(UNESP - 2019 - 1 FASE ) Galileu tornou-se o criador da fsica moderna quando anunciou as leis fundamentais do movimento. Formulando tais princpios, ele estruturou todo o conhecimento cientfico da natureza e abalou os alicerces que fundamentavam a concepo medieval do mundo. Destruiu a ideia de que o mundo possui uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela viso de um universo aberto, infinito. Ps de lado o finalismo aristotlico e escolstico, segundo o qual tudo aquilo que ocorre na natureza ocorre para cumprir desgnios superiores; e mostrou que a natureza fundamentalmente um conjunto de fenmenos mecnicos. (Jos Amrico M. Pessanha. Galileu Galilei, 2000. Adaptado.) A importncia da obra de Galileu para o surgimento da cincia moderna justifica-se porque seu pensamento
(UNESP - 2019 - 1 FASE ) O zologo Richard Dawkins e o paleontlogo Simon Conway Morris tm muito em comum: lecionam nas mais prestigiadas universidades da Gr-Bretanha [] e compartilham opinies e crenas cientficas quando o tema a origem da vida. Para ambos, a riqueza da biosfera na Terra explicada mais do que satisfatoriamente pela teoria da seleo natural, de Charles Darwin. [] Num encontro realizado na Universidade de Cambridge, porm, eles protagonizaram um novo round de um debate que divide a humanidade desde que o mundo mundo: Deus existe? Morris, cristo convicto, afirmou [em sua palestra] que a misteriosa habilidade da natureza para convergir em criaturas morais e adorveis como os seres humanos uma prova de que o processo evolutivo obra de Deus. J o agnstico Dawkins disse que o poder criativo da evoluo reforou sua convico de que vivemos num mundo puramente material. (Rodrigo Cavalcante. Procura-se Deus. https://super.abril.com.br, 31.10.2016.) O conflito de opinies entre os dois cientistas ilustra a oposio entre
(UNESP - 2019 - 1 FASE) A maior violao do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente como um ser moral (a humanidade em sua prpria pessoa), o contrrio da veracidade, a mentira []. A mentira pode ser externa [] ou, inclusive, interna. Atravs de uma mentira externa, um ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo aos olhos dos outros; atravs de uma mentira interna, ele realiza o que ainda pior: torna a si mesmo desprezvel aos seus prprios olhos e viola a dignidade da humanidade em sua prpria pessoa []. Pela mentira um ser humano descarta e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. [] possvel que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que fala pode, at mesmo, pretender atingir um fim realmente benfico por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim , por sua simples forma, um crime de um ser humano contra sua prpria pessoa e uma indignidade que deve torn-lo desprezvel aos seus prprios olhos. (Immanuel Kant. A metafsica dos costumes, 2010.) Em sua sentena dirigida mentira, Kant
(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) O aparecimento da filosofia na Grcia no foi um fato isolado. Estava ligado ao nascimento da plis. (Marcelo Rede. A Grcia Antiga, 2012.) A relao entre os surgimentos da filosofia e da plis na Grcia Antiga explicada, entre outros fatores,
(UNESP -2018 - 1 FASE) Sou imperfeito, logo existo. Sustento que o ser ou carncia ou no nada. Sustento que uma pessoa com deficincia intelectual um ser com carncias e imperfeies. Sustento que eu, voc e ele somos seres com carncias e imperfeies. Portanto, concluo que ns, os seres humanos, pelo fato de existir, somos TODOS incapazes e capazes intelectualmente. A diferena entre um autista severo e eu o grau de carncia, no a diferena entre o que somos. A razo alterada um tipo de racionalidade diferenciada que considera as pessoas como seres nicos e no categorizados em padres sociais que agrupam as pessoas por nveis, ndices ou coeficientes. (Chema Snchez Alcn. Crtica de la razn alterada. http://losojosdehipatia.com.es, 30.10.2016. Adaptado.) De acordo com o texto, razo alterada
(UNESP -2018 - 1 FASE) De um lado, dizem os materialistas, a mente um processo material ou fsico, um produto do funcionamento cerebral. De outro lado, de acordo com as vises no materialistas, a mente algo diferente do crebro, podendo existir alm dele. Ambas as posies esto enraizadas em uma longa tradio filosfica, que remonta pelo menos Grcia Antiga. Assim, enquanto Demcrito defendia a ideia de que tudo composto de tomos e todo pensamento causado por seus movimentos fsicos, Plato insistia que o intelecto humano imaterial e que a alma sobrevive morte do corpo. (Alexander Moreira-Almeida e Saulo de F. Araujo. O crebro produz a mente?: um levantamento da opinio de psiquiatras. www.archivespsy.com, 2015.) A partir das informaes e das relaes presentes no texto, conclui-se que
(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Nada acusa mais uma extrema fraqueza de esprito do que no conhecer qual a infelicidade de um homem sem Deus; nada marca mais uma m disposio do corao do que no desejar a verdade das promessas eternas; nada mais covarde do que fazer-se de bravo contra Deus. Deixem ento essas impiedades para aqueles que so bastante mal nascidos para ser verdadeiramente capazes disso. Reconheam enfim que no h seno duas espcies de pessoas a quem se possam chamar razoveis: ou os que servem a Deus de todo o corao porque o conhecem ou os que o buscam de todo o corao porque no o conhecem. (Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.) O pensamento desse filsofo nitidamente influenciado por uma tica
(UNESP - 2018 - 1 FASE) Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que tm das coisas e no com as coisas em si. Seria grande passo, em alvio da nossa miservel condio, se se provasse que isso uma verdade absoluta. Pois se o mal s tem acesso em ns porque julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder no o levarmos a srio ou o colocarmos a nosso servio. Por que atribuir doena, indigncia, ao desprezo um gosto cido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a ns que cabe determinar a qualidade de seus efeitos. (Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.) De acordo com o filsofo, a diferena entre o bem e o mal
(UNESP - 2018/2 - 1 FASE) Convico a crena de estar na posse da verdade absoluta. Essa crena pressupe que h verdades absolutas, que foram encontrados mtodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele que tem convices se serve desses mtodos perfeitos. Esses trs pressupostos demonstram que o homem das convices est na idade da inocncia, e uma criana, por adulto que seja quanto ao mais. Mas milnios viveram nesses pressupostos infantis, e deles jorraram as mais poderosas fontes de fora da humanidade. Se, entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia to alta de sua convico houvessem dedicado apenas metade de sua fora para investigar por que caminho haviam chegado a ela: que aspecto pacfico teria a histria da humanidade! (Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.) Nesse excerto, Nietzsche
(UNESP -2018 - 1 FASE) Posto que as qualidades que impressionam nossos sentidos esto nas prprias coisas, claro que as ideias produzidas na mente entram pelos sentidos. O entendimento no tem o poder de inventar ou formar uma nica ideia simples na mente que no tenha sido recebida pelos sentidos. Gostaria que algum tentasse imaginar um gosto que jamais impressionou seu paladar, ou tentasse formar a ideia de um aroma que nunca cheirou. Quando puder fazer isso, concluirei tambm que um cego tem ideias das cores, e um surdo, noes reais dos diversos sons. (John Locke. Ensaio acerca do entendimento humano, 1991. Adaptado.) De acordo com o filsofo, todo conhecimento origina-se
(UNESP - 2018) TEXTO 1 O positivismo representa amplo movimento de pensamento que dominou grande parte da cultura europeia, no perodo de 1840 at s vsperas da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a Europa consumou sua transformao industrial, e os efeitos dessa revoluo sobre a vida social foram macios: o emprego das descobertas cientficas transformou todo o modo de produo. Em poucas palavras, a Revoluo Industrial mudou radicalmente o modo de vida na Europa. E os entusiasmos se cristalizaram em torno da ideia de progresso humano e social irrefrevel, j que, de agora em diante, possuam-se os instrumentos para a soluo de todos os problemas. A cincia pelos positivistas apresentava-se como a garantia absoluta do destino progressista da humanidade. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da filosofia, 1991. Adaptado.) TEXTO 2 O progresso no nem necessrio nem contnuo. A humanidade em progresso nunca se assemelha a uma pessoa que sobe uma escada, acrescentando para cada um dos seus movimentos um novo degrau a todos aqueles j anteriormente conquistados. Nenhuma frao da humanidade dispe de frmulas aplicveis ao conjunto. Uma humanidade confundida num gnero de vida nico inconcebvel, pois seria uma humanidade petrificada. (Claude Lvi-Strauss. A noo de estrutura em etnologia, 1985. Adaptado.) a) Considerando o texto 1, explique o que significa eurocentrismo e por que o conceito de progresso pressuposto pelo positivismo eurocntrico. b) Por que o mtodo empregado pelo autor do texto 2 considerado relativista? Como sua concepo de progresso se ope ao conceito de progresso positivista?
(UNESP - 2018) Dogmatismo vem da palavra grega dogma, que significa: uma opinio estabelecida por decreto e ensinada como uma doutrina, sem contestao. O dogmatismo uma atitude autoritria e submissa. Autoritria porque no admite dvida, contestao e crtica. Submissa porque se curva a opinies estabelecidas. A cincia distingue-se do senso comum porque esta uma opinio baseada em hbitos, preconceitos, tradies cristalizadas, enquanto a cincia baseia-se em pesquisas, investigaes metdicas e sistemticas e na exigncia de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade. (Marilena Chaui. Convite filosofia, 1994. Adaptado.) a) Cite duas implicaes polticas do dogmatismo. b) Do ponto de vista da objetividade, explique por que o conhecimento cientfico superior ao senso comum.
(UNESP - 2018) TEXTO 1 Todo ser humano tem um direito legtimo ao respeito de seus semelhantes e est, por sua vez, obrigado a respeitar todos os demais. A humanidade em si mesma uma dignidade, pois um ser humano no pode ser usado meramente como um meio (instrumento) por qualquer ser humano. (Immanuel Kant. A metafsica dos costumes, 2010. Adaptado.) TEXTO 2 Ao se assenhorar de um Estado, aquele que o conquista deve definir as ms aes a executar e faz-lo de uma s vez, a fim de no ter de as renovar a cada dia. Deve-se fazer as injrias todas de um s golpe. Quanto aos benefcios, devem ser concedidos aos poucos, de sorte que sejam mais bem saboreados. (Nicolau Maquiavel. O prncipe, 2000. Adaptado.) a) Considerando o texto 1, explique por que a tica de Kant apresenta um alcance universalista. Justifique sua compatibilidade com o Iluminismo filosfico. b) Considerando o texto 2, explique a posio assumida por Maquiavel em relao manipulao poltica. Justifique a incompatibilidade entre a tica de Kant e os procedimentos recomendados por Maquiavel para a manuteno do poder poltico.
(UNESP - 2018/2 - 2 fase - Questo 12) Com o desenvolvimento do capitalismo, os homens tornaram-se iguais; as diferenas de casta e religio, que outrora haviam sido fronteiras naturais a impedir a unificao da raa humana, desapareceram, e os homens aprenderam a identificar-se uns aos outros como seres humanos. O mundo ficou cada vez mais emancipado de elementos mistificadores. Politicamente, tambm cresceu a liberdade. As grandes revolues da Inglaterra e da Frana e a luta pela independncia norte-americana so marcos quilomtricos ao longo dessa evoluo, cujo pice foi o moderno Estado democrtico, baseado no princpio da igualdade de todos os homens e no direito igual de todos a participar do governo, atravs de representantes de sua prpria escolha. Por outro lado, o homem moderno se encontra em uma situao em que muito do que ele pensa e diz so as coisas que todos os demais pensam e dizem; ele no adquiriu a capacidade de pensar originalmente, isto , por si mesmo, a nica capacidade que pode dar contedo alegao de que ningum pode interferir na manifestao de suas ideias. No capitalismo, a atividade econmica, o sucesso, as vantagens materiais passam a ser fins em si mesmos. O destino do homem torna-se contribuir para o crescimento do sistema econmico, ajuntar capital, no tendo em vista sua prpria felicidade ou salvao, mas como um fim por si mesmo. (Erich Fromm. O medo liberdade, 1968. Adaptado.) a) Explique qual foi o resultado do desenvolvimento da sociedade moderna na relao dos homens com a religio. No perodo moderno, quais foram as transformaes ocorridas no campo da poltica? b) Explique a contradio apontada no progresso da liberdade humana ao longo do desenvolvimento do capitalismo. Qual o significado filosfico de as vantagens materiais serem fins em si mesmas?
(UNESP - 2018) Se um estranho chegasse de sbito a este mundo, eu poderia exemplificar seus males mostrando-lhe um hospital cheio de doentes, uma priso apinhada de malfeitores e endividados, um campo de batalha salpicado de carcaas, uma frota naufragando no oceano, uma nao desfalecendo sob a tirania, fome ou pestilncia. Se eu lhe mostrasse uma casa ou um palcio onde no houvesse um nico aposento confortvel ou aprazvel, onde a organizao do edifcio fosse causa de rudo, confuso, fadiga, obscuridade, e calor e frio extremados, ele com certeza culparia o projeto do edifcio. Ao constatar quaisquer inconvenincias ou defeitos na construo, ele invariavelmente culparia o arquiteto, sem entrar em maiores consideraes. (David Hume. Dilogos sobre a religio natural, 1992. Adaptado.) a) Explicite o tema filosfico abordado no texto e sua relao com a criao do mundo. b) Explique como os argumentos do filsofo evidenciam um ponto de vista empirista (fundamentado na experincia) e ctico (baseado na dvida), em contraste com uma concepo metafsica sobre o tema.