(UNESP - 2022 - 2 FASE)A filosofia, alm do privilgio histrico de ter sido a primeira tentativa de compreenso do mito, tem conscincia, desde a sua origem, do seu parentesco com ele. A filosofia, se no filha, , pelo menos, irm mais nova do mito e estabeleceu desde o seu bero uma fascinante relao de amizade e confronto com esse irmo mais velho. O alvorecer da filosofia na tradio ocidental mistura as suas luzes e sombras com as do mito que a precedeu na odisseia da humanidade. (Marcelo Perine. Mito e filosofia. In: Philosophos, 2002. Adaptado.) A relao apresentada no texto expressa uma passagem transformadora na filosofia referente
(UNESP - 2022 - 2 FASE)A Ecologia Profunda um conceito filosfico que considera que todos os elementos vivos da natureza devem ser respeitados, assim como deve ser garantido o equilbrio da biosfera. O termo surgiu em 1972, com o filsofo e ambientalista noruegus Arne Naess (1912-2009). Ele distinguiu as correntes ambientais entre movimentos rasos e movimentos profundos. Os movimentos rasos limitam-se a tentar minimizar os problemas ambientais e garantir o enriquecimento das sucessivas geraes humanas, enquanto a Ecologia Profunda vai na raiz dos problemas ambientais e defende os direitos de toda a comunidade bitica. (Jos E. D. Alves. Os oito princpios da ecologia profunda. www.ecodebate.com.br, 05.06.2017. Adaptado.) A partir do texto, o aspecto filosfico de Ecologia Profunda implica uma mudana de conduta, pois requer a
(UNESP - 2022 - 2 FASE) Texto 1 A crtica no se ope ao procedimento dogmtico da razo no seu conhecimento puro [], mas sim ao dogmatismo [], apoiado em princpios, como os que a razo desde h muito aplica, sem se informar como e com que direito os alcanou. O dogmatismo , pois, o procedimento dogmtico da razo sem uma crtica prvia da sua prpria capacidade. (Immanuel Kant. Crtica da razo pura, 2018.) Texto 2 Os questionamentos cticos de Hume abalaram profundamente Kant, que visava empreender uma defesa do racionalismo contra o empirismo ctico e acabou por elaborar uma filosofia que caracterizou como racionalismo crtico, pretendendo precisamente superar a dicotomia entre racionalismo e empirismo. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2010. Adaptado.) Os textos explicitam a noo de crtica, que corresponde, na filosofia kantiana,
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2) No fcil vencer uma discusso. Especialmente em um contexto inflamado, em que as opinies se polarizam, notcias falsas se proliferam, debatedores recorrem a ofensas e sarcasmo e festas de fim de ano criam ambientes propcios para a briga. Uma boa discusso, ao contrrio do que a maior parte das pessoas pensa, no serve para a disputa e, sim, para a construo do conhecimento. Nesse sentido, saber sustentar uma boa argumentao fundamental. (Beatriz Montesanti e Tatiana Dias. Por que opinio no argumento, segundo este professor de lgica da Unicamp. www.nexojornal.com.br, 28.02.2018.) O excerto explicita a relevncia de uma rea da filosofia que contribui para o desenvolvimento de boas discusses, qual seja,
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2) nesse ponto que eu estabeleo a distino: para um lado os que ainda agora referiste amadores de espetculos, amigos das artes e homens de ao e para outro aqueles de quem estamos a tratar, os nicos que com razo podem chamar-se filsofos. Que queres dizer? Os amadores de audies e de espetculos encantam-se com as belas vozes, cores e formas e todas as obras feitas com tais elementos, embora o seu esprito seja incapaz de discernir e de amar a natureza do belo em si. (Plato. A Repblica, 2017. Adaptado.) No excerto, Plato direciona aos artistas uma crtica que fundamentada
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 1) como se cada homem dissesse a cada homem: Autorizo e transfiro o meu direito de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condio de transferires para ele o teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as suas aes. Feito isso, multido assim unida numa s pessoa se chama Estado. (Thomas Hobbes. Leviat, 2003. Adaptado.) No texto, o autor expressa sua teoria sobre a origem do Estado. Nessa teoria, o Estado tem sua origem na
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 1) Na histria do Estado moderno, duas liberdades so estreitamente ligadas e interconectadas, tanto que, quando uma desaparece, tambm desaparece a outra. Mais precisamente: sem liberdades civis, como a liberdade de imprensa e de opinio, como a liberdade de associao e de reunio, a participao popular no poder poltico um engano; mas, sem participao popular no poder, as liberdades civis tm bem pouca probabilidade de durar. Norberto Bobbio. Igualdade e liberdade, 1997. Adaptado. O cenrio retratado no texto gera uma prtica poltica conceituada por Norberto Bobbio como democracia, na qual
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2) Ao cunhar a frase natureza atormentada, no incio do sculo XVII, numa referncia ao objeto do conhecimento cientfico, Francis Bacon no imaginou que esse ideal iria, no sculo XXI, atormentar filsofos e cientistas. O tormento do mundo natural, para ele, significava conhec-lo, no pelo saber desinteressado, mas para dominar, transformar e, ento, utilizar esse universo da maneira mais eficiente. O bero da cincia moderna trazia a estrutura para que o ideal de controle da natureza pudesse ser realizado. A partir de ento, essa relao entre cincia e tcnica foi naturalmente se estreitando. (Carlos Haag. Natureza atormentada. https://revistapesquisa.fapesp.br, agosto de 2005. Adaptado.) De acordo com o tema abordado pelo excerto, o tormento gerado em filsofos e cientistas contemporneos se d devido problematizao da
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 1) TEXTO1 com Descartes que a oposio homem-natureza se tornar mais completa, constituindo-se no centro do pensamento moderno e contemporneo. O homem, instrumentalizado pelo mtodo cientfico, pode penetrar os mistrios da natureza e, assim, tornar-se senhor e possuidor da natureza. (Carlos W. P. Gonalves. Os (des)caminhos do meio ambiente, 1989. Adaptado.) TEXTO2 Quando a gente quis criar uma reserva da biosfera em uma regio do Brasil, foi preciso justificar para a Unesco [Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura] por que era importante que o planeta no fosse devorado pela minerao. Para essa instituio, como se bastasse manter apenas alguns lugares como amostra grtis da Terra. (Ailton Krenak. Ideias para adiar o fim do mundo, 2019.) Ailton Krenak constata os princpios da filosofia cartesiana ao reconhecer que
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2) Ora resta examinar quais devem ser os procedimentos e as resolues do prncipe com relao aos seus sditos e aos seus aliados. H uma grande distncia entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraa que a preservar a sua prpria pessoa. Ora, um homem que de profisso queira fazer-se permanentemente bom no poder evitar a sua runa, cercado de tantos que bons no so. Assim, necessrio a um prncipe que deseje manter-se prncipe aprender a no usar [apenas] a bondade. (Nicolau Maquiavel. O Prncipe, 1998. Adaptado.) O tema abordado por Maquiavel no excerto tambm est relacionado ao seu conceito de fortuna, que diz respeito ao fato de o governante
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 1) As certezas do homem comum, as verdades comuns da experincia cotidiana, os filsofos vivem-nas, por certo, e no as negam, enquanto homens. Mas, enquanto filsofos, no as assumem. Nesse sentido em que as desqualificam, pode-se dizer que as recusam. Desqualificao terica, recusa filosfica, empreendidas em nome da racionalidade que postulam para a filosofia. Assim que boa parte das filosofias opta por esquecer metodologicamente a viso comum do Mundo, recusando-se a integr-la ao seu saber racional e terico. No podendo furtar-se, enquanto homens, experincia do Mundo, no o reconhecem como filsofos. O Mundo no , para eles, o universo reconhecido de seus discursos. Desconsiderando filosoficamente as verdades cotidianas, o bom senso, o senso comum, instauram de fato o dualismo do prtico e do terico, da vida e da razo filosfica. Instauram, consciente e propositadamente, o divrcio entre o homem comum que so e o filsofo que querem ser. (Oswaldo Porchat Pereira. Rumo ao ceticismo, 2007. Adaptado.) O divrcio entre o homem comum e o filsofo, segundo o autor, ocorre em funo da
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2) Texto 1 A ideia do panptico coloca no centro algum, um olho, um olhar, um princpio de vigilncia que poder de certo modo fazer sua soberania agir sobre todos os indivduos [situados] no interior dessa mquina de poder. Nessa medida, podemos dizer que o panptico o mais antigo sonho do mais antigo soberano: que nenhum dos meus sditos escape e que nenhum dos gestos de nenhum dos meus sditos me seja desconhecido. (Michel Foucault. Segurana, territrio, populao, 2008. Adaptado.) Texto 2 Em 2013 as revelaes de Edward Snowden, ex-funcionrio da Agncia de Segurana Nacional dos Estados Unidos, deixaram a noo de transparncia democrtica sob suspeita. Snowden revelou que a inteligncia estadunidense realizava vigilncia em massa de seus aliados e adversrios polticos. A espionagem ocorreu logrando acesso legal ou forado aos servidores de boa parte das maiores empresas de internet. (Davi Lago. O panptico digital: por que devemos suspeitar da palavra transparncia?. https://estadodaarte.estadao.com.br, 29.08.2019. Adaptado.) O fenmeno retratado nos excertos implica, diretamente,
(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 1) primeira vista, porm, a arte do cinema aparenta ser demasiado simples e at mesmo estpida. V-se o Rei dando um aperto de mo a um time de futebol; eis o iate de Sir Thomas Lipton; eis, enfim, Jack Horner vencendo o Grand National. Os olhos consomem tudo isso instantaneamente e o crebro, agradavelmente excitado, pe-se a observar as coisas acontecerem sem se atarefar com nada. Mas qual , pois, a sua surpresa ao ser, de repente, despertado em meio sua agradvel sonolncia e chamado a prestar socorro? O olho est em apuros. Necessita de ajuda. Diz, ento, ao crebro: Est ocorrendo algo que de modo algum posso entender. Tu me s necessrio. Juntos olham para o Rei, o barco, o cavalo e o crebro; de imediato, v que eles se revestiram de uma qualidade que no pertence mera fotografia da vida mesma. (Virginia Woolf. O cinema. Rapsdia, 2006. Adaptado.) Com o surgimento da disciplina esttica, no sculo XVIII, entendeu-se que a arte capaz de produzir ajuizamentos. O texto aborda o tema por meio da constatao da autora de que
Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ao da cafena sobre o sistema nervoso central, especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indgenas da Amaznia se beneficiavam das propriedades desta substncia no alvio da fadiga, por meio do emprego do guaran, sem necessariamente compreender sua composio qumica ou outras possibilidades teraputicas. (Ediara R. G. Rios et al. Senso comum, cincia e filosofia elo dos saberes necessrios promoo da sade. Cincia Sade Coletiva, 2007. Adaptado.) O excerto ressalta um aspecto importante para o estudo do conhecimento, segundo o qual
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Para responder s questes de 17 a 19, leia o trecho da pea A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A pea foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilizao resultante desse debate desencadeou a criao do Centro Popular de Cultura (CPC). Coro dos desgraados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Ento de nada precisamos, se s precisamos trabalhar! H mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos ps, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhes que vo nos apontar. H mil anos sem parar! No mandamos, no fugimos, no cheiramos, no matamos, no fingimos, no coamos, no corremos, no deitamos, no sentamos: trabalhamos. H mil anos sem parar! Ningum sabe nosso nome, no conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. H mil anos sem parar! Eu nunca ri eu nunca ri sempre trabalhei. Eu fao charutos e fumo bitucas, eu fao tecidos e ando pelado, eu fao vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. H mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. H mil anos sem parar! (Apito longo. Um cartaz aparece: Dois minutos de descanso e lamba as unhas. Todos vo tentar sentar. Menos o Desgraado 4 que fica de p furioso.) Desgraado 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me d uma sentadinha. (Desgraado 2 ri de tudo.) Desgraado 3: Senta. (Desgraado 1 vai pr a cabea no cho.) De assim, no. Acho que no com a cabea no. Desgraado 1: Eu esqueci. Desgraado 3: A bunda, pe ela no cho. A perna que eu no sei. Desgraado 2: A perna tira. (Desgraado 3 e Desgraado 2 desistem de descobrir. Se atiram no cho.) Desgraado 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.) Desgraado 2: Quero ver levantar. (Todos olham para Desgraado 4, fazem sinais para que ele se sente.) Desgraado 4: No! Chega pra mim! Eu s trabalho, trabalho, trabalho (Perde o flego.) Desgraado 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... Desgraado 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, no tomei leite condensado, no canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega! Slide: Quem canta seus males espanta. Desgraado 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Voc vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, no tem mais fome, no tem saudade, pinta o cu de cor de felicidade! (Peas do CPC, 2016. Adaptado.) O ttulo da pea refere-se a importante conceito da teoria de