(UNESP - 2017 - 1 FASE) Nossa felicidade depende daquilo que somos, de nossa individualidade; enquanto, na maior parte das vezes, levamos em conta apenas a nossa sorte, apenas aquilo que temos ou representamos. Pois, o que algum para si mesmo, o que o acompanha na solido e ningum lhe pode dar ou retirar, manifestamente mais essencial para ele do que tudo quanto puder possuir ou ser aos olhos dos outros. Um homem espiritualmente rico, na mais absoluta solido, consegue se divertir primorosamente com seus prprios pensamentos e fantasias, enquanto um obtuso, por mais que mude continuamente de sociedades, espetculos, passeios e festas, no consegue afugentar o tdio que o martiriza. (Schopenhauer. Aforismos sobre a sabedoria de vida, 2015. Adaptado.) Com base no texto, correto afirmar que a tica de Schopenhauer
(UNESP - 2016 - 2fase) No preciso uma grande arte, uma eloquncia muito rebuscada, para provar que os cristos devem tolerar- -se uns aos outros. Vou mais longe: afirmo que preciso considerar todos os homens como nossos irmos. O qu! O turco, meu irmo? O chins? O judeu? O siams? Sim, certamente; porventura no somos todos filhos do mesmo Pai e criaturas do mesmo Deus? Penso que poderia surpreender a obstinao de alguns lderes religiosos se lhes falasse: Escutem-me, pois o Deus de todos esses mundos me falou: h novecentos milhes de pequenas formigas como ns sobre a terra, mas apenas o meu formigueiro bem-visto por Deus; todos os outros lhe causam horror desde a eternidade; meu formigueiro ser o nico afortunado, e todos os outros sero desafortunados. Eles me agarrariam ento e me perguntariam quem foi o louco que disse essa besteira. Eu seria obrigado a responder-lhes: Foram vocs mesmos. Procuraria em seguida acalm-los, mas seria bem difcil. (Voltaire. Tratado sobre a tolerncia [originalmente publicado em 1763], 2015. Adaptado.) Qual foi o nome atribudo ao mais importante movimento filosfico francs do sculo XVIII? Explique a importncia do texto de Voltaire para o desenvolvimento desse movimento filosfico e para a Declarao Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia da ONU em 1948.
(UNESP - 2016 - 2 fase) Texto 1 Scrates Ao atingir os cinquenta anos, os que tiverem se distinguido em tudo e de toda maneira, no seu agir e nas cincias, devero ser levados at o limite e forados a elevar a parte luminosa da sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Ento, quando tiverem vislumbrado o bem em si mesmo, us-lo-o como um modelo para organizar a cidade, os particulares e a sua prpria pessoa, pelo resto da sua vida. Passaro a maior parte do seu tempo estudando a filosofia e, quando chegar sua vez, suportaro trabalhar nas tarefas de administrao e governo, por amor cidade, pois que vero nisso um dever indispensvel. Assim, depois de terem formado sem cessar homens que lhes sejam semelhantes, para lhes deixar a guarda da cidade, iro habitar as ilhas dos bem-aventurados. Glauco So mesmo belssimos, Scrates, os governantes que modelaste como um escultor! (Plato. A Repblica, 2000. Adaptado.) Texto 2 Origina-se a a questo a ser discutida: se prefervel ao prncipe ser amado ou temido. Responder-se- que se preferiria uma e outra coisa; porm, como difcil unir, a um s tempo, as qualidades que promovem aqueles resultados, muito mais seguro ser temido do que amado, quando se veja obrigado a falhar numa das duas. Os homens costumam ser ingratos, volveis, covardes e ambiciosos de dinheiro; enquanto lhes proporcionas benefcios, todos esto contigo. Todavia, quando a necessidade se aproxima, voltam-se para outra parte. Os homens relutam menos em ofender aos que se fazem amar do que aos que se fazem temer, pois o amor se mantm por um vnculo de obrigao, o qual, merc da perfdia humana, rompe-se sempre que for conveniente, enquanto o medo que se incute alimentado pelo temor do castigo, sentimento que nunca se abandona. (Maquiavel. O Prncipe, 2000. Adaptado.) Considerando os conceitos filosficos de idealismo, metafsica e tica, explique as diferenas entre as concepes de poltica formuladas por Plato e por Maquiavel.
(UNESP - 2016 - 2 fase) Texto 1 Pode-se deduzir, da influncia dos rgos, uma relao entre o desenvolvimento dos rgos cerebrais e o desenvolvimento das capacidades morais e intelectuais? No confundais o efeito com a causa. O Esprito tem sempre as capacidades que lhe so prprias; ora, no so os rgos que produzem as capacidades, mas as capacidades que conduzem ao desenvolvimento dos rgos. O Esprito, se encarnando, traz certas predisposies, admitindo-se, para cada uma, um rgo correspondente no crebro, o desenvolvimento desses rgos ser um efeito e no uma causa. Se as capacidades se originassem nesses rgos, o homem seria uma mquina sem livre-arbtrio e sem responsabilidade dos seus atos. Seria preciso admitir que os maiores gnios, sbios, poetas, artistas, no so gnios seno porque o acaso lhes deu rgos especiais. (Allan Kardec. O livro dos espritos [texto originalmente publicado em 1848], 2011. Adaptado.) Texto 2 Lobo temporal o nome da regio do crtex cerebral onde so processados os sinais sonoros. Deduzo que a habilidade de produzir msica tambm deve estar l, afirma o neurologista alemo Helmut Steinmetz, um dos pesquisadores da Universidade Henrich Heine, de Dsseldorf, Alemanha, responsveis pela descoberta de que os msicos tm o lobo temporal esquerdo maior que o dos outros indivduos. Steinmetz e seu parceiro Gottfried Schlaug compararam, em exames de ressonncia magntica, o crebro de trinta msicos com os de outros trinta indivduos. Em todos, o lobo temporal esquerdo um pouco maior que o direito, mas essa diferena chega a ser duas vezes maior entre os msicos. (Nelson Jobim. Um dom de gnio. Superinteressante, maio de 2000.) Considerando o conceito filosfico de inatismo, explique as diferenas entre os dois textos, no que se refere origem das capacidades mentais.
(UNESP - 2016 - 2 fase) O pensamento mtico consiste em uma forma pela qual um povo explica aspectos essenciais da realidade em que vive: a origem do mundo, o funcionamento da natureza e as origens desse povo, bem como seus valores bsicos. As lendas e narrativas mticas no so produto de um autor ou autores, mas parte da tradio cultural e folclrica de um povo. Sua origem cronolgica indeterminada e sua forma de transmisso basicamente oral. O mito , portanto, essencialmente fruto de uma tradio cultural e no da elaborao de um determinado indivduo. O mito no se justifica, no se fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento, crtica ou correo. Um dos elementos centrais do pensamento mtico e de sua forma de explicar a realidade o apelo ao sobrenatural, ao mistrio, ao sagrado, magia. As causas dos fenmenos naturais so explicadas por uma realidade exterior ao mundo humano e natural, superior, misteriosa, divina, a qual s os sacerdotes, os magos, os iniciados, so capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2001. Adaptado.) A partir do texto, explique como o pensamento filosfico caracterstico da Grcia clssica diferenciou-se do pensamento mtico.
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) A condio essencial da existncia e da supremacia da classe burguesa a acumulao da riqueza nas mos dos particulares, a formao e o crescimento do capital; a condio de existncia do capital o trabalho assalariado. [...] O desenvolvimento da grande indstria socava o terreno em que a burguesia assentou o seu regime de produo e de apropriao dos produtos. A burguesia produz, sobretudo, seus prprios coveiros. Sua queda e a vitria do proletariado so igualmente inevitveis. (Karl Marx e Friedrich Engels. Manifesto Comunista. Obras escolhidas, vol. 1, s/d.) Entre as caractersticas do pensamento marxista, correto citar
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) O plano da Mattel de lanar uma boneca Hello Barbie conectada por Wi-Fi uma grave violao da privacidade de crianas e famlias. A boneca usa um microfone embutido para captar tudo o que a criana diz a ela e tudo o que dito por qualquer um ao alcance do microfone. Essas conversas sero transmitidas para servidores em nuvem para armazenamento e anlise pela empresa. A Mattel diz que aprender tudo o que as crianas gostam e no gostam e enviar dados de volta s crianas, transmitidos via alto-falante embutido na boneca. (Susan Linn. Agente Barbie. O Estado de S.Paulo, 22.03.2015. Adaptado.) Sob aspectos filosficos e ticos, o produto descrito apresenta como implicao
(UNESP - 2016 - 1a fase) Texto 1 Cientistas americanos observaram, em um estudo recente, o motivo que pode tornar adolescentes impulsivos e infratores. Exames de neuroimagem em jovens mostraram que o crtex pr-frontal, regio do crebro ligada tomada de deciso, ou seja, que nos faz pensar antes de agir, ainda est em formao nos adolescentes. Essa rea do crebro tende a ficar madura somente aos 20 anos. Por outro lado, a regio cerebral associada s emoes e impulsividade, conhecida como sistema lmbico, tem um pico de desenvolvimento durante essa fase da vida, o que aumenta a propenso dos jovens a agirem mais com a emoo do que com a razo. O aumento da emotividade e da impulsividade seriam gatilhos naturais para atitudes extremadas, inclusive para cometer crimes. (Camila Neumam. Estudo explica por que adolescentes so impulsivos e podem cometer crimes. www.uol.com.br, 26.05.2015. Adaptado.) Texto 2 A situao de vulnerabilidade aliada s turbulentas condies socioeconmicas de muitos pases latino-americanos ocasiona uma grande tenso entre os jovens, o que agrava diretamente os processos de integrao social e, em algumas situaes, fomenta o aumento da violncia e da criminalidade. (Miriam Abramovay. Juventude, violncia e vulnerabilidade social na Amrica Latina, 2002. Adaptado.) Os textos expem abordagens sobre o comportamento agressivo na adolescncia referidos, respectivamente, a
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) A utilizao de fantasia pelo sistema de crena que reafirma o capitalismo ocorre a partir do consenso popular que realizado por meio da conquista, pelos assalariados, de bens simblicos, de expectativas e de interesses. Assim sendo, o sistema de crena no consumo no opera sobre programas concretos e imediatos, mas sim a partir de imagens criadas pela publicidade e pela propaganda, que so fomentadas exclusivamente pela base econmica da sociedade; da a permanente busca de realizao econmica como sinnimo de todas as outras realizaes ou satisfaes. Por isso que nos roteiros de cenas a comunicao sempre espelha a positividade. No h dor, nem crueldade, nem conflito, nem injustia, nem infelicidade, nem misria. A seleo e associao de signos so trabalhadas para nem de longe sugerir dvidas no sistema de crena no consumo. O jovem rebelde bonito, forte, penteado e vestido com grife divulgada; o belo casal transpira boas expectativas de vida no calor do forno de micro-ondas ou na certeza de um seguro de vida ou mediante uma assistncia mdica eficiente; uma supercriana lambe nos superdedos a margarina de uma famlia feliz. (Solange Bigal. O que criao publicitria ou (O esttico na publicidade), 1999. Adaptado.) De acordo com o texto, no universo publicitrio, a esttica exerce sobretudo o papel de
(UNESP - 2016 - 1a fase) O mundo seria ordenado demais, harmonioso demais, para que se possa explic-lo sem supor, na sua origem, uma inteligncia benevolente e organizadora. Como o acaso poderia fabricar um mundo to bonito? Se encontrassem um relgio num planeta qualquer, ningum poderia acreditar que ele se explicasse unicamente pelas leis da natureza, qualquer um veria nele o resultado de uma ao deliberada e inteligente. Ora, qualquer ser vivo infinitamente mais complexo do que o relgio mais sofisticado. No h relgio sem relojoeiro, diziam Voltaire e Rousseau. Mas que relgio ruim o que contm terremotos, furaces, secas, animais carnvoros, um sem-nmero de doenas e o homem! A histria natural no nem um pouco edificante. A histria humana tambm no. Que Deus aps Darwin? Que Deus aps Auschwitz? (Andr Comte-Sponville. Apresentao da filosofia, 2002. Adaptado.) Sobre os argumentos discorridos pelo autor, correto afirmar que a existncia de Deus
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) Os dolos e noes falsas que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham implantados no somente o obstruem a ponto de ser difcil o acesso da verdade, como, mesmo depois de superados, podero ressurgir como obstculo prpria instaurao das cincias, a no ser que os homens, j precavidos contra eles, se cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, levado pela impacincia da investigao; rejeita os princpios da natureza, em favor da superstio; rejeita a luz da experincia, em favor da arrogncia e do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e efmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opinies vulgares. Enfim, inmeras so as frmulas pelas quais o sentimento, quase sempre imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto. (Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999. Adaptado.) Na histria da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem qualquer motivo pessoal. E como poderia fazer algo que fosse sem referncia a ele prprio, ou seja, sem uma necessidade interna? Como poderia o ego agir sem ego? Se um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo para os outros e nada para si, isto pressupe que o outro seja egosta o bastante para sempre aceitar esse sacrifcio, esse viver para ele: de modo que os homens do amor e do sacrifcio tm interesse em que continuem existindo os egostas sem amor e incapazes de sacrifcio, e a suprema moralidade, para poder subsistir, teria de requerer a existncia da imoralidade, com o que, ento, suprimiria a si mesma. (Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano, 2005. Adaptado.) A reflexo do filsofo sobre a condio humana apresenta pressupostos
(UNESP - 2016/2 - 1a fase) No posso dizer o que a alma com expresses materiais, e posso afirmar que no tem qualquer tipo de dimenso, no longa ou larga, ou dotada de fora fsica, e no tem coisa alguma que entre na composio dos corpos, como medida e tamanho. Se lhe parece que a alma poderia ser um nada, porque no apresenta dimenses do corpo, entender que justamente por isso ela deve ser tida em maior considerao, pois superior s coisas materiais exatamente por isso, porque no matria. certo que uma rvore menos significativa que a noo de justia. Diria que a justia no coisa real, mas um nada? Por conseguinte, se a justia no tem dimenses materiais, nem por isso dizemos que nada. E a alma ainda parece ser nada por no ter extenso material? (Santo Agostinho. Sobre a potencialidade da alma, 2015. Adaptado.) No texto de Santo Agostinho, a prova da existncia da alma
(UNESP - 2016/2 - 2 FASE) A discusso sobre a relao arte-sociedade levou a duas atitudes filosficas opostas: a que afirma que a arte s arte se for pura, isto , se no estiver preocupada com as circunstncias histricas, sociais, econmicas e polticas. Trata-se da defesa da arte pela arte. A outra afirma que o valor da obra de arte decorre de seu compromisso crtico diante das circunstncias presentes. Trata-se da arte engajada, na qual o artista toma posio diante de sua sociedade, lutando para transform-la e melhor-la, e para conscientizar as pessoas sobre as injustias e as opresses do presente. (Marilena Chau. Convite Filosofia, 1994.) Considerando o conceito de indstria cultural formulado pelos filsofos Adorno e Horkheimer, explique as modificaes ocorridas na relao entre arte e sociedade quando comparadas com a concepo purista da arte pela arte e com a concepo engajada.
(UNESP - 2016/2 - 2 FASE) Texto 1 Diversamente do idealismo, o positivismo reivindica o primado da cincia: ns conhecemos somente aquilo que as cincias nos do a conhecer, pois o nico mtodo de conhecimento o das cincias naturais. O positivismo no apenas afirma a unidade do mtodo cientfico e o primado desse mtodo como instrumento de conhecimento, mas tambm exalta a cincia como o nico meio em condies de resolver, ao longo do tempo, todos os problemas humanos e sociais que at ento haviam atormentado a humanidade. (Giovanni Reale e Dario Antiseri. Histria da Filosofia, vol. 3, 1999. Adaptado.) Texto 2 Basta, portanto, que os homens sejam considerados coisas para que se tornem manipulveis, submetidos ditadura racionalizada moderna que encontra seu apogeu no campo de concentrao. Assim, a nova crise da razo interna e traz subitamente luz, no cerne da racionalizao, a presena destrutiva da desrazo. J no apenas a suficincia e a insuficincia da razo que esto em causa, a irracionalidade do racionalismo e da racionalizao. Essa irracionalidade pode devorar a razo sem que ela se d conta. (Edgar Morin. Cincia com conscincia, 1996. Adaptado.) Considerando a anlise realizada por Edgar Morin sobre as tendncias irracionais da razo, explique sua importncia para uma crtica ao otimismo positivista diante da cincia