imposio de uma mfia que dita o que vai ser popular. (Galileu, maro de 2013. Adaptado.) Em seu depoimento no artigo, o msico Lucas Santtana sugere que o grande mercado talvez no passe da imposio de uma mfia. O termo mfia, nesse caso, foi empregado no sentido de

Questão 9
2014Sociologia

(UNESP - 2014 - 2 FASE) Texto 1 A Comisso de Direitos Humanos (CDH) da Cmara dos Deputados conseguiu aprovar nesta tera-feira [18.06.2013] o projeto de decreto legislativo que trata da cura gay. O deputado Anderson Ferreira, relator da matria na CDH, alegou que a suspenso da resoluo ter efeito somente at que haja uma deciso judicial que determine se psiclogos devem ou no ajudar pacientes a deixarem a homossexualidade. Em resposta, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) afirmou que os psiclogos esto proibidos de tratar a homossexualidade como doena. A proposta altera uma resoluo do CFP e suspende a vigncia desse documento, que probe psiclogos de atuar para mudar a orientao sexual de pacientes e de considerar a homossexualidade como doena. H quase 30 anos a homossexualidade foi excluda da Classificao Internacional das Doenas. (Luciana Cobucci. Com poucos manifestantes, CDH aprova projeto da cura gay. http://noticias.terra.com.br. Adaptado.) Texto 2 Comportamento homossexual tem sido descrito em rpteis, pssaros e mamferos, animais que na evoluo divergiram h mais de 100 milhes de anos. Uma parte dos machos e fmeas de todas as espcies de aves estudadas tem relaes sexuais com indivduos do mesmo sexo. Em muitas ocasies, essas prticas terminam em orgasmo de apenas um ou dois dos parceiros. Certamente, j existiam homindeos homo e bissexuais 5 a 7 milhes de anos atrs, quando nossos ancestrais resolveram descer das rvores nas savanas da frica. Sempre houve e haver mulheres e homens que desejam pessoas do mesmo sexo, porque essa uma caracterstica inerente condio humana. (Drauzio Varella. Gays e heterossexuais incurveis. Folha de S.Paulo, 29.06.2013. Adaptado.) Comente as diferenas entre o projeto de decreto legislativo e o texto do mdico Drauzio Varella em suas respectivas pretenses de fundamentao cientfica da relao entre comportamentos normais e patolgicos no campo da sexualidade.

Questão 9
2014Filosofia

(UNESP - 2014/2 - 2 FASE) TEXTO 1 Voc quer ter boa sade e vida longa para voc e sua famlia? Anseia viver num mundo onde a dor, o sofrimento e a morte sero coisas do passado? Um mundo assim no apenas um sonho. Pelo contrrio, um novo mundo de justia logo ser realidade, pois esse o propsito de Deus. Jeov levar a humanidade perfeio por meio do sacrifcio de resgate de Jesus. Os humanos fiis vivero como Deus queria: para sempre e com sade perfeita. (A Sentinela,dezembro de 2013. Adaptado.) TEXTO 2 Assim, tenho de contradiz-lo quando prossegue argumentando que os homens so completamente incapazes de passar sem a consolao da iluso religiosa, que, sem ela, no poderiam suportar as dificuldades da vida e as crueldades da realidade. Sem a religio, tero de admitir para si mesmos toda a extenso de seu desamparo e insignificncia na maquinaria do universo; no podem mais ser o centro da criao, o objeto de terno cuidado por parte de uma Providncia beneficente. Mas no h dvida de que o infantilismo est destinado a ser superado. Os homens no podem permanecer crianas para sempre; tm de, por fim, sair para a vida hostil. Podemos chamar isso de educao para a realidade. (Sigmund Freud. O futuro de uma iluso, 1974. Adaptado.) Comente as diferenas entre os dois textos no tocante religio.

Questão 10
2014Filosofia

(UNESP - 2014 - 2 FASE) Entre a populao brasileira, 39% acham que a desigualdade social alimenta a criminalidade, mas 58% acreditam que a maldade das pessoas a sua principal causa. Esse contraste entre posies liberais e conservadoras uma marca da sociedade brasileira, de acordo com pesquisa nacional feita pelo Datafolha. Foram realizadas 2 588 entrevistas em 160 municpios. Inspirado por uma metodologia adotada por institutos de pesquisa estrangeiros, o Datafolha submeteu os entrevistados a uma bateria de perguntas sobre assuntos polmicos para verificar a inclinao das pessoas por valores liberais e conservadores. (Tendncia conservadora forte no pas. Folha de S.Paulo, 25.12.2012. Adaptado.) Relacione a diferena entre as opinies de liberais e conservadores sobre as causas da violncia s concepes de natureza humana no pensamento de Jean-Jacques Rousseau [1712-1778] e Thomas Hobbes [1588-1679].

Questão 10
2014Sociologia

(UNESP - 2014/2 - 2 FASE) TEXTO 1 A natureza hierrquica; assim, uma sociedade ordenada naturalmente dividida em estratos ou classes, de modo que a igualdade, tanto poltica, social como econmica, vai contra a natureza. Para Edmund Burke (1729-1797), a ideia de igualdade, esta monstruosa fico apregoada pela Revoluo Francesa, s serve para subverter a ordem e para agravar e tornar mais amarga a desigualdade real que nunca pode ser eliminada e que a ordem da vida civil estabelece. (Francisco Weffort. Os clssicos da poltica, vol. 2, 2001. Adaptado.) TEXTO 2 Com Stuart Mill (1806-1873), o liberalismo despe-se de seu rano conservador, defensor do voto censitrio e da cidadania restrita, para incorporar em sua agenda todo um elenco de reformas que vo desde o voto universal at a emancipao da mulher. Na obra de Mill podemos acompanhar um esforo articulado e coerente para enquadrar e responder s demandas do movimento operrio ingls. (Francisco Weffort. Os clssicos da poltica, vol. 2, 2001. Adaptado.) Classifique os dois pensadores citados nos textos, de acordo com as tendncias liberal democrtica ou liberal conservadora, e comente as diferenas que justificam essa classificao.

Questão 10
2014Português

(UNESP - 2014 - 1 FASE) A questo tomam por base uma passagem do artigoOs operrios da msica livre, de Ronaldo Evangelista. Desde o final do sculo 20, toda a engrenagem industrial do mercado musical passa por intensas transformaes, como o surgimento e disseminao de novas tecnologias, em grande parte gratuitas, como os arquivos MP3s, as redes de compartilhamento destes arquivos, mecanismos torrents, sites de armazenamento de contedo, ferramentas de publicao on-line tudo disposio de quem quisesse dividir com os outros suas canes e discos favoritos. A era ps-industrial atingiu toda a indstria do entretenimento, mas o brao da msica foi quem mais sofreu, especialmente as grandes gravadoras multinacionais, as chamadas majors, que sofreram um declnio em todas as etapas de seu antigo negcio, ao mesmo tempo em que rapidamente se aperfeioavam ferramentas baratas e caseiras de produo que diminuam a distncia entre amadores e profissionais. A era digital tambm chamada de ps-industrial porque confronta o modelo de produo que dominava at o final do sculo 20. Esse modelo industrial baseado na repetio, em formatar e embalar. Por trs disso, a ideia obter a mxima produo o que, para produtos em geral, funciona muito bem. Quando esses parmetros so aplicados arte, a venda do produto (por exemplo, o disco) depende do contedo (a cano). A cano que vai resultar nessa produo mxima buscada por meio de um equilbrio entre criatividade e uma frmula de sucesso que desperte o interesse do pblico. Como estudos ainda no conseguiram decifrar como direcionar a criatividade de uma maneira que certamente despertar esse interesse (e maximizar a produo), a opo normalmente costuma ser pela soluo mais simples. Cada um tem descoberto suas frmulas e possibilidades, pois tudo tende a ser cada vez menos homogneo, opina o baiano Lucas Santtana, que realizou seus discos recentes s prprias custas.Claro que ainda existe uma distncia em relao aos artistas chamados mainstream, continua. Mas voc muda o tamanho da escala e j est tudo igual em termos de business. A pergunta se essa gerao faz uma msica para esse grande mercado ou se ela est formando um novo pblico. Outra pergunta se o grande mercado na verdade no passa de uma imposio de uma mfia que dita o que vai ser popular. (Galileu, maro de 2013. Adaptado.) Como estudos ainda no conseguiram decifrar como direcionar a criatividade de uma maneira que certamente despertar esse interesse (e maximizar a produo), a opo normalmente costuma ser pela soluo mais simples. O perodo em destaque apresenta muitos ecos (coincidncias de sons de finais de palavras). Uma das formas de evit-los e tornar a sequncia mais fluente seria colocar conduzir, tal, quantidade produzida em lugar de, respectivamente, tal, quantidade produzida em lugar de, respectivamente,

Questão 10
2014Português

(UNESP - 2014/2 - 1a fase) TEXTO PARA A PRXIMA QUESTO: A(s) questo(es) a seguir focaliza(m) uma passagem de um artigo de Jos Francisco Botelho e uma das ilustraes de Carlo Giovani a esse artigo. Compaixo Considerada a maior de todas as virtudes por religies como o budismo e o hindusmo, a compaixo a capacidade humana de compartilhar (ou experimentar de forma parcial) os sentimentos alheios principalmente o sofrimento. Mas a onipresena da misria humana faz da compaixo uma virtude potencialmente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inao. Por isso, a piedade tem uma reputao conturbada na histria do pensamento: se alguns a apontaram como o alicerce da tica e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acrscimo de tristeza a um Universo j suficientemente amargo. Porm, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas s outras: quando aliado temperana, o sentimento de comiserao pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudncia uma compaixo potencialmente infinita, possvel sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros como algum que se delicia com um gole de gua fresca, lembrando-se do deserto que arde l fora. Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato que a denncia da compaixo segue um raciocnio bastante rigoroso. O sofrimento e todos concordam algo ruim. A compaixo multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida tambm por outra. E o que pior: ao passar a infelicidade adiante, ela no corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltrao universal da tristeza poderia ser uma virtude? No sculo 1 a.C., Ccero escreveu: Por que sentir piedade, se em vez disso podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem. * Os romanos consideravam a cratera vulcnica de Averno, situada perto de Npoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Pluto. Devido a um problema de reviso, aparece no artigo uma forma verbal em desacordo com a chamada norma-padro. Trata-se do emprego equivocado de

Questão 11
2014Português

(UNESP - 2014 - 1 FASE) Para responder questo, leia o fragmento de um texto publicado em 1867 no seminrioCabrio. So Paulo, 10 de maro de 1867. Estamos em plena quaresma. A populao paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das conscincias nas guas lustrais do confessionrio e do jejum. A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado. A carne, msera condenada pelos santos conclios, fica reduzida aos pouqussimos dentes acatlicos da populao, e desce quase a zero na pauta dos preos. O que no sobe nem desce na escala dos fatos normais a vilania, a usura, o egosmo, a estatstica dos crimes e o monto de fatos vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contries oficiais do confessionrio, e que depois delas continuam com imperturbvel regularidade. o caso de desejar-se mais obras e menos palavras. E se no, de que que serve o jejum, as maceraes, o arrependimento, a contrio e quejandas religiosidades? O que a religio sem o aperfeioamento moral da conscincia? O que vale a perturbao das funes gastronmicas do estmago sem conscincia livre, ilustrada, honesta e virtuosa? Seja como for, o fato que a quaresma toma as rdeas do governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exerccio de seus msticos preceitos de silncio e meditao. De que que vale a meditao por ofcio, a meditao hipcrita e obrigada, que consiste unicamente na aparncia? Pois o que que constitui a virtude? a forma ou o fundo? a inteno do ato, ou sua feio ostensiva? Neste sentido, aconselhamos aos bons leitores que comutem sem o menor escrpulo os jejuns, as confisses e rezas em boas e santas aes, em esmolas aos pobres. (ngelo Agostini, Amrico de Campos e Antnio Manoel dos Reis. Cabrio, 10.03.1867. Adaptado.) * Iguaria constituda de brotos de abbora guisados, geralmente servida como acompanhamento de assados. Pelo seu tema e desenvolvimento argumentativo, o texto pode ser classificado como

Questão 11
2014Português

(UNESP - 2014/2 - 1a fase) Para responder questo, leia o fragmento de um romance de rico Verssimo (1905-1975) O defunto dominava a casa com a sua presena enorme. Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala ainda no se haviam habituado ao seu silncio espesso. Fazia um calor opressivo. Do quarto contguo vinham soluos sem choro. Pareciam pedaos arrancados dum grito de dor nico e descomunal, davam uma impresso de dilaceramento, de agonia sincopada. As velas ardiam e o cheiro da cera derretida se casava com o perfume adocicado das flores que cobriam o caixo. A mistura enjoativa inundava o ar como uma emanao mesma do defunto, entrava pelas narinas dos vivos e lhes dava a sensao desconfortante duma comunho com a morte. O velho calvo que estava a um canto da sala, voltou a cabea para o militar a seu lado e cochichou: Est fazendo falta aqui o Tico, capito. O oficial ainda no conhecia o Tico. Era novo na cidade. Ento o velho explicou. O Tico era um sujeito que sabia animar os velrios, contava histrias, tinha um jeito especial de levar a conversa, deixando todo o mundo vontade. Sem o Tico era o diabo... Por onde andaria aquela alma? Entrou um homem magro, alto, de preto. Cumprimentou com um aceno discreto de cabea, caminhou devagarinho at o cadver e ergueu o leno branco que lhe cobria o rosto. Por alguns segundos fitou na cara morta os olhos tristes. Depois deixou cair o leno, afastou-se enxugando as lgrimas com as costas das mos e entrou no quarto vizinho. O velho calvo suspirou. Pouca gente... O militar passou o leno pela testa suada. Muito pouca. E o calor est brabo. E ainda cedo. O capito tirou o relgio: faltava um quarto para as oito. (Um lugar ao sol, 1978.) A descrio do velrio sugere

Questão 11
2014Filosofia

(UNESP - 2014/2 - 2 FASE) TEXTO 1 A verdade esta: a cidade onde os que devem mandar so os menos apressados pela busca do poder a mais bem governada e menos sujeita a revoltas, e aquela onde os chefes revelam disposies contrrias est ela mesma numa situao contrria. Certamente, no Estado bem governado s mandaro os que so verdadeiramente ricos, no de ouro, mas dessa riqueza de que o homem tem necessidade para ser feliz: uma vida virtuosa e sbia. (Plato.A Repblica, 2000. Adaptado.) TEXTO 2 Um prncipe prudente no pode e nem deve manter a palavra dada quando isso lhe nocivo e quando aquilo que a determinou no mais exista. Fossem os homens todos bons, esse preceito seria mau. Mas, uma vez que so prfidos e que no a manteriam a teu respeito, tambm no te vejas obrigado a cumpri-la para com eles. Nunca, aos prncipes, faltaram motivos para dissimular quebra da f jurada. (Maquiavel.O Principe, 2000. Adaptado.) Comente as diferenas entre os dois textos no que se refere necessidade de virtudes pessoais para o governante de um Estado.

Questão 11
2014Sociologia

(UNESP - 2014 - 2 FASE)Texto 1 O problema do pensamento politicamente correto que ele nada tem de correto. Pior: na nsia de impedir qualquer ofensa a grupos ou minorias, ele converte-se na mais grotesca ofensa que existe para esses grupos ou minorias. A revista alem Der Spiegel relata um caso que merece partilha: a Universidade Livre de Berlim decidiu publicar um guia interno para que os alunos de famlias proletrias possam ser mais facilmente integrados na vida acadmica. Para os autores do guia, os alunos proletrios so como certas espcies zoolgicas que necessrio proteger em hbitat adequado. E isso implica no os assustar e, logicamente, no os alimentar com doses arcaicas de conhecimento burgus e reacionrio. A universidade no uma universidade, com a misso de corrigir erros e procurar algum conhecimento vlido para todos. A universidade uma grande encenao ou, melhor ainda, uma sesso coletiva de terapia onde ningum est certo (ou errado) porque todos esto certos (ou errados). O que o pensamento politicamente correto produz no difcil de imaginar: a perpetuao do estigma de alunos proletrios e a impossibilidade de eles aprenderem alguma coisa (na universidade) para ascenderem social e economicamente (na vida profissional). (Joo Pereira Coutinho. Amestrando proletrios. Folha de S.Paulo, 02.07.2013. Adaptado.) Texto 2 No existe razo para que tenhamos preconceito com relao a qualquer variedade lingustica diferente da nossa. Preconceito lingustico o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da prpria fala. O problema maior que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito so, normalmente, as com caractersticas associadas a grupos de menos prestgio na escala social ou a comunidades da rea rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econmica e socialmente. (Marta Scherre. O preconceito lingustico deveria ser crime. http://revistagalileu.globo.com) Comente as diferenas entre os dois textos no que se refere ao pensamento politicamente correto.

Questão 12
2014Português

(UNESP - 2014 - 1 FASE) Para responder questo, leia o fragmento de um texto publicado em 1867 no seminrioCabrio. So Paulo, 10 de maro de 1867. Estamos em plena quaresma. A populao paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das conscincias nas guas lustrais do confessionrio e do jejum. A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado. A carne, msera condenada pelos santos conclios, fica reduzida aos pouqussimos dentes acatlicos da populao, e desce quase a zero na pauta dos preos. O que no sobe nem desce na escala dos fatos normais a vilania, a usura, o egosmo, a estatstica dos crimes e o monto de fatos vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contries oficiais do confessionrio, e que depois delas continuam com imperturbvel regularidade. o caso de desejar-se mais obras e menos palavras. E se no, de que que serve o jejum, as maceraes, o arrependimento, a contrio e quejandas religiosidades? O que a religio sem o aperfeioamento moral da conscincia? O que vale a perturbao das funes gastronmicas do estmago sem conscincia livre, ilustrada, honesta e virtuosa? Seja como for, o fato que a quaresma toma as rdeas do governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exerccio de seus msticos preceitos de silncio e meditao. De que que vale a meditao por ofcio, a meditao hipcrita e obrigada, que consiste unicamente na aparncia? Pois o que que constitui a virtude? a forma ou o fundo? a inteno do ato, ou sua feio ostensiva? Neste sentido, aconselhamos aos bons leitores que comutem sem o menor escrpulo os jejuns, as confisses e rezas em boas e santas aes, em esmolas aos pobres. (ngelo Agostini, Amrico de Campos e Antnio Manoel dos Reis. Cabrio, 10.03.1867. Adaptado.) * Iguaria constituda de brotos de abbora guisados, geralmente servida como acompanhamento de assados. A cambuquira e o bacalhau afidalgam-se no mercado. Ao empregar o verbo afidalgar-se (tornar-se fidalgo, enobrecer; assumir ares de fidalgo, tornar-se distinto), os autores do texto sugerem, com bom humor, que a cambuquira e o bacalhau