(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Para responder s questes de17a19, leia o trecho da peaA mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A pea foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilizao resultante desse debate desencadeou a criao do Centro Popular de Cultura (CPC). Coro dos desgraados: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Ento de nada precisamos, se s precisamos trabalhar! H mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos ps, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhes que vo nos apontar. H mil anos sem parar! No mandamos, no fugimos, no cheiramos, no matamos, no fingimos, no coamos, no corremos, no deitamos, no sentamos: trabalhamos. H mil anos sem parar! Ningum sabe nosso nome, no conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. H mil anos sem parar! Eu nunca ri eu nunca ri sempre trabalhei. Eu fao charutos e fumo bitucas, eu fao tecidos e ando pelado, eu fao vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. H mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. H mil anos sem parar! (Apito longo. Um cartaz aparece: Dois minutos de descanso e lamba as unhas. Todos vo tentar sentar. Menos o Desgraado 4 que fica de p furioso.) Desgraado 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me d uma sentadinha. (Desgraado 2 ri de tudo.) Desgraado 3: Senta. (Desgraado 1 vai pr a cabea no cho.) De assim, no. Acho que no com a cabea no. Desgraado 1: Eu esqueci. Desgraado 3: A bunda, pe ela no cho. A perna que eu no sei. Desgraado 2: A perna tira. (Desgraado 3 e Desgraado 2 desistem de descobrir. Se atiram no cho.) Desgraado 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.) Desgraado 2: Quero ver levantar. (Todos olham para Desgraado 4, fazem sinais para que ele se sente.) Desgraado 4: No! Chega pra mim! Eu s trabalho, trabalho, trabalho (Perde o flego.) Desgraado 3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho... Desgraado 4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, no tomei leite condensado, no canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega! Slide: Quem canta seus males espanta. Desgraado 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Voc vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, no tem mais fome, no tem saudade, pinta o cu de cor de felicidade! (Peas do CPC, 2016. Adaptado.) O texto mostra-se crtico em relao ao contedo da seguinte citao:
(UNESP 2021 - 2 fase) Texto 1 O significado do termo kosmos para os gregos pr-socrticos liga-se diretamente s ideias de ordem, harmonia e mesmo beleza. [] O cosmo assim o mundo natural, bem como o espao celeste, enquanto realidade ordenada de acordo com certos princpios racionais. A ideia bsica de cosmo , portanto, a de uma ordenao racional, uma ordem hierrquica, em que certos elementos so mais bsicos, e que se constitui de forma determinada, tendo a causalidade como lei principal. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2010.) Texto 2 Quando a filosofia, pela mo de Scrates, desceu do cu terra, na sugestiva expresso de Ccero, o homem passou a ser o centro das indagaes dos pensadores gregos. Plato atribui ao mestre a busca obsessiva do ser e do saber humanos. (Joo Pedro Mendes. Consideraes sobre humanismo. Hvmanitas, vol. XLVII, 1995.) Os textos caracterizam uma mudana importante na histria do pensamento filosfico, trazida pela filosofia de Scrates e que se expressou
(UNESP 2021 - 2 fase) Texto 1 S reconhecerei um sistema como emprico ou cientfico se ele for passvel de comprovao pela experincia. Essas consideraes sugerem que deve ser tomada como critrio de demarcao [] a falseabilidade de um sistema. Em outras palavras, no exigirei que um sistema cientfico seja suscetvel de ser dado como vlido, de uma vez por todas, em sentido positivo; exigirei, porm, que sua forma lgica seja tal que se torne possvel valid-lo por meio de recurso a provas empricas, em sentido negativo: deve ser possvel refutar, pela experincia, um sistema cientfico emprico. (Karl Popper. A lgica da pesquisa cientfica, 2001.) Texto 2 Imagine um dia em que a humanidade soubesse de tudo. Todos os detalhes do surgimento e da evoluo do Universo, da vida e da inteligncia fossem conhecidos. E a, o que fariam os cientistas nesse dia? [] Essa noo de que existe uma resposta final empobrece o conhecimento em vez de enriquec-lo, afirma o fsico Marcelo Gleiser. Porque justamente o no saber, a ideia de estar sempre buscando, que nutre nossa curiosidade. (Salvador Nogueira. No h respostas finais na cincia, diz Marcelo Gleiser. www.folha.uol.com.br, 11.08.2014.) De acordo com os textos, para assegurar a validade do conhecimento produzido, necessrio que a cincia
(UNESP 2021 - 2 fase) O tema do mal, em Hannah Arendt, no tem como pano de fundo a malignidade, a perverso ou o pecado humano. A novidade da sua reflexo reside justamente em evidenciar que os seres humanos podem realizar aes inimaginveis, do ponto de vista da destruio e da morte, sem qualquer motivao maligna. O pano de fundo do exame da questo, em Arendt, o processo de naturalizao da sociedade ocorrido na contemporaneidade. O mal abordado, desse modo, na perspectiva tico-poltica e no na viso moral ou religiosa. O mal banal caracteriza-se pela ausncia do pensamento. Essa ausncia provoca a privao de responsabilidade. O praticante do mal banal no se interroga sobre o sentido da sua ao ou dos acontecimentos ao seu redor. (Odlio Alves Aguiar. Violncia e banalidade do mal. www.revistacult.uol.com.br, 14.03.2010. Adaptado.) Depreende-se do texto que a banalidade do mal na contemporaneidade resulta, segundo Hannah Arendt,
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Locke [] admite, a ttulo de direito natural, o direito de propriedade fundado sobre o trabalho e limitado, por consequncia, extenso de terra que um homem pode cultivar, e o poder paterno, sendo a famlia instituio natural e no poltica. [] O pacto social no cria nenhum direito novo. um acordo entre indivduos que se renem para empregar a fora coletiva no sentido de executar as leis naturais, renunciando a execut-las por sua prpria fora. (mile Brhier. Histria da filosofia, 1979.) O excerto apresenta um aspecto da teoria poltica de Locke, que estabelece
(UNESP 2021 - 1 fase) Aquele que ousa empreender a instituio de um povo deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a natureza humana, transformar cada indivduo, que por si mesmo um todo perfeito e solitrio, em parte de um todo maior, do qual de certo modo esse indivduo recebe sua vida e seu ser; alterar a constituio do homem para fortific-la; substituir a existncia fsica e independente, que todos ns recebemos da natureza, por uma existncia parcial e moral. Em uma palavra, preciso que destitua o homem de suas prprias foras para lhe dar outras [] das quais no possa fazer uso sem socorro alheio. (Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.) De acordo com a teoria contratualista de Rousseau, necessrio superar a natureza humana para
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) E se esse tal futuro for pior do que o presente E se for melhor parar do que caminhar pra frente E se o amor for dor E se todo sonhador no passar de um pobre louco E se eu desanimar, Se eu parar de sonhar queda a queda, pouco a pouco. (Brulio Bessa. Se. In: Poesia que transforma, 2018.) No excerto do cordel, o eu lrico manifesta inquietao equivalente a uma preocupao central e recorrente na histria da filosofia, desde suas origens, qual seja:
(UNESP 2021 - 1 fase) The phenomenon E-democracy [electronic democracy] is well known and well used in Sweden. E-democracy is a solution that makes it easier for the population to vote or to participate in different questions, or just to make themselves heard. E-democracy is used a lot of municipalities as a simple way for the inhabitants to participate in the local debate. E-democracy is often argued as a tool that makes participation more available for everyone. (E-democracy and digital gaps. www.svekom.se) A ferramenta apresentada no excerto remete a uma caracterstica da poltica ateniense no perodo clssico, que diz respeito
(UNESP 2021 - 1 fase) Texto 1 Provavelmente o marco mais importante que lanou a semente cientfica da senscincia, nvel mais simples de conscincia animal, foi a obra A expresso da emoo no homem e nos animais, de Charles Darwin, que demonstra que os animais apresentam as mesmas expresses que os homens. O maior paradoxo que, embora a cincia utilize os animais como modelo biolgico na medicina desde a dcada de 1950, h negligncia no que concerne avaliao e ao tratamento da dor em animais, em especial os de laboratrio. (Caroline Marques Maia. Quanta dor os animais sentem?. www.comciencia.br, 27.03.2020. Adaptado.) Texto 2 A capacidade de sentir prazer, dor e medo no exclusiva dos seres humanos. Ela , na verdade, vital para a sobrevivncia de seres de vrias espcies. [] A biologia evolutiva e as cincias do comportamento e do crebro tm demonstrado que o sistema nervoso dos humanos tem semelhanas impressionantes com o de alguns animais, especialmente de outros mamferos. (www.bbc.com, 04.03.2019.) Os textos levantam questes que dizem respeito
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) A crtica de Scrates aos sofistas consiste em mostrar que o ensinamento sofstico limita-se a uma mera tcnica ou habilidade argumentativa que visa a convencer o oponente daquilo que se diz, mas no leva ao verdadeiro conhecimento. A consequncia disso era que, devido influncia dos sofistas, as decises polticas na Assembleia estavam sendo tomadas no com base em um saber, ou na posio dos mais sbios, mas na dos mais hbeis em retrica, que poderiam no ser os mais sbios ou virtuosos. (Danilo Marcondes. Iniciao histria da filosofia, 2010.) De acordo com o texto, a crtica socrtica aos sofistas dizia respeito
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) relativamente consensual que uma era biotecnolgica se aproxima. Em um futuro cenrio de desenvolvimento biotecnolgico, que ser instaurado com o progresso tecnolgico no sculo XXI, alterar-se- um dos mais tradicionais dilemas da moralidade. Em vez de enfrentarmos a questo de que atitudes e deveres morais temos para com os seres compreendidos atualmente como animais no humanos (por exemplo, gato, cachorro, cavalo etc.), a questo ser que obrigaes teremos com outro tipo de no humano, isto , os chamados ps-humanos. A ps-humanidade seria alcanada por meio da aplicao de tcnicas de manipulao, instrumentalizao e artificializao da vida, do patrimnio biolgico do humano. O humano, por iniciativa prpria e com vistas ao melhoramento da sua natureza, deixaria de ser humano. (Murilo Mariano Vilaa e Maria Clara Marques Dias. Transumanismo e o futuro (ps-)humano. Physis Revista de Sade Coletiva, 2014. Adaptado.) Ao tratar de aspectos da biotica, o texto prope uma reflexo sobre
(UNESP 2021 - 1 fase) Texto 1 O filsofo o amigo do conceito, ele conceito em potncia. Quer dizer que a filosofia no uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos no so necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, a disciplina que consiste em criar conceitos. (Gilles Deleuze e Flix Guattari. O que a filosofia?, 2007.) Texto 2 A lngua um como se pensa, enquanto que a cultura o qu a sociedade faz e pensa. A lngua, como meio, molda o pensamento na medida em que pode variar livremente. A lngua o molde dos pensamentos. (Rodrigo Tadeu Gonalves. Perptua priso rfica ou nio tinha trs coraes, 2008. Adaptado.) Os textos levantam questes que permitem identificar uma caracterstica importante da reflexo filosfica, qual seja, que
(UNESP 2021 - 1 fase) Texto 1 Nos ltimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou-se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que so disseminados, em larga escala, nas mdias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir. (Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. Fake news, um fenmeno de comunicao poltica entre jornalismo, poltica e democracia. Estudos em Jornalismo e Mdia, no 2, vol. 16, 2019.) Texto 2 As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicaes monitoradas pelo Ministrio da Sade em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo rgo tinham como alvo a vacinao. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunizao brasileiro viu doenas como sarampo e poliomielite voltarem a ameaar o pas em 2018 aps os ndices de cobertura vacinal carem em 2017. (Fabiana Cambricoli. Ministrio da Sade identifica 185 focos de fake news e refora campanhas. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.) Os textos tratam de uma prtica que contrria ao princpio da fundamentao racional sustentado por Descartes, que props a
(UNESP - 2021- 1 fase - DIA 2) Pode acontecer que, para a educao do verdadeiro filsofo, seja preciso que ele percorra todas as gradaes nas quais os trabalhadores da filosofia esto instalados e devem permanecer firmes: ele deve ter sido crtico, ctico, dogmtico e histrico e, ademais, poeta, viajante, moralista e vidente e esprito livre, tudo enfim para poder percorrer o crculo dos valores humanos, dos sentimentos de valor, e poder lanar um olhar de mltiplos olhos e mltiplas conscincias, da mais sublime altitude aos abismos, dos baixios para o alto. Mas tudo isso apenas uma condio preliminar da sua incumbncia. Seu destino exige outra coisa: a criao de valores. (Friedrich Nietzsche. Alm do bem e do mal, 2001. Adaptado.) No texto, Nietzsche prope que a formao do filsofo deve
(UNESP 2021 - 1 fase) A filosofia no mais um porto seguro, mas no , tampouco, um continente de ideias esquecidas que merece ser visitado apenas por curiosidade. Muitas pessoas supem que a cincia e a tecnologia, especialmente a fsica e a neurocincia, engoliro a filosofia nas prximas dcadas, sem saberem que, ao defender esse ponto de vista, esto implicitamente apoiando uma posio filosfica discutvel. Certamente, muitas questes da filosofia contempornea passaram a ser discutidas pelas cincias. Mas h outras, no campo da tica, da poltica e da religio, cuja discusso ainda engatinha e para as quais a cincia no tem, at agora, fornecido nenhuma soluo. (Joo de Fernandes Teixeira. Por que estudar filosofia?, 2016.) De acordo com o texto, a filosofia